Capítulo 9
*** Dave ***
- Aisha! Aisha, vamos conversar, eu posso te explicar.
Ela havia trancado a porta do sótão, então eu fiquei batendo insistentemente até que abrisse.
Me sentei na escada e esperei sei lá por que. Ela saiu com sua mala, esbarrou em mim e começou a descer os degraus.
- Vai onde? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
Ela parou e se virou para mim.
- Pra casa.
- Não pode me deixar assim do nada, Aisha.
Tentei pegar sua mala porém ela a segurou mais forte.
- Eu posso, e é justamente o que estou fazendo.
- Você não quer nem conversar?
- Vamos conversar o que, Dave? Tá na cara que você ainda gosta dela. Você tá apaixonado pela Lyra há dois anos. Não posso e nem quero competir com isso. Gosto muito de você, e infelizmente vou sofrer um pouco, porém nós dois sabemos que assim não dá para continuar.
- Aisha... Eu-eu não gosto da Lyra, você está inventando.
- Ai Dave, vai tomar no cu.
E então ela desceu e se foi. Eu fiquei parado ali mesmo, porque Aisha não costuma falar palavrões. Tipo não mesmo. Então ela deveria estar muito brava. E também porque eu senti um pouco de... alívio? Não é isso o que costumamos sentir quando somos dispensados. Será que eu nem gostava dela, só estava junto por estar? Não pode ser, eu curto muito a Aisha... Isso não era o suficiente?
*** Lyra ***
- Esse é de abacaxi com nozes.
A moça colocou a sétima fatia de bolo na minha frente e eu comecei a comer.
- Não gosto de abacaxi - falei de boca cheia.
- Então por que está comendo, querida? - minha tia perguntou.
- Porque é bolo.
Esperei ela provar duas pequenas garfadas do bolo e dizer algo. Já havíamos provado seis dos mais diferentes sabores e minha tia ainda não havia gostado de nenhum.
- Gostei desse. É diferente. Zaffir gosta bastante de nozes, então creio que escolherei este sabor mesmo.
Só porque eu não gostei. Valeu, tia. No casamento não vou poder comer tanto bolo quanto gostaria.
Voltamos para casa e os meninos estavam todos lá embaixo na sala. Curioso, porque eles não saem do sótão, já estão até transparentes de ficar sem tomar sol.
- O sótão está com infestação de baratas de novo? - tia Josie perguntou. - Eu disse ao Zaffir que aquele dedetizador barato era ruim.
- O que? Não, tia Josie... É que a Aisha e o Dave terminaram, e ele se trancou no sótão - Johnny disse.
Interessante. Bem interessante. Então a mágica acontece quando eu não estou em casa. Curioso.
- Então, eu acho que vou lá pra cima pra... lavar minha... perna... - comecei a dizer enquanto subia a escada.
Ok, Lyra, calma. Ele deve estar em um momento delicado. Vamos com calma. Vamos lá pegar seu chinelo que você deixou e avaliar a situação. Depois resolvemos o próximo passo.
Fiquei andando pelo corredor e olhando a escada do sótão enquanto decidia se ia ou não ia. Retirei a única moeda do meu bolso. Se der cara, eu subo; se der coroa, eu deixo ele quieto.
Deu coroa... Vou subir mesmo assim. Meu jogo, minhas regras.
- É... Oi. Meu chinelo ali, eu vim só pegar, aquele chinelo, tá ali ó.
- Ok.
Dei uma de tonta e fui andando devagarzinho, olhando para ele disfarçadamente. David estava sentado em seu colchão, olhando para o celular. Dava umas risadinhas fracas, pois, pelo que eu entendi, estava vendo vídeos de gente caindo. Não me lembro de ter ficado assim quando Rob terminou comigo.
Eu e Rob namoramos por um ano mais ou menos... Na verdade faltavam 3 dias para completar um ano, e foi quando ele terminou comigo. Mesma coisa de sempre. "Não é você, sou eu" "Você é maravilhosa, mas...". Se eu gostava dele? Não muito, porém era uma transa fixa e também ele era legal de conversar. Mas mesmo não gostando tanto assim dele, eu chorei um pouco. Tomei dois potes de sorvete de uma vez só - o que não é tão difícil de eu fazer, mas daquela vez teve um motivo.
Beleza, ele não tá tão bad assim, então dá pra seguir pro próximo passo.
QUAL O PRÓXIMO PASSO?
- Então, ahm, eu já to indo.
Sim, o próximo passo é ir embora até que eu tenha realmente uma ideia pra me aproximar dele.
- Ei, espera. Olha isso aqui.
Me sentei do lado dele e vi o vídeo de um homem indo fazer parkour e caindo em uma lixeira. David Porra se matou de rir e eu dei uma risadinha, apesar de ter achado sem graça. Eu ia falar alguma coisa (mentira, não ia não), porém ele se pronunciou primeiro.
- Então, já sabe né?
- Sei do que? - Me fazendo de sonsa.
- Eu e Aisha terminamos... por sua causa.
Eu o encarei e, pasmem, ele estava me encarando de volta. Meu coração não sei se parou ou começou a bater muito rápido. Acho que vou desmaiar. Não sabia do motivo do término, e a última coisa que eu ia imaginar era que terminaram por minha causa. Ele não tava todo felizão com ela?
- Ah, nossa, eu... Eu nem sei o que dizer.
- É, bom, na verdade ela ficou sabendo do nosso beijo e disse que não queria mais pelo fato de eu ainda gostar de você.
- Você ainda gosta de mim?
- Eu? Eu não.
- Ah, entendi. - Mas ele continuou me encarando. - Que foi?
- Vai me beijar ou não vai?
- Eu não, me beija você.
E não é que ele beijou, minha gente? Beijou assim, beijou mesmo cara. Pegou no cabelo e tudo.
- Eu não vi nada, eu não vi nada...
- Alex se você não sair daqui agora eu vou enfiar uma madeira na sua bunda.
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