Capítulo 31
Atenção! As cenas a seguir foram protagonizadas por adolescentes bêbados, ou seja, a Lyra não se responsabiliza por nada. Lyra é inocente. Se por acaso eu destruí sua casa ou sei lá, eu estava bêbada e não tenho culpa.
- Olha, vou te mostrar como é belo esse muuundo... - Alex começou a cantar a letra de Aladdin. - Eu esqueci o resto então eu vou pular essa parte... Tive uma ideia! Para o carro!
- Por que? - David disse. Ele era o menos bêbado, portanto, estava dirigindo. - Quer mijar? Ou vomitar?
- Para. O. Carro - ele disse com uma voz de demônio.
David parou no meio da rua e o Alex desceu... pela janela. Ele se espatifou no chão, mas como bêbado não sente dor, ele levantou rapidamente. Ele se apoiou na janela e subiu. Eu saí pra ver o que estava acontecendo e ele tava sentado no teto do carro, parecendo o Aladdin no tapete. Ele continou cantando enrolado.
- Que que cê tá fazendo, Alex?
- Lyra, tu é a Jasmine, sobe aqui.
- Ah, então tá.
Só reforçando, pessoal, que eu estava pra lá de bêbada. E David também tava mais pra lá do que pra cá, porque começou a dirigir com a gente sentado em cima do carro. Eu segurei no Alex e o Alex segurou em mim, estávamos muito seguros. Até que David tem que dar uma freada forte e eu caio pra frente. Alex é tão gordo que ficou no mesmo lugar. Eu sou um palitinho (mentira), então eu fui parar na parte da frente do carro, parecendo uma estrela-do-mar, com os braços e pernas abertos. Não foi minha melhor pose, confesso. Vamos reforçar de novo que David estava bêbado, então ele não me ajudou. O babaca continuou a dirigir. E chegamos na casa da tia Josie desse jeito. Eu estava me sentindo o Patrick Estrela, Alex estava se sentindo o Aladdin, David Porra estava na vibe Vin Diesel/Paul Walker e Johnny e Harry estavam no sétimo sono. Eles começaram a entrar na casa e eu continuei lá.
- Gente, me ajuda?
- Cê consegue - Alex disse e entrou.
Eu meio que rodei e acabei caindo nas moitinhas que tem ali na frente. David foi me ajudar. A gente deu uma encarada no carro e logo pensamos: fodeu. Tá tudo riscado dos lados. O que fizemos? Pegamos o único esmalte vermelho que eu tenho e tentamos cobrir os riscos... Ficou uma bosta, claro, mas pra gente tava ótimo, já que estava de madrugada, né? Não deu pra enxergar porra nenhuma mesmo.
Em seguida, entramos na casa da tia Josie, que estava toda escura. David deixou a chave onde estava antes de sairmos e nós começamos a subir a escada. Eu juro que tentei subir mais que três degraus, mas eu não tava enxergando onde estavam.
- David, cadê a escada?
- Tá na sua frente.
- Tá não. Ai, meu Deus, cadê os degraus? Eu não tô enxergando os degraus, David! David! Os degraus!
- Para de gritar, sua louca. A tia Josie vai acordar. Vamos subir logo pro sótão.
- Como é que eu vou subir se não tem degrau? Cadê, David? Eu tô ficando desesperada, meu Deus, eu tô ficando sem ar. Ai, me ajuda, não tô conseguindo subir.
- Não se joga pra cima de mim não, que eu não te aguento.
- Ei!
- Só tô sendo realista, colega. Você é gorda e eu não aguento.
- Cê acha que eu não sei que eu sou gorda, seu palhaço? Olha David, parei com você. Eu vou subir pro sótão e nunca mais vou falar com você... assim que eu achar os degraus.
***
Acordei e eu estava no chão. Deixa eu ver a situação... Ah, legal, Alex e David estão dividindo o mesmo colchão, o Johnny tá abraçado com o videogame... Fiz aquela levantadinha de cabeça e depois a joguei com tudo no travesseiro.
- Ai, meu saco!
Nossa. Não era um travesseiro, era o pinto do Harry. Meu Deus.
- Desculpa, desculpa. Que horas são? - Peguei um celular que estava jogado perto de mim. - Porra, 10:17. Affe. Ai, minha cabeça! Ahai!
Me levantei e percebi que eu estava com a roupa da noite passada. Me troquei rapidamente, colocando um shorts e uma regata cinza. Vi meus chinelos perto do Johnny e fui colocá-los. Eu não estava conseguindo encaixar o pé no chinelo e Harry só ria da minha cara.
- Nossa, fia, tá difícil aí, hein? Ainda tá bêbada? Como é possível?
- Sei lá. Tô meio tonta. Ah, desisto, vou descalça mesmo. Acho que vou fazer panquecas. É. Deu vontade de comer panquecas.
- Ah, eu quero panqueca. Quando estiverem prontas você me traz, ok?
- Não. Vai lá comigo fazer ou você não come.
- Chata.
Esperei ele trocar de roupa e nós descemos. Eu peguei um livro de receitas que minha tia nunca usa e comecei a ler a receita da panqueca.
- Harry, pega o leite.
- Tá. Hey! E aquele tal lance de carta? Você continua recebendo?
- Só recebi mais uma. Mas eu nem tô ligando pra essa merda, quem tá me mandando se diz ser um menino que gosta de dançar.
- Alex? - ele chutou.
- Se for o Alex... aí fodeu. Porque eu não gosto dele. O Alex já disse algo de mim?
- Não. Ele não fala nada não.
- Eles já sabem que você é...?
- Não. Nem vão saber. É sério, Lyra, você não pode contar pra ninguém.
- Tá bom. Mas você não gosta mesmo de mulher? O que acontece? Sei lá, cê não sente atração? Cê já beijou homem e mulher e preferiu o homem, o que que é?
- Na verdade, eu nunca beijei um cara nem nada, mas é que... Eu não gosto de beijar mulher! Eu beijo e sinto meio que nojo! Eu só beijei duas vezes na minha vida e essas duas vezes foram ruins!
- Então você não é gay. Isso aí é falta de prática, seu tonto. Eu também não gostei do meu primeiro beijo, foi uma merda total. Cê não é gay não, affe. E eu achando que a gente já era besti fréndi.
- Se eu não sou gay, eu sou o que então?
- Ah, acho que você não é gay não, Harry.
- Então o meu psicólogo tava errado. Ai, meu Deus, quem sou eu? O que sou eu? Ser ou não ser, eis a questão. Eu sou gay ou não? Lyra, eu vou te beijar.
- Ai, ok, farei esse sacrifício... Vai, quero ver se tu é gay. Chega em mim. Me pega de jeito. Vai, Harry.
- Sou gay, consigo não.
- Ah, então vai se foder.
A gente continuou a fazer e logo o David entra na cozinha.
- Bom diaaaaaa. - Ele me abraçou por trás. - O que está fazendo?
- Nada que te interesse. E me larga.
- Mas o que...?
- Eu lembro pouca coisa de ontem David, mas sei que você me chamou de gorda!
- Eu? Claro que não! Eu não te acho gorda!
- Eu tentei subir em cima de você e você disse pra eu sair, porque não me aguentava, porque eu era gorda. Então, ontem, nós cortamos relações, ok? Eu vou fingir que você não existe. Ó. - Fiz uma tesoura com a mão.
- A coisa mais estúpida que um cara pode dizer pra uma menina é que ela tá gorda - Harry disse. - Pisou na bola, Dave. Não foi legal.
- Não foi mesmo, Harry. Me abraça.
- Eu não, cê tá muito gorda. - Comecei a bater nele. - Ai. Ai! Era brincadeira, desculpa.
- Você sabe que bêbado não tem noção do que fala. - David me deu um selinho.
- O que vocês estão fazendo? - minha tia perguntou, entrando na cozinha.
- Tô abraçando minha prima, tia. A gente tá só se abraçando. A gente não pode se abraçar? Abraçar é legal, viu?
- Eu deixo vocês se abraçarem, só quero saber o que é essa bagunça toda.
- O Harry tá fazendo panquecas - eu disse. - Sai, David.
- Não. Eu quero te abraçar.
- Mas eu não quero te abraçar.
- Isso ainda vai dar namoro - minha tia zoou.
- A senhora não sabe nem da metade - Harry murmurou.
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