Capítulo 3
Fomos para a sorveteria e eu peguei um milkshake de chocolate de 500ml, porque não sou obrigada. Depois, fomos para a pista. Eu me sentei em um banco e fiquei observando. Tinha vários garotos ali, mas nenhum me chamou atenção. Os meninos acabaram criando amizade com dois caras: Nathan e Greg. Eles resolveram vir com a gente, depois que eu anunciei que queria ir no shopping para assistir um filme. Tivemos que voltar em casa para guardarmos os skates. Entramos no shopping e Greg começou a falar que era ótimo em rimar.
- Todo mundo sabe rimar - zombei.
- Então tenta.
- Oh, olha lá, eu vi um caminhão! Eu apelidei-o de Wellington Gatão. - Todos riram. - É muito fácil!
- Desculpa minha querida, mas eu não sou teus nego... - Eu o interrompi.
- Se você continuar, enfio tua cueca no rego. - Os meninos riram mais.
- Ah, não, mais uma Lyra - Harry pediu. Eu vi um cartaz em que estava mostrando que o filme que eu queria assistir começava às 18:30. Olhei no meu relógio.
- Desculpa meu filho, mas não sou obrigada. O filme começa em dez minutos, então corre negada! Sai da frente, moço!
Chegamos quase em cima da hora. Compramos os ingressos e ainda deu tempo de comprar pipoca e refrigerante! Entramos na sala e sentamos lá no fundo.
- Rime alguma coisa com o nome do filme - Harry disse.
- Estou assistindo Uma Noite No Museu 3 que é demais e estou do lado de seis garotos que parecem uns animais!
- Não, tem que ser com o nome do filme.
- Vou assistir Uma Noite No Museu 3. Ah, não posso me esquecer, eu odeio vocês!
- Essa menina tem futuro! - Os meninos me aplaudiram e eu bufei. PelamordeDeus.
Quando o filme acabou, nós saímos do cinema e eu falei:
- Tô com fome.
- Mas de novo? Cara, você acabou de tomar 700ml de coca e comer uma pipoca grande! E mais um pouco da minha fanta! - Alex falou.
- Desculpem, mas quem está com a chave?
- Você - eles responderam.
- Então vocês fiquem quietos, porque eu não emiti um som sequer naquela pista.
Depois de eu comer meu inseparável Big Mac, com as batatas, a coca e mais um McFlurry, nós fomos embora. E adivinhem? Convidaram Nathan e Greg para passarem a noite na casa da tia Josie. Depois que eles fizerem um arrastão na casa, não digam que eu não avisei. Bom, eu não avisei mesmo, mas deixa quieto.
Destranquei a porta e ela estava com um... homem?
- Ah, olá, queridos. Esse é o Zaffir, meu colega de trabalho. Ele vai ficar para o jantar, ok?
- Ah é, tia, Nathan e Greg podem dormir aqui? - Dora perguntou.
- Bom, sim, mas não sei se caberá todo mundo no sótão.
- Cabe sim, a Lyra sai.
- A Lyra sai tua vó. Não vou sair nem morta! - falei.
- Deixa ela, Dave. Aí ela faz umas rimas legais - Johnny disse.
- Rimas? - minha tia perguntou.
- É. Mostra pra ela, Lyra.
- Tia, não é nada... Nossa, que cheiro de empada!
- Não falei?
- Não, tá mesmo um cheiro de empada.
- Nosso jantar! - tia Josie falou, indo pra cozinha. Eu, os meninos e Zaffir ficamos nos encarando.
- Bom, acho que vou lá pra cima, guardar minha bolsa. - Subi e logo os meninos apareceram.
- Ok. Nós temos cinco colchões para sete pessoas - Alex disse.
- Não, vocês tem quatro colchões para seis pessoas. O meu é só meu, já que eu não concordei com eles dormindo aqui. - Abracei meu colchão e Harry pulou em cima de mim.
- Mas você ainda não arrumou minha cama, então eu ainda estou dormindo aqui. Ou seja, são três colchões limpos e um cheio de Doritos para cinco pessoas.
- Vamo continuar minha gente, o número tá diminuindo! - Alex disse.
- Queridos, venham jantar! - tia Josie gritou.
Nós comemos, depois minha tia quis que subíssemos, pois ela e Sfiha ou sei lá o que, queriam conversar. Conversar, sei. Eu, como sou muito foda, consegui pegar o controle da TV do sótão e colocar na minha novela mexicana.
- Ah não, Lyra. A gente quer jogar video game! - Harry disse.
- Mas eu quero assistir minha novela! Calma, já tá acabando, eu só preciso saber o que a gêmea má, Vladiana, vai fazer com a filha ilegítima da gêmea boa, Irinês. Lorelay, a Tanajura Afrodisíaca do Oeste é o nome artístico de Antônio Miguel, o marido de Irinês, do qual Vladiana é amante. Maria Margarida é a filha ilegítima, ela será jogada da escada? Será envenenada? Preciso saber!
Depois de descobrir que Antônio Miguel a traía com Vladiana, Irinês acabou queimando-a em uma cama de bronzeamento, fazendo com que Vladiana ficasse desfigurada. Ela então pegou Maria Margarida, ainda bebê, e cuidou dela como se fosse sua filha. Isso é tudo por hoje. Terei que esperar o próximo capítulo.
- Pronto, acabei de assistir. Podem jogar seu video game.
Desci e vi tia Josie e Sfiha se pegando no sofá. Fui até a cozinha silenciosamente e peguei o pote de sorvete, que já não tinha quase nada. Subi de novo, comendo meu sorvete no pote mesmo. Me sentei na cama e fiquei folheando uma revista de tecnologia que eu achei na mochila de Alex. Eu não tava entendendo nada, mas dava umas lidas e assentia com a cabeça, como se soubesse do assunto. Afinal, eu estava sendo observada! E por Greg! Acho que o menino ficou emocionado com meus dons de rima, só que não.
- Tá boiando, né? - Ele veio até mim.
- Claro que não! Estou lendo sobre pixels!
- E o que são pixels?
- Coisa de tecnologia. Você não vai entender.
- Assim como você, né? - ele disse e eu lhe mostrei a língua.
- Vai jogar seu video game e me deixa quieta.
- Mas eu quero água.
- Vai buscar, ué.
- Mas eu sou hóspede! Vem comigo!
- Ok. Mas vou te avisar que a minha tia e o tal de Sfiha estão se comendo lá no sofá! Tem que passar despercebido.
- Não é Zaffir?
- Tanto faz!
Descemos e eles já não estavam mais lá. Fomos até a cozinha e eu peguei uma garrafa de água na geladeira e dois copos.
- Então... Essa é a casa da sua tia, né?
- Aham.
- E você vai passar quanto tempo aqui?
- 2 meses.
- Ah, isso é bom. Podemos nos ver mais vezes.
- Tomara que não.
- Por que? Não gostou de mim?
- O problema não é você, é o resto. Um é legal, agora... seis? Seis caras com quem terei que conviver por dois meses!
- Nós não somos tão ruins assim, somos?
- Dora é um chato, Alex é idiota, Johnny é tarado e Harry nem vou comentar!
- E o Nathan?
- Nathan tem cara de traveco.
- E eu?
- Você... Não sei ainda.
- Que tal "Greg, o amigo gostosão do meu primo"
- Ha-ha-ha, não.
- Por que não?
- Porque você não é gostosão.
Ele riu e colocou o copo na pia. Antes de sair da cozinha, ele se virou pra mim e disse:
- Te dou uns pega mentalmente e você nem desconfia.
Que nojo! Ai, que nojo! Não olho mais pra ele também. Eu vou colocar meu colchão bem longe. Mas bem longe mesmo. Lavei os dois copos e depois subi.
- Sentiu minha falta, né? - Lhe mandei o dedo do meio.
Arrastei meu colchão até o outro lado, bem grudado na parede. Peguei um livro e comecei a ler. Tô com sono. Mas eu não vou dormir antes deles! Vai que resolvem fazer alguma coisa comigo, tipo colocar pasta de dente na minha cara.
Aí eu lembrei que nem colocado meu pijama eu tinha. Peguei ele e todas as minhas coisas de higiene e fui para o banheiro. Tomei banho, coloquei meu pijama e voltei. Parece que o banho me deu uma despertada. Quando fui deitar na minha cama, tinha uma coisa enorme enrolada no meu cobertor.
- Ah, não. Harry, pode sair daí. - Comecei a chutá-lo.
- Me deixa! Seu cobertor é cheiroso. Tem cheiro de morango.
- Sai Harry! - Puxei seus pés, mas ele grudou no colchão, me fazendo arrastar tudo. - Dora, vem me ajudar.
- Meu nome não é Dora. Eu só te ajudo se você lembrar qual é.
- Dolly? - Ele negou. - Donnie? Dorivalson? Denilson?
- Começa com "Da"
- Daniel? Dalton? Dante? Damião?
- Não. Porra Lyra, eu sou seu primo!
- Mas eu não consigo lembrar seu nome! Comecei a te chamar de Dora, é o que eu lembro.
- Mas do Harry você lembra!
- Lembro porque ele é mais chato!
- Ei! - Harry protestou.
- É David, então? - Tentei mais uma vez.
- Quase isso.
- Ah, vão se foder também! Dá licença, porque o colchão é meu. - Tentei empurrá-lo de novo, mas o menino é pesado pra caralho. Aí eu subi em cima dele e me sentei em sua barriga. - Poxa, Harry, dá uma licencinha. Eu também quero meu cobertor e o meu colchão.
O menino virou uma gelatina. Hora de agir! Levantei devagar, mordendo o lábio inferior enquanto o olhava e levantei o colchão com toda a força que eu tinha. Ou seja, Harry deu de cara no chão. Arrastei o colchão de volta, peguei meu cobertor e me enrolei. Logo sinto o colchão afundar do outro lado, nem me preocupei em ver quem é.
- Sai Harry.
- Não é o Harry - Greg falou, colocando a mão na minha cintura. Me virei rapidamente.
- Sai do meu colchão. Agora.
- Por que?
- Porque você é um tarado sem noção. - Ele nem ligou para o que eu disse e colocou a mão na minha nuca. Me afastei no mesmo instante. - Não sabia que você queria morrer cedo. - Ele riu e se levantou.
- Você ainda vai me querer.
- Aham, vai nessa. Espera sentado, porque em pé cansa, meu bem.
- Quer ver? - Ele tirou a camisa. Que Deus Grego. My Gosh.
- Malha mais, porque isso aí não impressionou. - É claro que impressionou, mas ele não precisa saber, né?
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