"the witch forever lives"
— Sempre fui eu — Chrissy respondeu. — Eu só cansei da sorte se virar contra mim
— Como pôde? — Eddie deu um passo para trás.
— Pense, Eddie — Chrissy se aproximou dele. — Uma única alma...
Eddie se lembrou do pastor, e de como Steve falou que não parecia ele. Ele realmente estava possuído. Chrissy havia o feito ser possuído.
— E em troca, o que oração nenhuma poderia pagar — Chrissy sorriu. — Uma só pessoa a cada poucos anos é um preço pequeno a se pagar
—Uma pessoa? — Os olhos de Eddie lacrimejaram. — O pastor matou doze crianças! Meu irmão! Inocentes!
— Inocentes? Quem é inocente? — Chrissy suspirou antes de continuar. — Seus vizinhos te caçam, abandonam você, amaldiçoam seu nome! E você se conforma com isso! — Ela apontou para ele. — Eles tem medo pois sabem que você é diferente
Chrissy começou a ir em direção a Eddie, que deu passos para trás, derrubando sua tocha ao chegar na parede.
— Alguém que se recusa a seguir as regras desses dogmáticos, que busca mais do mundo — Chrissy acariciou seu rosto. — Você é como eu
Eddie olhou para ela, o medo em seu olhar se transformando em raiva.
— Eu não sou nada como você — Ele pegou a faca que Chrissy segurava e a enfiou em seu estômago.
A Cunningham caiu no chão, e agarrou o braço de Eddie quando ele tentou pegar sua tocha e correr.
— Não! — Ele gritou.
Chrissy pegou uma pedra que estava próxima e acertou a cabeça do Munson com ela. Ele caiu no chão, mas conseguiu se levantar e correr por mais um corredor secreto da casa de Chrissy. Ela gritou de dor enquanto ele fugia, tentando se levantar.
— Eddie! — Ela gritou, pegando sua faca do chão e indo atrás dele pelos vários corredores subterrâneos. — Eddie, volte!
Eddie corria sem rumo pelos corredores, sua cabeça latejando e sangrando, enquanto ouvia Chrissy o chamando. Ele andou até achar um lugar iluminado pela lua. Logo percebeu que era uma saída. Tudo que precisava fazer era escalar e fugir. Ele soltou a tocha que segurava, tentando escalar. Também sabia que precisava ser rápido, já que a Cunningham logo o alcançaria.
Ele já se aproximava da saída, começando a ter esperanças de que conseguiria fugir, quando Chrissy puxou suas pernas. Ele gritou de dor ao cair no chão, mas logo tentou se levantar. A Cunnigham logo o prendeu no chão enquanto ele tentava escapar.
— Pare, Eddie! — Ela gritou. — Não me faça te machucar!
Eddie se inclinou em direção a Chrissy, mordendo seu braço com toda sua força. Ela se afastou dele por um segundo, mas logo pegou sua faca e tentou o esfaquear. Eddie tentou segurar a faca em uma tentativa de se proteger, fazendo Chrissy enfiar a faca em seu pulso.
— Não! — Ele gritou de dor quando Chrissy agarrou sua mão e a arrancou de seu braço.
Eddie viu sua mão cair no chão enquanto seu pulso sangrava, uma dor latejante atingindo todo seu corpo. Ele conseguiu empurrar Chrissy, a fazendo bater a cabeça em uma pedra e desmaiar. Eddie se levantou, andando para longe dela enquanto gritava em agonia. Ele rasgou um pedaço de sua roupa, amarrando o tecido em seu pulso enquanto tentava achar outra saída. Ele logo achou um lugar estreito, e ao olhar pela fresta dele, viu que estava debaixo do chão da igreja. Ele se arrastou pelo chão, chorando de dor, e começou a chutar o chão, tentando quebrar as madeiras do piso da igreja para que pudesse escapar. Ele gritava de dor a cada chute que dava até conseguir finalmente quebrar as madeiras e escapar. Ele rapidamente subiu pelo chão, se levantando ao entrar na igreja. Logo percebeu que Steve não estava mais lá, e andou até a saída. Ao abrir a porta, viu os moradores da vila ainda o procurando. Steve estava, ainda amarrado, do lado do poço. Ele foi a primeira pessoa a perceber Eddie. O Harrington logo percebeu que o plano do mais velho não havia dado certo ao o ver ensanguentado, ferido e em lágrimas. Lentamente, todos que estavam ali olharam para a porta, o vendo ali. Poucos segundos depois, Eddie sentiu alguém agarrando seu cabelo e o empurrando para o chão.
— Eu achei o bruxo! — Chrissy gritou, enquanto todos os moradores da vila se reuniam em sua frente. Eddie olhou para Steve enquanto chorava de dor. Não havia conseguido o salvar. Já estava amanhecendo, e sabia que os dois seriam logo enforcados.
—
Por volta das 5 da manhã, todos os moradores da vila foram em direção a uma árvore, próxima ao bosque. Era a maior árvore da vila, e seria ali aonde Edward Munson e Steve Harrington seriam mortos. Os dois seguiam logo atrás, amarrados enquanto caminhavam para sua morte. Eddie se culpava por não ter conseguido salvar Steve, mas o Harrington não o via como culpado. Estava até mesmo aliviado, sabendo que iria sair daquele mundo de pessoas más junto de seu amado. Pelo menos, iriam morrer juntos e, talvez, passariam a eternidade juntos, se o céu realmente existe. Os dois olharam um para o outro ao chegarem na árvore. Não poderiam se despedir um do outro, nem mesmo se beijarem uma última vez. Aquele seria o fim dos dois.
— A pena por prática de bruxaria é morte por enforcamento! — Um homem disse.
— Enforque-os! — A multidão gritou.
— Confessem seus pecados ou queimem no inferno eterno! — O homem atrás deles gritou.
Eddie olhou para a multidão. Robin e Nancy estavam lá, mas elas não gritavam com os demais, e os olhavam com tristeza. A mãe de Steve também estava lá, orando silenciosamente. Ele olhou para Steve uma última vez. Sabia o que deveria fazer. Ele havia prometido a si mesmo que salvaria seu amado a qualquer custo. Olhou bem para o rosto do Harrington e sussurrou para ele.
— Eu confesso...
Steve olhou para a multidão, e então para Eddie de novo, seus olhos se enchendo de lágrimas.
— Não — Ele olhou para Eddie, implorando. — Eddie, não...
— Eu confesso! — Eddie gritou, fazendo toda a multidão se calar.
— Não, ele está mentindo! — Steve gritou, antes do homem que gritou para que eles confessassem o agarrasse e tapasse sua boca.
— Eu andei com o diabo — Eddie disse. — Eu me deitei com ele
Steve chorava e tentava gritar para que Eddie parasse, mas não coseguia.
— Eu enfeiticei o bom pastor — Eddie continuou. — E enfeiticei Steve Harrington — Ele olhou para o Harrington, segurando lágrimas. — Eu confundi sua mente
O som dos gritos abafados de Steve quebrava o coração de Eddie. Ele havia prometido que Steve não ficaria sem ele, mas não podia permitir que enforcassem os dois. Se sacrificar por seu amado seria sua maior prova de amor, e a coisa certa a fazer.
— Fui eu — Lágrimas rolaram pelo rosto de Eddie. — Somente eu. Steve é inocente
— Solte-o! — A mãe de Steve gritou.
O homem finalmente soltou Steve, o arrastando para longe de Eddie e desamarrando suas correntes.
— Não! — Steve gritou. — Eddie!
Eddie apenas olhou para baixo, chorando em silêncio. Sabia que aquilo era o certo a fazer. Não iria deixar que Steve morresse como um bruxo ao seu lado. O homem que arrastava Steve o jogou para sua mãe, que logo o abraçou.
Sendo a pessoa que encontrou o bruxo, Chrissy foi em direção de Eddie, amarrando as correntes com mais força e colocando a corda ao redor de seu pescoço.
— A verdade vai aparecer. Pode não ser hoje, nem amanhã, mas vai aparecer — Ele sussurrou para a Cunningham. — A verdade vai ser sua maldição, irá te seguir pela eternidade. Eu irei te seguir para sempre, irei mostrar a eles o que você fez. Eu nunca te deixarei ir
Chrissy não disse nada, se afastando dele após amarrar a corda em seu pescoço. A multidão gritava para que o enforcassem. Ele olhou uma última vez para Steve, chorando nos braços de sua mãe, que gritava junto com a multidão.
Foi nessa hora que finalmente puxaram a corda.
Eddie tentou respirar enquanto o enforcavam, mas sabia que não iria conseguir. Steve gritou e caiu de joelhos no chão enquanto via seu amado sendo enforcado. Sentia uma dor que nunca havia sentido antes, como se alguém estivesse arrancando uma parte de si bem em sua frente. Steve sentiu sua mãe o abraçando, tentando o acalmar, mas ele não conseguia. Estava vendo Eddie, seu belo Eddie, morrendo. E não conseguia fazer nada.
Após matarem o "bruxo" de Hawkins, todos voltaram para suas casas. A mãe de Steve tentava o puxar para longe dali, mas ele não conseguia se mover, apenas chorar. Após um tempo, ela desistiu, deixando seu filho lá, de joelhos na frente do corpo de Eddie. Os que seguravam a corda que o enforcou a soltaram, o deixando cair no chão.
—
Já era noite quando Steve, Nancy e Robin voltaram para a árvore onde mataram Eddie Munson. Ninguém se daria ao trabalho de enterrar um bruxo, e seu tio não conseguiria enterrar mais um sobrinho, então, os três decidiram que eles fariam isso. O rosto de Steve ainda estava machucado, seus olhos inchados de tanto chorar, mas ele não chorou ao ver o corpo de seu amado. Não adiantava mais sofrer, só tinha que o enterrar, e torcer para que ele descansasse em paz.
— Nós não podemos deixar ele aqui, sozinho debaixo dessa árvore — Nancy disse. — Temos que levar ele para outro lugar, algum lugar que só a gente saiba
Os dois concordaram, carregando o corpo de Eddie para outro lugar. O levaram para um lugar afastado, ao lado da floresta. Afastado da árvore solitária que usavam para enforcar pessoas, afastado da vila. Em um lugar aonde apenas o amor da vida de Eddie Munson e suas duas amigas mais queridas sabiam. Um lugar aonde ninguém o acharia.
Eles cavaram um buraco no chão, e colocaram seu corpo ali. Amarrado em correntes pesadas e machucado, mas, aos olhos de Steve, continuava lindo. O Harrington fechou os olhos do mais velho e colocou uma flor ao seu lado, acariciando seu rosto como uma forma de despedida.
— Adeus, Eddie — Steve sussurrou. — Eu te amo
Após alguns minutos cobrindo o buraco, os três voltaram para a vila. Deixando Eddie para trás. Deixando tudo para trás. Eddie Munson não havia ficado muito tempo na vida de Steve Harrington, mas foi capaz de mudar tudo nela. Seu corpo poderia estar enterrado ao lado das árvores, sozinho pela eternidade, mas ao mesmo tempo que Eddie Munson, o bruxo de 1666, prometeu nunca deixar Chrissy Cunningham, também nunca deixaria Steve Harrington. A única pessoa que o fez se sentir vivo, e a única pessoa que ele protegeria, mesmo não estando mais vivo.
"O bruxo vive para sempre".
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