"it's you"
— Assim que o sol nascer, livraremos Hawkins desse bruxo miserável! — Um morador da cidade gritou, empurrando Steve para o chão. — Iremos procurar em cada casa, em cada centímetro do bosque, até acharmos Edward Munson! Não teremos misericórdia!
Eddie se escondia enquanto ouvia os moradores gritando por ele. Ao ver Steve machucado e com suas mãos amarradas, não conseguia parar de pensar que era tudo culpa sua. Se apenas ele nunca tivesse pegado sua mão e o levado para a floresta na noite da lua cheia, ele não estaria passando por isso. Não sabia como, mas encontraria uma forma de salvar Steve. Mas, antes disso, precisava encontrar seu tio. Não havia o visto na multidão, então sabia que ele não estava o caçando. Ele andou pela floresta, sozinho, em direção a sua casa. A única iluminação que ele tinha era a luz da lua enquanto se aproximava da simples casa de madeira.
— Tio — Ele se aproximou de Wayne ao chegar em sua casa. Ele estava sentado, bebendo.
— É minha culpa — Ele murmurou.
Eddie quis o responder. Queria dizer que se alguém tinha culpa, esse alguém era o próprio Eddie. Mas mal teve tempo de pensar no que falar quando ouviu barulhos do lado de fora de sua casa. Ele logo correu para fora pela porta de trás, se escondendo ao ver as tochas dos moradores que o caçavam.
— Procurou lá em cima? — Um dos homens perguntou a outro.
— Sim. Não há ninguém
Eddie correu o mais rápido possível para longe de sua casa, procurando uma forma de se esconder. Ia se escondendo atrás de várias casas, correndo o mais discretamente possível. Conseguia ver as tochas de todos os moradores da vila que o caçavam, e aquilo o aterrorizava. Talvez, se fosse mais inteligente, correria para longe dali o mais rápido possível, mas ele não podia. Precisava ver como Steve estava para então decidir o que faria. Ele andou em direção a igreja, aonde estavam mantendo Steve. Um guarda armado cuidava da porta, então Eddie se abaixou. Olhou ao redor, procurando uma forma de entrar na igreja, e acabou vendo uma pedra de tamanho médio. Rapidamente a pegou e a jogou em direção a floresta. Ao ver o guarda indo em direção ao barulho, ele correu para dentro da igreja, logo fechando a porta atrás de si.
— Steve? — Ele chamou baixo.
Eddie logo viu o Harrington, sentado no chão com seus braços e pernas amarrados. Seu rosto estava cheio de sujeira e machucados. O Munson não conseguia não se sentir culpado ao ver Steve daquela forma.
— Steve... — Eddie se ajoelhou em sua frente, cuidadosamente tocando seu rosto. — O que eles fizeram com você?
Steve olhou para Eddie, seus olhos cheios de lágrimas e medo.
— Eu vou ser enforcado amanhã cedo — Steve disse. — E se você não fugir, você será também
— Não! Eu não vou te deixar
— Você deve — Steve olhou para baixo. — É minha culpa mesmo. Eu deixei o diabo entrar
— Não é assim que isso acontece — Eddie segurou as mãos do mais novo. — Ninguém invoca o diabo por acaso, é preciso fazer uma escolha
— Isso não importa — Steve olhou para Eddie com lágrimas em seus olhos. — Não importa se o invocamos ou não, nada irá mudar a mente deles. Se eles acham que somos bruxos, então nós somos
Eddie olhou para a janela ao lado deles. Ainda podia ouvir os moradores da vila gritando seu nome, podia ver as luzes fracas de suas tochas. E então ele percebeu.
— Você está certo — Eddie olhou novamente para Steve. — Se eles acreditam que fizemos isso, então que diferença faz se fizermos agora?
— O que você está dizendo? — Steve o perguntou, confuso.
— Eu vou fazer um pacto com o diabo — Eddie se aproximou do Harrington. — Talvez isso possa nos salvar
— Mas o diabo... — Steve olhou para ele com medo. — Você enlouqueceu?
— Eu não temo o diabo, Steve — Eddie disse. — Eu temo o vizinho que me acusou. Eu temo a mãe que deixaria seu filho ser enforcado. Eu temo Hawkins — Eddie colocou sua mão no rosto de Steve. — Quando tudo isso acabar, nós vamos sair daqui. Vamos para um lugar bem longe, aonde iremos dançar todas as noites, e nos beijar em plena luz do dia
Eles dois se olharam por um momento. Ver os machucados no rosto de Steve deixava Eddie triste, mas principalmente, com raiva. Ele não temia o diabo, e sim, temia as pessoas que fizeram aquilo com o Harrington. Que o desprezaram e o acusaram. Agora, ele entendia tudo. Eles não eram amaldiçoados. Eles simplesmente se amavam. Agora que ele sabia da verdade, não iria deixar os moradores de Hawkins os separarem. Não iria deixar que seu amado fosse morto. Faria o que fosse preciso para o salvar, para o tirar de perto daquelas pessoas desprezíveis. Ele segurou o rosto de Steve em suas mãos e o beijou, um beijo que durou alguns longos segundos. Eddie esperava que com aquele beijo pudesse demonstrar tudo que verdadeiramente sentia por Seve.
— Eu não posso te perder — Steve falou depois que eles se separaram.
— E você não vai — Eddie disse. — Se eles querem um bruxo, eu os darei um
—
A floresta continuava escura, como sempre, mas Eddie não temia. Estava determinado a fazer o que fosse para salvar Steve. No fundo, estava até mesmo animado. Mal podia esperar para fazer o pacto, conseguir fugir de Hawkins ao lado de Steve e deixar todas aquelas pessoas para trás.
A casa da viúva também estava escura e vazia. Ele entrou lentamente na casa, procurando o livro que ele havia visto anteriormente. Ele olhou ao redor ao achar o baú aonde o livro se encontrava, queria ter certeza que a viúva não estava ali.
— Viúva Mary? — Ele chamou e aguardou.
Após esperar por algum tempo, ele finalmente abriu o baú. Para sua surpresa, o livro não estava ali. A única coisa que estava dentro do baú era uma mancha de sangue. Prestando atenção, ele percebeu que haviam mais manchas de sangue próximas. Olhando para cada uma, via que elas levavam a algum lugar, como se alguém tivesse andado por ali enquanto sangrava. Decidiu as seguir, com receio. Em certo momento, as manchas levaram para debaixo de uma mesa. Eddie lentamente se abaixou, e soltou um grito ao ver o corpo da viúva escondido ali, com sua garganta cortada. Ele logo se levantou e correu para longe dali, andando pela floresta em direção a única pessoa em quem poderia confiar.
—
— Vá embora, Elijah — Chrissy gritou quando Eddie bateu repetidamente na porta, achando que era seu irmão mais velho. — Elijah, já chega! — Ela gritou, abrindo a porta.
— Por favor, você precisa me ajudar! — Eddie disse, rapidamente entrando na casa de Chrissy. — Nós somos inocentes!
Chrissy o olhou por um segundo.
— Eu sei... — Chrissy falou, fechando a porta.
— Chrissy, me ouça — Eddie segurou os ombros da Cunningham, assustado. — Eu voltei para a casa da viúva. Ela está morta, Chrissy, alguém a matou! — Ele olhou para ela, nervoso. — E tinha um livro lá, com um tipo de ritual, de magia... Alguém pegou o livro
— Magia? — Chrissy perguntou, confusa.
— Eu acho que alguém fez um pacto com o diabo — Eddie disse. — E ofereceu nossa cidade
— Nossa cidade?
— Sim, talvez em troca de poder — Eddie olhou para ela, terror em seus olhos. — Chrissy, eu juro... Não fui eu
— Eddie... — Chrissy olhou para ele por alguns segundos antes de falar. — Eu acredito em você
Eddie suspirou de alívio. Sabia que se Chrissy não acreditasse nele, iria o entregar para os moradores da cidade. Saber que alguém, além de Steve, acreditava nele o dava esperança.
— Chrissy! — Os dois ouviram alguém gritando, do lado de fora da casa. Eddie imediatamente deu um passo para trás, sabendo que estavam procurando ele.
Chrissy olhou pela janela, vendo alguns homens indo em direção a sua casa.
— Rápido, se esconde! — Ela falou para Eddie, que entrou em um quarto, procurando um lugar para se esconder.
— Chrissy! Abra a porta! — Um dos homens gritou, batendo na porta. Logo que ela a abriu, ele continuou. — Estamos procurando por Edward Munson
Chrissy olhou para todos os homens.
— Eu sou a única aqui
— Então podemos procurar — Um garoto, que ela reconheceu sendo Jason Carver, a pessoa com quem ela deveria casar antes de conhecer seu falecido marido, disse, entrando na casa.
— É claro que não podem! — Ela foi atrás de Jason.
Eddie se escondia em um quarto, abaixado, enquanto ouvia todos gritando para que ele aparecesse.
— O que tem o quarto dos fundos? — Jason perguntou, indo em direção ao quarto onde Eddie estava.
Chrissy logo pegou uma faca e puxou o braço de Jason, a apontando para ele. Enquanto isso, Eddie achou uma pequena porta no quarto onde estava, rapidamente a abrindo e entrando dentro do cômodo escuro e secreto.
— Eu sei de coisas sobre você que poderiam te fazer ser exilado da vila — Chrissy disse, apontando a faca para Jason. — Meu pai é um homem influente. Se você não sair daqui agora, eu conto tudo para ele
Jason tentou abrir a porta do quarto dos fundos, mas Chrissy o puxou para fora de sua casa. Sendo uma fazendeira sozinha, a Cunningham tinha mais força que as outras mulheres da vila, que costumavam fazer apenas trabalhos de casa.
— Vá — Chrissy gritou após jogar Jason para fora de sua casa. — E não volte!
Enquanto Eddie entrava adiante no quarto secreto da casa de Chrissy, chegou em um local cheio de sinais estranhos. Mas o que o chocou não foi isso, e sim o grande símbolo cravado no chão, com uma fogueira em seu meio. Ele pegou uma tocha próxima para pegar fogo da fogueira e iluminar seu caminho. Ao colocar a mão no símbolo, percebeu que ele estava cheio de sangue dentro, e ao olhar para o lado, viu o livro da viúva. Ele logo percebeu o que aquilo significava.
— Eddie?
Ele se virou ao ouvir Chrissy o chamar. Seus olhos se arregelando ao perceber o que estava acontcendo.
— É você... — Ele falou, assustado.
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