Capítulo 3
Ressaca. Por que ninguém nunca me disse que é absurdamente horrível? Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima da minha cabeça e depois dado ré. Pego um remédio para dor de cabeça no meu armário e o tomo junto com a água da minha garrafinha de lhamas. Infantil, eu sei. Mas o que eu posso fazer se eu gosto?
— Oi, Emma! - Nicolle Bridgit acena para mim do outro lado do corredor. Como ela pode estar tão animada depois de ontem? Minha cabeça está prestes a explodir!
— Oi, Nicolle. – Aceno de volta, sem empolgação. Ela some do meu campo de visão e eu volto à atenção para meu armário. Pego os livros da próxima aula e me preparo para sair.
— Emma Foster. Belo nome. - Uma voz sussurra em meu ouvido, me fazendo paralisar e arrepiar. Lentamente, me viro e confirmo que se trata de quem eu já esperava que fosse.
— Como você sabe meu nome? - Pergunto, sem desviar os olhos de suas írises azuis.
— Talvez eu tenha perguntando para alguém sobre você. - Ele inclina a cabeça para o lado, com um vestígio de sorriso nos lábios.
— Por quê? - Quero saber.
— Não sei. Por que você me beijou e depois simplesmente foi embora? - Ele devolve a pergunta, e eu tento ignorar o fato dele estar tão próximo e seu perfume ser tão bom. Incrivelmente bom.
Antes que eu possa pensar em uma resposta, o sinal toca e eu sou salva pelo gongo.
— Tenho que ir, estranho. - Digo fechando o armário.
— Dylan. Meu nome é Dylan. - Ele responde a pergunta que não fiz.
— Ainda prefiro estranho. - O provoco. Ele sorri com meu comentário e eu sigo meu caminho em seguida.
Quando entro na sala, várias pessoas começam a me olhar, o que é muito estranho, já que não costumo receber tanta atenção assim das pessoas. Sento no lugar de sempre e espero o professor chegar, em silêncio, até que sinto alguém me cutucar, então olho para trás.
— Você e o Dylan estão tendo alguma coisa? - Pergunta-me Nicolle, com o queixo apoiado na mão. Ela parece tão confortável em me fazer essa pergunta...
Franzo o cenho. Então ela conhece Dylan? Até que faz sentido, já que ele estava em sua festa. Mas por que acha que nós temos alguma coisa? Mal nos conhecemos.
— Desculpa, não precisa responder. Eu apenas fiquei curiosa.
— Não temos nada. Para falar a verdade, eu mal o conheço. - Respondo. A conversa é encerrada com a chegada do professor, que dá início a sua aula.
Quando as aulas encerram, me dirijo até a biblioteca. Tinha prometido ajudar na organização de alguns livros. Jogo minha mochila em uma mesa qualquer e começo meu trabalho. O exemplar de Razão e Sensibilidade escorrega de minha mão e cai no chão. Me abaixo para pegá-lo e vejo os pés de alguém se aproximando. Levanto os olhos para ver quem é e quando descubro, fico ereta de imediato.
— O que você está fazendo aqui? - Coloco o livro de volta na prateleira, evitando olhar em seu rosto.
— Procurando um livro. - Dylan responde de maneira casual.
— Não aqui, na biblioteca. Mas aqui, na escola. - Insisto, fingindo tirar poeira do livro para não ter que olhar para ele.
— Eu estudo aqui. - Diz como se fosse óbvio.
— O quê? - O encaro com às sobrancelhas erguidas. — Por que eu nunca te vi?
— Não sei. - Ele dá de ombros e se encosta na prateleira. — Eu também nunca te vi por aqui. É uma escola grande.
— Faz sentido. - Concordo, assentindo.
Sou boa em reconhecer rostos, mas isso não quer dizer que estou sempre observando as pessoas.
— Você não respondeu minha pergunta. Por que me beijou e depois foi embora? - Ele dá um passo para frente, ficando perto demais novamente.
— Porque é um dos itens da minha lista. – Fico tão nervosa com sua proximidade que acabo soltando. Porém, talvez tenha sido bom. Dylan parece ser o tipo de cara que não desiste do que quer, e eu não estou afim de joguinhos.
— Me beijar? – Franze o cenho.
— Não! - Nego com rapidez. Não quero que ele me entenda mal e ache que sou uma stalker. — Beijar um desconhecido.
— Então... você me usou? - Dylan arqueia uma das sobrancelhas, e um sorriso divertido se forma em seus lábios.
— Eu... acho que sim. - Digo baixinho, com vergonha.
— Que lista é essa? - Pergunta, curioso.
— Quinze coisas para fazer antes de morrer. – Respondo. Não sei por que estou contando isso para ele, mas não me arrependo. Não é como se ele pudesse descobrir que vou morrer em seis meses. Ou menos.
— Você não acha que é muito cedo para pensar em morrer? - Ele dá risada. Encolho um pouco os ombros.
— Talvez, mas prefiro não arriscar. - Desvio os olhos para o chão, escondendo a verdade.
— Posso ver a lista? – Indaga. Mesmo receosa, puxo a lista do bolso da minha calça. Mas, antes de entregar para ele, tenho o cuidado de dobrá-la ao meio, para que ele não veja o último item. Já com o papel em mãos, Dylan tira uma caneta da mochila e risca o item três. — Agora faltam 12 coisas.
— Espero que eu consiga fazer tudo. – Penso em voz alta, enquanto guardo o pedaço de papel.
— Eu posso te ajudar. - Ele me ofererece.
— O quê? Por que você faria isso? - Semicerro os olhos, desconfiada.
— Eu ando meio entediado esses dias. – Dylan dá de ombros e sorri em seguida.
Mudo o peso do corpo para o outro pé. Eu devia ter respondido um rápido e audível "não", mas não consegui. E acho que nem quero. É estranho, e talvez até inconsequente, mas quero sua ajuda.
— Tudo bem.
— Quando começamos? - Ele se desencosta da pratileira, pronto para ação.
— O mais rápido possível. - Digo séria. Não sei quanto tempo eu tenho. Podem ser meses, semanas ou apenas dias. — Tenho que ir, depois nos falamos. - Coloco minha bolsa no ombro e saio andando.
— Ei! Eu posso te dar uma carona, se quiser. - Sugere, vindo atrás de mim.
Paro e giro nos calcanhares para olhar para ele. Talvez eu realmente tenha me precipitado. Porque ele está sendo tão insistente e legal? Isso é estranho, e me faz pensar que tem alguma coisa errada.
— Ok, por que você está fazendo isso? - Cruzo os braços, na defensiva.
— Isso o quê? – Pergunta, parecendo confuso.
— Sendo tão... legal e prestativo comigo.
— Não sei, talvez eu tenha te achado interessante.
— Não tem nada de interessante em mim. Vai por mim, você não vai querer me conhecer. – Volto a andar, deixando-o para trás
— Acho que eu devo decidir isso. – Ouço sua voz atrás de mim.
Involuntariamente, um sorriso ameaça surgir em minha boca, mas consigo contê-lo. Nunca ninguém insistiu tanto em me conhecer, principalmente um garoto tão bonito quanto ele. É uma pena que isso só está acontecendo agora, quando minha sentença de morte já foi dada.
O espero na frente da escola, enquanto o mesmo busca seu carro no estacionamento. Levo um susto ao escutar o som do motor de uma moto e me deparo com Dylan a pilotando.
— Sua carona chegou. – Ele estende um capacete reserva para mim.
— Eu estava esperando um carro, mas é claro que uma moto faz bem mais o seu estilo. – Falo enquanto pego o capacete.
— E qual é o meu "estilo"? - Faz aspas com os dedos.
— Você sabe. Jaqueta de couro, moto... essas coisas.
Ele sorri com meu comentário e eu tento colocar o fecho do capacete, mas aparentemente, é bem mais difícil do que eu pensava.
— Vem, eu te ajudo.
Dylan me puxa pela cintura e instantemente me lembro do nosso beijo e de como ele me segurou em seus braços. Seus olhos estão fixos nos meus enquanto coloca o fecho do capacete, e por alguma razão desconhecida, não consigo respirar e nem desviar os olhos dele.
— Obrigada. - Agradeço e subo na garupa de sua moto.
— Se segura. E pode me abraçar o quanto quiser, não tenho problemas com isso. - Mesmo sem ver o seu rosto, sei que ele está sorrindo.
— Eu faria isso se quisesse me aproveitar de você. - Retruco, após ele dar partida.
— Não foi isso que pareceu na festa.
— Isso foi ontem. Eu sou uma pessoa totalmente diferente agora.
— Sei.
Digo o meu endereço e logo Dylan estaciona a moto em frente à minha casa. Desço da garupa com cuidado e o encaro.
— Então é aqui que você mora... – Diz, observando o lugar.
— Sim, mas não pense em aparecer por aqui. – Consigo tirar o capacete sozinha e o entrego.
— Por que não? Seus pais iriam me amar. – Gaba-se, convencido.
— Porque você ainda é um desconhecido. - Respondo como se fosse óbvio.
— Um desconhecido que você beijou. - Sorri de lado. Por que ele tem que ser tão bonito?
— Ok, quantas vezes você vai jogar isso na minha cara?
— Muitas. - Ele sorri, parecendo se divertir.
— Tchau, estranho. - Viro às costas para entrar em casa.
— Quantas vezes você vai continuar me chamando de estranho? - O ouço perguntar.
— Muitas. - Grito de volta, me divertindo com a situação.
Entro em casa sorrindo e ouço o ronco do motor novamente, o que significa que Dylan já partiu.
— Odeio o barulho de motos. - Minha mãe reclama, sentada no sofá enquanto assiste TV.
— Eu também. – Tento não rir.
— Então, está com fome? - Pergunta, tirando os olhos da televisão e pondo-os em mim.
— Sempre.
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Oi, pessoal! O que estão achando do Dylan e da Emma? Comentem aqui pra eu saber. Vejo vocês próxima segunda, até lá! 😘
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