"Eu amo você" ele disse, estremecendo enquanto respirava o tímido ar da noite. Uma vez os enervantes olhos verdes, mais afiados que vidro e mais quentes que aço fundido, agora tremendo com uma incerteza imprópria daquele típico bastardo equilibrado.

Eu forcei uma risada, que fez ele ficar rígido e respondi, "Essa é uma piada estranha, até mesmo pra você."

Sob o arco de madeira coberto com hera retorcida e rodeado pela fragrância de rosas, lírios e girassóis, Beau invadiu mais do que meu espaço. Ele estilhaçou os confins da minha mente, quebrando barreiras que antes eram altas. O suave rangido dos seus tênis contra a pedra retumbou em meus ouvidos.

Aqui, em um jardim de fontes cinzentas e frias e flores adormecidas, Beau falou segurando a respiração como se quisesse me enredar apenas com palavras, "Não é uma brincadeira. Isso não é uma brincadeira, Devin."

Ele me beijou.

Então eu me perguntei como diabos as coisas mudaram tanto em somente 13 dias.

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"Devin, eu juro que se você não estiver pronto nos próximos cinco minutos, eu vou fazer você sentar no quarto do hotel sem TV pelas próximas duas semanas!" Minha mãe gritou do andar de baixo, dando partida no meu motor, com sucesso, que ficou sem gasolina meros segundos depois que ela me acordou pela décima vez.

"Eu estou pronto, eu estou pronto!" Porém essa foi uma das minhas maiores mentiras, então eu pulei da cama como se o próprio Satã estivesse atrás de mim. Nesse caso minha mãe irritada pode ser o próprio Satã.

Minha bagagem não estava totalmente arrumada. Eu joguei qualquer coisa que minhas mãos conseguiram alcançar e fechei a mala. De qualquer forma os únicos itens de real importância eram meu celular e o carregador.

Ainda bem que agi rapidamente porque minha mãe subiu as escadas em passos largos e rápidos que sinalizavam minha possível destruição iminente. A porta do meu quarto se abriu. Ela parou na entrada, um pouco esgotada com seu cabelo castanho preso em um rabo de cabalo bagunçado. Ela analisou o quarto, observando minha bunda presunçosa sentada em uma mala muito cheia.

"Você só jogou coisas aleatórias aí dentro, não foi?"

"Não"

Ela se encostou na moldura da porta, braços cruzados e nariz enrugado.

"Você disse que eu tinha 5 minutos." Argumentei.

"Sim, agora, mas você sabia sobre essa viagem há meses atrás" Ela esfregou sua têmpora como se estivesse reagindo a uma dor de cabeça que estava por vir, ou quem sabe, já estivesse lá naquele momento. "Oh meu Deus, como você vai sobreviver no dormitório da faculdade? Você mal toma conta de si, mesmo eu estando sempre no seu pé."

"Ei!"

"Vamos, jogue suas coisas na van, todo mundo já está pronto para ir."

Ela saiu. Eu fui fazer uma verificação inicial do cheiro das roupas, ao acaso vesti uma camisa folgada e um short de basquete. Meu cabelo castanho frisado nunca foi domável então meu fiel boné de beisebol sempre esteve lá para salvar o dia. Não que eu precisasse me arrumar. Nós tínhamos ao menos onze horas na estrada. Se eu ia ficar preso em uma van por tanto tempo, eu ia ficar confortável pra caralho.

Bagagem esperando na entrada da porta do andar de baixo para uma viagem de duas semanas. Nossa família não tinha dinheiro para fazer uma viagem todo ano. Da última vez que fizemos algo remotamente caro, foi há seis anos atrás quando eu tinha doze anos. Nós fizemos uma viagem de três dias para um parque de diversões. Eu estava eufórico mesmo se eu vomitasse depois do primeiro dia. Eu estava determinado a andar na porra toda! Eu tive sucesso? Não, mas eu fiz o meu melhor e eu era um pequeno garoto orgulhoso com um estomago muito sensível.

A viagem que estávamos prestes a fazer era o que meus pais chamaram de "A grande aventura" por quase um ano. O plano era: uma semana na Velha Praia de Orchard, no Maine, então descer para Silver Sands em Connecticut, por três dias e nosso destino final era Skyland Manor em New Jersey, que era a porra de um castelo!

Agora, não era um castelo tipo "Rainha da Inglaterra", mas um velho lugar construído por algum britânico rico (de acordo com minha mãe), com todo o encanto de um castelo. Era na verdade um espaço para casamentos, mas quando minha mãe viu o lugar durante a investigação do que mais a gente poderia fazer, ela insistiu que nós ficássemos lá, então isso seriam os últimos três dias. Aparentemente, lá tem um enorme jardim, que era parte da propriedade e um lago próximo aberto ao público. No entanto, eu estava mais interessado no castelo porque todos nós sabemos o que um castelo tem: passagens secretas. E eu ia encontrar uma. Era minha missão.

Nossas férias eram pra ser uma grande coisa, um tipo de comemoração pela graduação. Desde que eu fui aceito na faculdade, também era um presente de despedida por me mudar para o dormitório. Eu não estava certo se ter planejado tudo aquilo tão cedo foi uma boa ideia; E se eu perdesse um ano ou não fosse aceito na faculdade? Hein? Quem caralhos me conhecia, sabia que isso poderia ter acontecido. Eu nunca fui a ferramenta mais afiada na cabana, mas tanto faz, eu não estava reclamando... Ainda.

A viagem podia não ser o problema; agora quem mais estava indo, isso era uma questão inteiramente diferente. De uma maneira que eu não poderia nem imaginar naquela época.

"Olha quem finalmente resolveu aparecer." Meu pai provocou enquanto entrava para pegar outra mala. Ele me deu um sorriso caloroso, rosto levemente corado do esforço de carregar a bagagem de lá pra cá.

"Eu estava acordado" Argumentei

"Sei, sei, eu ouvi você roncando lá em cima"

"Eu não ronco"

Meu pai agarrou outra mala, balançando sua cabeça pro lado em um pedido para segui-lo. Eu agradeci depois de pegar uma das menores bolsas da mamãe. Ela tinha arrumado as malas por semanas, tagarelando sobre isso o tempo todo quase sem parar, e ás vezes chorando quando ela pensava que eu não estava por perto. Claro que isso eram as nossas férias, mas era também um lembrete de que em breve eu estaria me mudando. Eu espero que ela não fique tão sentimental sobre isso (dessa maneira eu não ficarei tão sentimental sobre isso também).

Nossa viagem começou em uma úmida manhã de sol com o céu claro. Nenhum mau presságio à vista. Gotas de suor se formavam entre minhas sobrancelhas. Toda respiração era pesada, como se respirar em um copo d'água fosse melhor do que o ar, o que não era de forma alguma incomum para um verão na Pensilvânia. A promessa de passar um tempo no litoral, perto do ar fresco do oceano, era a única razão pra deixar o ar-condicionado da minha casa.

Uma van preta alugada estava estacionada na calçada. Todos se acomodaram nos espaçosos sete lugares, visto que não era apenas minha mãe, meu pai e eu saindo em uma viagem. Outras três pessoas estavam esperando perto da van, vestidas casualmente, entre eles, uma pessoa que eu não gostaria de ficar perto por uma hora, muito menos por duas semanas.

"Bom dia, Devin" Tia Zoey chamou com um aceno animado. Seus cabelos loiros, curtos e sujos, emolduravam as bochechas cheias, que estavam coradas com um rubor quente.

Ao lado dela, estava tio David, seus cintilantes olhos verdes luminosos que brilhavam até na escuridão das 5 da manhã. Eles não eram realmente meus tios, mas Tia Zoey e minha mãe eram melhores amigas desde o ensino médio. Elas duas conheceram os maridos na faculdade e mudaram para a mesma rua depois de casarem. Inferno, elas até engravidaram mais ou menos na mesma época com uma esperança que seus filhos fossem melhores amigos também.

Isso definitivamente não aconteceu.

"Bom dia" eu respondi, sorrindo para ela e para tio David. No último do grupo eu dei a volta para empilhar a bagagem no carro, notando seu exagerado rolar de olhos fora da minha visão periférica.

Tanto faz, como se ele quisesse me dizer bom dia, ou até faria o mesmo comigo. Idiota hipócrita.

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NOTA DA AUTORA

Boas vindas a 14 dias! As férias deles são baseadas em uma que eu fiz no ano passado

Então isso foi divertido de escrever sobre algumas coisas que aconteceram como também adicionar várias coisas para a história deles lol. Vou atualizar nas quartas e sextas. Me conte o que você achou dos nossos garotos até agora ~ Também, se todos vocês perderam a explicação, deixe-me repetir eles não são realmente parentes.

Nota da Tradutora:

Olá, meu nome é Priscila Marques e estou traduzindo essa história MA RA VI LHO SA! Eu amo as histórias que a Twoony escreve, por isso resolvi traduzir pra que mais pessoas tenham acesso.

Quem quiser ficar por dentro das traduções que farei e gosta de conteúdo BL me segue no instagram em @chora_fujodanshi.

Agradecimento especial a @otaku _depoisdos30 (segue lá no insta) que me ajudou com a revisão

Lembre de curtir e comentar para apoiar a autora e claro indicar pra geral!