Algo me despertou do meu sono e só me desprendi da minha coberta quentinha quando notei que era o meu telefone vibrando na mesa de cabeceira. Cocei os olhos para ver se não era mesmo uma miragem e ao deslizar para atender meu coração ficou apertado de preocupação, ele nunca me ligava a essa hora. Inclusive, o horário que o universo deixou disponível para nós dois não passava de algumas horas, quandos nossos olhos estavam simultaneamente abertos. Maldito fuso-horário.

— Namjoon? Aconteceu alguma coisa? — tentei limpar a garganta e disfarçar a minha voz de sono, mas notei que havia falhado miseravelmente quando ouvi sua risada anasalada. 

— Não é nada... Desculpa ligar essa esse horário, sunnie. — meu coração se acalmou e consegui sorrir com o som da sua voz, ao imaginar sua imagem do outro lado do telefone, sentado com as pernas cruzadas no sofá ou em pé, usando aquelas roupas que eu amava, o moletom grande fofinho que me dá ainda mais vontade de apertá-lo, ou só de bermuda, o seu tronco bonito, a pele cor de amêndoa, as clavículas evidentes, o sorriso, as bochechas, as covinhas, tudo. A minha imaginação conseguiu me levar pra onde eu queria estar, para esse lugar com cara de saudade.—  Você estava dormindo, não estava?

— Acertou... Mas não tem problema, gosto mais do som da sua voz do que de sonhar, moonie... — confessei e tornei a me cobrir, sentindo o aconchego da sua presença remota.

— Você é linda. — a mistura do inglês e do português me fez rir boba. — São quatro da manhã aí, certo?

— Uhum... — não consegui segurar e o meu bocejo se fez audível na chamada, provocando mais uma risada discreta dele. — Tá tudo bem com você? O que anda fazendo por aí?

— Tudo certo, estou no estúdio... Estava aqui mixando uma faixa e me veio uma coisa na cabeça que queria te dizer... — como se pedisse autorização, ele disse,  e fiquei imaginando o que Kim Namjoon estava aprontando que não poderia esperar o sol chegar aqui ou o sol se pôr lá.  — Você sabia que aqui são quatro da tarde?  —  notei na sua voz tom reflexivo que eu já conhecia bem e me resumi a dizer que sim, ansiosa para o que viria em seguida. — Você já percebeu que estamos literalmente em lados opostos do mundo? Quero dizer, a diferença de horário entre o Brasil e a Coreia é de exatamente 12 horas.

Ah se eu sei. Senti meu peito ficar apertado com as suas palavras e a única coisa que me impediu de chorar foi a empolgação na sua voz. Só de ouvir, eu sabia que ele estava sorrindo, então me forcei a sorrir também e esconder a saudade que queria transbordar.

— O que eu quero dizer é que quando são quatro horas da tarde aqui, aí são quatro da manhã... Dez noite aqui, dez da manhã aí... É sempre assim e isso é incrível.

— Seria ainda mais incrível se não me atrapalhasse a ouvir a sua voz ou te ver no final do dia... — o meu tom era de "brincadeira", mas eu falava sério. — Eu sempre penso nisso, fico pensando o que você está fazendo, se já está dormindo, assistindo uma série, tendo insônia, ouvindo música pra dormir... Sempre penso... Só pra você saber o jeito que sou idiota por você...

— Ah, se é assim... Também sou idiota por você... De noite, sempre imagino por onde a sunnie está brilhando, em que restaurante está almoçando, se está se alimentando bem, como está sendo no trabalho, os livros que você lê no metrô, qual roupa bonita você está usando... Sinto sua falta, muito... Eu detesto essa distância, mas isso é, de certa forma,  incrível porque eu nunca você me esquecer do seu horário, sempre vou saber que horas marca o seu relógio.

— Kim Namjoon, você não tinha direito de me acordar às quatro da manhã pra me fazer chorar... Não tinha... — encolhi meu corpo debaixo das cobertas e respirei fundo quando senti o nó em minha garganta segurando as lágrimas em forma de saudade.

— Hey, linda, eu não gosto de estar longe de você, mas estou... — consegui ouvir um suspiro fundo, confirmando que o mesmo sentimento que esmagava o meu coração, também atingia ele. — E, mesmo paradoxalmente, acho que a nossa distância nos completa... Eu sou o moonie da sunnie e você é o sol que brilha na minha madrugada... É incrível saber que enquanto eu durmo, você pensa em mim... Nos seus pensamentos, eu nunca durmo.

— Oh deus... Você ainda vai me matar com essas falas todas poéticas... — eu deixei uma gargalhada escapar mesmo que estivesse secando as lágrimas com o cobertor, enquanto ainda fungava baixinho. — Então, você acha que a nossa distância nos torna completos? Porque a única coisa que eu quero agora é te esmagar com um abraço...

— Eu também quero, fecha os olhos que já, já, eu estou aí... — obedeci e a única coisa que consegui ver quando minha visão escureceu foi o seu sorriso brilhoso e as covinhas. — Mas o que eu quero mesmo dizer é que nunca vou me esquecer de você.

— Saranghae, Kim Namjoon. — apertei os olhos sabendo que ira chorar mais e antes que isso acontecesse, rompi as barreiras entre os nossos idiomas, sem muito saber o que dizer diante da avalanche de palavras bonitas que só poderiam pertencer a ele. Eu não sabia o que dizer, mas o amor sempre sabe.

— Eu te amo.

🌙

De Kim Namjoon, para todas as armys brasileiras.

Hello, moonchild! ✨

Esse conto foi inspirado no agradecimento final do Namjoon no show da Speak Yourself Tour em São Paulo no dia 26/05/2019. Ele é muito muito preciso, brilha mais que lua cheia no palco e merece o amor desse mundo todinho.  Espero que tenham gostado! Deixem de voto/comentário em forma de amor aqui! 

Agradecimento especial à Tif palleteofyou que fez essa capa maravilhosa!

Beijos da Maria ❤️