𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐓𝐑𝐄̂𝐒 | 𝐃𝐈𝐀́𝐋𝐎𝐆𝐎𝐒
❝ 𝐃𝐈𝐀́𝐋𝐎𝐆𝐎𝐒 ❞
Deitada sobre o capô de um carro, Arya tentava de alguma maneira, visualizar em sua mente um motivo plausível para o roubo do seu caderno, nele não havia informações importantes sobre ela, como senhas, e-mails, segredos obscuros ou opiniões que ela guardava para si mesma, nunca foi fã de deixar registrado em papel seus pensamentos pessoais como uma garota de doze anos. Isso pode ser considerado meio paranoico, mas agora olhando para o seu antigo cadeado não parecia tão fantasioso assim.
Aquele caderno continha somente pesadelos, não havia mais nada que a prejudica-se sua imagem mais do que já prejudicaram. Assim como o céu daquela noite, a vida da garota que se encontrava completamente nublada e sem nenhuma estrela de conhecimento que a auxiliasse nesse momento.
A rua estava silenciosa e completamente vazia, a essa hora toda a vizinhança estava adormecida em meio aos seus belos sonhos, diferente daquela pequena garota que observava de maneira serena toda a paisagem verde do seu pequeno jardim.
– O que está havendo? – Arya perguntou em um sussurro.
Abraçando o próprio corpo, ela se tentava aquecer de alguma maneira. A noite de inverno estava mais rigorosa, conforme a estação se aprofundava com o passar dos dias.
Seu pai devia estar outra vez em algum bar qualquer, enchendo a cara para esquecer do caos da própria família, às vezes ela queria poder ter um refúgio parecido, algo que a ajuda-se a esquecer daquele dia, mas nem mesmo os seus piores dias puderam amenizar a sensação...de sentir o sangue da própria mãe em suas mãos.
Aquele bilhete refletia de maneira horrenda, algo que um dia foi verdade, mas agora simplesmente ela não sabia o que fazer, com essa pequena e frágil parte do seu passado.
Um farfalhar de tecido a sobressaltou, com o olhar atento buscou pela fonte dos ruídos que chamaram a sua atenção, sua audição aprimorada a guiou por um canto escuro do muro que separava as casas...algo estava se aproximando.
Com o coração sobressaltado, Arya pegou com destreza sua lanterna e a ligou, apontando de maneira rápida para toda a extensão do seu jardim. Em sua mente surgiu as lembranças das ligações misteriosas e de todo o resto que a atormentou durante esses dias.
O som que antes era pequenos ruídos, se transformou em passos firmes e ligeiros, ofegante e com certa hesitação, a garota pulou para o chão e quando sentiu a adrenalina subir se virou abruptamente, dando de cara com uma pessoa.
– Ah! Dá para você apontar essa lanterna para outro lugar? – Isaac exclamou, quando a luz forte foi apontada para seu rosto.
– Isaac? O que você está fazendo acordado a essa hora? – Arya perguntou desligando a lanterna, sem perceber que a estava apertando entre os dedos.
– Um assassinato. – Isaac falou de maneira casual, se sentando no capô do carro e a convidando para fazer o mesmo. – Duas quadras atrás.
– Duas quadras? Isso é muito perto daqui. – Arya comentou com o cenho franzido. – Um assassinato, tem certeza?
– Lógico que sim, tem um corpo e tudo! – Isaac falou com uma certa animação que a fez sentir um arrepio na coluna. – Ligaram para o meu pai, querem uma investigação aprofundada sobre o crime.
– Quem morreu?
– Não sei, meu pai não quis me falar. – Isaac deu de ombros. – Mas parece que foi alguém muito importante, meu pai ficou muito perturbado depois da ligação, e você? O que estava procurando com essa lanterna?
– Não tenho ideia, mas ouvi algo que me incomodou. – Arya falou se recordando do som estranho de pano sendo arrastado.
– O que? Está ouvindo fantasmas agora?
Arya não sabia como explicar o que tinha ouvido, só tinha a plena certeza de que não era um pequeno animal, era algo mais complexo, como se fosse causado por ações humanas...
– Eu ouvi uns ruídos estranhos, como se alguém estivesse arrastando uma espécie de pano. – Arya tentou explicar. – Não sei direito.
Isaac franziu o cenho.
– Você não está achando que o assassino passou por minha casa? – Arya perguntou exasperada, assim que notou a expressão do amigo.
– Não, mas foi você mesma que disse, que o local do assassinato é perto daqui. – Isaac retrucou estalando os dedos. – Seria uma possível rota de fuga, mas vamos mudar de assunto por favor.
– Você está com medo? – Arya perguntou surpresa. – Pensei que gostasse de filmes de terror ou qualquer coisa que envolve-se derramamento de sangue.
– Você disse muito bem, eu gosto de filmes de terror e não de vivencia-los na vida real. – Isaac retrucou dando de ombros. – Pessoas como eu, nerds e levemente sarcásticos, são os primeiros a morrer em situações como essa.
– Eu estava pensando no roubo do meu armário. – Arya confessou. – Não faz sentido ser outra pessoas, quando Mia praticamente confessou o seu crime.
Isaac negou com um aceno de cabeça, sem desviar os olhos da sua casa, que ficava do outro lado da rua. As luzes estavam acessas, a única que demonstrava sinais de vida, o que significava que seu pai ainda estava ao telefone com algum policial, encarregado do crime da noite.
– Você está pensando com a emoção e não com a razão. – Isaac explicou esticando um pouco mais o pescoço, talvez com a esperança de descobrir mais alguma coisa. – Escolher a Mia como a pessoa por trás das ligações, do bilhete e do roubo é algo muito óbvio e quase impossível, levando em conta que ela só se preocupa com o próprio nariz. Nem mesmo tem alguém dentro do grupo dela, que tenha as habilidades necessárias para isso, duvido que o Logan ou o Liam saibam arrombar um armário.
– Mas e o Athos? Ele não me parece muito confiável. – Arya perguntou fazendo uma pequena careta, ela realmente não se dava bem com aquele garoto.
Ela odiava pessoas falsas.
– O Athos tem cara de cretino miserável, mas não posso acusá-lo somente pela aparência dele. – Isaac negou com um aceno de mão. – Temos que ter provas, não acusações sem fundamento.
Arya bufou e se jogou sobre o capô, apesar de ser difícil de admitir, ela sabia que Isaac estava certo sobre essa questão, mas o que ela devia fazer? Ignorar que alguém abriu seu armário, sem deixar nenhum rastro?
Se a garota fosse denunciar o caso na diretoria, não adiantaria em nada. O cadeado não tinha sido arrombado, usaram a senha ou algum objeto pontiagudo para facilitar o acesso.
– Você conversou com a Annabela? – Isaac perguntou de repente. – Eu estou a achando diferente, não é por causa do baile e nem pelo Liam.
– Acho que haver com o que ia nos falar, mas não deu tempo. – Arya respondeu olhando para as unhas curtas. – Deve ser algo importante.
– Eu não estou gostando de nada disso. – Isaac murmurou nervoso. – Preciso ir, meu pai está me chamando. Conversamos mais no colégio.
Antes mesmo que a menina pudesse se despedir, Isaac já atravessava a rua em direção ao seu pai, que o esperava com a porta da casa aberta. Arya se levantou e se espreguiçou, apesar de querer parar por um tempo, ela não podia, ainda tinha muitas semanas de aula pela frente.
Demorei para atualizar, mas é por um bom motivo, estava escrevendo uma grande quantidade de capítulos para não haver mais uma grande pausa entre as postagens!
Isaac e Arya já estão desconfiados de algo, será que vão descobrir o que está acontecendo?
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E S T R E L I N H A ⭐️
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