𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐔𝐌| 𝐁𝐄𝐌-𝐕𝐈𝐍𝐃𝐀 𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐎𝐑𝐈𝐓𝐘 𝐇𝐈𝐆𝐇 𝐒𝐂𝐇𝐎𝐎𝐋
❝ 𝐁𝐄𝐌-𝐕𝐈𝐍𝐃𝐀 𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐎𝐑𝐈𝐓𝐘 𝐇𝐈𝐆𝐇 𝐒𝐂𝐇𝐎𝐎𝐋❞
Para a família Campbel, hoje é um dia extremamente especial, não é todo dia que uma garota, como a filha deles entra para o colégio mais cobiçado da cidade.
Annabela era o nome dela, uma garota frágil que se sentia cada vez mais nervosa, conforme o passar das horas. Ela se sentia apreensiva por ser tão diferente. Tinha medo de falhar e decepcionar as pessoas que amava.
Não seria nada legal, se no meio de sua apresentação, a sua típica crise de gagueira começasse. Bom, sempre acontecia algo de errado ou vergonhoso em sua vida, Annabela já estava acostumada.
Sua mãe, Hellen, tentou de todas as formas acalmar a filha mais velha, mas apesar de todos os conselhos que recebeu, ela se perguntava se as sessões com a fonoaudióloga realmente valeram a pena.
Medo, era a palavra que a definia no momento.
– Você não vai passar vergonha no colégio Bella. Eu te conheço e sei do quanto que você lutou para isso. – Anny, sua irmã mais nova, falou se sentando do seu lado, no balanço antigo que ficava no jardim da família.
– Eu não sei se valeu a pena. – Annabela respondeu com sinceridade, com a sua irmã, ela podia se abrir sem nenhuma preocupação. – Tanto esforço para entrar nesse colégio e eu não sei se sou capaz de continuar com isso.
– Você quer desistir? – Anny perguntou com um pouco de esperança. Não era segredo para ninguém, que a caçula dos Campbel não aprovava essa ideia, mas ela não queria cortar as asas da irmã.
– Desistir não é palavra exata, mas eu não sei se vou me adaptar. – Annabela tentou explicar. – É muito confuso.
– Você está com medo de não ser aceita. – Anny concluiu. – Isso não está em suas mãos, porém eu tenho certeza que você está pronta, se não você não teria passado.
– Você tem razão. – Annabela falou tentando passar firmeza, mas não conseguiu, ela nunca foi boa em esconder sentimentos. – Mas, tem algo mais que me incomoda.
– Tipo o que? – Anny perguntou preocupada.
– Eu sou a primeira garota com Asperger que frequenta esse colégio, como qualquer outro aluno normal. – Annabela falou gesticulando com as mãos. – Anny, você sabe muito bem, como pessoas como eu, são tratadas nessa cidade.
Anny segurou as mãos da irmã.
– O período dos perfeccionistas já acabou Bella. – Anny falou com segurança. – Ninguém mais acredita que pessoas como você são imperfeições.
Bella, apesar de não estar totalmente segura, acabou por considerar o conselho da irmã, o período sombrio acabou, agora todos apoiavam a inclusão de pessoas como ela na sociedade. Nada poderia dar errado.
– Vamos, a nossa mãe deve estar nós esperando. – Anny falou me puxando do balanço. – Você sabe como ela fica quando nós duas nos atrasamos.
– Ela fica assustadora. – Annabela murmurou com uma pequena careta assustada.
– Muito. – Anny afirmou com um aceno de cabeça.
As duas irmãs seguiram para dentro de casa, cada um com um sentimento diferente no peito. Anny se questionava se isso era o melhor para a sua família, apesar de sua pouca idade, ela sabia muito bem que os adolescentes podem cruéis. Bella tentava de algum modo ignorar a sensação de insegurança que se abatia sobre ela.
Estava na hora do pequeno filhote sair do ninho.
O colégio de Priority High surgiu na visão da família Campbel, todos ficaram ainda mais surpresos pelo tamanho da propriedade. Apesar de antiga, a estrutura parecia muito resistente e bem cuidada, um longo jardim dividia o pátio de maneira simétrica. Flores e árvores decoravam a entrada e o portão dourado.
– Espero não me perder aí dentro. – Annabela comentou nervosa pela proximidade.
– Creio que isso não seja possível querida, o diretor me informou que pediu para uma aluna te acompanhar durante o primeiro dia. – Hellen falou olhando para a filha.
– Aliás, ele já está nos esperando. – Igor, pai da menina, falou apontando para o diretor que os aguardava na entrada acompanhado de uma menina asiática.
Annabela sentou a sua aflição aumentar mais ainda, como se algo ruim fosse acontecer, por um momento desejou que a sua irmã estivesse com ela. Anny sempre deixava as coisas mais fáceis.
Sentindo suas pernas tremerem pelo medo de sair do carro, Annabela foi ajudada pela mãe, que sentia de longe que a filha estava assustada.
– Então essa é a garota prodígio de quem me falaram? – O diretor Carter perguntou com um sorriso simpático.
– É um prazer conhecê-lo. – Annabela falou observando de leve, a menina que estava do lado do diretor.
– Espero não ter chegado cedo demais. – Igor comentou se referindo ao fato de não haver ninguém no pátio.
– Os senhores chegaram na hora certa, os alunos já estão em sala de aula com os seus respectivos professores. – O diretor informou dando um aceno de mão para um homem de meia idade que estava passando pelo jardim. – Aquele é o Charlie, ele é o nosso jardineiro há muito tempo. Posso até disser que bem antes da minha chegada.
– Na verdade, nós já estamos atrasadas senhor. – A menina asiática comentou chamando a nossa atenção.
– Ah! Essa é a Naomi e ela vai ser a sua guia hoje. – O diretor explicou apontando para a garota. – Ela é a líder da sua turma, além de possuir notas excelentes, creio eu, que ela vai ser uma ótima companhia para você.
– Espero que sim. – Annabela respondeu tímida.
– Então, quer dizer que já temos que ir? – Hellen perguntou apreensiva, colocando a mão no ombro da filha de modo protetor.
– Creio que sim, Annabela precisa se acostumar com os alunos e com o ambiente escolar. Acho que não vai ser bom para ela, que vocês fiquem por mais tempo. – O diretor falou pegando nas mãos de Hellen. – Sua filha precisa criar independência, principalmente com esse...esse problema que ela tem.
Annabela não gostou desse termo, como o diretor se referiu a sua síndrome, nunca foi um problema para ela, pelo menos, até agora.
Após a família se despedir da filha, Bella foi conduzida por Naomi por diversos corredores que continham muitas salas de aulas. Tudo parecia extremamente interessante para a garota que praticamente não conhecia muito exterior.
– Gostei muito de você Naomi. – Annabela comentou com um sorriso, após o pequeno tour ter acabado.
– Fico feliz que já tenha encontrado alguém para se inspirar. – Naomi respondeu com um pequeno aceno de cabeça.
– Estava com muito medo, antes de vim para cá. – Annabela confessou um pouco envergonhada. – Tinha receio de não ser bem recebida, mas percebi que a minha irmã tinha razão, a era dos perfeccionistas já acabou.
Naomi ficou incomodada com a menção desse nome. Perfeccionista era uma palavra muito incomodativa usada nesse sentido.
– Enquanto houver um coração que defende essa ideia, os perfeccionistas continuarão vivendo. – Naomi retrucou adquirindo um tom sério.
Bella somente observou chateada, ela não queria que a conversa tivesse terminado desse jeito. A asiática não estava com vontade de falar, apesar das desculpas da menina, Naomi só voltou a se pronunciar para anunciar que tinham chegado na sala de aula.
– Primeiro A. – Naomi falou apontando para uma porta branca, com um letreiro em vermelho indicando a numeração. – Essa é a nossa sala.
– Obrigada por tudo. – Annabela agradeceu pegando na maçaneta.
Quando estava prestes a abrir a porta, Naomi tocou gentilmente no braço da menina a impedido de continuar.
– O que foi? – Bella perguntou confusa.
– Talvez a sua irmã esteja certa. – Naomi falou com um olhar sombrio. – Você é doce demais para esse lugar. Isso tudo não pertence a sua vida.
– Por que você está me dizendo isso? – Bella perguntou tristonha por estar ouvido isso, logo da garota que admirou de primeira.
– Aqui é uma selva ornamentada com cimento. Não ache que todos aqui confiam em você. Como representante tenho o dever de te alertar que vivemos em uma cadeia alimentar, somente o mais forte sobrevive. – Naomi respondeu com um gosto amargo na boca. – Olhando para você, eu não vejo alguém forte o suficiente para ficar aqui, na verdade, te considero um gatinho assustado.
Annabela não sabia o que responder. Todo o medo que tinha conseguido superar, voltou em dobro, tirando todas as esperanças da garota.
– Seja bem-vinda a Priority High! – Naomi falou abrindo a porta com um empurrão nada gentil. – Espero que eu esteja enganada a respeito de você. – Completou entrando na sala.
Bella estava hiperventilando, estava com vontade de ir para casa, porém não queria dar o gostinho de desistir para aquela garota, ela precisava resistir e continuar naquele colégio.
Respirando fundo, Bella deu mais um passo em direção de um futuro incerto, porém que sabíamos que ia ser trágico.
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