❝ 𝐀 𝐋𝐎𝐁𝐀 𝐒𝐎𝐋𝐈𝐓𝐀́𝐑𝐈𝐀 ❞

Arya estava cansada.

Cansada de sempre ter que ser a forte, na história. Não que ela reclama-se de ser considerava uma garota corajosa, mas ela também queria ganhar um pouco de carinho.

Brienne sempre estava ocupada com o seu trabalho. Ela era psicóloga do colégio, mas nem sempre atendia quem realmente precisava...

Arya sacudiu a cabeça, ela não podia se deixar abater por sua família, que nem se importava direito com a existência dela.

Pegou a tesoura que estava na pia do banheiro e se pôs a cortar os fios rebeldes do seu cabelo, que insistia em crescer, mesmo após tantos cortes.

Quando cortou seus cabelos pela primeira vez, foi quando quis chamar atenção dos seus pai, mas depois se identificou e nunca mais os deixou crescer novamente.

Constantemente sua irmã lhe dizia, que aquele tipo de corte, era para meninos, mas ela não ligava mais. Há muito tempo havia deixado de acreditar em padrões.

Quando terminou, olhou seu reflexo no espelho e por um instante viu sua imagem de antigamente e com certo pesar se distanciou.

Ela tinha mudado.

Sua cabeça estava cheia de baboseiras, ela estava preocupada com o rumo da sua nova amiga. Bella era inocente demais para o mundo onde viviam.

Talvez, seja por isso que se interessou tanto por ela.

Ela se viu na garota.

Ela também já foi inocente como ela.

– Está na hora de dormir Arya. – Alguém gritou no corredor.

Aquela era Brienne querendo mandar em todos, desde a morte de sua mãe.

Respirando fundo, ela jogou fora as mechas cortadas do seu cabelo. Pegando seus fones de ouvido, se deitou em sua cama, com o intuito de dormir uma noite tranquila, pelo menos, sem os mesmos pesadelos contínuos.

De madrugada, pelo menos, nada ocorreu do modo como ela queria. Seu celular tocou interrompendo seu calmo sono.

– Quem é? – Arya perguntou ainda sonolenta.

Ninguém respondeu.

– Me fala? Você não tem o que fazer não?! – Arya perguntou se sentando na cama.

Ela já tinha recebido outros trotes antes, mas ela não perdoaria, logo hoje que ela tinha conseguido pegar no sono sem problemas

De repente, uma risada ecoou do outro lado da linha. Uma risada robótica, quem quer que fosse não queria ser identificado.

– Se você não me disser quem é, eu vou desligar. – Arya ameaçou apertando o celular em sua mão.

A respiração continuava.

– Você sabe quem eu sou, pequena Stark.

Congelei.

Ninguém me chamava assim, desde que a minha mãe morreu.

– Quem é você? – Arya perguntou.

– Alguém que vai mudar a história dessa cidade. – A voz respondeu. – Vai chegar a sua hora de escolher Stark.

– Escolher? Escolher o que? – Arya indagou.

Ouviu -se uma risada.

– Não se apresse. – A voz falou em tom irônico. – Quando chegar a hora, somente os mais fortes sobreviverão. Nem todos nasceram para serem alfas nesse mundo.

– Isso é uma ameaça? – Arya perguntou acordando totalmente.

– Não, é um aviso.

E com essa pequena frase, a pessoa desligou deixando Arya pensativa a noite inteira.

No dia seguinte, uma atmosfera estranha cobriu toda a cidade, parecia que uma grande tempestade chegaria para movimentar ainda mais o ambiente.

– Deixa ver se eu entendi. Alguém te ligou de madrugada, para te ameaçar? – Isaac perguntou olhando para a amiga que exibia em seus olhos grandes olheiras profundas.

– Não é como se nunca tivesse recebido uma ligação de alguém estúpido, mas algo me diz que é sério. – Arya comentou enquanto apertava a alça da mochila.

Isaac deu de ombros.

– Deve ser mesmo, você está horrível. – Isaac falou ganhando um tapa da amiga.

– Eu sei muito bem, que não estou nem um pouco agradável hoje. – Arya retrucou emburrada. – Eu também tenho espelho em casa.

– O que você vai fazer? – Isaac perguntou ansioso.

– Por enquanto nada, mas estou preocupada com a Bella. – Arya falou franzindo o cenho de preocupação.

Isaac ficou confuso.

– O que a Bella tem haver com isso?

– Não sei. – Arya respondeu. – Mas a pessoa que me ligou, mencionou um dos apelidos que uso com ela. Não pode ser coincidência.

Isaac não parecia muito convencido.

– Acho melhor você esquecer isso. – Aconselhou. – Eu não confio mais nesse tipo de ligação, desde que comecei a estudar nesse colégio.

– Eu sei, mas mesmo assim estou preocupada. – Arya retrucou.

Isaac parou de caminhar e segurou as mãos da sua amiga entre as suas.

– Você deve estar achando que estou louca.

Isaac negou.

– Não, mas você se sobrecarrega demais. Isso não é saudável, não é responsabilidade sua tudo o que acontece ao seu redor.

Arya sabia que o amigo estava falando a verdade, somente ele sabia de tudo o que acontecia na vida da loira. Sabia de seus medos e de suas inseguranças.

Na verdade, Isaac sabia mais sobre ela, do que ela mesma.

– Tenho medo.

– Todos nós temos.

– O que eu faço?

– Siga em frente, há muitas pessoas neste lugar que gostaria de ter ver destruída. – Isaac aconselhou.

Arya resolveu ouvir o amigo. Isaac estava certo, muitas pessoas recebiam ligações bobas todos os dias, seria muita loucura acreditar no que aquela pessoa falou.

No horário do almoço, o trio estava reunido em sua mesa de sempre. O clima acabou esquentando, dando uma sensação de verão em pleno outono. Todos estavam ansiosos para voltarem para casa, esse era o último dia da semana e logo começaria os preparativos da festa local.

O Baile de inverno, era um evento anual que trazia consigo um grande marco histórico para a cidade. A festa ocorria exatamente no mesmo dia em que ela foi fundada por os antigos ancestrais.

Neste mesmo evento, uma garota era escolhida como princesa do inverno de Crystal Hills. As garotas do colégio estavam se preparando para o concurso, mas todas já tinham em mente uma coisa: Mia dessa vez não pode concorrer, ela já tinha ultrapassado a cota de representante da festa.

Não era a toa que muitas garotas a estavam bajulando tanto.

– Vocês duas deveriam se inscrever. – Isaac sugeriu abrindo seu laptop na mesa. – Está na hora de variar um pouco nas garotas que participam.

Bella negou rapidamente.

– Eu não me vejo fazendo isso.

– Eu também não. – Arya concordou. – Não combino com esse tipo de evento.

– Não sou muito fã também, mas como jornalista oficial do colégio, tenho como obrigação manter o blog atualizado com tudo o que acontece na cidade. – Isaac falou começando a digitar um novo post.

– Eu não sei se vou nesse baile. – Bella comentou triste. – Vocês vão?

Eu confirmei com um aceno de cabeça.

– Vale ponto na média, então sim. – Isaac falou sem desviar os olhos da tela.

Arya soltou um pequeno riso. As vezes ela se perguntava como eles conseguiram o posto de nerds do colégio. Eles dois eram praticamente uma fraude.

– Precisa de par? – Bella perguntou.

– Sim. – Respondi, percebendo de imediato o motivo da tristeza dela.

Isaac também se tocou.

– Então eu não vou. – Bella afirmou de modo ríspido.

– Você precisa ir. – Falei pegando em sua mão. – Não vai ser a mesma coisa sem você.

– Eu não tenho com quem ir. – Bella retrucou. – Você vai com o Isaac, nosso grupo não tem outro menino.

– Eu tenho dois braços muito bonitos, então eu povo levar duas belas damas ao baile. – Isaac falou se intrometendo na conversa.

– Sério? – Bella perguntou animada.

– Claro que sim! Serei o cara mais sortudo da festa. Estarei com as duas garotas mais lindas e inteligentes desse colégio. – Isaac falou abrindo um sorriso de lado encantador.

– Então está tudo resolvido. – Arya falou animada.

Nesse momento o sinal tocou, lembrando os três que ainda tinha mais quatro aulas antes de finalmente poderem ir embora para casa.

– Vamos a luta. – Isaac falou guardando o laptop.

Quando Bella estava prestes a se levantar, Arya segurou em sua mão.

– Não se preocupe, tenho certeza que até o final do mês você irá encontrar um parceiro melhor do que o Isaac. – Arya falou abrindo um sorriso carinhoso.

– Espero que sim.

– Se você quiser, você pode passar esse final de semana lá em casa. – Arya sugeriu ao notar o semblante triste no olhar da menina. – Tenho certeza que podemos nos divertir muito.

Bella se animou. Ela nunca tinha dormindo na casa de aula amiga antes.

– Vou falar com os meus pais.

– Combinado.

Os três seguiram cada um para um corredor diferente, sem notarem uma presença nem um pouco comum rodeando os armários de metal que emitiam um som estalido e metálico conforme a pessoa ia passando a ponta da faça.

– Está quase na hora do show começar.