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9| Marte é a força interior

H

ORÓSCOPO DO DIA 

Olá, Virginiano

Marte acaba de entrar em Touro, o que significa que você vai estar mais cauteloso, porém menos exigente com as coisas ao redor. Hoje você estará aberto a novas propostas que podem te beneficiar no futuro, mas não aceitaria em um dia comum, então aproveite as boas energias. Marte em Touro te dará a energia e a perseverança que precisa para conseguir o que quer.

No amor, fique atento. Marte é a força interior, nossa energia e nosso impulso sexual, com esse planeta em evidência, atitudes mais diretas e táteis serão comuns no flerte, basta você escolher se irá reprimir ou deixar rolar.

O choque de costumes veio de encontro a Jeongguk assim que colocou os pés dentro do apartamento de Taehyung pela primeira vez, o cheiro de massa assando foi a primeira coisa que deu boas vindas ao visitante, mas com certeza o que mais surpreendeu Jeongguk foi a óbvia diferença entre ele e o vizinho. Para começar, ao contrário de seu próprio apartamento que era um ambiente completamente neutro e organizado, tudo naquele lugar era repleto de informação, os móveis não seguiam um padrão de cor e as paredes haviam quadros das mais variadas artes. Enquanto um sofá era azul marinho, o outro bem ao lado era de uma cor de cinza desbotada, a estante que suportava a televisão era de um preto brilhante e a mesa de centro Jeongguk tinha certeza que um dia já tinha sido de uma madeira vermelha, mas naquele momento estava marrom.

Provavelmente Taehyung se entendia em sua própria desorganização, mas Jeongguk sentiu as mãos coçarem quando viu os vários papeis jogados de qualquer jeito em cima da mesa de centro, os livros que com certeza foram pegos e nunca lidos estavam bagunçados ao lado do sofá, e em cima do monte estava o notebook ligado em um programa de edição.

Jeongguk olhou tudo sem conseguir se conter e tentou a todo custo não deixar transparecer o olhar julgador quando encontrava algo fora do lugar. Ele não conseguiria ficar ali dentro nem um dia inteiro sem arrumar pelo menos aquela montanha de papéis, aquilo estava lhe dando arrepios na espinha.

— Fique à vontade... — Taehyung falou todo sorridente assim que fechou a porta, Jeongguk deu um sorriso neutro, mas em seu íntimo duvidava um pouco que poderia em algum momento se sentir à vontade naquele lugar, talvez se disfarçadamente ele alinhar aqueles livros sem parecer um maluco as coisas começassem a ficar confortáveis para ele.

— Pode se sentar, eu só vou dar uma olhada no bolo e já volto. — falou e saiu sem ao menos esperar resposta, Jeongguk olhou em volta, olhou para o sofá e pigarreou.

Então olhou novamente para a porta por onde Taehyung entrou e pensou que não seria algo ruim dar uma organizada, apenas para se sentar. Assentindo para si mesmo colocou as suas coisas no sofá e se pôs a organizar os papeis em cima da mesa de centro, fechou o notebook e colocou no cantinho e os livros foram alinhados perfeitamente na outra extremidade da mesa. Jeongguk ainda ousou um pouco mais e arrumou as almofadas.

Apenas depois de ver o sofá minimamente organizado foi que Jeongguk se sentiu confortável em se sentar, com os dedos entrelaçados em cima do notebook em seu colo ele olhava timidamente em volta, seu lado observador se fez presente ao notar que Taehyung parecia um amante de arte, os quadros com fotos conceituais demais para Jeongguk ao menos entender o que significam enfeitavam duas paredes e nas paredes livres haviam estantes com decorações tão aleatórias que Jeongguk não sabia para qual olhar primeiro, se para o funko do Thor ou para uma miniatura de um avião. Era tanta informação em um único cômodo que Jeongguk — que era uma pessoa simplória e monótona — chegava a se sentir tonto.

— Não queria te deixar esperando... — Taehyung voltou falando, fazendo Jeongguk sobressaltar de surpresa, Jeongguk sorriu amarelo quando Taehyung olhou em volta, provavelmente notando suas coisas arrumadas de forma não tão sutil como Jeongguk desejaria, ele soltou um riso anasalado. — Entediado?

Jeongguk franziu a testa confuso.

— Não, por que? — Taehyung balançou a cabeça rindo baixo.

— Nada.

Ele se sentou ao seu lado e observou com curiosidade quando Jeongguk abriu o seu computador e começou a fuçar nele.

— Então, vamos começar? — Jeongguk perguntou sem olha-lo. — Você já tem uma ideia do que colocar no cartão?

Taehyung apoiou o braço no encosto do sofá e pensativo olhava para o nada.

— Ela gosta bastante de palhaços... — murmurou, mas não parecia tão certo sobre essa informação, mesmo assim Jeongguk assentiu e começou a procura por imagens para se inspirar, mas a voz de Taehyung o interrompeu. — Não!! Ela gosta da Disney, ela vive falando que a sua princesa preferida é a Mulan.

Jeongguk deu de ombros e procurou imagens da tal princesa, mas Taehyung o interrompeu novamente fazendo-o parar com os dedos em cima do teclado e respirar fundo. E era por isso que no seu trabalho ele já recebia um documento com todas as informações prontas, para evitar perda de tempo e principalmente para evitar que ele perca a paciência já curta.

— Ou é da Marvel que ela gosta? Ela está fissurada no Capitão América de uma maneira meio preocupante. — murmurou baixinho como se houvesse uma conversa séria ocorrendo consigo mesmo.

Jeongguk respirou fundo, fechou as abas e forçando um sorriso tranquilo se virou para o vizinho.

— Okay, não precisamos decidir o tema ainda, primeiro... qual é o nome, idade e data de nascimento?

— Kim Jinseol, vai fazer 9 anos dia 16 de Julho. — Jeongguk arqueou as sobrancelhas e acenou como se estivesse guardando a informação.

— Uma pequena canceriana. Ela deve ser bem impetuosa. — observou, Taehyung sorriu.

— Você não sabe o quanto, ela ameaçou nunca mais falar comigo se eu não fizesse o bolo e os convites. Ela sabe ser bem persuasiva. — comentou arrancando uma risada de Jeongguk que ao ter aquilo como assunto se sentia minimamente mais tranquilo, ele adorava falar sobre signos e as suas personalidades e Taehyung pareceu ter notado isso porque mordendo o lábio inferior ele sorriu ladino. — Você deve gostar muito dessa parada de signos.

Jeongguk arqueou as sobrancelhas surpreso.

— E por que acha isso?

Taehyung deu de ombros divertidamente.

— Sei lá, talvez porque não tenha um único dia que pegamos elevador juntos e você não esteja lendo sobre isso no celular. — falou deixando Jeongguk realmente sem palavras, um sorriso envergonhado brotou no seu rosto sem sua permissão e ele torcia internamente para que suas bochechas não denunciassem sua falta de jeito. — Às vezes mal nota que estou lá também, você fica bem concentrado, chega a ser fofo.

Jeongguk pigarreou e desviou o olhar não conseguindo suportar por muito tempo olhar para o rosto bem esculpido do outro, Taehyung sorria tranquilamente para si e falava tão calmo quanto, mas se Jeongguk não tivesse desviado o olhar provavelmente ele teria presenciado o momento em que ele lhe analisou todo o seu rosto e sorrindo ladino se aproximou mais um pouquinho furtivamente. Seu cotovelo apoiado no encosto do sofá encostou superficialmente nos ombros de Jeongguk e aquela seria a máxima aproximação que ele tentaria — pelo menos naquele dia —, principalmente porque ele notou quando o rapaz endureceu o corpo pêgo de surpresa com a aproximação.

— Agora estou curioso... — falou em um tom baixo e sorriu satisfeito quando surtiu o efeito esperado ao ver o pequeno sobressalto de Jeongguk. Jeongguk engoliu em seco novamente. — Você consegue adivinhar o meu?

Pigarreando baixinho Jeongguk deu de ombros fingindo desinteresse, mas até mesmo a respiração de Taehyung ao seu lado parecia chamar a sua atenção mais do que deveria.

— Não. — falou.

— Não? Você ao menos tentou? — perguntou desconfiado.

— Claro que já. — respondeu sem pensar, ao notar o que tinha feito apertou os olhos, se xingou mentalmente quando ouviu o risinho do Kim ao seu lado.

— Então? Chegou a alguma conclusão?

Respirando fundo e tomando coragem para abrir os olhos, Jeongguk finalmente virou-se para o dono da voz grave e propositalmente rouca que falava baixo ao seu lado, ele parecia querer usa-la para atrai-lo. Ele não queria nunca demonstrar o quanto Taehyung o afetava, não no sentindo de sentimentos, mas completamente em questão de atração, e não era para menos, Taehyung era um homem injustamente bonito e sabia disso e também queria que Jeongguk notasse como se fosse algo impossível de se acontecer. Jeongguk tinha suas convicções, mas também não era cego e muito menos idiota para não notar o obvio.

— Não exatamente, você ainda é um enigma pra mim e eu precisaria te conhecer melhor pra chegar em uma conclusão. — falou, mas não havia tantas verdades assim no que disse, ele era muito bom em ler as pessoas mesmo com uma única conversa, mas ele não sabia o que acontecia com Taehyung. Era como se ele não se encaixasse em nenhum rótulo e ao mesmo tempo se encaixasse em todos, era confuso e Jeongguk não gostava de coisas que saiam da normalidade.

Taehyung sorriu como se tivesse ouvido exatamente o que queria.

— Não seja por isso, você pode conhecer o quanto quiser. Aposto que não conseguir me ler está te matando. — brincou não sabendo que para Jeongguk era exatamente assim, soluções não encontradas eram estressantes para ele e ter alguém como Taehyung que não era fácil de solucionar era mais instigante do que ele poderia admitir até mesmo para si próprio. — E eu não me importo de ser desvendado.

Jeongguk soltou um riso anasalado, sempre surpreso com a ousadia e falta de filtro daquele homem.

— Algo me diz que você iria adorar isso, por que? — Jeongguk perguntou mesmo já sabendo a resposta em seu íntimo, Taehyung deu de ombros despreocupado, completamente à vontade para admitir tudo que pensa.

— Achei que fosse obvio, quanto mais você fica interessado sobre mim, mais chances eu tenho de finalmente entrar no seu apartamento.

Jeongguk já tinha se esquecido completamente do motivo que o fez entrar ali, Taehyung sorria todo sedutor para si e Jeongguk estava caindo mesmo sem perceber no papo fajuto daquele rapaz falador, um sorriso bobo brotou sem o seu consentimento e enquanto em seu íntimo ele se xingava pelo passo desviado, para Taehyung era mais uma pequena vitória.

— Eu acho que você tem uma estranha obsessão pelo o meu apartamento, ele não é tão diferente assim do seu, é a mesma planta inclusive. — falou se fazendo de desentendido, obviamente ele sabia o que aquela metáfora significava e sabia o que significa deixar Taehyung entrar.

Era surpreendente que Taehyung já tenha entendido aquilo tão rápido.

Taehyung umedeceu os lábios e aproximou o rosto apenas para sussurrar:

— Não sei como explicar, aquele apartamento tem algo que chama muito a minha atenção, eu sinto um desejo quase impossível de controlar de entrar nele e explorar, eu tenho certeza que vou encontrar coisas nele que nunca encontraria em qualquer outro lugar. — sua voz era baixa e encantadora, como se sua intenção fosse justamente hipnotizar, Jeongguk tinha um sorriso ameno e nervoso nos lábios, os olhos vagavam pelo rosto bonito do Kim sem conseguir se controlar, tudo nele era digno de apreciação, seria um tolo se não apreciasse pelo menos um pouco tamanha beleza bem a sua disposição.

Por um momento Jeongguk se esqueceu dos oito pretendentes que esperavam uma resposta sua no celular, na sua mente nublada só havia Taehyung e sua voz grave falando no seu ouvido metáforas usando o seu apartamento. Os rostos se aproximaram involuntariamente e Jeongguk se inebriou com o olhar de Taehyung em cada pedacinho do seu rosto como se estivesse procurando algum detalhe novo que não tinha percebido antes.

Porém, antes que uma besteira maior pudesse acontecer, Jeongguk acordou do transe e se afastou pigarreando, enquanto piscava tentando se recompor do milésimo de tempo em que se esqueceu dos seus verdadeiros propósitos ele ignorou o suspiro frustrado que Taehyung não fez questão alguma de segurar ou disfarçar. Taehyung não era nada como a pessoa que ele idealizava em sua mente como perfeita para estar ao seu lado então não havia motivos para abrir brechas para algo maior nascer, não havia cabimento dar tal atenção para algo que estava obvio que não chegaria a nada.

Taehyung queria apenas um momento de diversão e Jeongguk não era o tipo de cara perdia seu tempo com besteiras sem propósito, e era isso.

Tossindo disfarçadamente Jeongguk voltou a olhar para o computador usando isso como desculpa para não precisar encara-lo.

— Vim aqui pra te ajudar com isso, vamos terminar? — murmurou envergonhado, ele sentia o olhar carregado de Taehyung em seu rosto, assim como conseguia ouvir perfeitamente a respiração dele ao seu lado.

— Claro... — respondeu fraco e desanimado, Jeongguk poderia se sentir culpado por ser o motivo da primeira vez em que viu Taehyung sério, mas ele decidiu que não pensaria muito nisso, pensar muito o faria admitir que se importava demais e esse não era o seu plano.

Nas horas seguintes, Jeongguk passou sentado no sofá de Taehyung enquanto fazia o convite de aniversário mais bonito que Taehyung já teve o prazer de ver, era único e maravilhoso e pegava completamente a essência da sua irmãzinha. Provavelmente se Jeongguk não o ajudasse ele com certeza compraria um modelo qualquer em alguma papelaria ou talvez imprimiria um pronto da internet, mas não seria tão especial.

De vez em quando Taehyung deixava Jeongguk sozinho apenas para olhar o bolo no forno, ofereceu um café, mas descobriu que Jeongguk odiava a bebida e só tomava chá e o seu preferido era de camomila, ele anotou mentalmente que deveria comprar alguns para deixar guardado, apenas por precaução, claro.

Ao terminar Jeongguk passou recomendações de como imprimir corretamente. Não tendo mais motivos para estar ali Jeongguk estava pronto para voltar para o seu apartamento, mas Taehyung foi rápido em chama-lo para cozinha onde ele ofereceu um pedaço dos bolos que estava fazendo, sim, havia mais de um. Mas Jeongguk não conseguiu não notar a bagunça que estava naquele cômodo, havia farinha espalhada pela bancada e chão, utensílios sujos em cima da pia, havia ingredientes de bolo em todo lugar, Jeongguk travou na porta chocado com a cena que presenciava. Taehyung precisou instiga-lo a se aproximar e tomar um assento. 

Diante de Jeongguk havia dois pratos pequenos com duas fatias generosas, uma de chocolate e a outra Jeongguk não tinha certeza, mas o cheiro o lembrava a laranja.

— E- eu pensei que a festa seria apenas na próxima semana, por que está fazendo o bolo agora? — perguntou confuso enquanto acompanhava Taehyung com o olhar andando pela cozinha desorganizada atrás de copos e do suco na geladeira. Taehyung lhe encarou e soltou um riso tranquilo.

— Lembra que eu falei que ela é bem persuasiva? — Jeongguk assentiu. — Ela quer, na verdade exigiu, que pudesse provar vários sabores pra decidir qual será servido na festa. E eu estou fazendo mesmo sabendo que no final ela vá escolher o mesmo de sempre, o de chocolate.

Jeongguk deu risada imaginando uma mini cópia de Taehyung com os olhos determinados e mandona exigindo tudo do seu jeito. E também achou adorável o fato de Taehyung ser o tipo de homem que faz todas as vontades da irmã pequena e entendeu o porquê nessa semana ele ter aumentado as visitas em sua porta pedindo xícaras de açúcar, provavelmente muitos bolos foram feitos, mas todos foram negados pela menininha exigente.

— Você é um irmão babão... — observou divertidamente, Taehyung sorriu ainda mais ao dar de ombros. Jeongguk não era muito de sorrir sem qualquer motivo, e era estranho estar na presença de Taehyung, um homem que sempre tinha um sorriso a todo momento e uma risada fácil de ser tirada.

— Se não eu, quem mais vai ser? — perguntou tranquilamente, Jeongguk franziu a testa.

— E os seus pais?

Não houve mudança alguma na sua expressão, Taehyung se sentou ao seu lado e serviu os sucos, ainda tinha aquele ar calmo e o sorriso tranquilo nos lábios como se nada o abalasse.

— São só eu, Jinseol e os meus avós. Digamos que eu seja a figura paterna mais próxima que ela vai conhecer então eu tento fazer bem esse papel.

Mesmo que Taehyung não sentisse tristeza alguma ao dizer aquilo, para Jeongguk foi inevitável não murchar e lamentar. Qualquer história, sobre qualquer pessoa que dissesse que o relacionamento com os pais não é bom, Jeongguk lamentaria sem conseguir se conter porque ele teve a sorte de crescer em um lar cheio de companheirismo e amor, ele não conseguia imaginar o quanto era doloroso para alguém não ter a sensação que ele nasceu sentindo. Seus pais eram as pessoas mais amorosas e compreensivas que ele já conheceu, eram definitivamente os amores de sua vida, era triste que nem todo mundo pudesse ter a sorte que ele teve. E era exatamente por entender que cada realidade era diferente que naquele momento Jeongguk lamentou por Taehyung, mesmo que ele próprio não fizesse disso uma grande coisa. O sorriso que ele tinha no rosto sumiu e deu lugar a pesar mesmo que Taehyung não parecesse precisar de sua pena.

— Eu sinto muito, não queria... — foi interrompido pela risada de Taehyung fazendo-o se sentir um bobo.

— Não sinta, eles não morreram, nem nada do gênero. Eles se separaram quando a Jinseol completou cinco anos, houve uma briga feia pra decidirem quem ganharia sua guarda e na época eu já tinha saído de casa e estava morando com os meus avós enquanto não encontrava um lugar pra ficar. — ele explicou enquanto servia os dois copos, Jeongguk estava com sua atenção toda no rapaz de cabelos castanhos. — Depois de muito tempo brigando meus avós decidiram intervir e entraram na disputa, foi até engraçado o quanto eles ganharam fácil, meus pais entregaram ela sem contestar. Até hoje eu finjo que não sei que eles estavam em pé de guerra simplesmente porque gostavam de brigar e não porque queriam a criança. Bastou alguém se oferecer pra ficar com ela que os dois ficaram incrivelmente calmos.

Rindo estranhamente tranquilo Taehyung virou-se para Jeongguk.

— Uma semana depois do resultado, um se mudou pro Estados Unidos e o outro assumiu um namoro com a antiga secretária. — falou e Jeongguk abriu a boca em choque, aquela história era tão absurda que foi inevitável não pensar em seus amigos amantes da fofoca ouvindo aquilo, Hoseok com certeza estaria curvado sobre a mesa completamente compenetrado em Taehyung. — Uma família incrível, eu diria. Nada monótona.

Jeongguk lhe encarava estranho, tentando entender como Taehyung contava tudo isso como se fosse algo normal do seu dia-a-dia, mas lá estava ele comendo tranquilamente seu bolo. Jeongguk pegou o copo de suco totalmente confuso.

— E você ficou bem com tudo isso? — colocou o copo na boca.

— O famoso "rir pra não chorar". Pelo menos as minhas redações na escola sobre as férias nunca eram clichês, talvez um pouco traumatizantes, mas nunca clichês— Jeongguk quase cuspiu todo o suco fora quando uma risada ameaçou sair. Enquanto tossia tentando se recompor, Taehyung lhe encarava divertido.

— Meu Deus, Taehyung!

Taehyung deu risada. Merda, Jeongguk não era de ter risada fácil, mas ali estava ele quase cuspindo o suco da maneira mais deselegante possível por causa daquele Kim.

— Eu já era velho demais pra me intrometer na vida dos meus pais, se eles quiseram agir como adolescentes irresponsáveis que agissem, mas a minha preocupação era com a minha irmã.

Jeongguk assentiu entendendo, Taehyung parecia sempre agir como se nada o incomodasse ou tirasse sua paciência, mas o que Jeongguk percebia naquele pequeno momento ao seu lado é que nessa regra sua família, especialmente sua irmãzinha, não estava incluído. Ela tinha toda a sua atenção e preocupação e isso era estranhamente encantador para Jeongguk.

Um silêncio se instalou entre eles, Taehyung continuou a comer e Jeongguk finalmente provou depois de perceber que estava há muito tempo encarando-o tentando decifra-lo. Taehyung estava virando uma incógnita maior do que imaginava e Jeongguk tinha medo de querer resolver aquele enigma.

— Então... o que achou? — Taehyung perguntou depois que Jeongguk acabou de comer. Jeongguk passou a língua nos lábios tentando capturar os últimos vestígios arrancando uma risada divertida de Taehyung.

— Não sou muito fã de doce, mas estava uma delícia. Sua irmã vai adorar. — murmurou sincero, Taehyung soltou um suspiro pesaroso fazendo Jeongguk travar imaginando que tinha falado algo errado.

— Consegui agradar até um cara como você, a Jinseol está tentando me enlouquecer, agora eu percebi. — brincou finalmente deixando escapar a risada. Jeongguk franziu a testa.

— Um cara como eu?

— Exigente — falou como se fosse obvio, Jeongguk arqueou as sobrancelhas e seu gesto fez Taehyung soltar um riso soprado. — Já percebi que você é bem sincero então não acredito que tenha falado que estava bom pra me agradar e também acredito que você tenha uma lista bem limitada das coisas que te agrada.

Jeongguk estava sem palavras.

Era ele quem costumava ler as pessoas e para isso acontecer bastava algumas conversas e era automático, mas ser a pessoa que era lida não era uma experiência tão boa para alguém como Jeongguk que preferia passar o mais despercebido possível. E o incomodava mil vezes mais quando se tocava que não conseguia ler Taehyung, mas o Kim sabia como lê-lo tão fácil quanto um livro aberto e exposto para si. Ele não sabia se ele era assim tão obvio para todos ou era Taehyung quem tinha um dom especial em desvenda-lo.

Jeongguk pigarrou.

— Como sabe? — ele fingiu não notar quando Taehyung umedeceu os lábios e abriu um sorriso ladino, o modo paquerador esquecido durante sua estadia ali estava de volta.

Ele se levantou, mas não se afastou, ao contrário disso ele se aproximou de Jeongguk ainda sentado e apoiou a mão na bancada para se curvar, assim os rostos ficaram tão próximos que Jeongguk conseguia ver perfeitamente a pintinha que se instalava tão fofa no nariz do Kim. Os olhos sedutores estavam fixos nos de Jeongguk e não desviou em nenhum momento deixando claro sua autoconfiança.

— Você se lembra do que eu respondi quando me perguntou o porquê de eu não gostar de sites de namoro?

A pergunta repentina e sem nexo fez com que Jeongguk franzisse a testa no mesmo instante, ele esperava um flerte, mas aquilo estava longe de suas expectativas. Tentou puxar na memória a tal conversa, se lembrou que perguntara, mas não conseguia se lembrar com exatidão qual era a resposta que recebera.

— Na verdade não. O que você respondeu? — perguntou curioso, mas a única coisa que recebeu foi uma risada fraca e sedutora em resposta, Taehyung tocou a mão livre no seu ombro.

— Quando você se lembrar terá a resposta da sua pergunta... pense bem, vizinho.

Dando um tapinha nos seus ombros como se o desejasse boa sorte, ele se afastou e não falou mais nada enquanto recolhia os talheres sujos deixando um Jeongguk extremamente confuso e paranoico para trás e ele sabia que não conseguiria seguir em frente enquanto não se lembrasse qual foi a bendita resposta que recebeu.

Jeongguk enlouqueceria e o culpado seria Kim Taehyung.

Seus colegas de trabalho pareciam discutir sobre um novo projeto a ser feito, mas Jeongguk não ouvia nada, com a mente longe e o olhar perdido ele tinha os braços apoiados na mesa e a única coisa que ocupava sua atenção no momento era Taehyung.

Já havia se passado um dia, mas Jeongguk ainda parecia pensativo sobre o breve momento que compartilhou com Taehyung, entrou em seu apartamento, o conheceu um pouco mais e ele ainda alugou um lugar em seu cérebro como um parasita ao deixar algo para se pensar. Taehyung parecia saber fazer isso muito bem, se tornar constante na mente das pessoas, e se o seu objetivo era que o interesse de Jeongguk mantivesse nele pelo menos por um momento, ele felizmente conseguiu ao colocar sua memória em xeque.

— Eu acho que a cor predominante deveria ser um azul marinho. É um planetário, tem tudo a ver. — Hoseok falou.

— E o que o azul tem a ver com o universo e os planetas? — Chaeyoung rebateu. Hoseok olhou para ela surpreso. — O universo é azul? Isso é tão clichê.

— Azul é a cor que vem na mente de qualquer um quando vamos tentar caracterizar o universo, faz todo sentido sim.

Chaeyoung revirou os olhos.

— Por que nos obrigou a vir aqui te ajudar com isso sendo que você já tem a ideia pronta pra ser feita? — perguntou irritada, Hoseok fez um biquinho contrariado ao abaixar o olhar. — Esse trabalho é seu e do Jinyoung.

— Aquele cabeça de vento não tem uma ideia se quer que preste. Eu não consigo fazer tudo sozinho. — resmungou dramático.

Seokjin que estava ao seu lado na mesa grande e redonda, mastigava um salgadinho de algas enquanto observava a discussão. Chaeyoung revirou os olhos mais uma vez sem paciência alguma, estavam ali há horas e todas e quaisquer ideias que jogavam na mesa, Hoseok encontrava algum defeito, ela estava por um fio de mandar ele para o inferno. Jeongguk era o único que não havia falado nada durante todo o tempo que estavam ali.

A mesa estava abarrotada de papéis com rabiscos, Hoseok mantinha um caderno onde fazia anotações enquanto Chaeyoung preferia usar um iPad, na frente de Jeongguk o seu computador estava aberto em um site de ideias para se inspirarem, mas ele perdeu o foco cinco minutos depois de começar a ler.

— O que você acha, Jeongguk? — de repente todos olharam para Jeongguk esperando sua resposta. Jeongguk piscou assustado e olhou para os três olhos que o encaravam fixos, pigarreou desconfortável com a atenção.

— O que?

Hoseok franziu a testa frustrado.

— Você não estava prestando atenção em nada, não é mesmo? — Jeongguk corou ao se tocar que ao invés de estar focado no trabalho, estava pensando em Taehyung, tirando completamente sua concentração.

Seokjin se curvou sobre a mesa largando o pacote de salgadinhos de lado enquanto analisava mimosamente a feição de Jeongguk, bastou esse movimento para que Chaeyoung roubasse para si o pacote, começando a comer toda feliz. O olhar era tão intenso e intimidante que Jeongguk teve que abaixar a cabeça e desviar o olhar não conseguindo sustentar por muito tempo.

— Você está distraído... alguma coisa aconteceu. — constatou. Jeongguk soltou uma risada nervosa sem conseguir se conter.

Porém, antes que pudesse encontrar alguma desculpa para o seu momentâneo devaneio, Chaeyoung foi mais rápida ao dizer:

— Ele apenas prefere se desligar do mundo ao invés de dar alguma atenção para as loucuras do Hoseok, eu também queria ter esse dom, imagina não conseguir ouvir suas baboseiras sempre que eu quiser? Que sonho.

Hoseok a olhou ofendido.

— Eu pedi ajuda, mas você atendeu ao pedido porque quis, ninguém está te segurando aqui. — com um biquinho emburrado, Hoseok olhava com os olhos ferozes para Chaeyoung, mas a garota parecia extremamente despreocupada enquanto colocava os pás acima da mesa e com um olhar de desdém comia seu salgadinho como se fosse um oásis do deserto.

Seokjin revirou os olhos antes de ignorar os outros dois e sua atenção fixar completamente em Jeongguk. Jeongguk engoliu em seco ao notar.

— Está pensando naqueles caras? — um silêncio perturbador se instalou assim que ouviram Seokjin, Chaeyoung que não estava a par de toda a situação franziu a testa e olhou para Jeongguk esperando sua resposta para assim aplacar um pouco sua curiosidade.

— Não. — mas foi a única coisa que disse, Seokjin estreitou ainda mais os olhos.

— Então está pensando em um em especial?

Jeongguk sentiu as pálpebras tremerem, mas soltou um tímido "Não" que não era mentira. Na sua mente havia alguém, mas ele não fazia parte da lista estúpida de pretendentes, ele ao menos era cogitado a ser incluído nela.

— Jeongguk... — Seokjin murmurou em tom de aviso, aquele tom que lembrava Jeongguk o seu pai, um tom fraterno e esperto que parecia saber quando estava escondendo alguma coisa. Seokjin raramente usava o poder de hyung, na verdade, na maioria do tempo ele preferia agir como alguém mais jovem do que realmente era e passar despercebido quanto a sua idade, o que para muitos poderia ser meio exagerado, mas também tinha momentos como aquele, que ele deixava de lado o Seokjin brincalhão e deixava sua natureza de hyung falar mais alto, e na maior parte do tempo a preocupação era principal motivo. — Você prometeu que nos contaria sobre tudo.

— Aconteceu alguma coisa que não contou pra gente? — Hoseok perguntou entrando no assunto. — Você está estranho desde ontem. Não atendeu nossas ligações, Jimin ficou louco da vida por ser ignorado na cara dura, sabia?

Jeongguk olhou de esguelha para os amigos, coçou a nuca constrangido demais para rebater. Ele poderia inventar alguma mentira, dizer que quem estava em seus pensamentos era alguma das pessoas que estava conversando, mas ao invés disso decidiu ser sincero.

— Ele vai entender. — falou, deu um suspiro de desistência. — Eu fiquei ocupado o dia todo... limpando o meu apartamento.

Seokjin e Hoseok franziram a testa ao mesmo tempo, Chaeyoung crispou os lábios.

— Desde quando o seu apartamento fica sujo? — Chaeyoung perguntou confusa.

— Levou um dia inteiro pra limpar um apartamento que nunca suja? — Hoseok também mostrou sua confusão, mas quando pareceu pensar ele arqueou as sobrancelhas e deu de ombros com desdém quando percebeu que isso era algo que com certeza Jeongguk faria, limparia o que não era necessário limpar simplesmente porque não conseguia ficar sem fazê-lo. Já não tão interessado ele voltou a encarar suas anotações — Achei que era alguma coisa mais interessante, mas era só você sendo... você.

Jeongguk nunca parou para pensar o quanto parecia um velho de oitenta anos aos olhos dos outros, mas estava começando a perceber e não estava gostando nada. Pigarreando baixo, Jeongguk viu Seokjin lhe encarar parecendo saber que tinha algo mais, Chaeyoung já tinha revirado os olhos e voltado a dar sua total atenção para a comida. Jeongguk escolheu exatamente esse momento para soltar:

— É claro que não fiquei fazendo faxina o dia inteiro, eu também... fiquei no apartamento do Taehyung ajudando em uma coisa que ele pediu.

Bastou essa breve frase para Hoseok jogasse a caderneta longe e se curvasse sobre a mesa, Seokjin arregalou os olhos e imitou a posição do namorado, Chaeyoung tinha enfiado um punhado de salgadinho na boca e quando ouviu aquilo parou com as bochechas cheias.

— Isso sim é interessante... — Hoseok apontou contente.

Jeongguk revirou os olhos.

— Tire esse sorrisinho da cara, não aconteceu nada entre a gente. Ele apenas pediu que eu fizesse um cartão de aniversário pra irmã dele.

Seokjin arqueou as sobrancelhas surpreso.

— Agora está fazendo trabalhos de graça, que fofo. A não ser que ele tenha pagado de outra forma... — Jeongguk rangeu os dentes e bateu a mão aleatoriamente na mesa até encontrar o primeiro objeto para jogar no Kim, Seokjin ria escandalosamente desviando da borracha.

— Você me respeita.

Chaeyoung observava os meninos rirem da cara de Jeongguk, mas a sua expressão era de pura indignação por não estar por dentro do assunto e ela não demorou a mostrar a eles o quanto estava irritada.

— Por que eu sou a única que não sei quem é Taehyung?

— É o vizinho gostoso do Jeonggukie. — Hoseok respondeu sorrindo provocador para Jeongguk. — Ele vive dando em cima desse garoto, mas não faço ideia do porque esse bobão não estar sentando naquele homem ainda.

Jeongguk abriu a boca ultrajado, olhou para Chaeyoung que ria silenciosamente da sua expressão.

— E como foi? Como é o apartamento dele? Conseguiu descobrir alguma coisa sobre ele? — Seokjin perguntou curioso.

Jeongguk mordeu o lábio inferior negando, não querendo entrar em detalhes. Ele não iria contar sobre o que descobriu, algo dentro de si gostava da ideia de ser o único a saber das coisas que Taehyung compartilhou com ele, mesmo que para o Kim não fosse grande coisa. E também não admitiria que sentiu confuso por um momento.

— Nada? Nadinha? — Hoseok perguntou desconfiado.

Quando Jeongguk se despediu de Taehyung naquele dia, ele recebeu um convite especial para aparecer no aniversário de Jinseol já que para todos os defeitos ele tinha feito parte da organização da festa e tinha esse direito. Jeongguk negou de primeira sentindo-se estranho, conhecer a casa dele era uma coisa, mas conhecer a família era outra coisa e muito íntima, e Jeongguk não queria que as coisas se confundissem, então arranjou a desculpa que provavelmente a garotinha não iria gostar de um estranho na sua festa. Mas Taehyung não se abalou com a recusa e começou a insistir dizendo que a garotinha iria adorar mostrar para os amigos que tinha um amigo tão bonito como Jeongguk.

"Ela gosta de se mostrar, sempre me usa pra se gabar com as amiguinhas, seu ego vai as alturas se alguém como você aparecer por lá dizendo que é amigo dela. "

Jeongguk não conseguiu dizer não diante daquilo, na sua mente ele tentava se convencer que não conseguiu recusar o convite simplesmente para não fazer desfeita e não porque o sorriso que Taehyung dava enquanto dizia aquilo era simplesmente bonito demais para ignorar, era quase hipnotizante. O "tudo bem" saiu tão limpo e natural que Jeongguk apenas percebeu o que tinha feito quando entrou em sua própria casa. E Taehyung, astuto como só ele é não perdeu tempo em usar isso como desculpa para conseguir finalmente o número de Jeongguk.

"Para mandar a localização e o horário" disse ele. Jeongguk só percebeu que havia caído nas tramoias do Kim quando parou para pensar no que tinha acontecido, mas já era tarde demais.

Ao pensar naquilo Jeongguk realmente não sabia que resposta dar para a pergunta de Hoseok.

Felizmente ele não precisou se preocupar com isso, quando ele abriu a boca para inventar alguma coisa que o livrasse daquele assunto todos olharam para acima dos ombros de Jeongguk. O desespero da Chaeyoung em esconder o salgadinho e arrumar a postura dizia para Jeongguk que alguém importante estava atrás dele e isso só se confirmou quando viu Hoseok pigarrear e se levantar em um pulo acompanhado de Seokjin.

Jeongguk também se levantou mesmo confuso e se virou, finalmente notando a aproximação de Junhoe acompanhado de uma bonita mulher, Jeongguk logo entendeu o porquê do nervosismo de seus amigos. Aquela mulher não era nada mais ou nada menos que Kim Hyoyeon, a presidente da empresa. Embora ela não tivesse mais que 40 anos, sua personalidade era tão imbatível e séria que qualquer um daria muito mais idade para ela, era raro vê-la sorrindo e mais raro ainda a ver fora de seu horário de trabalho. Já houve até apostas dentro da empresa sobre o que ela fazia fora dali, a maioria apostou que ela passava os fins de semana enfurnada em seu escritório trabalhando e não tinha namorado, houve uma pequena minoria que acreditava que ela tinha um relacionamento secreto com um homem corajoso o bastante para lidar com ela e havia aqueles como Jeongguk, que não se importava com o que ela fazia ou deixava de fazer fora dali, ela era uma excelente líder e era a única coisa que importava.

Quando os dois se aproximaram do grupo, todos os quatro reverenciaram a chefe.

― Sunbaenim. — Hoseok cumprimentou respeitosamente, nem parecia a mesma pessoa que ria cheio de petulância para Jeongguk há três minutos atrás.

— Aconteceu alguma coisa, sunbae? — Seokjin perguntou confuso, era exatamente o que todos se perguntavam naquele momento já que raramente Hyoyeon aparecia ali, não havia necessidade para isso já que Junhoe costumava ser a ponte entre a equipe e ela.

— Por que acha que aconteceu alguma coisa? — ela respondeu com outra pergunta, a expressão séria e impassível fez todos se arrepiarem, Seokjin se arrependeu de ter aberto a boca.

Hyoyeon era uma mulher bonita e elegante, apesar da personalidade difícil ela era gentil quando eram gentis com ela e perversa quando assim agiam com ela também. Jeongguk entendia quando ela era mais dura que o necessário, naquele negócio, subjugar os outros por suas qualificações ou até mesmo seu gênero era mais comum que imagina e embora os tempos tivessem mudados sempre haviam aqueles que pararam no tempo e não aceitavam que mulheres podem sim ocupar o maior cargo de uma empresa e assim mandar e desmandar o quanto quisesse. Hyoyeon precisava lutar diariamente para ser respeitada e isso por si já ganhava o respeito de Jeongguk.

Junhoe que apenas observava tudo soltou um riso apaziguador.

— Eles estão apenas surpresos por vê-la aqui. — murmurou sorridente, talvez imaginando que se falasse assim o clima não ficaria tão tenso, Jeongguk lamentou por ele porque obviamente não havia funcionado, ele podia ouvir dali os dentes do Hoseok baterem de medo da chefe. — Ela queria cuidar desse assunto pessoalmente.

— Assunto? — Jeongguk indagou. Hyoyeon cruzou os braços e se virou para todos, na enorme sala, todos os funcionários haviam parado seus afazeres e olhavam curiosos para a presidente.

Quando ela começou a falar, seu tom havia aumentado para que todos ouvissem.

— Eu raramente peço isso algo assim, mas esse trabalho será muito importante para nós então temos que ser mais do que suficientes. — falou, seu tom era firme e confiante. — Como alguns já devem estar cientes... estamos fechando um contrato com a Fancy.

Um burburinho se iniciou, Jeongguk podia sentir a excitação da Chaeyoung um pouco atrás dele, a garota tinha os olhos brilhando de tal maneira que poderia cegar alguém. Hyoyeon não continuou a falar enquanto todos não ficaram quietos, ela sempre dizia que odiava barulho e odiava não ser ouvida, ela não estava lidando com crianças para precisar avisar que eles devem ficar quietos para ouvir o que ela tem a dizer.

— O contrato ainda não foi assinado, senhorita Yoo quer conhecer mais o nosso trabalho antes de decidir. — todos se entreolharam confusos, Hyoyeon respirou fundo antes de continuar. — E eu não tenho ninguém em especial em mente pra pegar esse projeto, por isso eu deixo livre para que vocês mostrem suas ideias, em uma semana teremos uma reunião e escolheremos a melhor.

O barulho voltou com força, Jeongguk arregalou os olhos ao olhar para trás, seus amigos pareciam entusiasmados com a notícia, Chaeyoung faltava saltitar de alegria, as mãos juntas e o sorriso sonhador, Jeongguk tinha certeza que ela já tinha em mente tudo que queria mostrar para sua ídola.

Yoo Jeongyeon era realmente uma figura ilustre, apesar de Jeongguk mal ouvir seu nome antes dessa semana. Hyoyeon partiu tão abruptamente quanto entrou, sua assistente pessoal carregava uma pequena montanha de pastas que foram distribuídas para todos na sala com ajuda de Junhoe e assim todos se dispersaram para estudar o conteúdo do documento.

Jeongguk se sentou na sua mesa e folheou rapidamente a pasta amarela, finalmente entendendo o porquê de todos estarem agindo como se estivessem prestes a se enfrentarem em um campo de batalha. A marca era relativamente nova, mas cheia de potencial, sua entrada no mercado foi bastante eficiente e mesmo depois de dois anos parecia estar propensa a só crescer. Naquele documento havia todas as informações sobre a marca e o que a contratante queria, mas ele foi um pouco além e pesquisou o nome dela na internet.

A verdade é que Jeongyeon não só era boa no que fazia, como também era ótima em inspirar quem usava sua marca, ele descobriu com surpresa que ela era abertamente bissexual e nunca fez questão alguma de esconder isso e usava sua imagem para dar visibilidade para a comunidade. Jeongguk entendia a fascinação que tinham por ela e entendia o porquê de estarem loucos para participar daquele projeto. Ela quase não aparecia em eventos e muito menos andando por aí, então era quase escasso conteúdos de paparazzi tentando descobrir algo podre sobre ela e se tinha algum rumor, não passava disso.

A ficha de Jeongyeon era tão limpa e honrosa quanto uma folha em branco, sem escândalos, sem nomes envolvidos em fofocas, absolutamente nada. Provavelmente as únicas notícias que poderia sujar sua imagem vinham de pessoas querendo se escorar em seu nome.

Jeongguk com certeza faria o seu melhor caso fosse escolhido para trabalhar com ela. Mas ele não tinha grandes ambições quanto a isso.

— Está animado pra isso? — uma voz perguntou de repente fazendo Jeongguk pular em sua cadeira, quando olhou para pessoa encontrou Junhoe sentado no canto da sua mesa com os braços cruzados e um sorriso gentil nos lábios. Jeongguk reprimiu a vontade de manda-lo se levantar, estava amassando seus papéis. Jeongguk franziu a testa não entendendo a pergunta, Junhoe apontou para a pasta. — Essa é uma grande conta, Jeongyeon é um nome de peso, ter o nome relacionado a ela seria ótimo pra carreira de qualquer pessoa.

Jeongguk olhou para a pasta que tinha em mãos e concordou em pensamento.

— Eu imagino... mas... — murmurou fraco, sorrindo amarelo ele olhou para Junhoe. — Eu acho que não vou participar dessa vez.

Junhoe lhe olhou surpreso.

— O que? Por que?

— Eu estou cuidando de outra conta, iria me sobrecarregar. — explicou mesmo que não seja a melhor desculpa que já deu. Junhoe soltou um riso desacreditado, o rosto bonito se enrugando completamente confuso.

— Jeongg-

— Sunbae. — chamou o interrompendo. — Eu sei que o sunbae tem muita expectativa em mim, eu percebo isso e agradeço pelo apreço, mas eu preciso entender os meus limites também e eu penso que tem pessoas mais qualificadas aqui pra isso, eu nem teria chance, então deixe pra eles.

Junhoe franziu a testa, ele ouviu tudo que Jeongguk disse, mas estava obvio em seu rosto que ele não entendia. Jeongguk respirou fundo e jogou a pasta na mesa. Ele estava apenas sendo realista, ele era bom no que fazia, não seria modesto ao dizer isso, mas era claro para ele que entre todos os outros, ele era o que menos estava animado, então era melhor que ele deixasse para alguém que realmente faria algo bem feito, talvez Chaeyoung.

— Você sabe que facilmente conseguiria, né? Você é o melhor aqui. — Junhoe falou se curvando sobre suas pernas, Jeongguk deu risada.

— Você me superestima, sunbae.

Junhoe não sorriu de volta, Jeongguk precisou afastar um pouco a cadeira porque teve a leve impressão que Junhoe havia se curvado um pouco mais e se aproximava perigosamente deixando-o desconfortável. Ele lhe olhava nos olhos e foi sincero ao falar:

— Eu só digo o que eu vejo.

Jeongguk desviou o olhar no mesmo instante não achando muito normal o jeito que Junhoe lhe encarava. Disfarçadamente ele se afastava ainda mais, não deixando claro o seu desconforto que se Junhoe percebeu decidiu ignorar.

— Aliás... — Junhoe começou como se tivesse algo em sua mente e finalmente conseguisse externar, coçando a nuca parecendo tímido, ele murmurou incerto. — Eu estava pensando se você não...

— Jeongguk-ah, nós vamos almoçar, você vem? — Jeongguk suspirou de alivio, pela primeira vez feliz por Hoseok ser um intrometido.

O rapaz apareceu tão de repente que Junhoe arrumou a postura o mais rápido que pôde ao ponto de quase bater a cabeça no próprio Hoseok que estava parado ao seu lado, ele pigarreava desconfortável, mas Hoseok não parecia perceber o incômodo do outro. Jeongguk por outro lado, não perdeu tempo em tentar apaziguar a situação, viu ali sua oportunidade de fugir e agarrou com força.

— Claro, hyung... — falou rapidamente, montando um sorriso tranquilo, ele olhou para Junhoe que encarava Hoseok como se pudesse perfurar seu crânio apenas com o olhar, Jeongguk esperou que ele voltasse a lhe encarar para falar. — Estou indo, sunbae.

Jeongguk não percebeu quando Junhoe deu um sorriso fraco, nada feliz pela interrupção, seu sorriso dizia claramente "fazer o que, né? ".

— Tudo bem, tenha um bom almoço.

Jeongguk se curvou minimamente entrelaçou o braço no de Hoseok e o puxou rapidamente para fora, Hoseok fora arrastado totalmente confuso.

— Nossa, está com tanta fome assim? — perguntou, Jeongguk apenas parou de puxa-lo quando chegaram na recepção. Hoseok franziu a testa quando Jeongguk o soltou e respirou fundo como se tivesse se livrado de uma grande enrascada. — Por que está agindo assim? Cara estranho.

— É o Junhoe.

Hoseok arqueou as sobrancelhas atento, sua expressão se fechou e ele parecia preocupado, pronto para arrancar as bolas do Junhoe se assim fosse preciso, não importava o que ele havia feito, ninguém mexia com Jeongguk.

— O que ele fez? Ele te deixou desconfortável? Eu sabia que aquela cara que você fazia quando eu cheguei não era boa. — todo corajoso, ele exigia deixando Jeongguk em um misto de sentimentos, querendo rir e querendo manda-lo calar a boca. — Vamos, diga!

Jeongguk revirou os olhos.

— Ele me deixou desconfortável sim... — Hoseok arregalou os olhos irritado, Jeongguk suspirou. — Aquela mania dele de me elogiar a todo momento e sempre superestimar o meu talento. Ele quer eu evolua profissionalmente, eu entendo, mas é uma pressão que eu nunca quis. Como sunbae ele é ótimo, mas ele exagera um pouco em me animar.

Hoseok soltou a respiração que nem sabia que havia prendido, então ele bufou querendo dar um tapa em Jeongguk.

— Não me assusta assim! — Hoseok respirou fundo, Jeongguk quis rir da preocupação exagerada do seu hyung. — Eu achei que ele estava forçando a barra.

— Forçando a barra? — Jeongguk estava confuso, por que Junhoe forçaria qualquer coisa com ele? Ele era um pouco insistente sim, mas nunca o forçaria a fazer algo.

Hoseok entreabriu os lábios como se fosse dizer alguma coisa, mas desistiu com um manejo de mãos no ar.

— É sério que você não sabe?

— Sabe o que?

Hoseok revirou os olhos.

— Esquece que eu disse isso. Foi só uma pergunta idiota. — murmurou já tomando a frente e deixando Jeongguk para trás totalmente confuso, ele aproveitou a distância ara sussurrar sabendo que não seria ouvido. — Tão inteligente e observador pra algumas coisas, mas tão burro e lerdo pra outras.

Claro, era isso que ele pensava. Jeongguk viu o amigo passar pelas portas giratórias, olhou uma última vez para o saguão da empresa como se Junhoe estivesse ali observando-o então suspirou finalmente também saindo.

As vezes a ignorância é uma benção e muitas das vezes se fazer de desentendido é a coisa mais inteligente que alguém tem a se fazer. 

O quarto estava um breu, a única iluminação no cômodo vinha do computador e o único som no ambiente silencioso era das teclas sendo apertadas sem parar. Sexta-feira era o dia mais esperado para a maioria das pessoas, um jovem normal usava esse dia para se divertir, sair com os amigos e beber até cair, beijar várias bocas e voltar para casa no outro dia sem peso na consciência. Mas aquele jovem de 26 anos sentado diante do computador trabalhando em uma sexta-feira à noite estava longe de ser como os outros.

De banho tomado e roupa confortável, ele tinha os cabelos molhados e usava um óculos de descanso no rosto, Jeongguk passava a toalha enroscada no pescoço nos cabelos enquanto digitava freneticamente no computador com uma das mãos.

Apenas depois de sentir as mãos reclamarem que ele decidiu fazer uma pausa e arrumar algo para comer. Já passava das onze da noite quando ele se sentou no sofá com um prato com dois pedaços de sanduíche e um copo de suco. Distraidamente pegou o celular e foi ver as postagens dos seus amigos que não paravam de ser atualizadas. Hoseok e Seokjin com certeza aproveitavam a vida com o que ela tinha de melhor, mas o tipo de diversão deles não chegava nem perto de ser o mesmo de Jeongguk.

Nos vídeos que eles postavam nas redes sociais, ambos pareciam estar em alguma balada, pouca iluminação, música alta e muitos corpos ocupando um pequeno espaço, mas não pareciam estar no mesmo lugar. Seokjin postava um vídeo sorridente e levantando o copo com álcool para ser mostrado e cinco minutos depois Hoseok fazia o mesmo como se estivessem competindo para ver quem estava se divertindo mais. Jeongguk não entendeu nada do que estava acontecendo com aqueles dois, mas depois de dez minutos assistindo aos vídeos desistiu de tentar entender.

Porém, antes que saísse do aplicativo algo mais chamou sua atenção. Uma foto, duas mãos, uma sobrepondo a outra e as alianças brilhantes e enormes eram o destaque da foto. Enquanto Jeongguk passava as fotos um bolo se formava na garganta porque quem estava na foto era seu ex namorado, o mesmo homem que terminou consigo dizendo que não estava pronto para um relacionamento mais firme no momento, agora Jeongguk entendia que só não estava pronto para um relacionamento firme com ele.

Jeongguk teve vários relacionamentos, mas aquele foi o mais longo que teve com toda a certeza do mundo. Esteve com Taeyang por quase dois anos até o homem decidir de um dia para o outro que queria terminar, usou a velha desculpa do "o problema não é você, sou eu", disse que não estava pronto para algo mais sério, tipo um casamento. Mas bastou apenas um ano depois do término para que ele se mostrasse mais pronto do que nunca para fazer isso com outra pessoa.

Jeongguk entendia que cada um tinha seu momento e talvez Taeyang não se sentisse apto àquilo com ele na época, mas não conseguiu controlar a própria insegurança de se aflorar. O que tinha nele para que Taeyang não sentisse vontade de construir uma vida com ele? O que ele tinha feito de errado para que nenhum de seus namorados quererem algo mais duradouro? O erro era ele?

Respirando fundo, Jeongguk desligou o celular e jogou no sofá não querendo mais ver aquilo. Esfregou o rosto e desanimado olhou para a comida que tinha preparado já não sentindo mais fome. Ele não conseguia parar de pensar que toda aquela busca por amor era uma total perda de tempo, tudo bem se ele encontrasse alguém entre os pretendentes, mas como ele poderia garantir que seria duradouro?

Balançando a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos pessimistas da mente, Jeongguk se levantou e levou o prato intocável de volta para cozinha, guardou na geladeira pensando que comeria quando acordasse de manhã e estava pronto para se afundar em trabalho de novo, pelo menos assim sua cabeça estaria ocupada e não teria tempo de pensar em besteiras, mas assim que estava tomando seu caminho novamente para o quarto a campainha tocou.

Franzindo a testa, ele olhou para o relógio e estranhou a visita tão tarde assim, olhou pelo olho mágico, mas não havia ninguém. Quando abriu a porta a única coisa que encontrou foi o corredor vazio e silencioso, ele ficou ainda mais confuso. Mas ao dar meia volta para entrar novamente, uma sacola pendurava na maçaneta da porta chamou sua atenção, Jeongguk pegou relutante e se surpreendeu quando abriu e viu um cupcake dentro de uma embalagem plástica, havia até mesmo uma carinha sorridente feita com bolinhas de chocolate em cima. E colado na embalagem havia um post it com os dizeres:

"Anima-se!"

Apenas isso, não dizia mais nada, não tinha assinatura alguma, mas Jeongguk já sabia quem poderia ter sido então sorrindo olhou para a porta do outro lado do corredor. Um sorriso de gratidão mesmo que Taehyung não estivesse ali para receber.

Não havia como Taehyung saber que Jeongguk precisava exatamente daquilo naquele momento, de uma palavra de incentivo e animadora, mas Jeongguk estava agradecido pelo timing perfeito. Taehyung não sabia o quão bem ele fez a Jeongguk naquela noite e talvez faria muitas mais vezes se Jeongguk permitisse. 

...

Eu falei que voltaria rápido kkkkk por favor, me digam se estão gostando, se estão odiando, o que eu preciso melhorar, ou que vcs estão gostando mais, eu só quero 'ouvir' vcs. Eu sou tímida demais pra responder os comentários, mas eu leio todos e eles me deixam feliz. 

Vocês sabiam que 12 Chances para o Amor tem uma playlist no spotify? O link está no meu perfil e vocês também podem dar dicas de musicas pra serem incluídas lá, eu vou adorar ouvir as sugestões. 

Até a próxima!

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