12| Virgem é decidido, ou não
Quem é vivo sempre aparece kkkkk triste que era pra ser um cap de ano novo, mas a correria de final de ano me fez atrasar, só consegui dar uma revisada nele hoje, peço perdão a quem ficou esperando. Peço perdão por qualquer errinho tbm.
Inclusive, Feliz Ano Novo a todos! Que esse ano seja feliz e próspero para todos nós.
Boa leitura, gente!!
HORÓSCOPO DO DIA
Olá Virginiano,
Esse autor que vos fala uma vez leu que a vida é como um filme de aventura, cheia de reviravoltas e desafios inesperados. Cada cena representa uma experiência única, enquanto o enredo se desenrola, nos permitindo crescer, aprender e encontrar novos personagens que moldam nossa jornada. E assim como os protagonistas enfrentam obstáculos, nós também enfrentamos nossos próprios desafios, buscando encontrar significado e superar as dificuldades, enquanto seguimos em busca de um final emocionante e gratificante.
A verdade é que temos a capacidade de fazer de nossa vida o gênero de filme que quisermos, basta que você mude a trilha sonora, coloque um filtro clean e sua vida será como um filme doméstico, aqueles que assistimos em família e quando estamos em paz, parece que tudo é leve e tudo pode se resolver no final, mas se você leva sua vida em tons escuros e frios, provavelmente está experimentando o pior dos filmes dramáticos. Não dá para ter sua Comédia Romântica se você parece mais o irmão coadjuvante do protagonista que só aparece em duas cenas e parece que não tem nada a acrescentar para o enredo. Um protagonista interessante sempre vai atrás do que quer e faz acontecer, então levante dessa cama e aja como o protagonista que você está destinado a ser.
Jeongguk descobriu a astrologia aos 21 anos, depois de mais uma desilusão amorosa, estava na faculdade e ele poderia ter usado essa oportunidade para aproveitar a solteirice e se divertir, mas Jeongguk sempre acreditou ser uma pessoa que absolutamente não consegue ficar sem namorar, ele anseia por contato, afeto e tudo que um relacionamento te proporcionava, ele não costumava se importar muito com os fracassos e sempre que surgia um novo interesse lá estava ele.
Mas eram sempre os mesmos problemas, eles não o entendiam e Jeongguk tampouco entendia eles, houveram muitos desencontros e muitos mal entendidos por conta dessa falta de entendimento.
Então surgiu para Jeongguk essa necessidade em encontrar um meio para desvenda-los e a astrologia o deu isso, embora muitos não acreditassem e nem mesmo a ciência comprovasse a eficácia, Jeongguk acreditava porque ele precisava disso, no momento em que ele esteve mais confuso sobre si mesmo e precisava de alguém — ou algo — lhe dizendo exatamente o que estava acontecendo e o que deveria fazer.
Para todos os defeitos, a astrologia dava a ele uma explicação, possibilidades e certezas, tudo bem concreto e explicado. Jeongguk queria que as pessoas também fossem assim, que viessem com um manual ensinando como lidar com elas.
Um exemplo claro disso é o fato dele não saber lidar com um genuíno geminiano. Jeongguk mal falou mais do que dez palavras desde que encontrou Soonyoung na praça de alimentação do shopping, Soonyoung o tratou informalmente desde o primeiro contato, ele falou que era apenas para quebrar o gelo. Depois dali iriam assistir a um filme, mas antes pararam para comer.
— Sabe, todo mundo concorda que as comédias românticas dos anos 2000 são as melhores e as de hoje são uma reciclagem mal feita do que já foi feito. — ele analisava profundamente aquela questão enquanto remexia a batata frita dentro do queijo, Jeongguk sorriu ladino como se entendesse, mas não era o caso.
— Não é um gênero que eu costumo gostar, então não posso opinar. — admitiu, Soonyoung não ficou magoado com isso.
— Então que tipo de filme você costuma assistir? — ele parecia verdadeiramente interessado em ouvi-lo, Jeongguk não recebeu toda essa atenção em nenhum dos encontros, portanto ele estava um pouco desacostumado e hesitou um pouco.
— Eu acho que ação, suspense, drama. Eu não costumo assistir muitos romances, embora conheça alguns. — Soonyoung assentiu compreendendo, ele serviu a si mesmo e a Jeongguk o refrigerante. Sua gentileza era automática, ele se distraia falando sem parar e ao mesmo tempo servia Jeongguk como se não notasse o que estava fazendo.
— Então você não é romântico? — perguntou rindo, Jeongguk o acompanhou timidamente.
— Eu sou romântico, só não tive muitas experiências românticas. Então é um pouco estranho, mas não sou contra a esse gênero, se eu assistir provavelmente vou gostar. — explicou, Soonyoung acenou mostrando que estava acompanhando — Afinal, eu gosto de ação, mas eu nunca pulei de um carro em movimento. Não preciso vivenciar aquilo que vejo.
Soonyoung deu risada e ele rindo parecia mais jovem do que realmente era, o rapaz tinha 27 anos, mas julgando por sua aparência, ninguém daria mais que 20, talvez fosse pela sua personalidade animada e faladora, como se fosse um jovem descobrindo o mundo. Seu rosto era estranhamente semelhante a Yoongi, talvez fosse os olhos de gato e as bochechas ressaltadas que entravam em evidência quando sorria. Jeongguk estremeceu, a semelhança era medonha. Ele se imaginou namorando uma cópia do noivo do melhor amigo e sua espinha gelou, aquilo seria bizarro demais até mesmo para ele.
Jeongguk mal conseguia acompanhar seu ritmo, começaram falando sobre si mesmos e inesperadamente o assunto mudou até aquele sobre filmes que Jeongguk não faz ideia de que maneira chegaram até ali.
— Te apresentar bons romances. Anotado. — falou animadamente, Jeongguk sorriu porque aquilo soava como uma promessa de que haveria outros encontros. Então de repente ele olhou para o relógio no pulso e exclamou surpreso — Oh! Está quase na hora do filme, vamos?
Jeongguk se ofereceu para pagar a conta já que Soonyoung havia comprado as entradas para o filme, mas Soonyoung não permitiu, entraram em um pequeno embate que só foi resolvido quando Jeongguk propôs dividirem o valor, mesmo contrariado Soonyoung aceitou porque estavam perdendo muito tempo ali e se atrasariam para o filme, mas ele ainda fez mais uma parada ao comprar um balde de pipoca, Jeongguk estava abismado em como ele ainda conseguia comer depois de devorar um hambúrguer enorme enquanto ele próprio preferiu ficar apenas no refrigerante porque sentia que não cabia mais nada.
Durante a conversa na lanchonete, Soonyoung confessou que amava assistir filmes no cinema, mas era raro ter companhia para esses programas, embora ele tenha se mostrado um bom homem, Jeongguk entendeu todas aquelas recusas.
Desde que se sentaram em seus lugares, ele não parou de falar um segundo se quer e quando o filme começou, Jeongguk agradeceu mentalmente por terem escolhido quase os últimos lugares e as poucas pessoas estavam afastadas, caso contrário a chance de serem enxotados dali era grande.
Jeongguk apenas o deixava falar enquanto tentava assistir e gesticulava para lhe dar algum crédito, mas os suspiros cansados e a procura constante por paciência era real. Soonyoung falava de vários assuntos, um atrás do outro.
— Você sabia que filmaram o filme todo em 40 dias? O roteiro já estava sendo construído há anos. — indagou animadamente, ele se curvava em direção a Jeongguk para ser ouvido e nem dava oportunidade para Jeongguk ao menos reagir ao que ele falava — Jackie Chan era a primeira escolha pra protagonista, sabia? Mas ele recusou, então quem acabou sendo foi a Michelle Yeoh.
— Bom pra ela... — murmurou, ele não queria parecer tão desinteressado, mas a verdade que era isso que ele estava sentindo no momento.
— Não é? — falou animado demais, então engatou a falar mais curiosidades sobre o filme que passava.
Jeongguk teve que se desligar um momento do presente para que pudesse respirar caso contrário surtaria.
Todo esse desinteresse por parte de Jeongguk não era proposital, Soonyoung não havia mostrado nada de errado a não ser uma óbvia falta de filtro, mas não era um defeito, sua personalidade animada e seus multi assuntos seriam extremamente bem-vindos em qualquer outro momento, um outro momento onde sua cabeça não estivesse tão aérea.
O filme já estava quase na metade quando Jeongguk perdeu o foco e parou de prestar atenção em tudo a sua volta, Soonyoung ainda falava no seu ouvido, mas não passava de zumbidos, seus olhos poderiam estar na tela do cinema, mas não focava verdadeiramente no que estava acontecendo, sua mente parecia um belo telão em branco onde passava as coisas mais aleatórias possíveis até o momento que ela foi para um lado perigoso ao se lembrar da outra noite, Jeongguk se deu conta tarde demais que estava se lembrando de Taehyung e seu beijo.
Quando dizem que cabeça vazia é oficina do diabo, não estavam mentindo.
Ele não esperava que Taehyung se faria presente na sua mente daquela maneira tão abrupta e Jeongguk já não conseguia se desfazer das memórias que vieram em enxurradas. Jeongguk mordia a pontinha do canudo enquanto lembranças de ser tocado e beijado invadia seus pensamentos sem permissão. Ele não conseguia mais voltar para o presente e Soonyoung não tinha culpa alguma nisso, a única culpada era a cabeça confusa e um pouco deslumbrada de Jeongguk.
Soonyoung enfiou a mão dentro do balde de pipoca e o som chamou a atenção de Jeongguk por um segundo ao ponto dele olhar o movimento, mas na sua mente o que se passava eram as mãos de Taehyung lhe segurando firmemente pela cintura e envolvendo sua nuca trazendo-o para mais perto com uma vontade fora do normal. O refrigerante desceu pela garganta com dificuldade, sentia um arrepio incomum no corpo e um calor que não condizia com o ar gelado da sala, engolindo em seco ele se remexeu desconfortável na poltrona, piscou e tentou focar novamente no filme, mas por mais que tentasse nada mais fazia sentindo na sua cabeça.
Então ele estava aéreo demais para perceber Soonyoung fingir se espreguiçar para passar o braço sobre os ombros de Jeongguk. Ele tinha parado finalmente de falar e agora parecia querer ocupar sua boca de outra maneira. Jeongguk só se deu conta do que estava acontecendo quando sentiu uma mão ousada pousar no seu ombro, Jeongguk franziu a testa olhando a mão de esguelha imaginando em que momento as táticas daquele rapaz haviam mudado.
Jeongguk olhou para os dedos no seu ombro então para o dono deles, Soonyoung assistia ao filme muito concentrado enquanto comia a pipoca fingindo não perceber o seu olhar. Jeongguk quis rir por tamanha ousadia. Ele sabia que havia sido um esforço enorme ao dar aquela investida, geminianos poderiam ser extrovertidos e fazerem amizade com facilidade, mas na hora do flerte não possuíam muita iniciativa. Jeongguk soprou uma risada antes de voltar ao filme.
— Jeongguk-ah? — Soonyoung sussurrou depois de um tempo, Jeongguk respirou fundo porque aquilo só significava duas coisas: Soonyoung tentaria algo mais ousado ou ele falaria algo completamente aleatório.
— O que?
Jeongguk travou por um momento quando Soonyoung se aproximou ligeiramente, Jeongguk já estava pensando em como agiria caso ele soltasse algum flerte, mas o que veio a seguir não era nada do que esperava.
— Você gosta de Star Wars?
A expressão em seu rosto não poderia ser descrita diferente de completamente perdido, Jeongguk olhou bem para a cara dele esperando que ele dissesse que era apenas uma brincadeira, mas Soonyoung o encarava de volta seriamente como se sua resposta fosse mudar o rumo de sua vida para sempre. Houve um pequeno daley na mente de Jeongguk.
— Er... gosto, eu acho. — respondeu incerto, não sabendo que resposta o rapaz queria ouvir, mas aquela pareceu ser a certa porque Soonyoung sorriu satisfeito.
Jeongguk viu com temor quando Soonyoung umedeceu os lábios e olhou para sua boca, foi milésimos de segundos, mas Jeongguk notou. O braço que o envolvia pelos ombros se firmou e Jeongguk teve a impressão que estava sendo levado para mais perto dele.
Jeongguk sabia bem qual era sua intenção quando lhe olhava como se quisesse agir como adolescentes se pegando no escurinho do cinema e quando ele foi corajoso ao sussurrar novamente com um pouco mais de sedução:
— Você gostaria de assistir Star Wars comigo qualquer dia desses na minha casa?
Soonyoung era uma graça, Jeongguk admitia, ele era bonito, inteligente e possuía muitos interesses o que resultava em assuntos inacabáveis. De todos os seus encontros até aquele, Soonyoung foi o único que se mostrou verdadeiramente ali com os mesmos propósitos que Jeongguk. Deveria ser fácil retribuir os flertes, embora para Jeongguk fosse um pouco difícil acompanhar a personalidade extrovertida do rapaz, era esperado que ele ao menos tentasse apenas para ver se a química rolava.
Não havia outro motivo para que ele não tenha movido um único músculo para longe com a aproximação, ele estava ali exatamente para isso.
Ele só não esperava que Soonyoung fosse mesmo tentar beija-lo, nem que ao vê-lo se aproximar, sua mente lhe pregaria uma peça de tão mal gosto, Jeongguk franziu a testa quando de repente a imagem de Soonyoung tremeu diante de si e inesperadamente quem estava curvado sobre si prestes a beija-lo era um Taehyung com seu sorriso cafajeste e olhar sugestivo, não o olhar gentil e brincalhão de Soonyoung.
Jeongguk o empurrou para longe no susto, seu rosto estava completamente aterrorizado enquanto piscava rapidamente tentando afastar aquela imagem.
— Mas que mer- — murmurou assustado, Soonyoung parecia tão perdido quanto ele, com o braço no ar e a boca pronta para beija-lo travada. Jeongguk riria se o momento não fosse tão trágico.
— O qu- O que aconteceu? — perguntou preocupado, Jeongguk ainda piscava desenfreadamente até o momento que focou em Soonyoung novamente.
Só então ele havia se dado conta do que aconteceu, suas bochechas esquentaram de vergonha, mas por sorte Soonyoung não conseguia ver no escuro, ele ria nervosamente e sempre que abria a boca, nenhuma desculpa parecia boa o suficiente então engolia de volta. Por fim, ele apenas se levantou mais afoito do que planejou.
— Eu acho qu-que... tomei muito refrigerante. — falou, sua voz saindo mais nervosa do que gostaria. — Preciso ir ao banheiro... coisa rápida!
— Okay... — Soonyoung sussurrou enquanto observava Jeongguk sair da sala de cinema apressado, incerto imaginando se não deveria segui-lo apenas para ter certeza que estava tudo bem, mas por fim desistiu voltando ao filme.
Jeongguk invadiu o banheiro e foi direto para a pia onde ele precisou jogar um punhado de água no rosto para se recompor, no reflexo do espelho ele conseguia ver com clareza as bochechas queimando de tão vermelhas, ver aquilo o fez jogar mais água no rosto, depois dar um tapinha não muito sutil como se quisesse se manter consciente.
— Isso é patético até mesmo pra você... — murmurou desgostoso para seu reflexo no espelho. — Foi só um beijo. Pelo amor de Deus, não aja como um adolescente inexperiente!
Ele falava sozinho no banheiro vazio, parecendo bravo consigo mesmo ao ponto de apontar para o espelho a cada palavra proferida.
Ou ele achava que estava sozinho, de repente ele ouviu um barulho incomum em uma das cabines, então um homem saiu de lá olhando-o estranho. Jeongguk ficou petrificado durante todo o processo do homem em lavar as mãos — que parecia durar uma eternidade — e partir depois de lhe olhar de cima a baixo com um obvio julgamento em sua expressão. Jeongguk soltou o ar que prendia mesmo sem notar.
Balançando a cabeça, Jeongguk encostou-se na pia e respirou fundo, não sabia como voltaria e encararia Soonyoung depois daquilo, sua vontade era ir embora sem ao menos se despedir, mas seria uma desfeita com o rapaz que foi tão gentil a noite toda, ele não poderia fazer isso.
Amaldiçoou a si mesmo e a Taehyung, praguejou alguns insultos ao rapaz que nem ali estava para se defender, mas que ocupava a mente de Jeongguk sem permissão. Um único beijo não deveria fazer tanto estrago, mas tudo que sentiu naquela noite ainda estava fresco na sua memória, fazia tanto tempo que alguém não o tocava com tanto desejo e fome que talvez aquilo tenha o emocionado um pouco.
Sua carência ficou tão obvia que ele sentia vergonha de si mesmo.
Ele não tinha clima algum para voltar lá e fingir que sua mente estava presente quando seria uma mentira, mas ele se forçou a ir até Soonyoung que o encarou atento quando chegou, Jeongguk sorriu amarelo pensando no que diria.
— Eu sinto muito em ter que acabar a noite tão rápido. — sussurrou mostrando sua honesta frustração. — Mas eu não estou me sentindo bem, então acho melhor ir embora.
Soonyoung se levantou preocupado e se moveu para toca-lo, mas Jeongguk se afastou sutilmente. Por Deus, estava pensando em outro enquanto estava com ele, se sentia o homem da pior espécie.
— Você precisa de uma carona? Eu posso te levar. — falou alto, Jeongguk se xingava mentalmente. — Foi o hamburguer de antes, não é? Eu sabia que tinha alguma coisa de errado com ele, ouvi minha barriga fazendo um barulho estranho depois que comi.
Jeongguk sentia vontade de rir ao mesmo tempo que se sentia um babaca.
— Não se preocupe, eu posso voltar sozinho. Obrigado, Soonyoung-ssi. — falou apressado querendo sair dali o mais rápido possível.
Soonyoung ainda tentava pegar na sua mão para ter certeza que estava tudo bem enquanto Jeongguk se esquivava e tentava pegar suas coisas ao mesmo tempo.
— Tem certeza? — Jeongguk puxou o casaco pendurado no braço da poltrona com tanta força e rapidez que se estivesse enroscado com certeza rasgaria.
— Absoluta, Soonyoung. Muito obrigado pelo encontro, eu me diverti muito.
Sem prestar atenção em mais nada e sem hesitação, ele começou a se afastar com Soonyoung falando atrás de si.
— Me liga pra gente marcar outra coisa, Jeongguk-ah — Soonyoung gritou, finalmente chamando atenção de outras pessoas, elas se viraram e olharam feio para o rapaz, fazendo-o sorrir nervosamente e se curvar diversas vezes como pedido de desculpas, mas ainda estava atento a resposta de Jeongguk.
— Claro, claro. Espere minha ligação. — acenou já na porta e sumiu.
Soonyoung olhou perdido em volta confuso se deveria continuar assistindo ao filme ou ir embora, quando seus olhos captaram um brilho incomum na cadeira que Jeongguk ocupava, era um molho de chaves e parecia ser importante. Ele ainda tentou alcançar Jeongguk, mas já era tarde demais, ele já tinha entrado em um táxi e partido deixando Soonyoung perdido sobre o que fazer para trás.
♍
Parado diante da porta e tateando os bolsos da calça e do casaco, Jeongguk percebeu tarde demais que havia perdido suas chaves, já passava das 22h e ele olhou em volta com uma cara de desespero. Sua primeira alternativa foi ir ao saguão e pedir que o porteiro abrisse a porta usando a chave reserva, que ficava em seu poder para casos de extrema urgência — como a vez que uma senhorinha havia passado mal no andar de cima e conseguiram salva-la justamente porque tinham esse meio para entrar —, bem, aquele parecia um momento de extrema urgência para Jeongguk. Mas ao chegar lá recebeu um balde de água fria.
— Sinto muito, Sr. Jeon. Troquei de turno a menos de 30 minutos e não estou achando as chaves, o Sr. Song deve ter levado com ele sem querer. Aquele velho já está caducando, esses dias ele tirou os sapatos pra dormir na área de descanso e quando o chamaram no quarto andar ele começou a andar pelo prédio descalço sem perceber.
O pobre do porteiro dizia aflito, com uma expressão desolada como se já estivesse acostumado com aqueles momentos do Sr. Song. Jeongguk teve que rir.
— Tudo bem, Myoung-ssi.
— Se quiser eu posso ligar pra ele.
— Não! — respondeu rápido. — Ele já deve estar em casa a essa altura, eu dou um jeito, não se preocupe.
Sob o olhar de pena de Myoung, Jeongguk por onde veio com o rabinho entre as pernas e se sentou no corredor próximo da porta, sentindo-se miserável demais. Pensou em ligar para Jimin, com certeza ele cederia o seu sofá por uma noite, mas era um sábado e ele lembrava de ter ouvido Jimin falar que sairia para jantar com Yoongi, aquilo significava que passariam a noite transando. Jeongguk na se odiava tanto ao ponto de passar uma noite inteira ouvindo aqueles dois.
Em poucos cliques nas redes sociais também ficou claro que Hoseok e Seokjin estavam fora de cogitação, continuavam indo para festas separados e postando vídeos para provocar um ao outro. Jeongguk revirou os olhos, era tanta infantilidade que lhe dava dor de cabeça.
Havia algumas notificações no aplicativo de namoro, mas essas em especial ele escolheu ignorar, já tinha tido o suficiente por uma noite. Ele apertou os olhos e resmungo batendo o celular na testa descontando sua frustração.
Queria ter aproveitado o encontro melhor, mas Soonyoung havia se tornado a companhia certa no momento errado. Se talvez tivesse acontecido antes, nada disso poderia ter acontecido.
— Jeongguk?
E ali estava o motivo do fiasco que foi esse encontro, Jeongguk travou e não o encarou porque era constrangedor demais encarar o rosto da pessoa que horas atrás estava em seus pensamentos e foi o motivo de um encontro desastroso. Mas não poderia colocar toda a culpa em Taehyung, não quando era ele quem permitia que esses pensamentos viessem e era culpa dele ser um emocionado patético.
Jeongguk resmungou mais uma vez.
— Você ‘tá bêbado?
Jeongguk ergueu a cabeça no mesmo instante, a cara fechada em indignação.
— Quem você ‘tá chamando de bêbado? Eu prometi a mim mesmo que não iria mais beber. Nunca mais!
Taehyung usava uma calça moletom cinza e uma camisa branca que marcava de maneira não proposital o peitoral. Mas foi os óculos de armação redonda no rosto que fez Jeongguk esquecer por um momento o que deveria fazer ou falar. Ele sorria e Jeongguk tinha a mente em branco.
“Eu sou tão patético” pensou em sofrimento “Patético e emocionado”.
— Nunca é muito tempo... — murmurou divertidamente — Por que está sentado aí como se tivesse acabado de ser chutado?
Jeongguk suspirou.
— Perdi minhas chaves. E o Song-ssi está com as chaves reservas. Resultado, estou pra fora.
Taehyung tinha uma cara que queria rir e Jeongguk não o julgaria se fizesse. Impressionante como tudo dava errado de um jeito ou de outro em seus encontros, se não era por fatores externos, era o próprio Jeongguk que o sabotava, até ele queria rir de si mesmo.
— Você pretende ficar aí a noite inteira? — havia um obvio cinismo no tom de voz, Jeongguk sabia que ele estava tirando uma com a sua cara. Jeongguk olhou para si mesmo sentado no chão e soltou os ombros de maneira tão desolada que Taehyung precisou rir. — Entra, Jeongguk. Eu não vou te deixar dormir no corredor.
— O que? — lhe olhou surpreso, engolindo em seco quando Taehyung saiu da frente da porta, sorriu ladino e gesticulou para dentro.
Jeongguk não achava que era uma boa ideia ficar sozinho com Taehyung, mas a julgar pelo seu histórico ele não costumava fazer boas escolhas e naquele momento ele não estava em posição de ser orgulhoso. Isso até Taehyung voltar a falar:
— E eu acho que precisamos conversar. Talvez esse momento seja perfeito.
— Sobre o que? — Taehyung arqueou as sobrancelhas sugestivamente.
— Você sabe sobre o que.
Jeongguk queria fugir, se render ao orgulho e dizer que não iria conversar sobre o beijo em momento algum. Mas isso seria aceitável no ensino médio, se ele fosse um adolescente, não um adulto que precisa agir como tal e assumir o que faz.
Pensar naquilo o fez desistir de lutar, mas sua cara deveria estar dizendo o contrário porque Taehyung riu outra vez.
— Não pense demais, vizinho. Eu não vou tentar nada, a não ser que você queira.
Jeongguk pigarreou com a possibilidade, sua mente estava tão farta naquele dia que um simples comentário era o necessário para que o fizesse lembrar. Balançando a cabeça tentou se livrar daqueles pensamentos e se rendeu finalmente seguindo-o para dentro.
Ele parou no meio da sala de estar, agarrado ao seu casaco e sem saber o que deveria fazer.
— Se quiser ficar com a cama, eu posso dormir no sofá. — Jeongguk negou prontamente.
— Eu fico bem no sofá, não se preocupe.
Taehyung não discutiu sobre isso, talvez soubesse que Jeongguk era teimoso e não cederia facilmente. Jeongguk se sentou no sofá enquanto Taehyung ia atrás de travesseiro e cobertor, brincava com os dedos ansioso tanto por ter que ficar sozinho novamente com Taehyung quanto pela conversa que teriam e era inevitável.
Quando ele voltou, colocou as coisas no outro sofá e lhe encarou em silêncio, os dois se olhavam e Jeongguk podia apostar no que Taehyung estava pensando.
— Podemos conversar?
Acenou sem escolha, Taehyung ousou se sentar ao seu lado no sofá, tomando uma distância segura entre eles. Taehyung esperou que ele tomasse uma iniciativa, mas Jeongguk brincava com os polegares e nem ao menos olhava para o lado. Um silêncio quase incômodo se instalou de repente e continuaria se Taehyung não tivesse tomado a dianteira.
— Você se arrepende? — seus olhos estavam fixos em Jeongguk, o corpo completamente virado para ele mostrando o quão atento estava a qualquer reação sua.
Jeongguk lhe olhou rapidamente apenas para comprovar que Taehyung lhe encarava, então desviou para longe porque sentia que vacilaria se mantivesse o contato por mais tempo.
— Não.
Taehyung sorriu.
— Isso é bom. Seria um problema se você tivesse se arrependido.
Jeongguk lhe encarou em duvida.
— Por que? — Taehyung umedeceu os lábios e ousou se aproximar um pouco apenas para sussurrar como se tivesse necessidade chegar tão perto quando só tinha os dois ali.
— Porque eu quero te beijar de novo.
Taehyung encarava sua boca parecendo sedento como da última vez. Um arrepio subiu por sua espinha porque seus olhos também foram para a dele inconscientemente, lembrando-se de como foi beija-la e o quanto gostou. Jeongguk pigarreou, soltou um riso frouxo, mas sem humor algum.
— Taehyung... — começou, Taehyung adorava ter seu nome saindo daquela boca e queria testar ouvi-la em outras ocasiões, talvez em meio a suspiros e gemidos, ele sabia que seria maravilhoso. Sua mente ia longe sempre que se pegava imaginando. — E-eu acabei de voltar de um encontro.
E aquilo bastou para que Taehyung fosse puxado novamente para a realidade, fazendo-o voltar a encarar Jeongguk nos olhos, a nuvem de desejo se dissipando aos poucos dando lugar ao um clima mais sério de repente. Taehyung demorou um pouco para responder, mas por fim respirou fundo e soltou os ombros despreocupado.
Aquilo pareceu uma linha sendo traçada entre eles, Jeongguk não se arrependia de beija-lo, mas estava deixando claro que sua busca incansável por um parceiro perfeito ainda estava em andamento e não seria aquilo que atrapalharia.
Taehyung pensou bem no que diria, mas sentia que nada era bom o suficiente, então deu risada tentando aliviar uma tensão que se instalou entre eles mesmo sem querer.
— Eu não sou do tipo ciumento.
Tentou brincar, mas Jeongguk não deu risada, sua mandíbula ainda estava tensa e agora ele encarava Taehyung com a testa franzida parecendo incomodado com alguma coisa. Taehyung umedeceu os lábios mais uma vez antes de continuar.
— Foi só um beijo, Jeongguk. É verdade que eu quero muito mais de você e não tenho vergonha de admitir, mas eu posso garantir que nenhuma dessas coisas é uma proposta de casamento. — seu tom descontraído foi o suficiente para arrancar uma risadinha de Jeongguk, foi meio envergonhada e escondida, mas Taehyung notou e aquilo o tranquilizou. — Nem tudo precisa ter um significado honroso na sua vida, sabe? Sentimos atração um pelo outro, eu sinto muita vontade de te beijar e sei que você sente o mesmo, não tem porque complicar.
Jeongguk sentiu seu corpo tensionar nervoso quando Taehyung virou o corpo completamente para ele, de esguelha o viu apoiar o braço no sofá e tombar o rosto na mão. Jeongguk não se atreveu a olhar para o lado, mas sentia os olhos em seu rosto analisando-o sem constrangimento. Taehyung sorriu ladino como se soubesse do efeito que tinha sobre o vizinho.
— O que está pensando? — murmurou baixinho. Jeongguk engoliu em seco, sem coragem para encara-lo, ele preferia mil vezes observar seus dedos ansiosos em cima das pernas, mas por fim aceitou que o melhor era ser sincero porque já notara que Taehyung presava pela sinceridade.
— É errado. — Taehyung franziu o cenho, porém embora confuso soprou um riso.
— Eu sou solteiro, você é solteiro... pelo menos por enquanto, o que poderíamos estar fazendo de errado? Não é como se fossemos namorar.
Então finalmente Jeongguk o encarou com uma seriedade no olhar que quase fez Taehyung recuar, quase.
— Exatamente isso! Estou saindo com outros caras a procura de algo sério e concreto, seria hipocrisia de minha parte fazer parte de algo casual, mesmo que fosse por pouco tempo. Seria como ir contra tudo que acredito.
Jeongguk pensou que Taehyung se renderia e deixaria aquilo de lado, cansado de discutir sobre algo que parecia enraizado na mente do rapaz, mas ele apenas deu de ombros com um sorriso despreocupado no rosto.
— Você é solteiro, Jeongguk, nenhum daqueles caras é seu namorado, não deve nada a eles, ter algo sem colocar tantos significados não quer dizer que esteja desistindo dessa ideia aí e aliás... — ele tombou a cabeça para o lado com uma expressão complicada para Jeongguk lidar, ele sorria e os lábios se curvavam sedutoramente, combinado ao rosto simétrico e bonito, era perigoso demais. — Enquanto você não encontra a pessoa certa, pode se divertir com a errada.
Ele apontava para si mesmo mostrando a que erro ele se referia, a piscadela que enviou Jeongguk em seguida o fez reprimir uma risada abismada. Para Taehyung tudo parecia fácil, descomplicado e prático, Jeongguk imaginava o quão leve seria a mente de alguém que não pensa demais, que não vê as coisas dando errado antes mesmo de tentar. Jeongguk já conseguia prever a desgraça acontecendo assim que se rendesse e era por isso que não queria que chegasse naquele ponto.
Mas já chegou, os dois se beijaram e aquela atração já estava impregnada em si a ponto de delirar como um maluco. As coisas já estavam complicadas e era um pouco irritante que para Taehyung parecesse algo tão simples.
Ele estava tão absorto nos seus pensamentos que uma corrente elétrica se alastrou por sua espinha inesperadamente quando sentiu um toque gentil no seu pescoço, Jeongguk sobressaltou, mas não se afastou. Taehyung o tocava com as pontas dos dedos, tão superficialmente que arrepiava todos seus poros. Com certeza Taehyung sabia desse efeito que tinha porque fazia questão de manter o contato visual apenas para ter certeza que o objetivo estava sendo alcançado.
— Jeongguk... — a saliva desceu com dificuldade pela garganta de Jeongguk, pois Taehyung usava aquele tom baixo sedutor como se quisesse enfeitiça-lo e droga, Jeongguk que estava dando certo. — Aquele beijo... foi gostoso?
— Taehyung-
— Apenas responda! — falou autoritário, Jeongguk estremeceu.
— Sim... — Taehyung mordeu o lábio inferior reprimindo o sorriso, seus olhos não se faziam de rogados ao encarar a boca de Jeongguk descaradamente.
— Você ficou revivendo ele na sua mente? — indagou em um murmúrio baixinho, aquele clima de sedução tinha voltado com força e Jeongguk estava envolvido demais naquela névoa para pensar com coerência.
Taehyung tinha esse poder, ele conseguia transformar qualquer momento em flerte.
— Porque eu sim, não há um segundo se quer que eu não lembre e fantasie repetindo aquilo uma segunda, terceira, quarta vez... — sua sinceridade fez com que a respiração de Jeongguk se prendesse, ele já não conseguia desviar os olhos de Taehyung e da mesma maneira que Taehyung fitava seus lábios a cada palavra proferida, ele se pegou fazendo o mesmo inconscientemente.
De alguma maneira Taehyung tinha se aproximado e bastava se curvar um pouco para que seus narizes se tocassem, seus dedos ainda acariciavam a pele carinhosamente. Taehyung tinha aquele costume de umedecer os lábios a cada minuto e Jeongguk acompanhava o movimento hipnotizado.
— Jeongguk... eu não quero complicar as coisas pra você, eu prometo que isso não vai ser um obstáculo para esse plano mirabolante seu. — sussurrou, seus dedos deslizaram sorrateiros para a nuca de Jeongguk, onde se infiltraram em meio aos cabelos, ele não exercia força alguma, mas ainda assim Jeongguk se sentia coagido a manter a cabeça onde estava. — Mas seria idiota de nossa parte ignorar o quanto aquilo foi gostoso, porra, encaixou de um jeito tão perfeito e eu sei que você também sentiu. Eu não sou do tipo que reprime sentimento, principalmente desejo e no momento o meu desejo é te beijar até você esquecer que Mercúrio é o planeta regente de Virgem.
Taehyung falou tudo aquilo com uma expressão tão séria que Jeongguk teve que dar risada, ele colocou as mãos em frente a boca e gargalhou, Taehyung sorria entretido, bastante satisfeito pela reação.
— Como sabe disso?
Taehyung deu de ombros, mas havia um sorriso convencido nos lábios.
— Andei fazendo a lição de casa.
Jeongguk balançou a cabeça rindo.
— Sua sinceridade me deixa um pouco desconcertado. — Taehyung sorriu, dessa vez exercendo um pouco de força contra seu coro cabeludo para traze-lo para mais perto.
Jeongguk agora encarava os olhos de Taehyung por detrás do óculos, secretamente fascinado pelo brilho deles, havia determinação, confiança e ousadia, era o olhar de alguém que sabia exatamente o que queria e porque queria. Seu sorriso morreu no mesmo instante, mas havia muita expectativa em seu lugar.
— Tenho outras habilidades que te desconcertariam ainda mais que minha sinceridade, mas só mostrarei quando você se render e admitir que quer tanto quanto eu.
Jeongguk desviou o olhar para os seus lábios automaticamente então voltou para os olhos, não rápido o bastante para que Taehyung não notasse.
— E se isso nunca acontecer? — Taehyung mal reagiu, ele parecia verdadeiramente confiante que Jeongguk sentia o mesmo, nada que ele dissesse o faria pensar o contrário porque seu corpo e olhar lhe dizia coisas completamente diferentes.
— Seria uma pena porque eu quero muito te mostrar o quanto que o errado pode ser o certo em alguns aspectos. — murmurou sedutoramente, as respirações se misturaram de maneira superficial.
Taehyung estava em uma missão e ela era enlouquecer Jeongguk até seu limite, havia uma nuvem densa de tensão no ar, era quase palpável e Taehyung estava fazendo seu melhor para que Jeongguk não conseguisse escapar dela.
— O que você acha disso? Hum? — sussurrou certo que já tinha atraído o rapaz do jeito que queria.
Jeongguk pensou por um momento, tomando esse tempo para observar o rosto do outro, dessa vez ele notou uma pinta charmosa no nariz, aquele rosto, aquele sorriso de lado, aquele olhar. Taehyung falou que não queria tornar as coisas complicadas, mas Jeongguk tinha certeza que aquele era o pacote perfeito e completo para o desastre.
— Você é inacreditável... — respondeu em meio a risinhos desacreditados.
E por alguma razão Taehyung já sabia o que aquilo significava porque sorriu parecendo muito satisfeito, então colou os lábios sem hesitação, o impacto foi tão forte que Jeongguk foi movido ligeiramente para trás. Taehyung não lhe dava oportunidade para pensar, ele tomou conta de tudo, de sua boca e de seus pensamentos que naquele momento pareceram ter virado gelatina.
Taehyung segurava firmemente a nuca alheia como se temesse que ele se afastaria e seu corpo ia de maneira inconsciente para cima de Jeongguk até o momento que se viram parcialmente deitado no sofá. Jeongguk amoleceu facilmente, se rendeu ao beijo como se tivesse esperando aquilo desde que entrou ali.
Em segundos haviam se tornado uma bagunça prazerosa de barulho de beijos, Jeongguk tinha os dedos mergulhados nos cabelos desgrenhados de Taehyung e cada vez que Taehyung sugava seu lábio inferior, ele sentia uma vontade absurda de puxar os fios para descontar tudo que sentia.
Foi quando Jeongguk sentiu uma mão ousada invadir sua blusa foi que ele notou o caminho perigoso que estavam tomando, Taehyung estava quase deitado sobre si e o beijava afoitamente como se sua vida dependesse disso, respirar não era uma necessidade e mesmo depois de ter a boca liberta e começar a receber os estímulos no pescoço, ainda assim ele não sentia que tinha recuperado o fôlego.
Para Taehyung tudo aquilo parecia surreal demais de tão bom, o cheiro de Jeongguk o inebriava e era como uma poção que o estimulava a querer mais mesmo que ele soubesse que não podia ultrapassar os limites, ele queria ultrapassar, quebrar todas as barreiras possíveis que Jeongguk possuía.
Ele beijava e lambia o pescoço alvo e cheiroso e Jeongguk aceitava de bom grado o toque quando jogava a cabeça para trás e lhe dava acesso, ele tocava Jeongguk por debaixo da roupa e a única coisa que Jeongguk sabia fazer era segurar seu pulso sem vontade verdadeira de tira-la dali.
Taehyung deixou um rastro de beijos do pescoço até chegar nos lábios inchados e entreabertos, ele engoliu o som atraente que saiu de sua boca assim que o beijo recomeçou.
— Taehyung... — murmurou entre um estalo e outro, Taehyung sorriu ente o beijo satisfeito por ouvir seu nome saindo daquela boca.
— Porra, eu poderia facilmente me viciar nisso. — sussurrou bêbado daquele desejo latente.
Jeongguk já estava envolvido até o pescoço no momento, o encontro com Soonyoung era uma lembrança distante e quase inexistente, porque sua mente estava tomada pelo motivo do fracassado encontro que naquele momento o beijava com devoção.
Mas a razão voltou a si rapidamente quando Taehyung se moveu e os corpos se esfregaram, Jeongguk sentiu tudo mesmo com roupas o separando e aquilo o assustou porque se dar conta disso era ter certeza de como tudo aquilo acabaria se não colocasse limite.
Bastou aquele choque para que Jeongguk parasse o beijo e espalmasse as mãos no peito alheio para afasta-lo, Taehyung lhe encarou com os olhos queimando e lábios entreabertos a procura de ar, havia tanto desejo na sua expressão carregada que Jeongguk ofegou lutando contra a vontade de jogar tudo para o ar e se entregar. Taehyung o olhava de cima, e mesmo que não o beijasse, ele umedecia os lábios sedento por mais.
— E-eu acho m-melhor... — Jeongguk quis se bater por ter gaguejado, mas o nervosismo lhe fazia se sentir inquieto e fora do controle de si mesmo. Ele precisou respirar fundo para se recompor. — É melhor a gente parar por aqui.
A expressão desolada e um pouco decepcionada de Taehyung era digna de pena, mas ainda assim ele olhou para baixo onde os corpos se encaixavam com perfeição, então para o rosto corado e um pouco aflito de Jeongguk, parecendo finalmente ter se dado conta do que estava acontecendo e o que estaria prestes a acontecer. Como se recebesse uma descarga elétrica, Taehyung pulou para longe rindo nervosamente, coçando a nuca preocupado de ter deixado Jeongguk desconfortável.
— Droga, eu ultrapassei um limite, desculpa.
Ele se levantou apenas para tomar a maior distância possível, Jeongguk demorou um pouco para se tocar que o rapaz não estava mais em cima dele, pigarreou então se ajeitou no sofá.
— Desculpa, Jeongguk. — murmurou sincero, Jeongguk engoliu em seco sentindo a tensão e a sensação quente no corpo se dissipando aos poucos agora que Taehyung não estava mais tão perto.
— Por me beijar? — indagou em um sussurro, Taehyung lhe olhou como se tivesse dito o maior absurdo de sua vida.
— Eu não sinto nada por te beijar, mas sinto por fazer isso tão de repente e sem seu consentimento, então desculpa.
Jeongguk encarou Taehyung surpreso, mas com uma sensação incomum no peito, quente e reconfortante ao saber que Taehyung se importava, umedeceu os lábios pensativo, então respirou fundo ao decidir o que dizer.
— Mas eu consenti, caso contrário não teria correspondido ao beijo.
Taehyung quase se engasgou com a própria saliva, não esperava aquela resposta e Jeongguk lutou conta a vontade de desviar de desviar o olhar nervoso, ele queria passar confiança no que estava dizendo. Ele queria deixar claro que Taehyung não tinha feito nada de errado, que ele estava bem com o que tinha acontecido e o que poderia acontecer, mas não hoje, cedo demais.
Já chegaram naquele ponto, seria imaturidade negar o obvio, doía admitir, mas Taehyung o atraia e com certeza havia algo entre eles, algo físico que poderia queimar caso fosse alimentado.
Os minutos que se estenderam foram regados por silêncio absoluto, Taehyung pela primeira vez não possuía uma resposta na ponta da língua porque ele esperava tudo, menos que Jeongguk ficaria bem com aquilo, ele apenas encarava o outro com a boca aberta, enquanto Jeongguk se remexia inquieto no sofá, até o momento que ele não aguentou mais e deu um risinho longe de ser tranquilo.
— Eu- eu estou com sono... — murmurou querendo fugir daquela situação constrangedora.
— Ah claro! Claro! Eu vou- eu vou te deixar dormir. — afoito, Taehyung pulou para fora do sofá e já estava saindo as pressas da sala, quando voltou e encarou um Jeongguk tímido todo encolhido no sofá, sem saber como reagir. — Eu quero continuar essa conversa, amanhã.
Jeongguk acenou hesitante.
— Tudo bem.
Sorrindo satisfeito, Taehyung foi para o quarto, mas mesmo depois de arrumar a cama e se deitar, ele sentia que o sono estaria longe de pega-lo. Era um pouco difícil relaxar quando o cara que ele desejou por meses estava deitado no seu sofá, apenas há alguns metros de distância e o gosto dos seus lábio ainda estava na ponta de sua língua. Taehyung grunhiu com o descontrole que tinha da sua mente, mesmo que fechasse os olhos e revirasse a cama tentando dormir, ele ainda não tinha superado o fato de Jeongguk estar na sua casa, tão perto, mas não ter a oportunidade de toca-lo como desejava.
Vinte minutos depois ele desistiu e se levantou, decidiu tomar um copo de água para acalmar os nervos, ao passar pela sala presenciou Jeongguk a dormindo, com um braço atrás da cabeça e a outra apoiada no abdômen, a respiração era leve e sua expressão serena, Taehyung ficou parado no meio da sala perdendo mais tempo que deveria observando a cena e com um sorriso que se Namjoon visse estaria tirando uma com a sua cara porque contradizia tudo que afirmou na última conversa que tiveram.
Ele ficou tentado a se aproximar para observar melhor, mas felizmente um toque na porta o fez interromper esse pensamento estranho, quando Jeongguk se remexeu ele despertou e correr para atender antes que acordasse o vizinho. O rosto amistoso de Myoung surgiu, ele se curvou em um comprimento.
— Desculpe incomodar, Sr. Kim. Eu não encontrei o Sr. Jeon em lugar algum e não vi ele saindo então imaginei que estivesse aqui.
Taehyung olhou para o sofá, onde apenas era possível ver os cabelos pretos no travesseiro, sorrindo amarelo voltou-se para o homem.
— Sim, ele está. Hum... encontrou a chave reserva? — tentou não transparecer demais a pequena chama de decepção ao imaginar que Jeongguk voltaria para o seu lar. Myoung acenou com felicidade, felicidade que Taehyung não compartilhava e sua cara mostrava isso.
— Estava no quarto de descanso. Sr. Jeon ficará aliviado em saber, pode chama-lo pra mim, por favor?
Mordiscando o lábio inferior ele olhava para Jeongguk adormecido e sem hesitar sorriu ladino, com uma única coisa em mente, não sentia remorso, não sentia que estava sendo egoísta, ele acreditava que estava sendo inteligente ao criar oportunidades, apenas isso, completamente inofensivo.
— Não acho que será necessário, Myoung-ssi, ele vai ficar aqui até amanhã, mas eu aviso que você encontrou. — um sorriso gentil inocente pintava seu rosto de maneira desvergonhada, Myoung pensou por um momento.
— Tem certeza?
— Absoluta, pode confiar.
Myoung assentiu lentamente ainda pensando se seria uma boa ideia deixar para lá. Jeongguk não parecia do tipo que passa a noite na casa dos outros, sua personalidade complicada o fazia desacreditar um pouco daquela situação incomum. Mas ele conhecia Taehyung e sua índole, então decidiu confiar, reverenciou mais uma vez e foi embora desejando uma boa noite. Taehyung só pôde respirar normalmente quando fechou a porta.
Ele sorria satisfeito pelo seu feito e estava prestes a voltar para o quarto quando a voz de Jeongguk o travou.
— Achei ter ouvido a voz do Myoung-ssi. — Taehyung o olhou e sorriu discretamente, sua voz era sonolenta e seus olhos mal se abriam, ele parecia exausto, seja lá o que aconteceu no seu encontro esgotou suas energia. — Ele encontrou as chaves?
Taehyung cerrou os olhos e mesmo que Jeongguk não tivesse forças para detectar mentiras, ele sorria o mais convincente possível.
— ... Não, só queria saber se você tinha lugar pra ficar essa noite.
— Ah, tudo bem... — então voltou a dormir como se nada tivesse acontecido, fazendo Taehyung dar risada.
Balançando a cabeça em negação ele ousou se aproximar, seu corpo agia no automático quando cautelosamente, se sentou na beirada da mesinha de centro e se pegou observando todos os detalhes em Jeongguk que passava despercebido ou era impossível de notar com as expressões carregadas de tensão que o vizinho sempre tinha. Sem que notasse havia um sorriso quase deslumbrado e uma vontade insana de toca-lo mesmo que fosse apenas para tirar o cabelo dos olhos.
Quando Jeongguk não parecia um coelhinho assustado e arisco, ele ficava tão bonito, o vinco entre suas sobrancelhas sumiam, parecia não ter preocupação alguma, completamente tranquilo e inocente. Parecia dez vez mais jovem sem toda aquela carranca marrenta, Taehyung estava fascinado, até apoiou o queixo nas mãos enquanto capturava cada vez que olhava um detalhe diferente, admirou como os cílios caiam perfeitamente na bochecha, como os lábios ficavam um pouco entreabertos e era possível ver os dentes da frente, como as bochechas eram naturalmente coradas, como ele mal se remexia durante o sono, ele era calmo e sistemático até mesmo nesses momentos, o pensamento fez Taehyung sorrir.
Quando ele percebeu o que estava acontecendo já era tarde demais, ele já estava com uma expressão preocupante de adoração no rosto, mas ele não se assustou ao constatar isso, nem mesmo renegou aquele súbito sentimento, ele apenas riu de si mesmo e decidiu voltar para a cama antes que fosse confundido com um stalker maluco.
Ele se levantou, pegou a coberta que havia deixado no outro sofá e Jeongguk não pegara e jogou sobre o rapaz adormecido, só então sentiu que poderia sair dali sem preocupações.
Taehyung odiava complicações, seus pais eram complicados e hoje nem se falam, cresceu em um ambiente complicado e decidiu que não viveria sua vida assim também, então quando ele sentia algo que com certeza assustaria outra pessoa, ele fazia pouco caso sobre isso, aceitava de bom grado e buscava viver a nova experiência, sem dramas, sem desespero desnecessários.
Se apaixonar não era assustador para ele, assustador era de um dia parar de sentir, e mesmo que essa paixão fosse para a pessoa errada, ele ainda assim nunca se arrependia de ter sentido. Tudo fazia parte da experiência e estava tudo bem.
Então quando sentiu o coração esquentar ligeiramente ao observar Jeongguk, ele imaginou que seja lá qual fosse o sentimento que fosse florescer dali, ele não renegaria, nem reprimiria mesmo que as chances de não ser correspondido fosse altíssima.
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Visto que estamos na era da censura nesse site, como todos ja devem estar cientes, eu vou manerar um pouco em cenas explicitas por enquanto, não serão completamente excluidas nem vou usar o famoso "e se amaram a noite inteira..." mas espero que entendam que os detalhes vão ser menores, vou me habituar para que eu nao precise mudar tudo e nem que vcs fiquem sem a historia. É um pouco frustrante, mas a sutileza tambem pode ser interessante, apenas confiem em mim.
O enredo que construi pra essa historia possui em média 30 cap, então temos muito tempo pra construir o relacionamento dos queridos, talvez seja um mini slow burn, por isso talvez alguem pense que eles estão tão devagar, como eu disse anteriormente, confiem em mim que ta tudo sob controle.
Espero muito que estejam gostando, deixe sua opinião, ela é muito importante. E até a próxima!
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