Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

CAPÍTULO 1

Assim como todas as manhãs desde que vim morar em Londres, acordo às cinco e meia da manhã e coloco meu café expresso na cafeteria para fazer. Tomo a bebida fumegante na xícara média comendo um pão francês com ovo mexido e manteiga. Logo em seguida, vou acordar as duas pessoinhas que eu mais amo no mundo. Antonella e Timothy foram o melhor presente que Nicolau me deu em vida. Às vezes me pego pensando se era esse o propósito da vida dele. Me fazer acreditar novamente no amor e ir embora assim sem que eu pudesse fazer nada para mudar o nosso destino…

Talvez o meu “final feliz” não seja com um homem, com um marido. Talvez ele seja só eu, Nella e Timmy. E, de verdade, não vejo mal nenhum nisso. A nossa vida a três é muito boa.

— Amores da minha vida, hora de acordar — Digo suavemente, mas em um tom audível a eles, e vou abrindo as cortinas do quarto, deixando pequenos raios de sol entrar no cômodo.

Já estávamos no meio de junho e os pequenos sinais do verão já estavam presentes na cidade, mas ainda fazia frio e ventava um pouco forte nesse último dia de primavera londrina.

— HOJE É O ÚLTIMO DIA DE AULA! — Timmy grita e pula da sua calma para a da irmã, a abraçando.

Mesmo o nosso apartamento tendo três quartos, eles quiseram dividir o quarto quando nos mudamos para cá. Eu e o Nico nunca vimos mal algum nisso, pelo contrário. Amamos que eles sejam unidos e tão apegados um ao outro, que não gostam nem da ideia de terem quartos separados. Porque eu e Tyler, meu irmão mais velho, nos amamos sim, mas nossa convivência seria horrível se tivéssemos dividindo o quarto, mesmo sendo apenas crianças.

— Já é amanhã? — Nella, que ainda estava acordando, me olha coçando seus olhos castanhos bem claros e eu confirmo. — Isso quer dizer uma apenas uma coisa… — Ela sorri, ficando de pé na cama e encarando o irmão.

— PISCINA DO CONDOMÍNIOOOOOOOOOOO!!!!! — Os dois falam em uníssono e pulam na cama abraçados.

Sorrio com a cena e rapidamente pego meu celular para tirar uma foto deles. Essa com certeza iria ser revelada para o álbum deles das férias de verão.

Nessa época do ano, os pais que moram aqui têm o costume de deixar os filhos na piscina do condomínio com a turma jovem de salva-vidas, que costumam ser contratados apenas pelos três próximos meses para entreter e olhar as crianças. Elas sempre se divertem com a programação que inova a cada ano, tirando a festa no último dia de verão, que sempre acontece e todos os moradores são convidados a se juntarem a eles.

Definitivamente, não existiria um lugar melhor para eu e Nico escolhermos para morar com nossos filhos.

Mas confesso que no começo eu ainda ficava receosa e preocupada, já que Nella e Timmy sempre foram crianças enérgicas e amavam conhecer pessoas novas. Tanto que na escola, eles parecem ser gêmeos populares.

Eu também era considerada popular no colégio por inúmeras razões, mas a extroversão eles pegaram muito mais do pai…

Quando eles aprenderam a nadar e via que eles não tiravam a boia na parte funda da piscina, deixei eles apenas pelos olhares dos salva-vidas. Agora eu só ia lá na hora do almoço e para encerrar o dia. Às vezes, eu também pegava um sol e dava um mergulho, quando não havia reuniões com clientes, desenhos para entregar ou contratos para assinar.

— Não vai ter piscina nenhuma se os dois não pararem de pular e irem tomar banho! — Mando apontando para a porta, enquanto comprimo meus lábios para não rir da empolgação deles.

— É a minha vez de tomar banho primeiro! — Nella afirma.

— Não se eu chegar primeiro! — Os dois se olham em desafio e saem correndo para o banheiro.

— Se um de vocês caírem, eu não vou levar no médico — Falo em um tom sério, mas sorrindo ao ver que Nella havia ganhado a corrida.

Nella dá língua para Timmy e ele cruza os braços, enquanto ela fecha a porta.

— Eu a deixei ganhar, mamãe — Timmy muda a postura assim que vira e me vê olhando. — Sou um cavalheiro, como você e o papai me ensinaram — Ele me encara com os olhinhos mais verdes que eu já vi.

— Nosso cavalheiro — Pego ele no colo e o encho de beijinhos na bochecha, enquanto ele ri. — Mas você pode tomar banho no banheiro da mamãe.

— Obaaaaaaaaaaa, eu te amo, sabia? — Ele me abraça.

— Eu também te amo, filho — Aperto ele de volta. — Com todo amor do mundo.

Como pode um ser humano desse tamanho ter o poder de me desestabilizar completamente com apenas três palavras?

Depois deles terem tomado banho e vestido os uniformes sozinhos, como já fazem desde os seis anos, preparei o café da manhã dos dois com um copo pequeno de iogurte e três bisnaguinhas com queijo branco e manteiga para cada um. Enquanto comiam, viam os adolepeixes (um dos desenhos favoritos deles) sentados no sofá da sala.

Aproveitei que eles estavam entretidos com a TV para dar uma geral na cozinha, arrumar minha bolsa de trabalho e passar um pouco a blusa que eu usaria para trabalhar hoje na empresa. Foi o tempo suficiente para os dois lavarem a louça que usaram, escovarem os dentes e irem pegar suas mochilas no quarto.

Nico e eu sempre ensinamos nossos filhos a serem independentes desde que eles tinham quatro anos, com coisinhas bobas até atividades mais difíceis para crianças de sete anos como lavar a louça. Lembro da primeira vez que tentamos deixar os dois lavarem, foi espuma e água por toda a cozinha. Sorte que o piso é antiderrapante, então ninguém nem passou perto de escorregar.

Sorte não né, inteligência e precaução, já que foi a minha empresa que arquitetou e decorou todos os apartamentos e prédios desse condomínio.

Quando eu vi aquela cena, quis gritar e brigar com eles, mas foi só o homem que mais amei na vida tacar água em mim, que começamos uma pequena guerra d’água.

— Que falta você faz, meu amor… — Penso em voz alta, enquanto brinco com os dois anéis de ouro em meu dedo.

Eu ainda usava a aliança de casamento e o anel de noivado que Nico me deu. Mesmo depois de quase quatro anos, nunca tirei nenhum deles se não fosse dormir. Não consigo. É como se eu tivesse deixado algo para trás que eu não quero. Como se os tirasse, eu não fosse mais uma esposa. Eu não estou pronta para isso. E talvez nunca esteja…

— Mamãe? — Timmy estala os dedos na minha frente. — Está tudo bem? Você parecia estar chorando… — Só percebi minhas lágrimas e que eu estava sentada no sofá na hora que ele disse.

— Está tudo bem sim, filho — Limpo meus olhos com a ponta dos dedos e sorrio.

— Lembrou do papai, não foi? — Nella pergunta e os dois veem me abraçar. — Também sentimos falta dele… — Ela encosta a cabeça no meu ombro direito.

— Mas sabemos que ele está se divertindo lá no céu, né? — Timmy indaga sentado na minha perna esquerda.

— Acho que ele está se divertindo mais que vocês! — Digo, tentando mudar o clima melancólico, e eles me encaram incrédulos.

— Impossível! — Nella se levanta e coloca as mãos na cintura. — Somos a rainha e o rei da diversão! — Esse é o apelido que Nico deu á eles e que os coleguinhas de turma também os chamam às vezes.

— Ninguém se diverte mais que nós! — Timmy completa ao lado da irmã com ao braços cruzados.

— Vamos vê se são mesmo… — Levanto e os encaro com os olhos semicerrados. — Não há espaço para tristeza nessa casa! — Logo os dois começam a rodar, dançado para espantar a tristeza, e me junto a eles em seguida.

Desde que descobrimos o diagnóstico de Nico, quando os dois ainda iam completar quatro anos de idade, ele inventou essa dança com rodopios, mexidinhas de ombros, reboladinhas e passos de discoteca, para nos animar a fazer esquecer por alguns minutos que ele estava doente e ia nos deixar. Duvidei no início, mas isso funcionava sempre com as crianças, que eu acabei levando a dança adiante mesmo depois da morte do pai deles.

Meia hora depois, estaciono em frente ao colégio deles e os levo até o portão. Os dois me beijam em cada lado do meu rosto e encosto no carro, vendo eles subirem os degraus e entrarem no corredor principal do local, sumindo da minha vista. Suspiro e seguro a medalhinha de ouro que tenho no pescoço com a nossa foto dentro.

Tento não deixar isso transparecer, mas depois que Nico morreu, os deixar longe da minha visão é como se tivessem tirando meu coração. Perder o pai deles foi muito difícil, mas por causa dos meus filhos, eu estou conseguindo sobreviver.

Eles são o meu porto seguro, meu ponto de paz. Não posso e nem penso em viver sem eles na minha vida!

Às sete horas eu entro em casa e sou recebida pela minha gatinha Chiara Marie. Adotei ela na primeira semana na cidade e dei um nome italiano, em homenagem a minha família, e o segundo por causa de Aristogatas (um dos meus filmes favoritos da infância). Ela é bem branquinha e muito apegada apenas a nós quatro. Também sentiu muito a morte de Nico e ficou mais carinhosa e manhosa, mas com estranhos ela é bem arisca e raivosa.

Miau, Miau…

— Já entendi, comida — Pego a gata no colo e faço cafuné na sua cabeça, enquanto vou até a cozinha encher os potinhos rosa de razão e água. — Prontinho, meu amor — A deixo no chão e ela rapidamente vai até eles.

Sorrio vendo a gatinha colocar a língua para fora para beber água e checo a hora no meu relógio de pulso. Sete e meia. Checo minha agenda pelo celular e só teria reuniões sobre contratos e possíveis clientes apenas à tarde, mas já queria adiantar alguns desenhos de plantas, então resolvo já me arrumar. Tomo um banho refrescante, me arrumo e faço uma maquiagem simples. Coloco brincos de argola pequenas e grossas douradas, o relógio que estava anteriormente e penduro óculos escuros na minha cabeça. Pego minha bolsa preta, meu celular e as chaves. Faço um último carinho na gata e verifico se está tudo desligado no apartamento, antes de trancar a porta.

— Bom dia senhora, Bella — O porteiro me cumprimenta com um sorriso, logo após me ver sair do elevador.

— Bom dia senhor, Martin — Respondo e abro a minha caixa de correio, colocando todas as cartas direto na bolsa. — Tenha um bom dia — Sorrio e aceno.

— A senhora também — Escuto quando abro a porta para fora da portaria e os raios de sol já incomodam imediatamente meus olhos.

Hoje vai ser um dia quente…

Assim que entro no carro e giro a chave, ligo o ar-condicionado e espero uns minutos para ele ir gelando. Aproveito para dobrar as mangas da minha blusa branca de cetim até acima do cotovelo e abrir dois botões. Após sentir o frescor dentro do veículo, desço meus óculos escuros e passo a primeira marcha, saindo do estacionamento do condomínio e indo até o centro de Londres. Durante o caminho, assisto a série White Collar pelo meu Ipad instalado no lugar do rádio. As nove em ponto, vejo o letreiro violeta de “Bella’s Designer” e estaciono na vaga reserva para mim. Enquanto passo pelos corredores, todos me cumprimentam e eu retribuo o gesto sempre.

Chego a minha sala, guardo meus óculos escuros na bolsa e a penduro minha atrás da porta, a encostando logo em seguida. Sento na minha cadeira e ligo meu computador. Envio alguns e-mails em respostas e mando algumas mensagens pelo meu número corporativo. Depois disso, abro o texto que o cliente havia dado de como ele imagina seu mais novo clube na zona oeste no computador. E ligo minha mesa digitalizadora, indo até o arquivo do projeto. O desenho estava no começo e eu só teria que entregar o primeiro esboço daqui há um mês, mas eu não gostava de deixar nada para em cima da hora. As divisórias dos lugares já estavam feitas, então resolvi começar pela área das piscinas. Conecto meus fones de ouvido e deixo a música em meus ouvidos me inspirarem para transformar as palavras em um desenho. O local teria três piscinas: uma para os adultos, outra para as crianças e uma pré-aquecida em um local fechado para não correr o risco de um choque térmico nos dias frios.

Após o almoço, lembro que hoje é dia de pagar as contas da casa e vou até minha bolsa pegar as cartas. Enquanto ando até minha mesa novamente, vou passando os envelopes e vejo um maior e em um tom dourado com o sobrenome da minha família e fico paralisada por alguns segundos em minha cadeira.

Isso não pode ser o que eu estou pensando, né?

Deixo as outras cartas de lado e rasgo o envelope, tirando de dentro um convite branco e dourado. Puxo o laço que enrolava o papel e uma melodia suave começa a tocar. A melodia que só escutamos em uma comemoração específica. Um casamento. Meus olhos vão lendo mais rápido do que eu possa controlar e quando chego no final, tenho que ler novamente para saber se era realmente verdade o que eu tinha entendido. E, infelizmente, era…

Não acredito que depois desses anos todos eles dois ainda estão juntos e vão se casar. Meu ex-namorado e a minha irmã mais nova. O cara que eu amei por três anos e que me traiu com a garota que eu mais amava e confiava na vida. E o pior: meu irmão concordou em se casar junto com eles. E meus pais ainda me perguntam porque eu nunca mais voltei a Veneza desde que me mudei para Londres. Para ficar longe de toda essa história.

Mas parece que o passado voltou para me assombrar…

Bufo e jogo o convite longe, mas ele bate no meu copo de refrigerante e quase que o líquido cai na minha mesa digitalizadora, se eu não tivesse um reflexo rápido. Ao invés disso, a bebida gelada se espalha por parte da minha mesa preta e cai um pouco em minha saia jeans preta.

— Merda! — Esbravejo e pego alguns guardanapos que vieram no lanche que eu havia pedido para limpar ao menos minha saia, já que tentar limpar a mesa seria uma ação em vão.

Batidas são soadas em minha porta e logo ela é aberta.

— Com licença, Bella o… — Minha secretária para de falar ao ver a minha situação. — Quer que eu chame o pessoal da limpeza?

— Por favor, fale que é urgente! — Peço e ela rapidamente vai até o telefone em sua mesa e toca o número três.

Dez minutos depois, minha mesa e o chão da sala estão devidamente limpos, como se nada tivesse molhado os dois. Agradeço ao funcionário e me sento na minha cadeira, com Estefânia entrando logo em seguida.


— Duas coisas: o cliente das duas horas pediu para adiantar a reunião para as três horas por causa de uma festa na escola dos filhos — Confirmo e ela digita no tablet, provavelmente mudando a planilha da minha agenda. — E o engenheiro do condomínio rejeitou mais uma vez seu desenho para os novos prédios.

— O quê? Pela TERCEIRA vez? — Altero meu tom de voz e levanto da cadeira, olhando para a janela.

Cruzo os braços e balanco a cabeça irritada, enquanto apoio as mãos no parapeito da janela.

— Ele disse que não tem como fazer do jeito que você desenhou sem que a estrutura seja danificada em alguns anos — Fani disse, lendo um papel. — E que o dono do terreno concorda plenamente com ele.

— Eu vou mostrar para ele onde ele vai enfiar essa danificação na estrutura! — Digo em um resmungo, mas tenho certeza que ela escuta pois solta uma risada pequena e baixa e volto a sentar em minha cadeira. — Ligue para ele e marque uma reunião o mais rápido possível. Quero ver se ele tem toda essa coragem de criticar meus desenhos e projetos na minha cara!

Fani meneia com a cabeça e ia saindo, mas voltou a ficar perto da minha mesa, como se tivesse se lembrado de algo.

— Antes disso, a senhora vai querer um café na reunião das cinco?

— Um café gelado com bastante chantilly e calda de chocolate — Respondo e ela assente, deixando a sala.

Preciso de algo doce para melhorar o meu dia depois dessas duas coisas amargas que acabei de saber...

Às oito horas da noite em ponto, destranquei a porta do apartamento e logo ouvi o barulho da TV e meus filhos dançando em frente a ela. Just Dance, o jogo favorito deles, enquanto Vanessa (a babá/nossa vizinha de dezessete anos) estava na poltrona inclinável.

— Boa noite, Nessa — Digo assim que coloco algumas bolsas de supermercado em cima do balcão da cozinha.

— Boa noite, Bella — Ela diz, inclinando a cabeça para trás. — Quer ajudar para arrumar as compras?

— Agradeceria, hoje o dia foi cheio — Ela levanta e começa a me ajudar a arrumar as comidas nos armários. — E como foi a tarde com eles? E a escola?

— Foi tranquilo — Nessa responde. — Eles almoçaram tudo, fomos um pouco no parquinho e umas quatro horas eles caírem no sono e só acordaram tem meia hora, mais ou menos. Sobre a escola, as notas estão boas e o envelope com as provas e trabalhos está na escrivaninha deles.

— Obrigada Nessa — Peço depois de terminarmos de arrumar tudo. — Já, já deposito seu dinheiro do mês, ok? — Ela assente. — A tia Nessa já vai embora crianças, cadê o beijo dela?

Rapidamente eles saem de frente da televisão e vão se despedir dela. Desde que Nico morreu, Nessa vem me ajudando muito com as crianças, já perdi a conta quantas vezes ela teve que ficar aqui quase de madrugada porque algo atrasou no trabalho e eu não conseguiria sair de lá antes de resolver tudo. Ela é um amor de pessoa e ama as crianças assim como eles a amam também.

— Você vai viajar nessas férias? — Pergunto enquanto a levo até a porta.

— Eu e o meu namorado iremos fazer um mochilão pela Europa — Nessa conta. — Queremos passar um tempo juntos antes do caos para entrar em uma faculdade começar.

— É, talvez eu também tenha que viajar com eles… de volta para Veneza.

— A cidade que você jurou não voltar mais por causa do drama do passado?

— É, parece que eu vou ter que enfrentar isso — Digo e suspiro. — Sei que meus pais sentem muito a falta dos netos.

— E eles também sentem dos avós — Nessa afirmou. — Esses dias mesmo eles fizeram um desenho da família, acho que acabei esquecendo de te mostrar, desculpas.

— Sem problemas, esses dias foram corridos mesmo — Sorrio para tranquilizá-la. — Mas não sei se quero ver todos eles nas circunstâncias que são…

— Agora eu fiquei curiosa — Nesse ri e eu vou até a minha bolsa, pegando o convite e mostrando a ela. — Puta que pariu! — Ela cobre a boca na hora, mas as crianças estavam entretidas na dança. — É sério isso mesmo? — Confirmo com a cabeça e ela me devolve o papel. — Eu acho que você deveria ir e mostrar o quão bem você está! O quão bem te fez o término com esse merda!

— Não me importo com o que ele pensa ou deixa de pensar sobre mim — Dou de ombros e coloco o convite na mesinha perto da porta. — Prefiro que ele nem pense.

— Por um lado você tem razão — Nessa balança a cabeça de um lado pro outro. — Mas pensa o quão bom para os seus filhos vai ser sair da rotina um pouco e ver o pessoal da sua família. Olha o desenho que eles fizeram, está em cima da escrivaninha também.

— Por que você tinha que ter planos com seu namorado? Se não fosse fazer o mochilão, com certeza iria conhecer Veneza comigo.

— Por que você não arranja um para ir com você? — Nessa arqueia uma sobrancelha e sorri de lado. — Ou melhor, arruma um lá! Não dizem ser uma cidade muito romântica?

— Amei dois homens em toda a minha vida e não estou com nenhum deles agora — Argumento. — Romance definitivamente não é para mim e eu nem penso mais sobre isso tem um bom tempo.

— E quem disse que a vida tem uma quantidade certa de pessoas para amarmos? — Ela me questiona. — Você não pode se fechar para o amor, só porque ele te machucou no passado.

— Quando não se tem nenhuma cicatriz por causa do amor é fácil falar — Me defendo. — Fora que eu vivo muito bem sozinha com meus filhos. Não preciso de um amor diferente do deles.

— É impossível fazer você mudar de ideia, né? — Nessa indaga e nos rimos. — Acho melhor eu ir para casa porque eu ainda tenho que jantar e acordar cedo amanhã. Boa noite!

— Boa noite, Nessa — Nos despedimos com beijos no rosto e eu fecho a porta, trancando logo em seguida.

— Mamãe, o que é isso? — Timmy pergunta apontando para o convite que estava na mão da irmã.

— Nossos titios vão casar? — Nella abre um sorriso de orelha a orelha.

— O que eu falei sobre mexer nas coisas dos adultos? — Estendo a mão e ela me devolve o convite.

— Nunca pegar ou olhar sem permissão — Eles repetem em conjunto.

— E?

— Desculpa mamãe — Eles pedem ao mesmo tempo.

— Agora desliguem o videogame que a mamãe precisa conversar com vocês — Em menos de um minuto cada um deles estavam sentados em uma perna minha. — Vocês sentem falta dos seus avós e tio? — Eles assentem rapidamente.

— Eles não visitam a gente desde o Natal — Nella comentou.

— Queria que nossos avós e titios morassem perto da gente… — Timmy afirma.

— Olha, eu não posso fazer com que eles morem aqui, mas que tal viajarmos para onde eles moram para uma festa? — Eles se entreolharam, sorriso e me abraçaram repetindo “sim”.

— Vai ser muito divertido! — Nella diz. — Vai ter muita comida, né?

— Com certeza! — Respondo rindo.

— E outras crianças e brinquedos para nos divertimos também? — Timmy pergunta.

— A última parte eu não sei, mas a primeira é bem provável que sim.

— Você não falou de quem é a festa, mamãe — Nella lembra e eu suspiro.

— É o casamento do tio TJ com a tia Elly — Eles sorriram. — E da tia Abby com o namorado dela — O sorriso deles logo se transformou em uma careta.

Eu tinha todo o direito de não querer a Abigail e o Alexander na minha casa e que eles não chegassem perto dos meus filhos, mas eu sei o quão importante é a convivência familiar nos primeiros anos de vida. Então, quando eles tinham quatro anos, eu e Nico fomos os anfitriões em um Natal na nossa casa de campo, ao oeste de Londres. Era a primeira vez que eles conheceriam os dois. Alec agiu como um ser humano normal (o que deveria ser difícil para ele) no começo (até se sentir a vontade demais e eu ter que fazer ele acordar e entender que não mandava em coisa NENHUMA naquela casa), mas Abby já chegou reclamando do frio, da demora da viagem, qualquer coisinha que não era como ela queria, ela surtava. Chegou ao ponto de ela sentir ciúmes de Nella e Timmy com Alec e Nico teve que elevar o tom com ela.

Sim, ela ficou com ciúmes dos meus filhos com o meu ex-namorado de quase sete anos atrás e ainda achou que eu estava amando isso…

Não estava gostando nenhum pouco de ouvir as reclamações, os gritos e surtos dela, mas confesso que estava amando o papel de doida e insegura que ela estava passando a todos presentes na casa. Lembro perfeitamente da mãe de Nico me perguntando como meus pais haviam criado dois filhos tão educados e uma totalmente fora da casinha (sim ela usou essa expressão em português, que ficou muito mais engraçada com o sotaque britânico dela).

Então, não. Nella e Timmy não gostam deles por tudo que fizeram comigo no passado (até porque eles não sabem). Não gostam dos dois por tudo que presenciaram naquele Natal, que foi a primeira e última vez que eles os viram até agora.

— Se vocês preferirem ficar aqui, eu não vou forçá-los a irem — Digo. — Podemos muito bem inventar uma desculpa e passarmos as férias de verão seguindo nossa tradição de sempre.

— Teremos alguns dias de piscina? — Timmy questiona.

— Duas semanas — Respondo e eles se entreolham, como se conversassem telepaticamente.

— Então nós vamos, sim, mamãe — Nella decide. — Pela vovó Penny, pelo vovô Rick…

— Pelo titio TJ e pela titia Elly — Timmy completa.

— Vou confirmar nossa presença — Afirmo. — Agora vocês preferem tomar banho antes ou depois do jantar?

— Antes — Eles respondem rapidamente.

Enquanto eles tomavam banho, eu pedia nosso jantar: hambúrgueres, uma porção grande de batata-frita, suco de frutas vermelhas para eles (eles não gostavam muito de refrigerante e eu não dou guaraná natural de noite aos meus filhos, pois quero que eles durmam e não fiquem energizados) e uma Pepsi para mim. Nas férias, temos o costume de comer besteiras no jantar de sexta-feira e sábado. Mas sempre tentamos variar para não ficar enjoativo e não é uma coisa “obrigatória”. Se Timmy e Nella não quiserem, eles comem outra coisa. A única coisa que eu peço para que isso não acabe, é que eles comam comidas saudáveis nos restos dias e eles aceitam sem pestanejar. Mesmo não gostando de uma verdura aqui, um legume ali, entendem que faz bem para a saúde deles e não arrumam problema com isso.

É nessas pequenas atitudes que eu vejo que eu estou criando-os da forma certa, pois meus pais me ensinam assim e eu consegui passar isso aos meus filhos.

É engraçado pensar que só entendemos mesmo o que e por que nossos pais falavam/faziam quando construímos nossa própria família. Para muitos, essa parte pode ser triste, mas para mim é apenas alegria.

Não reparei nisso, mas sinto muita falta dos meus pais perto de mim. Talvez essa viagem faça bem também…

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro