Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

01. O ROUBO JÁ COMPENSOU ANTES


────── 01. O ROUBO JÁ
COMPENSOU ANTES...
───

۞

  

SARAH DETESTAVA SUJEIRA. Não essa sujeira visível ao olho nu com tamanha facilidade, o acúmulo de pó de semanas enfeitando os móveis de tons amadeirados. Tão menos o tipo de sujeira viscoso e de origem duvidosa, apesar de ninguém ter a mínima curiosidade em descobrir, como um banheiro que passou bons dias sem ser limpo. É claro que Sarah também repudiava esses aspectos, mas o tipo de sujeira que a incomodava mais era a de um trabalho mal executado. Ela morreria sem assumir em voz alta, mas era exatamente sobre o que aquela situação se tratava.

─ Senhorita Keeper! ─ Uma voz feminina, dócil e assustada, surgiu na suíte da mulher. ─ O que são todas essas caixas?

─ Uma bagunça, senhora Louise. Uma enorme, desastrosa e caríssima bagunça.

Ela virou a silhueta magra para a sua governanta, que vestia um suéter roxo e quente. Era uma transição entre o inverno e a primavera, mas as ruas teimavam em ventar desde antes de o Sol nascer até a lua surgir, por volta do que pareciam ser seis e dezessete. A senhora, com os cabelos grisalhos como papel e os olhos claros e amorosos, afastou o pé de uma pequena caixa próxima de si, e se agachou para pegar a embalagem fechada.

─ Não quer a minha ajuda? ─ Ela estende a mão para a Keeper, que pegou o objeto de papelão sem muito interesse. Jogou do outro lado da sala, mas a idosa não reagiu de forma surpresa, revelando que o comportamento da loira já era rotineiro.

─ Você já cumpriu com o seu expediente, Louise.

─ Eu não tinha expediente quando a senhorita tinha oito anos.

Sarah sorriu, focando sua atenção na mulher.

─ Estou começando a achar que só está interessada em saber o que há nas caixas.

─ Resultado de seu indevido passatempo, eu suponho.

─ Sua reprovação me chateia, Louise. Você não imagina o quanto. ─ A mais nova diz com desânimo e vira a cara, novamente focando nas caixas. ─ Imagino que não vai aceitar o colar que trouxe para a senhora.

─ O senhor Hellson é responsável pelo o meu pagamento há mais de vinte anos, senhorita Keeper. E prefiro ouro asgardiano à jóias roubadas.

─ Não poderia me interpretar como um Robin Hood contemporâneo ou coisa do tipo?

─ Considerando que todo o dinheiro tem ficado com você... ─ A velha aponta, em uma postura encantadora e a voz contraditória.

─ Bom ─ Sarah bate palmas, como se estivesse arranjando motivação para trabalhar. ─ Eu definitivamente vou penhorar essas coisas. Exceto as barras de ouro. Não vai demorar até que aqueles mimadinhos do banco do Queens levem o furto às telas dos telejornais. E eu nem peguei muito, dessa vez!

─ Boa noite, senhorita Keeper. ─ Louise se despede, deixando a mulher sozinha em seu grandioso quarto de tons bege.

Ela, no entanto, só percebe a ausência da senhora segundos depois.

─ Ela é realmente silenciosa. ─ Comentou, encarando a porta aberta por alguns segundos antes de soltar um curto suspiro.

Sarah levanta as mãos, um gesto delicado e específico enquanto fecha os olhos por um momento, concentrando-se nas palavras. Apesar de ser uma prática de anos, ela vez ou outra tendia a demorar para lembrar de seus próprios encantamentos.

Es-mezinagro! ─ Diz, quase num sussurro de entusiasmo, e observa enquanto as caixas e barras de ouro levantam um vôo discreto, passando de um lado para o outro no cômodo, sem derrubar qualquer pertence da Keeper no trajeto.

Ela andou pelo chão de madeira clara enquanto isso, vez ou outra desviando de alguma caixa mal avisada enquanto se aproximava do enorme parapeito que recheava seu dormitório.

A vista lá fora era calma, não a calmaria de uma cidade pequena do interior, mas aquela com a qual os nova iorquinos estavam acostumados. Não que ela fosse uma novaiorquina, mas ainda sim, gostava de atribuir a si mesma tal título. Quer dizer, geograficamente falando, o Brooklyn fazia parte de Nova York, então ela não estava cometendo qualquer delito cultural ao apenas abreviar parte de sua história de uma forma mais simplista.

Uma ventania ruidosa estapeou o seu rosto, mas ela mal perceberia se seus medianos fios loiros não lhe cobrissem a face lisa e maquiada. Ela arrastou algumas mechas volumosas para trás das orelhas, sem tirar os olhos azulados dos prédios irregulares e imensos.

Nova York, a cidade que nunca dormia, com ruas cheias de histórias e calçadas cheirando a cachorro-quente e sonhos. A agitação habitual era uma de suas coisas favoritas na cidade, apesar de sentir que mal a conhecia. A Keeper não tinha o costume de frequentar todas as áreas, a não ser que envolvesse cafeterias minimalistas ou algumas Gucci 's que a receberiam com os braços abertos.

Sentiu um silêncio abrupto atrás de si, e virou o corpo calmamente para o universo em sua casa, vendo as caixas e objetos amontoados em cantos específicos, estes longe da vista exterior de sua janela e organizados por tamanho e peso, acreditava ela. Sorriu satisfeita, como se tivesse acabado de finalizar um desgastante trabalho braçal, e puxou as cortinas claras e leves de sua janela, até que escondesse seu quarto do mundo lá fora.

Amajip. ─ Fechou os olhos então, como se procurasse sentir a magia materializando suas roupas de dormir em seu corpo, a seda macia e azul alcançando a pele hidratada, e o vestido preto e apertado desaparecendo tão rapidamente quanto havia sido colocado naquela manhã.

Ela tinha ciência do quão dependente era de sua própria magia, aprisionada pela necessidade de aplicar em seu dia a dia os anos e décadas de aprendizado prático e teórico. Às vezes desejava estapear Magnus por ter se dedicado tanto ao seu ensino, mas mesmo assim, reconhecia o quão formidável era ter controle total de suas habilidades ─ mesmo que, em certos momentos, se sentisse refém dela.

Indo para a cama, pôde ver o celular vibrando em sua cabeceira, a tela acendendo por dois segundos antes de se apagar, voltando ao aspecto original. Ela pegou o objeto nas mãos.

"O banco aqui perto de casa foi roubado. Você não tem nada a ver com isso dessa vez, não é?" ─ Zaia.

A loira sorriu, digitando em seguida.

"Primeiro: é furto. Segundo: eu estava tão atarefada hoje, posso ter dado uma passadinha por lá. Achei muito indelicada a sua sugestão, Zizi. Essa doeu." ─ Sarah.

Ela desligou a tela do celular, voltando a sua atenção para a cama king size e repleta de edredons volumosos que impediam metade da visualização de seu quarto. Ela se acomodou, puxando os tecidos macios até o topo de sua cabeça, com um escuro familiar e confortável a induzindo ao sono...

O celular vibra mais uma vez.

Provavelmente outra mensagem de Zaia, algo como um 'boa noite', ela pensou, fechando os olhos novamente.

Mas o aparelho vibra mais uma vez, e de novo, e de novo, até que a tela acenda e passe a emitir um som padrão no aparelho, indicando que ela recebia uma ligação.

Sarah empurrou os cobertores com certa raiva para longe de si, e não se preocupou com a rajada de ar fria que recebeu em alguns contáveis segundos, corando a face nua diante da mudança de temperatura.

Ela pegou o celular, bufando enquanto atendia a ligação de vídeo-chamada. Era Zaia.

A jovem negra estava com os cabelos presos no mais apertado e desengonçado rabo de cavalo, e usava os malditos óculos de leitura que Sarah tentou, exatas 19 vezes, jogar fora. Mas sempre voltava. Estava prestes a xingar a Julliard em todos os idiomas possíveis quando percebeu que a mais nova também vestia roupas de dormir ─ um pijama de girafas, para ser preciso ─, e as lentes de seu óculos refletiam uma tela brilhante à sua frente, o que ela pressupôs ser a televisão da garota.

Não sabia o porquê, mas algo remexeu em sua barriga, como um sopro forte e maldoso que prometia revirar seu estômago vazio.

─ Liga a tv. ─ Zaia falou, olhando a loira com as sobrancelhas minimamente franzidas e mordendo a bochecha. Sarah a conhecia tempo o suficiente para saber que aquilo não era bom.

A Keeper obedeceu, correndo de sua cama até a pequena cômoda onde o controle remoto estava. Sua mente a orientou, em fração de segundos, a selecionar o principal telejornal daquele horário, o qual metade da população de Nova York tinha o constante hábito de assistir, independente de onde estivesse.

─ Canal sete. ─ A Julliard indicou, mesmo que Sarah já tivesse feito isso.

Quando o som de ambas as televisões, separadas por uma tela, sincronizam seus respectivos sons, as duas amigas ficaram quietas, uma sentindo a presença da outra, mas muito mais distraídas com o conteúdo da notícia.

No centro da tela, os âncoras informam sobre o furto de mais cedo, em um dos cinco bancos mais seguros e frequentados da região. Eles não pareciam desanimados dessa vez, como se apenas estivessem garantindo seu salário, mas pareciam entusiasmados com o tipo de atividade que a tela agora reproduzia. Em um dos menores, mas não menos importantes, bancos do bairro, uma única figura se encontrava. Ela tinha médios cabelos loiros e exatamente 1.68 metros de altura. Vestia roupas sutilmente largas que se assemelhavam com as de um carteiro, esbanjando os tons de azul e branco enquanto observava o interior do local. Não era possível ser o seu rosto, já que um boné horroroso lhe cobria a face.

Sarah deu um suspiro, olhando para o Zaia.

─ Mais um furto em Nova York, nada de novo.

As câmeras indicam que a mulher, ou ser, que estava roubando o banco central de Nova York usufruiu do uso de magia. As unidades policiais não conseguiram inicialmente captar resquícios da identidade do indivíduo, ─ Sarah revirou os olhos.

─ Foi um furto!

─ Cala a boca! ─ Zaia interveio, olhando a sua televisão com atenção.

... mas foi emitida uma forte onda de iluminância no local.

─ O que? ─ Sarah se aproximou da tela, estendendo os olhos pelas imagens da câmera de segurança.

Primeiro, o indivíduo disfarçado aparentou sentir uma dor horrível nos ouvidos, antes de pronunciar algo. Apesar de os vídeos não terem som, Sarah sabia que se tratava do momento em que os alarmes foram disparados. Maldito colar de rubi, ela praguejou.

Ela sabia que naquele momento havia encarado uma das câmeras num momento de descuido, mas ainda sim, a imagem não fora identificada no programa.

Depois, um rosto foi exibido. Era o seu, mas com o nariz duas vezes maior que o original e os olhos castanhos.

─ Pode ser qualquer um ─ Ela balança os ombros, tentando se acalmar.

Nunca houve um momento da sua vida onde lhe faltasse a cautela. Ela já se acostumou com os furtos repentinos em sua maioridade, mas ainda sim era cuidadosa o suficiente para nunca conseguirem provas físicas contra ela. Ela havia se empolgado com aquele evento, em especial, mas tinha certeza, absoluta e total certeza, de que nunca, nunquinha, nunca mesmo, deixaria algum fator físico para trás.

Como todos os elementos do cofre foram roubados, os oficiais poderiam ter trabalho para encontrar um mínimo de pistas sobre a mulher, exceto se não fosse...

─ Aqueles são os meus sapatos? ─ Zaia exclama do outro lado da linha, a voz ficando aguda por um momento quando Sarah olhou para a televisão.

A pessoa que fez isso tomou o maior cuidado possível com o material roubado, mas não se atentou aos próprios pés. ─ Um policial foi mostrado na tela, com uma barba rala e olhos azuis e vazios. Ele pareceu feliz com a aparição na TV, por um momento, antes de se recompor.

─ Só houve uma pessoa que usou saltos de dez centímetros naquela tarde, naquele exato momento do roubo. ─ Walker, o novato na recepção, falou com convicção.

─ Ah não ─ Sarah sussurrou, as íris azuis entrando em pânico enquanto olhava para os próprios pés.

Ela estava descalça desde que chegou ao seu quarto.

─ Não, não, não ─ A Keeper se levantou, quase que num pulo, e deixou o celular caído na borda da cama, com Zaia olhando para ela.

Sarah Keeper, uma das mais recentes mulheres da alta sociedade, é a dona dos sapatos.

─ São meus! Ela pegou emprestado! ─ Zaia disse, do outro lado da linha.

Um equívoco. Um erro. Um erro fabuloso, caro e rosa.

Seria Sarah Keeper uma ladra? ─ Um dos âncoras sugeriu, com entusiasmo. ─ Isso explicaria sua misteriosa ascensão na alta classe de Nova York.

─ Merda! ─ Sarah exclamou, certa de que apenas ela e Zaia haviam escutado aquilo.

E de repente, quando olhou para a janela em seu quarto, era como se toda a cidade de Nova York estivesse encarando ela de volta.

O roubo até que compensou em algum momento, mas agora ela sabia que aquele banco seria o último que furtaria em sua vida.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro