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Porque você é o motivo

Cheryl Blossom – Point Of View

Me sentia renovada, uma ótima noite de sono junto da minha mulher era tudo que precisava para recuperar as energias que gastei no final de semana. Só de ver o rosto de Toni tão sereno ao meu lado logo ao acordar já me garantia uma manhã incrível. Ainda abraçadas, retirei uma mecha de seu cabelo que atrapalhava minha visão, percebia que a morena estava acordada.

— Bom dia, Tee. 

Desejei ao vê-la abrir os olhos aos poucos.

— Bom dia. 

Murmurou.

— Você me trouxe pra cama? 

— Trouxe, estava dormindo muito bem para ser acordada.

Sorri ao encarar os castanhos. 

— Obrigada. – coloquei meus lábios sobre os seus em um selinho. — Você é incrível.

— Me diga algo que não sei. 

Abriu um sorriso convencido, revirei os olhos com sua gabação.

— Preciso levantar, vou passar na escola antes de levar o Nathan para vermos um local.

— Esqueci que ele está aqui, vamos tomar café juntos. 

Toni pulou da cama, mal dando tempo de agarra-la para continuar abraçada junto a mim por mais alguns minutinhos. Suspirei ao observa-la correr para o banheiro, é uma disputa grande para saber quem está mais apegada ao garoto, posso apostar que se sugerisse a minha esposa para Nathan ficar com nós, não pensaria duas vezes em aceitar.

Sempre demoro um pouco para descer, fazer a higiene, vestir minhas roupas e passar maquiagem exigem mais tempo. Toni decidiu ir na frente, alegando que Debora poderia se assustar se Nathan fosse sozinho ao primeiro andar. Concordei, afinal não é difícil ter um pré-julgamento bem errado do adolescente. 

— Bom dia a todos. 

Falei assim que adentrei o cômodo onde Nathan, Toni e Debora estavam a mesa. Recebi sorrisos e cumprimentos deles de volta, sentando ao lado da lutadora para me alimentar.

— Conheceu nosso novo amigo, Debora? Ele não te importunou? 

Olhei para a mais velha, a mesma riu negando.

— De forma alguma, Cheryl. Nathan desceu junto com a Toni e foi incrivelmente gentil ao oferecer ajuda pra preparar o café.

— Quanta educação e generosidade. – encarei o garoto que tinha um sorriso convencido nos lábios. — Espero que use disso pra lavar meu carro. 

Firmei o tom ao falar servindo meu café. 

O sorriso de Nathan sumiu.

— Eu pago a lavagem do seu carro, Cheryl. – Toni se pronunciou. — Deixe o garoto, ele já trabalha o bastante na academia.

— Toni, não. – balancei a cabeça, parando os movimentos. — Nathan precisa aprender a consertar seus erros.

— Foi um erro inconsciente, Cherry. – a morena me encarou. — Da um desconto, vai? 

Pediu tocando em meu queixo e colocando os lábios sobre os meus de forma rápida, mas o suficiente para me convencer e a filha da puta sabe disso. 

— É, Cherry, perdoa essa. 

Nathan usou do apelido para debochar, rindo ao final.

— Viu? Ele não merece! 

— Porra, Nathan, você também não ajuda...

Toni até tentou ser repreensiva, mas estava rindo da fala do garoto. 

— Quer saber? Você quem vai levar pra lavar. – apontei para a morena ao meu lado. — Já que quer defende-lo, aproveite e se delicie com o aroma que está naquele veículo.

— Tudo bem, faço esse sacrifício.

Levantou as mãos em sinal de rendição. 

Ela realmente gosta desse garoto.

— Quando vocês forem mães... – Nathan começou a falar atraindo nosso olhar, estava concentrado em comer um pedaço de bolo. — Já sei quem vai ser a legal e quem vai ser a chata

— Eu sou chata, Price

Rosnei seu sobrenome.

— Não dei nomes, você que está dizendo...

Balançou os ombros demonstrando inocência. 

Revirei os olhos, decidindo ignorar as piadinhas do adolescente a minha frente que com certeza não pararam por ai.

Ainda bem que meu pensamento foi para longe, em um futuro distante ou talvez próximo onde sou mãe. Nunca fui a fundo nesse assunto, nem ao menos tive alguma conversa com Toni em relação, mas sei que é um desejo seu ter filhos, pelo menos é o que parece na minha visão. 

Acredito que possamos ser boas mães, por enquanto não temos experiência nenhuma com crianças, mas a gente pode aprender, não é? Espero que Gracie me ajude, a minha afilhada será um ótimo treinamento para ter certeza se levo jeito pra ser mãe ou não. 

×××


Perdi toda a manhã na escola, infelizmente havia trabalho pendente e estava acompanhada de Nathan, o mesmo permaneceu o tempo inteiro em minha sala jogando algo muito barulhento no celular. Dei graças a Deus quando fomos almoçar para enfim começar a busca do seu novo lar. 

Escolher um lugar para o Nathan ficar não é uma missão fácil, sinceramente não o queria muito longe do meu bairro para poder estar por perto caso aconteça algo. Os apartamentos que iríamos ver seriam pequenos, um quarto, um banheiro, com cozinha e sala compartilhada. O corretor que nos acompanhava se demonstrou simpático mesmo que de início tenha dado alguns olhares julgadores para o garoto.

— Esse local geralmente é ocupado por estudantes de faculdade... 

Andrew – o corretor, falou ao girar a chave na porta, não deixei de dar uma bela olhada no corredor do apartamento. Parecia impecável, até mesmo a pintura como se tivesse sido feita a apenas alguns dias.

— Parece bom...

Comentei, passando o olhar por cada parede e móvel do local, decidimos que era melhor o apartamento ser mobiliado para Nathan não ter que se preocupar... Talvez eu tenha decidido essa parte.

— Como é a segurança? 

Cruzei os braços. 

Senti um toque em minhas costelas, era o cotovelo de Nathan. 

— Ótima! Temos vigilância vinte e quatro horas. 

— É, parece realmente bom. 

— Eu não gostei. – o tom desagradável de Nathan me fez encara-lo. — Já até sei quem são as pessoas que moram aqui, são ricos e esnobes.

Franzi a testa. 

É claro que são! É um prédio bom, condomínio maravilhoso e em um bairro perto do meu. 

— Nathan...

— Não, Cheryl. – me interrompeu. — Quero um lugar que me sinta bem e possa pagar, é sério. 

Suspirei, negando.

— Posso conseguir algo mais simples.

Andrew sugeriu. 

— Queremos ver. – Nathan falou me encarando. — Não é, Cheryl?

— É. – me rendi. — Ele que manda. 

Deitei a cabeça em direção ao adolescente que deu um sorriso enorme.

Você não imagina o quão doloroso e difícil foi deixar essas palavras saírem por entre meus lábios. Não ter controle da situação ou poder decidir é torturante. 

Os próximos minutos me mantive completamente calada, nós fomos a um bairro que ficava a mais de uma hora do meu e com certeza não estava satisfeita. Nathan parecia mais feliz com o prédio simples e pichado, uma quadra de basquete com as grades quebradas e sextas sem a rede. Haviam várias famílias morando ali, notei pelas crianças correndo livremente, as roupas estendidas nos varais sendo geralmente infantis. 

Quando a porta que Andrew foi abrir emperrou e precisou de um empurrãozinho, Nathan achou graça e eu me segurei para não arrasta-lo para fora desse prédio. Havia mobília, surrada e bem usada, muito diferente do outro apartamento.

Será que ele não pensa que pode pegar uma doença? 

— O valor desse é menos do que a metade do primeiro. 

Andrew é um ótimo corretor, mas não estava me ajudando em nada ao tornar esse local cada vez mais atrativo para Nathan. 

— Quero esse. 

O adolescente falou decidido.

— É mais perto da academia e da escola que vou me matricular, pretendo estudar a noite para conseguir conciliar tudo. 

— Você pode trabalhar meio período.

Me pronunciei pela primeira vez depois de muito silêncio.

— Isso significa menos dinheiro então, não. – suspirei, desviando nossos olhares. — Qual é, Cheryl? Vou ficar bem, prometo.

— Acredito em você, só... Vamos assinar os papéis do aluguel logo.

Balancei os ombros, o garoto comemorou.

O valor de entrada para alugarmos era bem baixo, fiz questão de deixar Nathan sem preocupações por três meses, sei que disse apenas um, mas queria garantir e era minha condição para morar tão longe. No fundo, sabia que iria se virar muito bem sozinho, ele sabe se cuidar e está em um bom caminho. 

Quando o deixei sozinho naquele apartamento fiquei de coração partido, uma sensação estranha de que não precisaria mais de mim me atormentava. O caminho se tornou mais longo, mesmo ficando algumas semanas em convívio com Nathan me apeguei a ele e seu jeito, até a forma que me irrita. Acabei chegando mais tarde do que esperava em casa, o sol quase sumindo e dando lugar a escuridão da noite.

— Hey, Cherry. 

A voz de Toni me fez olha-la, a morena deitada no sofá levantou a cabeça para me encarar. Retirei a bolsa de meu ombro, caminhando em sua direção e a deixando no sofá vazio. 

— Como foi? Acharam um lugar bom? 

Me bombardeou com suas perguntas, mas não tinha vontade de responde-las agora, apenas tirei os saltos de meus pés e escalei seu corpo, deitando a cabeça no peito de Toni enquanto abraçava sua cintura. 

— Cheryl, tudo bem? 

— E se ele tiver mais uma recaída? – perguntei o que enchia minha cabeça. — Nathan está a mais de uma hora daqui e de carro! Pode não ser tempo suficiente e irei falhar mais uma vez. 

— Amor... – Toni me chamou erguendo o rosto pelo queixo, encarei seus castanhos sentindo os meus inundados. — Oh, meu Deus, você está tão apegada a ele. 

Sorriu, deslizando os dedos para tirar uma mecha de meu cabelo para trás da orelha. Uma lágrima rolou por minha bochecha enquanto suspirava. 

— Nathan provavelmente vai se afastar de mim, estou sentindo isso. 

— Claro que não, Cheryl. – a morena me confortou. — Aquele garoto está tão apegado quanto você, aposto que vai vir nos visitar sempre. Vocês ainda são madrinha e afilhado, ele trabalha na academia...

— Você vai vê-lo mais do que eu. 

Lamentei, formando um beicinho nos lábios.

— Prometo contar tudo, até se estiver namorando! 

Riu ao falar.

— Aposto que já está, contou pra você e pra mim não. – resmunguei, eles devem estar cheio de segredos. — Por que você conquista todo mundo? 

— É meu charme. 

Gabou-se, revirei os olhos.

— Olha, não fica assim. – abraçou-me para deitar sobre seu peito novamente. — Sei que deve estar preocupada, mas Nathan sabe se cuidar e vai se tornar um garoto ainda melhor do que já é, tudo ficará bem.

— Se não ficar, a culpa é dele por ir para um lugar que nunca mais colocarei os pés. 

Aconcheguei-me no corpo da morena, deslizando o nariz por sua clavícula e subindo para o pescoço, descansando meu rosto na curvatura do mesmo.

— É tão ruim assim? 

— Péssimo. – sussurrei, o cafuné que Toni iniciou em meus cabelos é tão bom que me fez relaxar completamente. — Tem pichações nas paredes.

— Nossa, provavelmente iria adorar. 

— Claro que iria, vocês dois são iguaizinhos. – bocejei ao falar, acho que o sono estava me dominando. — Se nossos filhos forem assim terei muito trabalho. 

Fechei os olhos, entregue ao cansaço. O silêncio de Toni me dava ainda mais oportunidade de conseguir tirar um cochilo, mas deveria ter notado que ficou surpresa quando parou com o cafuné em meus cabelos.

— Nossos o que? 

Quando ela se pronunciou já era tarde demais, estava literalmente dormindo quando tudo que saiu por entre meus lábios foi:

— Filhos... 

E apaguei, cansada demais para prolongar o assunto.

×××


Quando acordei, minha esposa estava atenta em seu celular, mas com o corpo – ainda, abaixo do meu. Não me importei de estar focada naquela tela afinal, tem controlado a academia somente pelo aparelho. Fiquei de preguiça, dessa vez deitada mais ao lado de seu corpo para não colocar todo o peso em cima dela. Toni deixou o celular de lado, voltando a fazer cafuné em meus cabelos e distribuindo alguns beijos por meu rosto, meus olhos se fecharam novamente para apreciar as carícias.

— Está na hora de acordar...

Sussurrou, firmei os braço envolta dela.

— Só mais um pouquinho...

— Tudo bem. – beijou minha bochecha. — Pensei de visitarmos nossos amigos hoje, faz tempo que não vemos Nicholas e Sabrina. 

Abri os olhos na hora. Será que Toni lembra que a ex dela está hospedada na casa deles? A morena ficou me encarando como se não tivesse falado nada de errado, as vezes odeio o quanto minha esposa consegue agir e lidar com naturalidade com qualquer assunto. O mundo pode estar acabando e ela vai saber como reagir, o que falar... Ugh, Topaz.

— Claro, podemos ir. 

Falei, usando do pensando de dizer o que a Toni diria no meu lugar e seria exatamente essas palavras. Se dissesse o que realmente quero dizer seria como: Nem pensar, aquela modelo está lá e sei que é apaixonada por você. Ela quer te roubar de mim, eu sinto! É, as palavras da minha esposa são bem melhores que as minhas para não arrumar nenhuma confusão. 

— Vou mandar mensagem ao Nick que vamos jantar lá. 

Piscou ao falar.

— Irei tomar um banho, ok? 

Assentiu. 

Elevei um pouco o corpo, mas Toni me puxou de volta colando nossos lábios demoradamente. Suspirei com o contato, pressionando ainda mais nossas bocas ao segurar seu rosto.

— Não demora.

Pediu assim que nos separamos.

Não evitei o sorriso enorme.

— Não irei, prometo. 

Lhe dei um selinho, partindo para o segundo andar.

Assim que sai do banho, Toni apareceu no quarto avisando que poderíamos ir a qualquer momento, não hesitei em ir logo me arrumar, se fosse encontrar aquela modelo pelo menos tinha que estar mais apresentável. 

Revirei meu closet para no final usar uma calça de couro vermelha, um cropped preto – que roubei da Toni, e saltos. Os meus cabelos caídos pelos ombros e ondulados com a ajuda do babyliss, uma maquiagem rápida, mas que destacava principalmente meus lábios vermelhos. Minha esposa demorou a entrar no banho, estava no celular novamente e foi para o banheiro no momento que vestia minha roupa.

Procurei pelos brincos que havia usado na noite que saímos juntas, os notei acima do bidê ao lado da cama e bem perto do celular da morena. Assim que toquei na prata o aparelho apitou em uma mensagem, meu olhar estava bem na direção da tela e quando acendeu aparecendo o nome de Barbara tive que respirar fundo algumas vezes. 

A minha mente paranoica começou a funcionar naquele momento, porque assim que vi o nome da ex da minha mulher, percebi que toda sua atenção no celular quando estávamos no sofá poderia ser pra ela. E se passam o dia todo conversando? Flertando? Barbara também está tão próxima dela quanto eu? Ah, precisava tirar as dúvidas...

Olhei para a porta do banheiro, o celular não me permitia ver o que dizia se não tivesse a senha e inconscientemente peguei o aparelho em mãos ao ouvir o barulho do chuveiro ainda presente. A primeira senha que tentei foi meu aniversário, não era. Revirei os olhos, mordendo os lábios tentando pensar em outra possibilidade. 

Aniversário de casamento. 

Tente novamente. 

Mais uma errada e bloquearia o celular. Puxei o ar, ouvindo os rosnados de Lion que permanecia na cama com um dos seus inúmeros brinquedos. 

— Mas é claro...

Falei comigo mesma, digitando a data do aniversário de Lion que minha esposa tanto faz questão de comemorar ou fazia nos primeiros meses. Sorri, apertando o último número.

O celular destravou. 

A porta do banheiro também. 

Larguei o aparelho com tanta pressa de volta ao bidê que nem sei se consegui trava-lo de volta. A porta do banheiro abriu e me virei tentando encaixar o brinco no buraco de minha orelha.

— Uau, nós vamos a algum lugar depois do jantar? 

Analisou-me dos pés a cabeça, segurando a toalha enrolada em seu corpo nu.

— Não, só... Me arrumei.

Tentei camuflar todo meu nervosismo, ciúmes, medo de ser descoberta.

— Bom, você está gostosa pra caralho. – não evitei de sorrir com o elogio. — Acho que preciso de outro banho.

Fingiu se abanar, arrancando-me uma risada enquanto revirava os olhos. Toni sumiu em nosso closet e soltei o ar com força, afastando-me totalmente daquele celular.

Afinal que diabos estava pensando? Nós estamos finalmente nos dando bem e ler suas mensagens seria pior do que quando Toni me acusou de ter um caso, talvez ainda mais idiota e estúpido porque estou tentando reconquistar sua confiança. Não posso me deixar levar por essa insegurança que Barbara desperta em mim, mas sinceramente acho impossível de controlar como foi a alguns minutos.

Mentalizei muitas vezes para me acalmar antes de fazer algo, pensar nas consequências e nas reações de minha esposa. É uma maneira de não estragar tudo, mas as vezes parece que meu dom é fazer isso...

Nós fomos na moto da Toni, o meu carro já estava lavado, mas quando a morena ofereceu para irmos no seu veículo de duas rodas aceitei na hora. Nem lembro a ultima vez que a moto foi usada, sabia que de certa forma a minha mulher sentia falta de andar e ter meus braços firmes em sua cintura.

— Vocês realmente vieram. 

Nicholas ficou surpreso ao abrir a porta. 

Meu corpo estava ao lado de Toni, mas não peguei em sua mão, esperava que ela fizesse o contato, não queria transparecer tão possessiva até porque as vezes percebo que ainda não tenho esse direito. A morena não fez questão de entrelaçar nossos dedos ou ao menos pegar em minha mão, mas tentei não me abalar, foi apenas um descuido ou esquecimento.

Quem sabe ela só quer estar com a mão livre, qual o problema? Arg. Na minha cabeça? Muitos.

— É, estamos aqui, Scratch. 

Forcei um sorriso.

— Senti tanta falta do seu doce humor, Red. – ele sorriu fingindo um suspiro apaixonado, revirei os olhos. — Entrem, o jantar será servido e a minha irmã é a cozinheira. 

Nossa, ótimo! Nem estava com fome mesmo.

Nicholas saiu de nossa passagem nos dando espaço para adentrar a casa. Assim que vi Sabrina e suas bochechas gordas senti meu coração aquecer. Como tive saudades dessa insuportável! Nós trocamos abraços desajeitados, a barriga atrapalhava tudo. Toni também lhe deu beijo e abraço, elogiando a pele de minha amiga e dizendo que a gravidez fez bem. É claro que a morena sempre consegue arrancar sorrisos, até mesmo da Spellman que não parecia em um bom humor.

— Senti tanto sua falta.

Falei ao sentar ao lado da loira.

Toni se juntou a Nicholas no video game e graças a Deus nenhum sinal da Barbara.

— Não parece, sumiu da minha vida! 

Retrucou rosnando de brava.

— Ei, leoa, vai com calma. O que você tem? 

— Dores! Inúmeras dores por todas as partes. – tocou em suas costas esticando o corpo. — E por que você veio tão bonita? Quer baixar ainda mais minha autoestima? 

— Acho que é melhor a Gracie sair logo, certo? Parece estar te matando.

— Sim, deveria nascer hoje ou amanhã, não aguento mais de curiosidade para conhecê-la.

Alisou a barriga, encostando as costas no sofá e suspirando. 

— Estão com fome? 

Havia esquecido dessa voz desagradável e que ainda está aqui, pior, que está cozinhando para nós. Virei o pescoço vendo Toni pausar o jogo para levantar e cumprimenta-la, um abraço e beijo na bochecha, sorrisos e pequenas frases cotidianas. 

Tudo bem? Tudo e você? Tudo bem. Que bom. É. 

Bla bla bla bla bla. 

— Olá, Cheryl. 

Ela sorriu em minha direção, odeio a maneira que nunca demonstra o seu desgosto e finge que somos conhecidas, que nada nos impede de trocar sorrisos, acenos e palavras. 

— Oi, Barbara. 

Tentei dar um sorriso simpático, mas mal consegui mostrar os dentes.

— Vou colocar a lasanha no forno. – avisou dando um passo e voltando. — Toni, estou tomando um vinho, você quer? 

Ofereceu para minha esposa na maior intimidade.

Estreitei o olhar.

— Hoje não. 

A morena estava concentrada em seu jogo, respondendo com poucas palavras. Não posso negar o quanto me satisfazia essa atitude dela, mas o “hoje não” significava que em um passado muito recente beberam juntas e desconfio que foi no jantar que a modelo lhe convidou.

— Cheryl. 

Sabrina me chamou, encarei a loira saindo de meus pensamentos.

— Como vai o garoto aquele? Qual o nome mesmo? 

— Nathan. Está bem. – dei de ombros, dando uma última olhada para o outro lado só para ver que Barbara havia voltado para a cozinha. — Ele teve uma recaída, mas o ajudei, está trabalhando na academia da Toni.

— Que ótimo. – sorriu. — Tinha certeza que conseguiria ajuda-lo.

Elogiou-me pegando em minha mão e apertando.

— Fiquei sabendo que está trabalhando menos na escola.

— Sobre isso...

— Não, não estou brava ou algo do tipo.

Sabrina gemeu, arqueando um pouco as costas ao demonstrar dor, tentei ajuda-la, mas a loira apenas fez sinal com a mão e respirou fundo. 

— São só algumas dores mais fortes, nada demais. 

— Tudo bem. 

— Agora, sobre a escola... Sei que está tudo em ordem e não faria nada para prejudicar nosso estabelecimento, na realidade estou orgulhosa que tem tomado tempo pra si.

— Na verdade, o tempo foi para salvar meu casamento, antes que só terminasse em assinando os papéis do divórcio. 

— E como estão? 

Sabrina fez menção com a cabeça em direção a Toni, da onde estávamos e com o volume e concentração no jogo, nenhum dos dois poderia nos ouvir. 

— Melhor impossível! – sorri ao falar. — A gente tem se dado tão bem, as coisas voltaram a fluir e... Deus, estou mais apaixonada do que antes, juro. Sinto como se fosse explodir de tanto ama-la. 

— Fico tão feliz por você, Cheryl! 

— Só espero que sua querida cunhada não arruíne isso. 

O meu tom se tornou sarcástico e baixo, não sabia se a qualquer momento Barbara pudesse invadir nosso assunto ou aparecer como um inseto que brota do nada.

— Elas saíram juntas, não é? A Barbada chegou toda feliz.

— Nossa, Sabrina. – estreitei o olhar. — Você sabe exatamente o que me falar, sabia? É incrível o quanto me deixou aliviada.

— Desculpa, achei que iria querer saber. 

— Ok. – suspirei, desviando o olhar para a morena. — Eu só não sei se a Toni está finalmente me aceitando de volta ou ainda está aberta para querer outra pessoa, entende? 

— Entendo, claro que sim.

Ouvi a voz da loira enquanto via Barbara se aproximar e sentar ao meio dos dois jogadores, pedindo para ser a próxima. Nicholas se gabou dizendo que a irmã com certeza ganharia de Toni porque é o maior passatempo deles desde que a modelo chegou a Seattle. É claro que a minha esposa duvidou, desafiando sua ex em uma partida de luta. Voltei o olhar para a minha amiga.

— Esse jantar... – iniciei, um tom desconfiado. — Foi ideia dela?

— Não, a Toni que mandou mensagem para o Nick. – deu de ombros. — Por que? 

Porque Barbara e Toni estavam trocando mensagens! 

— Nada. 

Murmurei, o olhar indo em direção a elas que disputavam uma partida. 

— O quarto da Gracie está pronto. – Sabrina comentou chamando minha atenção. — Quer conhecer? 

— Você consegue sair desse sofá? 

Perguntei rindo.

— Vamos logo, Marjorie. 

Resmungou estendendo a mão para que a ajudasse a levantar.

Tinha certeza que no fundo é uma distração da minha amiga para que não ficasse focada em Barbara e Toni, é uma ótima opção já que só de vê-las interagir, os sorrisos que trocavam quase sentia como se minha mulher estivesse escapando novamente. Odeio o quanto insegura essa modelo me faz ser, é a única que desperta esse sentimento em mim. 

Nós passamos tempo suficiente no quarto de Gracie, rosa e cheio de ursinhos, princesas. O local é bom para esquecer os problemas e concentrar que tem uma nova vida prontinha para vir ao mundo. Sabrina me disse o quanto está com medo do parto e de realmente ser mãe, ao que parece eles tiveram algumas aulas em um grupo para pais de primeira viagem. Em pouco tempo conseguimos matar um pouco da saudade uma da outra antes de Barbara bater na porta dizendo que o jantar seria servido.

Tentava a todo momento não transparecer o meu desgosto, mas acho que fica óbvio para cada um somente com os olhares e expressões que lanço pra modelo. Ao sentar na mesa, fiz questão de sentar no lado da Toni, Barbara estava bem de frente para ela, Sabrina em uma ponta ficando ao meu lado e de Nicholas. Me servi pouco, poderia ter algum feitiço dela para me envenenar ou algo do tipo... Exagero, eu sei. 

— Ficou ótimo, como é bom ter uma chefe dessas na minha casa. 

Nicholas sorriu ao falar cutucando a irmã.

— Tenho que concordar, está incrível.

Fingi que esse elogio não saiu da boca da minha mulher. 

— Obrigada, dei o meu melhor e que bom que gostaram. – odeio sua simpatia. — Podemos repetir esse jantar mais vezes, vou adorar cozinhar.

Não, não podemos.

Permaneci calada, um silêncio confortável pairou na mesa, bebi um grande gole do meu suco já que sentia minha garganta seca e quase sorri quando a mão de Toni deslizou para minha coxa, ficando parada lá.

Finalmente! Senti sua falta, sabia?

— Estive pensando, agora que estou em Seattle por um tempo e sem nenhum trabalho... – não estou nem ai para o que você está falando. — Nós poderíamos fazer uma sessão de fotos, você tirar fotos minhas e usarmos para arrecadações. É bom para sair totalmente o foco do seu antidoping. 

Olhei para a modelo não acreditando em sua proposta porque qualquer um – até mesmo ela, sabe que Toni não tira fotos profissionais ou que tenha algum tipo de lucro.

Resumindo: Minha mulher é uma fotografa particular.

A minha fotografa! 

— Seria ótimo, a Toni é tão boa com fotos e juntando sua beleza.

Nicholas incentivou, me contive para não chuta-lo embaixo da mesa. Ele resmungou, trocando um olhar com Sabrina e tive certeza que ela chutou.

— Podemos pensar nisso. 

Toni respondeu balançando os ombros.

— Então, Red. Quando você vai voltar a vender suas músicas? Eu amava suas composições.

Levantei o olhar, surpresa com a atitude de Nicholas puxando assunto comigo, todos na mesa me encaram e cheguei a demorar um pouco a responder por nem saber o que realmente falar.

 — Hum... Não penso nisso. – dei de ombros. — Tenho a escola, até componho várias músicas, mas não penso em vende-las por agora.

— Barbara, você tem que ouvir, as músicas dela são ótimas. 

Nicholas soou animado para a irmã que desviou o olhar para o prato.

— É, eu sei. 

Sua resposta foi curta e grossa. 

— Vocês acreditam que Nicholas derrubou um bebê falso em um dos treinamos que participamos?

Sabrina iniciou outro assunto, percebendo um clima ruim começando a pairar sobre nós. Fiquei sem entender o motivo, mas a proposta de Barbara sobre Toni tirar fotos dela ainda permanecia na minha mente. 

Já havia terminado de comer, mas seria tão óbvio se saísse da mesa agora que não fiz. Todos interagiram em assuntos e quando percebi uma deixa, avisei que iria no banheiro. Não suportava a maneira que Barbara olha e sorri para minha mulher. Por que ela simplesmente não aceita que estamos juntas? Talvez porque nem eu sei se realmente estamos. 

Me tranquei no banheiro com o celular em mãos e sentei no vaso com a tampa fechada. Suspirei, mas o alívio não durou muito ao ver uma bola preta no canto das paredes brancas, demorei a perceber que era apenas o Salem, miando ao notar-me. Levei a mão ao peito, ignorando o animal que parecia querer silêncio e espaço também.

Vaguei por redes sociais em busca de distração para exterminar com os pensamentos que só me prejudicariam, mas não consegui. Tudo que vinha a minha cabeça agora era Barbara e Toni tento algum momento, algum flerte, algum toque enquanto estou longe.

Com certeza iria surtar. 

Quando o celular começou a vibrar em minhas mãos me assustei, em poucos segundos o nome da Veronica apareceu indicando uma chamada de áudio. Atendi com rapidez mesmo que por um momento achei que estivesse sonhando, coloquei o aparelho contra a orelha e usei de todas minhas forças para falar:

— Sua filha da puta! Você sumiu! 

Esbravejei, uma gargalhada soou do outro lado e Salem miou, revirei os olhos para o gato.

— Ainda tem coragem de rir, Lodge. 

— É que... – puxou o ar para se recuperar. — Tinha certeza que atenderia dessa maneira.

— Agora além de escoteira é vidente? 

— Cheryl, estou na guerra e não no escotismo, não me ofenda! 

— Você merece todas as ofensas! Eu senti sua falta. 

O meu tom desceu assim que expressei os sentimentos, lágrimas apareceram em meus olhos e foi o suficiente para começarem a cair. Veronica saberia me dizer como lidar com todas essas situações, sempre teve os melhores conselhos e me ajudou como ninguém. 

Infelizmente mesmo tendo a Spellman, no quesito “Toni” ela nunca será a Lodge. 

— Não está chorando, certo? Cheryl...

— Claro que estou! Depois que você foi embora minha vida virou uma bagunça.

Tentava enxugar as lágrimas inutilmente. 

— O que? Me conte direito...

— É muita coisa, apenas saiba que magoei a Toni, nós quase nos separamos e agora estou tentando reconquista-la, mas a ex enxerida quer rouba-la de mim, Ronnie.

Choraminguei como criança, ouvi um suspiro.

— Não acredito que quase se separaram. 

— Foi horrível, achei que iríamos nos divorciar porque... Droga! Fiz tanta bobagem sem você. Por que diabos foi pra guerra? 

— Deixo colocar a culpa em mim se irá ficar melhor, mas... Desde quando deixa a ex da Toni tentar rouba-la? Lembro muito bem de sempre marcar seu território e sinceramente? A lutadora adorava. 

Veronica tem total razão, mesmo com a aproximação de Barbara ou qualquer outra mulher nunca abaixei a cabeça e deixei claro o quanto Toni é somente minha. Ela também não mentiu ao dizer que a minha esposa adorava.

— Cheryl?!

— Oh, desculpe... – lamentei ao perceber que estava divagando. — E como você está? 

— Bem, juro. – pausou alguns segundos. — Infelizmente não tenho muito tempo.

— Veronica...

— Senti muito sua falta hoje e talvez pressenti que algo estava errado. – suspirou com força. — Você sabe da Betty? Sinto falta dela também.

— Ronnie, a Betty está bem. 

Me limitei a dizer. 

— Ela está com alguém, não é? Já faz meses então, é óbvio que sim.

— Não vou mentir, ela está com alguém, mas acredito que não seja sério.

Fui sincera até porque... 

Jughead Jones? Nenhum futuro. 

Veronica Lodge? Eternidade, com certeza. 

Nem gosto da Betty, mas se minha amiga gosta tanto tenho que torcer por elas.

— Suspeitava... – murmurou. — Enfim, tenho que ir. 

— Quando você volta? 

— Sem previsão.

— Ronnie, se cuide, eu amo você. 

Declarei antes que desligasse como da última vez.

— Se cuide. – quase podia sentir seu sorriso. — Agora vá pegar sua mulher e mostre a essa modelo quem é a Bombshell. 

Acabei rindo, Veronica fez o mesmo.

— Eu te amo, Cheryl.

E encerrou a chamada, iniciando mais uma contagem regressiva de um tempo indeterminado para nos falarmos novamente. Só queria minha melhor amiga de volta, salva e segura, perto de mim. 

É pedir demais? 

Limpei minhas lágrimas, tirei os borrados da maquiagem e sai do banheiro. Meu rumo foi direto a cozinha aonde ouvia as vozes de Toni e Barbara se misturando de um jeito que não me agradava, assim que entrei no cômodo percebi a modelo lavando os pratos enquanto a lutadora se mantinha com as costas na pia conversando com sua ex. 

Elas notaram minha presença, é claro que sim, mas continuaram um assunto sobre como a mídia é cruel com os famosos. Fui em direção a geladeira, peguei uma taça limpa sem me aproximar delas e enchi com água. O assunto entre elas mudava rápido, agora era sobre minha afilhada algo que ativou ainda mais meu lado ciumento.

— Espero pelo menos ficar os primeiros meses dela aqui, aproveitar esse início de vida, mesmo que precise voltar para Nova Iorque.

Barbara falou, não me agradava saber que poderia ficar mais tempo por perto. Observando a dupla, me senti parada demais, lambendo os lábios após beber um gole de água e me aproximando de Toni.

— Provavelmente vai ser difícil desgrudar da Gracie mesmo e...

— Interrompo?

Perguntei literalmente interrompendo a fala e parando a frente da minha mulher colocando meus lábios sobre os seus por apenas um segundo, só pra deixar claro a quem essa boca pertence. 

— Hum, não. – Toni respondeu, Barbara se concentrou na louça. — Você demorou no banheiro, tudo bem?

Bebi mais um gole da minha água, desviando o olhar para a modelo e voltando para Toni. Mostre a essa modelo quem é a Bombshell. A voz de Veronica ecoou na minha mente.

— Sim. – forcei um sorriso. — Surpreendentemente a comida não estava envenenada. 

Meu tom cínico atraiu o olhar da modelo que estava ao nosso lado

Toni me encarou.

— Cheryl. 

Sussurrou meu nome em repreensão.

— Tudo bem. 

Barbara murmurou parecendo não se importar com minha provocação, me contive para não revirar os olhos com sua maneira de querer parecer realmente um anjo perto da Toni. 

Vamos, revide!

— Barbara, você...

— Aliás! – interrompi a lutadora novamente, meu tom alto para chamar sua atenção e tirar daquela modelo. Afinal que tanto assunto tem? — Veronica me ligou quando estava no banheiro, queria saber da Betty.

Prolonguei nosso assunto sem incluir Barbara. 

Toni me olhou, dando-me total atenção.

— Contou do Jug?

— Não, só disse que está com alguém. – balancei os ombros, bebendo o resto de minha água e virando para Barbara. — Pode lavar isso pra mim? ... Por favor.

A modelo me encarou, percebendo que o meu “por favor” era quase como uma obrigação, mal consegui pronuncia-lo sem ser puro deboche. Nós ficamos pelo menos dois segundos em uma troca de olhares, a minha mão estendida com a taça e a sua apoiada na pia.

— Claro.

Foi o que ouvi dela antes de virar para Toni e colocar os lábios sobre os seus mais uma vez, a taça escorregou por entre meus dedos, de início foi de proposito, confesso... Mas no meio do caminho quando percebi a bobagem que estava fazendo era tarde demais.

O barulho do vidro caindo sobre o piso e formando inúmeros cacos se fez presente, assustou a lutadora a minha frente que o primeiro instinto foi de puxar-me para o lado como uma proteção para que não fosse atingida.

— Ops, foi sem querer.

Não evitei o comentário, contente demais com os braços da morena em mim. Assim que o olhar de Toni focou nos cacos, subindo para me encarar, ela me largou. Franzi a testa. Um líquido vermelho escorreu pelo piso branco, aquela maldita modelo estava de chinelos, com o pé livre para receber qualquer pedaço em sua pele resultando em um corte de raspão. 

— O que aconteceu?

Nicholas apareceu na porta da cozinha em pavor. 

— A Cheryl foi me dar a taça e não consegui pegar a tempo.

Barbara justificou, erguendo o pé cortado e pulando como saci para longe dos estilhaços. Toni se aproximou para ajuda-la, colocando o braço da modelo sobre os seus ombros e a segurando pela cintura. 

— Não foi culpa sua. – a morena me encarou depois de falar, poderia jurar que os castanhos pegavam fogo. — Limpa isso.

Deitou a cabeça em direção a taça quebrada. Acompanhei a saída delas, juntas, praticamente abraçadas. O meu peito doeu, fechei os olhos por alguns segundos mordendo o lábio para controlar as lágrimas. Eu sou uma idiota! Quando olhei para frente, Nicholas vinha receoso com uma vassoura e pá.

— Você está bem, Red? 

— Ótima. – forcei um sorriso evitando qualquer lágrima de escorrer. — Vá ajudar sua irmã. 

— Não, tudo bem. 

Balançou os ombros iniciando a limpeza dos cacos, mordi a parte de dentro da bochecha, as mãos nervosamente se esfregaram uma na outra ao perceber que provavelmente estraguei tudo.

— A culpa não foi sua, Red.

Nicholas me confortou, continuando a juntar.

— Foi sim. – murmurei, cruzando os braços. — Sempre é. 

Neguei, fechando os olhos e encostando o corpo contra o balcão. Não queria mais sair dali e nem sei se iria, Toni percebeu minhas provocações e que fiz de propósito, mas poderia ao menos ver meu lado? O quanto Barbara se esforçou para ficar colada a ela e mantendo assuntos... Surtei de ciúmes. E agora, de insegurança, porque a morena pode não querer mais continuar com nossa luta para ficarmos juntas e nem posso julga-la já que sou uma estúpida que se deixa levar por sentimentos ruins, nunca os bons. 

— Vai ficar aqui? 

Meu amigo perguntou chamando a atenção, olhei para o que antes tinha vários cacos de vidro e se encontrava limpo. Nicholas fez um bom trabalho. Suspirei, relaxando os ombros. 

— Não.

Me limitei a dizer, caminhando para a sala em seguida. Tentava nunca perder minha pose de inabalável, mas foi difícil, ainda mais quando cheguei na sala e Toni estava ajudando Barbara com um curativo. Sabrina sentada em seu sofá exclusivo me encarou curiosa, apenas neguei com a cabeça e não falei nada, me dirigindo a poltrona mais afastada de todos. Cruzei os braços, evitando de encarar aquelas duas. 

— Cheryl. – Toni me chamou parando a minha frente, levantei o olhar, os outros provavelmente não nos escutavam. — Vai pelo menos pedir desculpas? 

Arqueou as sobrancelhas. 

Foquei nela, estreitando o olhar aos poucos. Odeio a forma com que Toni sempre acha que sou a total culpada, pode ter alguma porcentagem grande de razão, mas aquela modelo... Arg, ela me tira do sério! Não respondi, encarando os dedos das mãos e analisando minhas unhas.

— Obrigada por confirmar que fez por pura implicância. – estalei o olhar ao sentir seu tom duro, abrindo a boca para falar, mas Toni me interrompeu. — Nós vamos embora. 

Foi o que disse antes de me dar as costas para se despedir de cada um enquanto se desculpava pelo ocorrido. Barbara estava dramaticamente com o pé apoiado no centro da mesa, nem era pra tanto, foi apenas um corte de raspão. Resolvi me despedir dos meus amigos também e somente deles, Sabrina me sussurrou um “você está bem?” e assenti, fraca demais para falar algo porque tinha certeza que iria desabar. 

Ignorei completamente a presença de Barbara, na minha cabeça decidi que é melhor assim do que fingir que está tudo bem e que consigo conviver com essa mulher, é impossível. A maneira que atinge em meus pontos mais fracos sem ao menos fazer nada, eu a odeio com todas minhas forças.

Os meus pensamentos estavam a mil e embaralhados demais. 

Fui imatura.

Toni está brava.

Barbara se aproveitou.

Toni pode acabar com tudo que me esforcei pra construirmos.

Oh, merda. O quão idiota fui? Inconsequente? 

Veronica disse para marcar território e não tentar machucar a ex da minha esposa, atingi-la com palavras que pensando agora foram exageradas.

Chegamos em casa, a moto estacionou na garagem e posicionamos nossos capacetes em um armário com portas de vidro onde também ficavam utensílios para limparmos os veículos. Toni estava em um completo silêncio e sem me encarar, quando adentramos a sala e Lion pulou em seu corpo nem houve uma boa recepção.

Sentei no sofá, retirando os saltos para aliviar a pressão que fazem nos meus pés. O labrador deitou no estofado se arrastando para perto de mim, recebi sua cabeça em meu colo acariciando o pelo amarelo enquanto Toni se aproximava. 

— Podemos conversar? 

Sua voz soou mais calma, balancei a cabeça em positivo. 

Não ousei olha-la. 

— O que estava pensando ao fazer aquela cena? – permaneci em silêncio, de certa forma sabia que ela não queria respostas. — Porra, Cheryl. As vezes não consigo entender você, a meses atrás estivemos na mesma situação, mas em vez da minha ex era a sua, lembra? 

Os seus pés andavam de um lado para o outro. 

— Odeio falar nessa garota, na realidade, não suporto a Maeve, mas em nenhum momento a destratei ou tentei machuca-la como fez com a Barbara. 

Fechei os olhos alguns segundos, as lagrimas vieram com toda força ao ouvi-la tão brava, decepcionada e – mais uma vez, magoada comigo. Comecei a me praguejar por faze-la tocar em um assunto tão delicado que é a Maeve.

A nossa – quase, ruína. 

— Estou brava, sério... Estou muito puta! – bufou, finalmente parando seus movimentos e ficando a minha frente, uma respiração profunda foi ouvida. — Você quer dizer alguma coisa? – neguei. — Então podemos só esquecer essa merda, ficarmos de bem e ir dormir? Porque estou exausta. 

Sua fala suavizou, foi a primeira vez durante toda sua discussão comigo que levantei o olhar para encara-la. Mordi os lábios, suas palavras demonstravam que queria que tudo ficasse bem, mas os seus olhos... Deus, a maneira que eles aparentavam cansados de brigas, desentendimentos... De mim. 

— Estou sem sono. 

Dei de ombros, Toni suspirou. 

— Tudo bem, vou deitar... 

Murmurou, assenti voltando minha atenção para Lion. 

Escutei os passos se afastarem para irem ao segundo andar, não houve uma troca de boa noite ou insistência. Talvez nós duas estivéssemos um pouco cansadas, não era minha intenção voltarmos a brigar... Porque em algum momento as brigas viriam, mas saberíamos lidar e consertar o que tem de errado. Só que agora? Hoje? Tão cedo assim termos uma discussão que nos balançou e fez repensar do porque estarmos nessa situação? Os pensamentos de Toni devem ser de dúvida, se valeu ou não a pena me dar mais um chance e provavelmente se não era melhor ficar com Barbara.

Toni Topaz – Point Of View

Meus pensamentos estavam a mil, haviam muitas questões que não tinha resposta. 

Primeiro: Por que Cheryl agiu daquela maneira? 

Segundo: Por que não defendeu suas atitudes em nossa discussão? 

E terceiro: Por que ainda não veio para cama? 

É, assim que subi para o segundo andar, deitei no intuito de espera-la para dormimos juntas, mas não consegui. Fiquei tão irritada com sua maneira de agir com Barbara que só precisava descansar, me esforcei para pegar no sono e foi o que aconteceu, mas agora, me via as duas da manhã acordada e em conflitos de pensamentos, sem minha mulher ao lado.

O que mais me intriga é o silêncio da ruiva, nossas discussões sempre tiveram mais argumentos e agitação da sua parte, por mais que amasse ver Cheryl percebendo que errou, não gostava do quão acuada e na defensiva a mesma ficou. Juntando com sua demora para vir ou a sua nem vinda para nosso quarto, posso dizer que algo a machucou muito, mas não consigo entender o que. 

Entendo seu ciúmes por Barbara, mas nunca chegou a ser algo que a deixasse mal, Cheryl sempre soube lidar muito bem com minha ex, demonstrando o quanto estamos juntas e felizes, mas hoje... Porra, hoje passou dos limites e está ai minha maior questão:

Por que minha esposa se sentiu tão ameaçada por Barbara? 

Acho que não conseguiria dormir sem essa resposta ou tentar tê-la de alguma maneira. Precisava pelo menos conversar com a Cheryl, agora com mais calma e fazê-la falar.

O meu olhar percorreu por toda suíte vazia, soltei um grande suspiro e ergui o corpo. Minhas vestimentas de sempre para dormir: Regata e calcinha. Não sentia o frio, talvez estivesse tão focada em ir atrás da minha mulher que nem percebi a temperatura. Sai do quarto em passos lentos, abrindo a porta da segunda suíte com cuidado e notando que a ruiva também não estava ali.

Puxei a porta de volta, assim que a fechei novamente um som não muito distante atingiu meus tímpanos. O meu olhar desviou em direção a última porta da outra ponta do corredor, a mesma estava entreaberta e com a luz saindo aos poucos. As notas do piano voltaram a soar, com mais ritmo, algo que me fez apressar os passos para a sala de música, Cheryl estava tocando e não demorei a ouvir sua voz misturando com a melodia perfeita:

 Lá vai o meu coração batendo
Porque você é o motivo
Estou perdendo o sono
Por favor, volte agora

Me aproximei mais da porta, o suficiente para conseguir ouvi-la com mais clareza. Pela pequena fresta aberta vi Cheryl sentada em frente ao piano, tocando e cantando como um anjo, Lion sentado ao seu lado apenas a observando atento, cuidando cada movimento da ruiva.

 Lá vai a minha mente correndo
E você é o motivo
Que ainda estou respirando
Estou sem esperanças agora

Cruzei os braços, encostando a cabeça contra o batente e tentando não demonstrar minha presença. A letra da música é linda demais para que me aproximasse e a mesma parasse de tocar, principalmente porque poderia decifrar seus sentimentos apenas com a – provável, composição.

 Eu escalaria todas as montanhas
E nadaria todos os oceanos
Apenas para estar com você
E consertar o que quebrei
Porque eu preciso que você veja
Que você é o motivo

Um suspiro saiu por entre meus lábios, a maneira que minha esposa pronunciava cada palavrinha daquele refrão fez meu coração se aquecer e apertar. É possível? Algo te fazer feliz e triste ao mesmo tempo? Não conseguia pensar na resposta agora, não quando Cheryl com certeza tem uma mensagem que preciso desvendar. 

 Lá vão as minhas mãos tremendo
E você é o motivo
Meu coração continua sangrando
E eu preciso de você agora
Se eu pudesse fazer o relógio voltar
Faria com que a luz derrotasse a escuridão
Eu passaria cada hora de cada dia
Mantendo você seguro

Ela estava tão concentrada e entregue, tão focada na música que só embaralhava ainda mais meus pensamentos. A cada estrofe tinha uma conclusão e no final, não sabia qual seguir.

Estou a machucando? Não estou lhe dando o que precisa? Nós vamos acabar? Ela quer acabar? 

Ah, como queria Sabrina aqui ao meu lado para decifrar todas suas palavras e me dizer exatamente o que fazer. Foi a loira quem me disse uma vez para prestar atenção nas composições de Cheryl, é isso que estou tentando fazer, uma pena que as letras podem ter vários significados. 

 Eu não quero mais brigar
Eu não quero mais esconder
Eu não quero mais chorar
Volte, preciso que você me abrace
Um pouco mais perto agora
Apenas um pouco mais perto agora
Venha mais perto agora

O seu tom falhou ao cantar em um tom mais calmo, respirando com força para continuar a música, parando em certas palavras e retomando da onde estava. Os meus braços caíram ao lado do corpo, Cheryl controlava o choro ao cantar e isso foi o suficiente para saber exatamente o que fazer. 

É hora de parar, chega de joguinhos e maneiras de testarmos uma a outra, precisávamos ficar bem, juntas, nos amar sem complicações. Não suporto mais vê-la machucada, brigas bobas que só precisam de conversas para resolver, nós podemos sim voltarmos ao que éramos e agora mesmo. 

Eu escalaria todas as montanhas
E nadaria todos os oceanos
Apenas para estar com você
E consertar o que quebrei
Porque eu preciso que você veja
Que você é o motivo

Os dedos ainda escorregaram pelas teclas, o sussurro final da música demonstrava que Cheryl se mantinha sem forças e cansada de nossa situação como eu. Desejei entrar naquele momento, abraça-la até que se acalmasse, mas não queria que soubesse sobre estar ali a ouvindo. É como se estivesse invadindo o seu espaço, o seu mundo e todos os sentimentos que não quer transparecer. 

Assim que percebi que já havia esperado tempo suficiente, dei dois toques na porta, adentrando devagarinho a sala de música, Cheryl enxugou as lágrimas com rapidez, respirando fundo e girando para me encarar. 

— Oi. 

Me aproximei, receosa demais para conseguir dizer algo mais elaborado.

— Oi. – umedeceu os lábios. — Achei que estivesse dormindo. 

— Estava, mas senti sua falta. 

Sentei ao seu lado no banco de frente para o piano, Cheryl estava vestindo camisola e robe, mas conseguia sentir sua pele tocar a minha mesmo por cima do tecido. 

Ela suspirou.

— Ainda sem sono.

Balançou os ombros, desviando o olhar para o piano.

Mordi os lábios, nervosa com sua resistência comigo. Aproximei meus dedos das teclas do instrumento, a ruiva me assistia com curiosidade e quando dei quatro toques tentando fazer um som dramático, foi completamente ao contrário por ter tocado nas teclas mais agudas. Minha esposa soltou um risinho, negando com a cabeça e pegando em meu pulso, guiando para as notas certas, posicionando meus dedos nas teclas. 

— Tenta agora.

Incentivou-me. Abri um pequeno sorriso, fazendo os mesmos movimentos anteriores e causando o som dramático que desejava no início. 

— Viu? Nasci pra isso. – me gabei.  — Nós deveríamos ser uma dupla.

— Ah, com certeza.

Ironizou, rindo. 

Me encantei ao olha-la, um sorriso no canto dos lábios que não durou muito, mas foi o suficiente para admira-la. Todas suas perfeições e imperfeições, Cheryl estava completamente sem maquiagem demonstrando as suas sobrancelhas falhadas, as marcas de cansaços e do recente choro nos olhos, as bochechas levemente avermelhadas. 

Porra, sou completamente apaixonada por seu rosto natural. 

A ruiva desviou nossos olhares, acabando com meu transe momentâneo enquanto colocava uma mecha dos cabelos para trás da orelha. Suspirei, deslizando a mão para junto da sua e entrelaçando nossos dedos. 

— Vamos para cama? – pedi, trazendo seus castanhos até os meus. — Me deixa tentar te ajudar a dormir. 

Meu polegar acariciou as costas de sua mão, mais uma forma de convencê-la de irmos dormir. A vi relaxar os ombros, soltando o ar por entre os lábios e desfazer nosso toque, mas apenas para fechar o piano. 

— Vamos. 

Falou rendendo-se, comemorei internamente.

Cheryl disse que iria guardar e desligar tudo, haviam algumas de suas folhas espalhadas sobre o instrumento. Concordei, dando uma desculpa de que desceria para tomar água e chamando Lion junto. Chegamos ao primeiro andar, fui direto ao seu prato de ração enchendo o mesmo para o animal.

— Hoje você não vai dormir no quarto, garoto. – acariciei seu pelo enquanto se deliciava com o alimento. — As mamães precisam conversar, ok? Fica bem, boa noite.

Não era totalmente necessária a ausência de Lion, mas fazia questão. Quer dizer, sempre sou a que chama o labrador para dormir com nós e por Cheryl, ele nem pisava dentro de nosso quarto, precisava de uma privacidade para conversarmos melhor, sem que o cachorro atrapalhasse.

Quando voltei para nossa suíte, a ruiva estava deitada de barriga para cima e olhar focado no teto, as cobertas por cima de seu corpo evitando o clima levemente frio. Fechei a porta, trancando a mesma e acho que Cheryl nem notou que Lion ficou para fora. Mexi minhas mãos nervosamente uma na outra e caminhei para cama, enfiando-me embaixo das cobertas e deitando.

Virei de lado para conseguir olha-la, sua respiração calma enquanto se mantinha focada no teto. Pensava em como iniciar uma conversa, como ajuda-la a dormir ou esquecer os problemas que passamos hoje, mas nada vinha a minha mente.

— Cherry.

A chamei, atraindo os castanhos.

— Vem cá. 

Estiquei meu braço para que fizesse de travesseiro, minha esposa aceitou, virando o corpo e ficando de frente para mim, sua cabeça descansou em meu braço estando próxima o suficiente para que sentisse sua respiração.

— O que você tem? – sussurrei, meus dedos escorregando por seus ruivos para retirar uma mecha que atrapalhava minha visão. — Por que ficou tão chateada? 

— Eu só... – o seu olhar desviou do meu por alguns segundos. — Odeio brigar com você.

Confessou com um suspiro.

Eu também, muito! 

Encarei os castanhos, aproximando ainda mais nossos corpos.

— Eu amo você, Cheryl. 

Declarei o que transborda em meu coração. 

— Não diga isso só pra me acalmar...

Um sorriso desacreditado apareceu em seus lábios enquanto negava com a cabeça, quase achei ter ouvido as palavras erradas. Cheryl acha mesmo que não a amo? Só pode ser loucura, nunca ao menos deixei de ama-la. 

— Que?! – franzi a testa. — Cheryl, não.

— Sim, fui uma idiota hoje e te envergonhei, não precisa dizer o que quero ouvir, sei que... 

Minha cabeça balançou freneticamente, negando a um início de insegurança que poderia nos levar a uma discussão enorme, mais brigas, desgasto, cansaço... Só quero que a gente finalmente e definitivamente fique juntas. 

Segurei seu rosto entre minhas mãos, pressionando os lábios contra os seus para que parasse de falar tantas bobagens. Chupei o lábio inferior, introduzindo minha língua para dentro de sua boca e iniciando um beijo lento. Cheryl agarrou minha cintura, grudando nossos corpos enquanto aprofundávamos o beijo, suspirando e trocando gemidos baixos. Ao separar dela me vi sem ar, os seus olhos permaneceram fechados e sua respiração ofegante como a minha.

— Eu te amo tanto, Cheryl... Porra, você não tem ideia do quanto te amo. 

Ela me encarou, mas não dei tempo de pronunciar nenhuma palavra porque choquei a boca contra a sua novamente. Segurei seu pescoço inclinando meu rosto para ficar acima do seu, aproveitando de seu gosto e entrelaçando a língua na sua, movimentos lentos, mas com força o que nos rendia gemidos em meio ao beijo. Ouvi-la, beija-la e toca-la é o suficiente para excitar-me, acredito que com Cheryl não seja diferente já que suas mãos tocavam a barra de minha blusa em um pedido para se livrar da mesma.

Nos separei por alguns segundos, o meu corpo ficou por cima do seu, sentando sobre seus quadris e arrancando a regata de meu corpo, o olhar da ruiva caiu para meus seios expostos. As mãos pálidas entraram em contato com minha pele, subindo por minhas curvas e alcançando meus seios onde firmou as mãos fazendo com que suspirasse com seu toque. Inclinei-me novamente sobre Cheryl, buscando por seus lábios tão viciantes e o beijo que me deixa sem fôlego. 

Os nossos movimentos continuavam lentos, não havia pressa de nenhuma das partes e agradecia por isso, queria aproveitar cada parte dela hoje. Minha boca saiu da sua, a encarei por alguns segundos e desci para a curvatura do pescoço. Beijei sua pele, um rápido contato que foi o suficiente para a ruiva suspirar tocando em meus cabelos rosas, depositei mais um beijo, arrastando o lábio por sua extensão e a sentindo arrepiar. 

Fiz uma trilha de beijos até sua clavícula, chupando alguns pontos e indo para seu ombro, deslizei a alça de sua camisola, distribuindo incontáveis beijos por onde passava. Ergui o corpo o suficiente para conseguir tirar o tecido de seda que a cobria, seus seios ficaram expostos e salivei apenas de imaginar matar a saudade deles. O meu olhar percorreu por todo corpo da ruiva, agora coberta só por uma calcinha rendada, é uma visão dos deus e só conseguia pensar que sou sortuda demais por tê-la somente para mim.

Desde suas curvas até o tamanho dos seios, da bunda, a barriga quase mínima. Cheryl não tem uma rotina de exercícios, mas tem uma genética generosa o suficiente para que não precise se preocupar, ela é completamente incrível sem fazer nenhum esforço.

— Caralho, você... – subi o olhar para os castanhos. — Você é tão linda, Cherry.

Murmurei em êxtase, ficando a cima dela novamente e colocando a boca sobre o seu colo. Meus lábios se fecharam em torno de seu seio, o chupando com maestria, sentindo sua maciez e o bico do mesmo ao final, onde mordisquei fazendo a ruiva arquear levemente as costas. Minha mão direita segurou o seu seio esquerdo, o pressionando e deslizando para cima e para baixo em uma massagem. 

Cheryl começou a se contorcer abaixo de meu corpo, gemendo timidamente e tomando uma respiração ofegante. Fazia tanto tempo que não a tocava, não a sentia, eu precisava reconhecer cada cantinho de seu corpo novamente. E fiz isso, com beijos, mordidas, chupões... Toquei em toda parte dela com calma, perdida nos pensamentos do quão apaixonada e encantada sou por essa mulher.

Os meus dentes escorregaram por sua barriga, parando bem na barra da calcinha e depositando um pequeno beijo. Peguei as alças do tecido, me livrando dele e logo depois da minha, nos deixando completamente nuas.

A ruiva me puxou contra ela, as mãos subindo de minha cintura até o rosto que estava de frente para o seu. Cheryl me analisou por alguns segundos, o dedo indicador tocando meu lábio inferior e o puxando para baixo enquanto seu olhar acompanhava o movimento.

— Você é perfeita, Tee. – sussurrou, os dedos caindo para minha clavícula e a desenhando. — Eu amo tanto você. 

Declarou, puxando-me para mais um beijo. 

Sorri contra seus lábios, afundando os dedos em seus cabelos para beija-la com mais vontade, Cheryl gemeu quando chupei sua língua e foi como um gatilho para a excitação me invadir por completo. A mão que estava nos ruivos desceu por todo seu corpo, o desenhando e chegando em meio as suas pernas. O calor que vinha dela me fazia ter mais desejo ainda de toca-la.

Os dedos escorregaram por entre suas dobras, movimentos circulares que começaram lentos e foram acelerando aos poucos sentindo sua umidade aumentar cada vez mais. Minha esposa gemeu mais alto, nos separando para recuperar o fôlego, colei minha testa na sua tocando a ponta do dedo em seu clitóris o estimulando bem devagarinho.

— Oh, Deus...

Gemeu, jogando a cabeça contra o travesseiro e arqueando as costas, retornei com movimentos lentos apenas a estimulando enquanto conseguia observar todas suas reações. Boca entreaberta, gemidos contidos, bochechas coradas e leves espasmos. Ah, como senti falta de vê-la totalmente entregue para mim. Suas mãos afundaram em meus cabelos, colando nossas testas novamente e seus castanhos me encararam.

— Por favor, Tee. 

Pediu manhosa, abrindo as pernas para mim dando-me total acesso.

— Eu amo quando você pede por mim... 

Sussurrei, esbarrando a boca na sua e deslizando dois dedos para dentro dela, seus olhos se fecharam e os dentes maltrataram o lábio inferior. Iniciei um vai e vem, os nossos corpos se mexiam e se tocavam, a cama balançava junto e os gemidos de Cheryl eram como a música de nossa dança. Firmei os movimentos, indo mais fundo e vendo o suor escorrer pela testa da ruiva, o seu corpo anunciava a ápice

— Olha pra mim, amor.

Pedi, os seus castanhos abriram, estavam completamente escuros e a vi se desmanchar na cama enquanto me encarava gemendo meu nome. Abri um sorriso antes de beija-la, acalmando sua respiração ofegante e retirando os dedos que se mantinham dentro dela. Cheryl gemeu em meio ao contato, contorcendo-se no colchão.

— Por que você fica mais gostosa cada vez que olho? 

Perguntei afastando as mechas que grudavam em sua testa, a ruiva sorriu do jeito que amo, o melhor sorriso dela e balançou a cabeça em negação. 

— Acho que preciso sentir um pouquinho mais de você.

Deslizei a mão direita para sua perna, dobrando a mesma e a deixando no ar, me remexi em meio a ela até que estivesse com a intimidade sobre a sua. Nós gememos juntas com o contato, Cheryl estava completamente molhada enquanto eu também já estava úmida apenas por nossos beijos e toques trocados. Rebolei contra a ruiva causando um atrito em nossos sexos, fazendo com que gemidos mais arrastados saíssem por nossas bocas. 

Minha esposa pegou em meu quadril auxiliando os movimentos para que conseguíssemos ter o mesmo prazer, uma mão segurei a sua pernas e a outra apoiei sobre o colchão forçando mais o corpo contra o dela. Cheryl fixou o olhar no meu, os gemidos se misturavam assim como nossos gozos. Não houve pressa, foi lento, gostoso, com olho no olho onde nada mais precisava ser dito. O meu ápice chegou primeiro, nos deixando ainda mais molhadas, facilitando para que com poucos movimentos a ruiva chegasse pela segunda vez em seu orgasmo. 

O meu corpo caiu ao lado do seu, me senti exausta, alguns espasmos ainda me invadindo, a respiração ofegando. Cheryl puxou as cobertas por cima de nossos corpos novamente, sua cabeça deitou sobre meu peito, o sorriso contra minha pele e os dedos deslizando pela mesma em desenhos imaginários. O meu coração começou a bater mais forte por me sentir nervosa, não bastava ama-la só fisicamente, precisava dizer o quanto quero ficar pra sempre ao seu lado e o que precisamos mudar para isso funcionar. 

— Cherry. 

A chamei, ela murmurou algo levantando o rosto para me encarar.

— Eu te amo. 

Declarei-me mais uma vez.

— Eu também te amo. 

Selou nossos lábios, abrindo mais um sorriso.

— Mas... – a ruiva me encarou atenta, o sorriso sumiu e os dedos pausaram sobre minha clavícula. — Nós tivemos tanta história, anos lutando por esse amor e para ficarmos juntas. Depois daquele episódio com sua ex, percebi todo seu esforço e acredito no seu amor, no quanto quer estar comigo novamente... – toquei em seu rosto iniciando um carinho na maçã do mesmo. — Só que essa briga, o desentendimento que estivemos hoje me lembrou algumas coisas ruins. – suspirei, pausando para continuar. — E acho melhor se...

A minha fala foi interrompida, um som estridente no bidê ao nosso lado me fez correr o olhar para o mesmo e perceber que era meu celular, peguei o aparelho em mãos erguendo um pouco o corpo, Cheryl se afastou levemente enrolando-se nas cobertas. O nome “Barbara” brilhando em minha tela me fez morder os lábios. 

— É... É a Barbara. 

Confessei para a ruiva que desviou nossos olhares.

— Pode não ser importante então... 

— Não. – Cheryl colocou a mão sobre a minha. — E se for alguma coisa com a Sabrina? 

— Claro, claro.

Balancei a cabeça em positivo, atendendo a chamada.

— Alô?

— Toni, nós estamos indo para o hospital. – pausou por alguns segundos. — Acho que a Gracie vai nascer.

A voz de Barbara soou mais alta que o normal, conseguia ouvir alguns múrmuros e acredito que a mesma devia estar dirigindo com o celular no viva-voz.

— Diz pra Cheryl ir pra lá agora! 

Ouvi Sabrina gritar ao fundo, ofegando, o celular teve que ser levemente afastado de minha orelha e tenho certeza que minha esposa ouviu porque seu próximo ato foi levantar da cama correndo em direção ao banheiro.

— Estamos indo, mande o endereço do hospital.

— Tudo bem.

Barbara respondeu, encerrei a chamada sentindo uma adrenalina me atingir ao perceber que meus amigos vão ser pais. 

Deus, Sabrina e Nicholas vão ter um bebê!

[ O maior capitulo da temporada! 😳

Será que a Cheryl entendeu o que a Toni tava querendo dizer? 🤔

Vou tentar responder os comentários.

A música: https://youtu.be/H-yU1KkqNUc ]

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