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Padrinhos e nomes

Cheryl B. Topaz – Point Of View

Seis meses de gravidez, o último trimestre da gestação acabará de entrar, nós sabíamos que ele nos reservava inúmeras surpresas e nenhuma delas aparentemente boa, mas ao acordar com os gêmeos remexendo antes mesmo do sol nascer já dizia muito.

E os movimentos que os bebês antes faziam com muita delicadeza, agora tinha força e me incomodavam, arrancando-me resmungos sofridos ao sentar na cama, chamando a atenção da minha esposa. 

— Cherry.

Toni rapidamente sentou ao meu lado.

— Meus amores, vocês precisam deixar a mamãe dormir.

Sussurrou, deslizando a mão por minha barriga, já não lembro a última vez que dormi com alguma blusa ou camisa porque tudo me sufoca a noite. Geralmente minhas vestimentas são sutiã reforçado e alguma calça moletom ou de qualquer tecido confortável.

— Eles gostam tanto de você.

Murmurei para Toni ao fechar os olhos. As remexidas acalmavam como passe de mágica cada vez que minha esposa toca ou fala com a barriga.

— O sentimento é recíproco. – beijou meus lábios. — Agora volta a dormir, precisa descansar porque temos consulta hoje. 

— Tudo bem. 

Relaxei os ombros, esticando o corpo na cama novamente. 

Toni sorriu.

— Pode deixar que acalmo esses dois agitadores.

Ultimamente, a única posição que consigo realmente me sentir confortável é de barriga para cima, odeio dormir assim, mas não há o que fazer. E como todas as outras vezes em que fui acordada de madrugada, dormi sentindo a mão de Toni acariciar minha barriga acalmando nossos bebês.

×××


— Olá, meninas. 

Dr. Montgomery sorriu ao nos ver em sua sala mais uma vez, outra consulta em que acompanhamos o desenvolvimento de nossos bebês, como está a saúde deles e os vemos naquela tela acinzentada. 

— Como estamos no início desse mês? 

Apoiou as mãos na mesa para me encarar. 

— Mais cansada, eles estão mexendo com força e as vezes atrapalham meu sono.

— Mamães, vocês acabaram de entrar no último trimestre, então vou ser sincera... – intercalou o olhar entre mim e Toni. — Serão os piores.

Pressionou os lábios.

— Primeiro sentirá sua barriga crescendo a cada dia que passa, os bebês ficarão mais inquietos, peitos maiores e com certeza terá muitas dores.

— Como posso ajudar? 

Minha esposa prontamente se disponibilizou. 

— Para dormir é bom comprar alguns travesseiros específicos, te darei o nome... – Dr. Montgomery se concentrou em um papel. — As dores serão normais por causa do peso da barriga, aconselho tomar banhos quentes e receber muitas massagens.

— Esse último trimestre demora muito? 

Murmurei, assustada com o que me espera.

— Depende de quando seus bebês vão querer nascer. 

Dr. Montgomery encolheu os ombros ao falar. Soltei um suspiro enquanto a médica retornava a nos dar mais dicas, essas que Toni parecia estar anotando mentalmente todas. Me sentia tão orgulhosa dela e de ter essa experiência com minha esposa, é com certeza a melhor que poderia ter ao meu lado. 

Antes de irmos, escutamos o coraçãozinho de nossos bebês, vimos o quanto eles cresceram do mês anterior para cá e recebemos a confirmação de que estão mais saudáveis do que nunca. 

No carro a caminho para casa, tinha a mão repousada em minha barriga enquanto observava as ruas lá fora. Toni não me deixa mais dirigir, segundo ela pode ser perigoso andar de carro sozinha, além de me convencer a diminuir o horário na escola, mas isso minha esposa não tem muito controle por passar o dia todo na academia. E ficar em casa é realmente um tédio, ainda mais agora que Katy e Samantha não moram mais conosco.

— Cherry, você está bem? 

Olhei para a lutadora, nós estávamos paradas em um sinal.

— Sim, é que... – mordi o lábio. — Hoje é o dia que vou encontra-la.

— Eu sei, amor. – sua mão deslizou por minha coxa. — Nós conversamos muito sobre esse dia, estamos preparadas, não estamos? 

— Claro, TeeTee. 

Tentei abrir meu melhor sorriso, selando nossos lábios.

Minha mulher assentiu, dando partida no carro e concentrando a atenção nas ruas. Um suspiro saiu por entre meus lábios ao pensar que reencontrarei Penelope, agora cara a cara, somente nós duas. Tive inúmeros conflitos comigo mesma antes de marcar esse encontro, mas não havia como escapar, estava curiosa e mais uma vez esperançosa de que podemos ter uma relação boa algum dia. 

Estou preparada para qualquer atitude sua que não seja com boas intenções, de verdade, e estou pronta pra pular fora se não ver verdade em sua aproximação. 

×××


— Amor. 

Encarei os castanhos, suspirando.

— Vai lá, você consegue. 

Toni incentivou-me a sair do carro. 

Estávamos estacionadas em frente a cafeteria que encontraria Penelope, o local com vidros transparentes dava uma sensação de segurança ao saber que Toni ficaria nos observando o tempo todo. Conseguia ver a ruiva sentada em uma mesa sozinha, concentrada em seu celular a minha espera.

— É, consigo. – respirei. — Não posso lhe dar muita abertura e...

Os lábios de minha esposa tocaram os meus.

— Faça o que tiver com vontade, Cherry. – acariciou minhas bochechas. — Estarei aqui te apoiando. 

— Obrigada, TeeTee. 

Beijei seus lábios mais uma vez, pressionando nossas bocas com mais força e permanecendo ali por segundos que não queria que acabassem, Toni conseguia acalmar o meu coração inquieto.

— Ei. – ela me chamou assim que abri a porta. — Eu amo você.

Um sorriso se apossou de meus lábios.

— Nós te amamos mais. 

Toquei em minha barriga ao falar, vendo a morena sorrir como todas as outras vezes que me refiro no plural. Um último beijo foi necessário e nos segundos seguintes estava saindo do veículo para ter minha primeira conversa a sós com Penelope Blossom.

Adentrei o local, fechando as mãos em punho e caminhando para a mesa da ruiva mais velha. Assim que me aproximei o suficiente, o seu olhar chegou até o meu, sentei na cadeira a sua frente. 

— Cheryl. 

Sorriu ao pronunciar meu nome. 

— Oi. 

— Acabei de pedir um café, você quer alguma coisa? 

— Por enquanto não, obrigada. 

Penelope assentiu.

— Pensei que a Toni nos acompanharia. 

— Ela veio.

Desviei o olhar para o vidro, minha esposa agora estava fora do carro com o corpo encostado no veículo e braços cruzados, fingindo não nos ver.

— Achei que deveríamos ter essa conversa só nós duas. 

Retornei a atenção para Penelope.

— Claro, temos muito pra recuperar... Quer dizer, treze anos. 

— Você está mesmo doente? 

Disparei, sem me conter. 

A ruiva levantou o olhar, surpresa com minha pergunta. Penelope abriu a boca para responder, mas foi interrompida pelo atendente que trazia seu café. Um agradecimento e o garoto nos deixou a sós novamente.

— Sabia que não viria tão aberta para nossa conversa. 

— Como se você merecesse. 

Retruquei, fechando a mão acima da mesa. 

Penelope suspirou, desviando sua atenção para a bolsa que carregava consigo. Após revirar a mesma, retirou alguns papéis dobrados e os estendeu acima da mesa. 

— São meus exames e diagnóstico. 

Os empurrou em minha direção. 

Respirei mais fundo, pegando nos papéis que não entendia quase nada somente que realmente havia um resultado para o glaucoma que afeta sua visão. Não posso negar que pesquisei sobre a doença, queria entender mais, se realmente ficaria cega e Penelope aparentemente falou a verdade. Não há cura, apenas atrasos da visão ser perdida por completo com tratamentos.

— Tem todos motivos para desconfiar de mim, por isso mesmo não irei me ofender se ainda acreditar que estou mentindo ou que fraudei os exames. – deu de ombros. — Se quiser levar a algum especialista ou que vá a algum médico com...

— Não precisa. 

A interrompi, lhe devolvendo os exames.

Ergui a mão para chamar o garoto que nos atendia, ele rapidamente veio em minha direção enquanto Penelope ficou me observando pedir um café e um donut bem recheado. 

Espero que Toni não enxergue que estou comendo doce

— Como está a gravidez?

A ruiva voltou a puxar assunto assim que ficamos sozinhas.

— Acho que devo fazer as perguntas aqui. – a cortei mais uma vez, Penelope concordou, bebendo um gole de seu café. — Por que me procurou agora? Em treze anos... Por que agora? 

Repeti, a mais velha respirou fundo.

— É uma longa história, mas resumidamente... – ficou ereta, fixando o olhar no meu. — Conheci alguém, um homem muito bom e com quem já tenho relação a cinco anos. 

— Uau. 

Minhas sobrancelhas ergueram em surpresa. Nunca imaginei Penelope com alguém que não fosse meu pai, eles sempre foram como o amor um da vida do outro. O meu pedido chegou, uma xícara de café e um donut que cheirava muito bem, rapidamente bebi um gole do líquido após agradecer o atendente. 

— Sendo sincera, escondi ter uma filha.

Penelope confessou.

— Isso não é surpreendente. 

Ironizei. 

— Mas quando contei, Richard quis saber tudo sobre você, Cheryl. – sorriu ao falar. — Ele me fez ter uma visão muito melhor quanto a sua sexualidade, toda a perda que passamos e o quão horrível fui. 

— Talvez o que qualquer pessoa sensata veria, não? 

Não conseguia segurar minhas farpas. 

— Tem toda razão. – concordou. — Então logo depois vi na mídia seu casamento, pensei em te procurar, mas faltava coragem. – negou com a cabeça. — O tempo passou e descobri essa maldita doença, faz apenas alguns meses. Precisava tentar, te ver e não pedir, mas conquistar seu perdão porque o que fiz... Deus, Cheryl. Não há como me redimir. 

— É bom que tenha isso em mente. – desviei o olhar para fora, Toni agora tinha a atenção em seu celular. — Ninguém a minha volta me quer perto de você, nem eu mesma sei se a quero na minha vida. 

— Eu entendo, de verdade. 

Encarei a ruiva, havia uma certa tristeza em seu olhar, algo que nunca a vi ter em relação a mim. Sempre que encontrava Penelope não tinha piedade ou emoção ao me ver, mas agora realmente parecia diferente. 

Eu só não queria estar me iludindo

— Então... – meu olhar focou na xícara por alguns segundos, retornando para encara-la novamente. — Me fala sobre você... E o Richard. 

Pedi, relembrando o nome que citou. 

Penelope abriu um sorriso, sabendo que era uma deixa para continuarmos com o assunto e prolongar esse reencontro. Me deliciei com donut e café enquanto a ouvia falar do homem que está a fazendo mudar. Esperava que fizesse isso sozinha, mas que bom que o tal Richard deu um empurrãozinho. 

Mais ouvi a ruiva falar do que realmente contei algo sobre mim, queria perceber qualquer erro ou quem sabe uma farsa em sua história, sempre teria um pé atrás com Penelope.

— E você, sei que tem uma escola de música, seguiu os passos do seu pai. – sorriu levemente. — Clifford deve estar orgulhoso. 

— Ele me ensinou, queria poder ensinar aos outros também. 

Pressionei os lábios, balançando a cabeça. 

Penelope concordou, descendo o olhar para a xícara já vazia. Aparentemente o tempo passou rápido. Puxei o ar, me preparando para encerrar esse encontro que durou mais do que o esperado, mas uma mexida de meus bebês me fez levar a mão a barriga, juntando as sobrancelhas com a dor em minhas costas. Ergui o corpo.

— Eles chutam muito? 

A ruiva chamou minha atenção. 

— Muito

Enfatizei a palavra.

— Você também chutava com frequência quando estava na minha barriga. – divagou. — Incrivelmente se acalmava quando Clifford falava, cantava ou tocava. 

— O mesmo com a Toni, é só se aproximar e parecem obedece-la. 

Não consegui segurar o sorriso ao lembrar de todos momentos que minha esposa fala com nossos bebês, os acalma ou simplesmente interage com eles ao tocar em minha barriga. 

— Ela realmente ama você. – Penelope olhou para fora, Toni ainda estava parada no carro e acompanhando o movimento das pessoas. — Se você visse o jeito que me expulsou da academia, dizendo pra ficar longe da família dela. 

— Posso imaginar. 

Mordi o lábio, suspirando com o pensamento de Toni nos chamando de sua família. Ainda é surreal para mim que encontrei alguém que me ama e proteja tanto quanto a lutadora.

— Já escolheram os nomes? 

Penelope tirou-me da divagação. 

— Que? 

Franzi a testa. 

— O nome dos gêmeos. – repetiu. — É um casal, não? 

— Sim, nós... Ainda não pensamos nisso. 

— Bom, tenho certeza que serão nomes lindos assim como os bebês. 

Sorriu de forma simpática. 

Assenti, os bebês mexeram novamente e fechei os olhos com mais força. 

— Hora de ir, preciso descansar.

Anunciei, já levantando. 

— Cheryl. – a encarei. — Nos encontraremos novamente? 

— Sim, Penelope. 

Ela sorriu mesmo com o tom rude. 

— Obrigada por hoje, foi incrível. 

Balancei a cabeça, murmurando um “tchau” antes de caminhar para a saída. Naqueles poucos passos até o carro e minha esposa, senti uma leveza que pensei que não teria ao encontrar Penelope, esperava lágrimas, tristeza, decepção, mas fico feliz de pela primeira vez estar errada sobre ela. 

Talvez não seja tão tarde para termos uma relação novamente.

— Hey.

Coloquei os lábios nos de Toni assim que adentrei o carro.

— Como foi? Muito difícil?

— Podemos conversar em casa? – pedi, a morena assentiu já ligando o veículo. — De preferência na banheira, com água quente e você junto de mim.

— Claro, Cherry. 

Minha esposa concordou, partindo para nossa casa.

A dor em minhas costas e pés estava me matando, ficar sentada muito tempo não é bom, nem mesmo deitada, em pé só alguns minutos. Dr. Montgomery tem toda razão sobre o terceiro e último trimestre, esses seis meses já estão começando com muitas novidades.

Toni preparou nosso banho assim que chegamos, o fim de tarde já caia e não havia nada melhor do que estar nos braços dela relaxando na banheira enquanto fazia uma massagem deliciosa nas laterais de minha barriga.

— Devíamos pensar em nomes. 

Quebrei o silêncio que estávamos, as mãos de Toni pararam.

— Sério? Achei que não tínhamos pressa. 

— Penelope perguntou se já havíamos escolhido. – falei relembrando da pequena conversa sobre os gêmeos. — E estou cansada de chama-los de gêmeos ou bebês, quero dar nomes a eles, você não? 

— Pensando assim, é verdade. – inclinei-me para poder encara-la. — Nossos amigos estão sempre curiosos sobre quais serão os nomes e os padrinhos. 

Suspirei com mais essa questão.

Padrinhos.

— Não quero que nossos filhos tenham seis padrinhos, será um inferno ter todos competindo para quem vai ser o mais amado. 

Revirei os olhos. 

— Então você escolhe um e eu outro, um casal.

— Amor, não posso em hipótese alguma escolher entre a Veronica e Sabrina, seja qual for a decisão terá um apocalipse. 

Toni gargalhou, acabei rindo também porque com certeza minhas melhores amigas se matariam. Não tenho como deixar que uma seja madrinha e a outra não.

— Ok, tenho uma ideia, mas você vai odiar. 

A morena ergueu seu corpo, pousando as mãos em minha cintura.

— Diga. 

— Um sorteio.

Falou de forma simples.

— Anotamos os nomes e escolhemos dois papéis, quem sair será os padrinhos dos gêmeos.

— Toni, não iremos sortear nossos bebês. 

Meu tom saiu indignado.

— Na verdade, estamos sorteando os padrinhos dos bebês, mas se prefere ter que escolher entre a Veronica e Sabrina... 

— Argh! – interrompi grunhindo. — Tudo bem, sorteio, só não quero contribuir pra essa rivalidade de melhores amigas. 

Girei meu corpo novamente, aconchegando-me em seus braços mais uma vez e sentindo a água me relaxar ao cobrir até o peito. Acho que ficarei na banheira pra sempre é o único momento que não sinto nenhum tipo de dor. 

— Escolhemos os nomes e comunicamos a eles, resolvi todos seus problemas, Cherry. 

Toni beijou minha bochecha, o tom esbanjando orgulho.

— Fala como se escolher nomes fosse fácil.

Balancei a cabeça em negação.

E talvez não estivesse tão errada. Quando saímos do banho vestidas em roupões e sentamos na cama com o notebook a frente, já tinha etapas planejadas até encontrar os nomes perfeitos. 

— Primeiro, deve ter um significado. Segundo, combinar com o sobrenome. E terceiro, temos que ter certeza que gostamos. 

Toni me encarou. 

— Para mim só basta o terceiro. 

— Ainda bem que você tem a mim, porque provavelmente pesquisaria “nomes para bebês” e escolheria o primeiro que achasse ser o certo. 

— E não vamos fazer isso? 

Franziu a testa. 

Respirei fundo. 

— Etapas, TeeTee. Etapas. 

Repeti, buscando por um dicionário na internet que tivesse o significado dos nomes. É óbvio que temos uma lista enorme, com todas variações e diferenças de nomes próprios. 

A busca era tão longa que nenhuma de nós duas estávamos conseguindo simpatizar com algum nome. Até tive que ir em busca de um doce, voltando para a cama com um pote de nutella e colher em mãos, sentando ao lado de Toni que continuava com o olhar grudado no notebook. 

— Talvez ainda esteja muito cedo...

Murmurei, concentrada na nutella.

— Achei um, para menino e que gosto, aliás... Tem significado. 

— Estou esperando. 

Encostei as costas na cabeceira da cama, sem óculos ficava difícil enxergar o que havia na tela do notebook. Toni virou seu rosto em minha direção, só pelo sorriso em seus lábios já sabia que iria amar.

— Henry. – cantarolou o nome. — Significa o príncipe do lar, o governante ou que manda na casa.

— Oh, até parece que deixarei um garotinho mandar na minha casa. 

Neguei com a cabeça.

— Cherry, não é pra levar ao pé da letra. 

— Henry Blossom Topaz? – sugeri. — Soa bem.

— Com nossos sobrenomes fica incrível. 

Toni sorriu largo. 

Ela havia amado e para mim, bastava. 

— E a menina? 

— Hum... – murmurou, retornando ao notebook. — Me diga como imagina nossa garotinha.

— Será perfeita, TeeTee. – não evitei o sorriso, deixando a colher cair no pote de nutella já quase vazio. — Forte, inteligente, engraçada e bondosa como você, provavelmente vai bater nos garotos da escola. 

Minha esposa riu, encarando-me por um momento.

— Sério? 

— Eu que iriei incentiva-la. 

Encolhi os ombros, rindo junto da morena. 

— Achei um que pode suprir suas exigências. 

— Não me decepcione. 

— Scarlett. – tirou a atenção do notebook para me olhar. — Significa obviamente, vermelho, mas também quer dizer forte e corajosa. 

Sorri, sentindo meu peito aquecer com o significado e a pronuncia. 

Um chute em minha barriga foi o suficiente para ter certeza que os gêmeos amaram ou odiaram. Acredito que não tenham nenhum poder de voto por enquanto, então quem decidirá serão as mamães.

— Henry e Scarlett Blossom Topaz. 

Pronunciei os nomes de nossos bebês, Toni sorriu ao se aproximar.

— Pra mim está perfeito. 

— Você tem certeza? 

Toquei em sua nuca em um carinho. 

— Tenho, Cherry. – beijou meus lábios. — Nossa família é perfeita.

Mais sorrisos foram trocados antes da minha esposa colar nossas bocas e eu ser obrigada a deixar meu doce de lado porque precisava sentir sua pele em meus dedos, o calor do seu corpo. Comemorar que agora nossos bebês tem nomes incríveis, só falta conhecê-los. 

×××


Sempre que a casa está cheia com a presença nossos amigos, não consigo ficar muito tempo perto da minha mulher porque aqueles idiotas estão sempre pedindo por sua atenção. Milagrosamente, não tínhamos a Mackenzie junto porque a mesma viajou com o namorado dando-me alguns dias com Toni, mas infelizmente hoje não estava conseguindo aproveitar de sua companhia por causa de todo movimento de pessoas a nossa volta.

— Então como foi? 

Veronica perguntou ao adentrar a cozinha comigo, parecia o único lugar realmente silencioso na casa já que iríamos pedir pizza, nada de cozinhar ou deixar minha casa suja com pratos, talheres... Ultimamente qualquer coisa tem me irritado inclusive sujeira. 

— Estranho, mas bom. – respondi franzindo o nariz. — A Penelope está diferente, parece realmente ter mudado.

— O que um macho não faz, uhn? 

Estreitei o olhar para a morena.

— Oh, desculpa, desculpa... – levantou as mãos em sinal de rendição. — Só que pelo que me contou desse encontro, nem parece a senhora Blossom de Thistlehouse, ela sempre foi meio amargurada... – pausou por alguns segundos. — Tipo você.

— Veronica?!

Abri a boca incrédula.

— Cheryl, vocês são iguaizinhas, por isso não se suportam. – falou como se fosse óbvio. — Não estou querendo dizer no quesito materno, mas no jeito... Penelope sempre foi mau humorada, inclusive antes do seu pai falecer. 

— É, tem razão...

Divaguei, juntando as sobrancelhas.

— Vai encontra-la de novo? 

— Pretendo, quem sabe conhecer o Richard...

Dei de ombros. 

— Amor. – Toni apareceu na porta da cozinha, desviei o olhar para ela. — Vamos fazer o anúncio antes que chegue a pizza.

— Claro, estamos indo. 

— Me diz que sou madrinha, por favor.

Veronica implorou enquanto me seguia para a sala, revirei os olhos. Nós decidimos não fazer chá de bebê ou qualquer tipo de festa na gravidez, não somente por Toni estar sem tempo por conta dos treinos, mas também porque não tenho disposição alguma para ficar parada em um salão, com sorriso no rosto e posando para fotos.

— Elas vão falar.

Nossos amigos murmuravam enquanto ficávamos em meio a sala para ter a visão de todos os presentes. Bem a nossa frente havia uma mesinha de centro, com uma tigela e nomes dos presentes: Veronica, Betty, Sabrina, Nichoas, Jughead e Nathan.

— Escolher os padrinhos dos bebês é uma tarefa muito difícil, então nós iremos deixar a sorte decidir. – Toni falou, pegando a pequena tigela transparente com papeis dobrados. — Fazendo um sorteio.

— Sorteio? 

Sabrina alterou-se. 

Levei a mão até a testa, não vai dar certo.

— Cheryl, não acredito que concordou com isso. 

Nathan argumentou.

— Gente, é sorteio e pronto, os dois que saírem serão os padrinhos...

— Só dois? 

Betty me interrompeu.

— Dois bebês, dois padrinhos. – Toni explicou como se fosse obvio. — Agora vamos ao sorteio.

Quando minha esposa enfiou a mão naquela tigela, remexendo os papéis, torci para que não saísse o nome de Veronica e nem da Sabrina, se uma fosse a madrinha e a outra não, nem sei o que poderia acontecer.

— E o nome sorteado foi... – a lutadora abria o papel fazendo suspense. — Nicholas! 

Toni exclamou em animação.

Nicholas? Deus! 

— Uhu! – meu amigo comemorou ao levantar do sofá. — Sou padrinho dos gêmeos. 

Iniciou uma dança esquisita que fez Sabrina lhe estalar um tapa no braço para que sentasse novamente. O mesmo se encolheu enquanto Toni mais uma vez enfiava a mão na tigela e retirava outro nome.

Sem Sabrina e Veronica.

Sem Sabrina e Veronica.

Sem Sabrina e Veronica.

— E o próximo é... – Toni pausou por alguns segundos. — Betty! 

Ufa!

— Só pode ser brincadeira.

Escutei um resmungo de Veronica. 

Betty comemorava ao seu lado, zombando da médica. Foi um pequeno espaço de tempo em que houve reclamações, discussões e muitos insultos sobre ser injusto, provavelmente haveria o mesmo tumulto se tivéssemos escolhido de vontade própria.

— Então já que temos os padrinhos... – a lutadora deslizou a mão por minha cintura em um abraço. — Podemos dizer os nomes também. 

— Já tem os nomes? 

Sabrina perguntou com ansiedade.

— Henry e Scarlett.

Pronunciei, trazendo de volta uma calmaria ao perceber todos elogiarem os nomes de nossos bebês. Veronica caminhou em minha direção, me encolhi contra o corpo de Toni temendo que estivesse brava.

— Eu te odeio. – rosnou. — Mas os nomes são lindos, vem cá... – abriu os braços, sorri para a morena lhe abraçando. — Parabéns, Bombshell. 

— Obrigada, Ronnie. 

Suspirei em seus braços. 

— Só pra deixar claro, também te odeio.

Ouvi Sabrina bem próxima a nós.

— Quero um abraço em grupo com minhas melhores amigas. 

Pedi, intercalando o olhar entre as duas.

Veronica foi a primeira a negar:

— Ah, não, aí já está pedindo demais...

— Nem pensar. 

— Por favor.

Juntei as mãos. 

— Odeio você. 

As duas falaram em uníssono, aceitando o contato que nem sabia que precisava. Ter minhas duas melhores amigas com os braços ao meu redor e dos meus bebê foi acolhedor, confortante. Eu sabia que sempre estariam ali pra mim, seja pra me consolar ou para jogar algumas verdades em minha cara...

×××


O final dos seis meses se tornou insuportável, mal conseguia trabalhar devido as dores, os gêmeos adoram brincar constantemente em minha barriga, os meus pés incham virando bolas, os meus seios se tornaram pesados e nem mesmo a aula de pilates conseguia me ajudar a aliviar qualquer um dos sintomas.

Cheguei em casa após mais uma sessão com Alessia, meu corpo estava cansado, as dores nas costas, ombros e pés pareciam insuportáveis. Subi direto para um banho, já estava começando a anoitecer quando deitei na cama e nada da minha esposa chegar.

Sei dos seus treinos, que precisa focar para ganhar a luta, mas também precisava dela, do seu apoio e principalmente da presença para acalmar os nossos bebês inquietos.

— Cherry, eu já estou acabando... 

Falou assim que atendeu o celular.

— Acabou agora, Antoniette. – a interrompi sentindo o sangue correr mais rápido em minhas veias. — Venha pra casa! Eu preciso de você.

— Cheryl...

Desliguei. 

O celular foi parar no bidê da cama e tentei me acomodar nos inúmeros travesseiros que minha esposa comprou para mim, geralmente me ajuda a dormir melhor, mas nada consegue retirar minhas dores ou fazer com que tenha uma noite de sono completa.

Estava praticamente enlouquecendo. 

Por mais que massageasse a barriga, deitasse em posições que pesquisei serem favoráveis, nada ajudava e a frustração de não conseguir me sentir bem deixava tudo ainda mais intenso, mais dolorido, mais impensável. 

— Oi, amor. – a lutadora adentrou nosso quarto ainda com a roupa de treino. — Vim o mais rápido que pude, como você está? 

— Como acha que estou? 

Meu tom saiu áspero.

— Não consigo dormir direito, estou cheia de dores, eles não param de mexer e você está sempre longe! 

— Cherry, não é verdade. 

Aproximou-se, sentando a minha frente. 

— Jura? Porque tive que ligar para vir, você não pensa em mim ou nos bebês, Toni. Só nessa maldita luta. 

— Ok, você está irritada.

— Claro que estou. – choraminguei. — Quando desejei ter os bebês, não pensei que passaria por tudo sozinha. 

Acusei, os castanhos de Toni vieram até os meus. 

— Cheryl?

— Devia tomar um banho pelo menos, antes de tentar me ajudar.

Vi a respiração da morena pesar, abaixando a cabeça e a balançando antes de ir para o banheiro. Tentei me acomodar naqueles travesseiros novamente, buscando por um sono que não tive a noite e graças a Deus, o consegui naquele momento. 

Quando acordei, Toni também dormia ao meu lado, mas ao contrário dela não consegui dormir mais. Foi outra noite de insônia, dores e mexidas dos bebês, minha esposa até acordou na madrugada, me fez massagem e disse que ficaria tudo bem. Ela dizia isso todas as noites, porque geralmente não dorme mais após minhas reclamações, até via umas marcas de cansaço em seu rosto. 

Nós duas estamos exaustas.

No outro dia, Toni saiu cedo da manhã, despedindo-se com um beijo na minha testa enquanto ia para a academia. Fiquei sozinha na cama, como sempre, tentando recuperar o sono que não tive a noite. Decidi não ir a escola, enviando uma mensagem para Sabrina.

Durante toda a manhã, tarde e início da noite minhas únicas companhias eram os gêmeos, Lion e Debora que retornou a trabalhar após a ida da minha sogra pra própria casa. Quando recebi um aviso de que Toni iria sair com os amigos – já que é quarta-feira, claramente não fiquei satisfeita. 

— Vocês vieram.

Suspirei ao ver Sabrina e Veronica na minha porta.

— Hoje é quarta, nosso dia! 

A morena estava animada. 

Fechei a porta assim que as duas passaram, seguindo minhas amigas até a sala. Antes nosso grupo também tinha a Betty, mas a loira nos abandonou ao se debandar para o grupo de amigos da Toni. 

— Nosso grupo precisa aumentar, vou espalhar cartazes. 

Veronica continuava a tagarelar. 

Sentei no sofá, apoiando a cabeça em minha mão.

— Cheryl. – Sabrina sentou ao meu lado. — A gente precisa conversar. 

Franzi a testa com seu tom sério. Veronica estava em outro sofá e também tomou uma expressão neutra, uma tensão pairando na sala.

— O que houve? 

A loira suspirou. 

— Não estamos aqui por acaso, também porque hoje é quarta, mas principalmente porque a Toni conversou com a Betty... 

— Que conversou comigo.

Veronica completou, fiquei ainda mais confusa. 

— Cheryl, a gente acha que você está sendo muito dura com a Toni. 

— Não é de hoje que percebemos o quanto tem estado irritada, descontando principalmente nela. – Sabrina continuou. — Sei que sente dores, que não é fácil, mas a Toni está sempre disponível, além da gravidez também tem os treinos. 

Deitei minha cabeça contra o encosto do sofá, absorvendo as palavras de Sabrina. 

— Toni disse pra Betty que está exausta, que não consegue fazer você se sentir bem e por isso, saiu com os meninos hoje pra relaxar.

— Não pensei que estava sendo assim pra ela...

Murmurei, juntando as sobrancelhas.

— Se serve de consolo, aguentei muitas coisas da Betty no final da gravidez, só que meu tempo era inteiramente dela. – Veronica deu de ombros. — A Toni tem que focar nos treinos e pensar na luta, deveria facilitar mais pra ela.

— Eu só... – puxei o ar. — Nossa, ontem mesmo disse pra ela que só pensa na luta e nunca está perto de nós. 

— Todos sabemos que não é verdade, inclusive a Toni, mas deveria se desculpar. 

Sabrina tocou em meu ombro.

— Claro. – assenti. — Vendo agora estou sendo uma estúpida, ela não merece tantas grosserias. 

— Ah, ela vai entender. 

Veronica veio até o sofá sentando em meu outro lado.

— É só pedir desculpas, a Toni é apaixonada por você e por esses bebês. – Sabrina confortou-me. — Agora vamos assistir um filme clichê de romance. 

— Não, não, vamos assistir um de ação.

Lodge retrucou. 

Revirei os olhos com um sorriso nos lábios. As duas estavam certas sobre tudo e só conseguia pensar que queria o perdão de Toni logo, desejando que retornasse para casa mais cedo hoje. 

Minhas amigas me distraíram, provavelmente se a dupla não estivesse comigo pensaria inúmeras bobagens sobre minha esposa provavelmente já não me amar tanto assim, quem sabe estar desistindo depois de tantas ofensas. Eu sou realmente uma idiota. A noite foi passando, o horário que geralmente Toni chega também e nada da lutadora em casa, já sentíamos o sono bater ao terminar de assistir o segundo filme.

— Eles não está demorando? 

Perguntei, desviando o olhar para Sabrina que tinha sua atenção no celular.

— É, vou ligar pro Nicholas.

A loira levantou, caminhando para a sala de jantar. Peguei o meu celular em mãos, não havia nenhuma mensagem ou sinal da Toni, já sentia sua falta, queria acabar com essa angústia no peito de tê-la magoado.

Os minutos passaram, Sabrina chamou Veronica em certo momento, mas não dei importância, focando em achar as palavras certas para iniciar uma conversa com minha mulher por mensagens. Geralmente não tenho medo ou receio de falar com Toni, porém quando sei que a machuquei viro uma garotinha cheia de relutância.

— Cheryl. – Veronica parou a minha frente, ergui o olhar. — Nós decidimos dormir com você hoje. 

Sorriu, sentando ao meu lado.

— Por que? A Toni já deve estar... – encarei Sabrina, conhecia muito bem o seu olhar de que havia algo errado. — O que aconteceu? 

— Nada. – Sabrina sentou em meu outro lado. — Ela só bebeu um pouco e achou melhor não voltar pra casa.

— O que?

Arregalei os olhos. 

— Não, a Toni sabe que não me importo que beba e até cuido dela. 

— Talvez não queira te incomodar. 

Veronica me consolou. 

Intercalei o olhar entre minhas amigas, um nó se formou em minha garganta e não demorou para que estivesse liberando um choro sofrido, as lágrimas escorrendo por minhas bochechas.

— Cheryl... 

Sabrina acariciou meus cabelos.

— Ela está fugindo, com medo de mim. – solucei, meu peito doeu. — Sou uma péssima esposa, nem deve me amar mais... 

— Deixe de ser dramática. 

Veronica resmungou.

— Lodge! 

Sabrina a repreendeu. 

— A Toni estava estressada, cansada, provavelmente surtando de tanta responsabilidade, deve ter bebido pra relaxar, não tem nada haver com você, Cheryl. 

— Como não, Ronnie? 

A encarei.

— Eu sou uma idiota. 

Veronica respirou, revirando os olhos. 

— Cheryl, não se preocupe. – Sabrina acariciou meus braços. — Nós vamos ficar com você até a Toni chegar amanhã, ok? 

— Ela deve me odiar...

— Claro que não, vem cá. 

Abriu os braços, acolhendo-me contra seu corpo.

Suspirei, chorando no ombro de Sabrina enquanto Veronica reclamava de meu drama. Só queria que a noite passasse mais rápido, que Toni retornasse pra casa e que fizéssemos as pazes.

Toni Topaz – Point Of View

Nem me lembro a última vez que acordei de ressaca, mas a sensação de impotência, a dor na cabeça e tontura ainda são da mesma maneira. Pisquei algumas vezes, recordando-me da noite anterior onde estava me sentindo tão insuficiente que obriguei-me a beber algumas cervejas. Sempre fui fraca para o álcool, bastou algumas garrafas e já estava completamente bêbada. 

Não queria discutir com Cheryl, muito menos lhe incomodar ao chegar alcoolizada em casa, então vim parar aqui. Na casa da minha treinadora, no sofá para ser mais específica. 

 — Bela noite, Topaz. 

Mackenzie apareceu em meu campo de visão, trazendo uma xícara entre as mãos e alcançando-me. Forcei meu corpo para sentar, pressionando os olhos e sentindo a cabeça latejar.

— Que horas são? 

Bebi um gole do café quente e amargo, fazendo uma careta.

— Metade da manhã de quinta-feira. – sentou ao meu lado. — Sabe o que isso significa? 

— Que a Cheryl vai me matar.

Murmurei, suspirando.

— Não, que provavelmente perderemos um dia inteiro de treino. 

— Mackenzie, nós estamos bem... 

— Concordo, porém facilitei seus horários para ter mais tempo com a Cheryl, para que não houvesse interferências como a de hoje. Se ao menos tivesse visto que estava bebendo, mas quando percebi já estava quase desmaiada.

Balançou a cabeça em negação.

— Tudo bem, foco nos treinos, eu já sei. 

Mackenzie soltou o ar com força. 

— Tire o dia inteiro com a sua esposa, parece que vocês tem pendências para resolver.

— Ela vai me matar, então se não aparecer no treino amanhã ligue pra policia. 

Levantei, bebendo mais um gole daquele café horrível.

— Aliás, seu café é muito ruim.

Ela revirou os olhos.

Enfrentar os problemas de frente e sem receio é sempre um bom conselho, mas quando o desafio é sua esposa provavelmente furiosa porque passou a noite fora, bebeu e não mandou notícias é praticamente suicídio. 

Infelizmente precisava disso, de um momento sem me preocupar em ser campeã, a mãe perfeita ou a esposa perfeita, me sentia exausta das grosserias de Cheryl, da maneira que não consigo fazer suas dores ou incômodos passarem. Me sentia uma merda, de verdade. No início conseguia dar conta de tudo, mas agora só queria pedir uma pausa ou que o tempo parasse um pouquinho para que pudesse respirar. 

Não havia mais como fugir, terei uma conversa com minha mulher e iremos acertar tudo, sei que sim, só tenho medo de sua reação ao me ver em casa após essa pequena noitada. 

— Finalmente! 

O tom de Veronica esbanjava alívio. 

Franzi a testa ao vê-la descendo as escadas da minha casa.

— Não aguentava mais. – se aproximou, pressionando uma caixinha de lenço contra meu peito. — Ela está no quarto, não dormiu a noite toda.

— O que... Mas...

Estava completamente confusa, Veronica nem me esperou completar e já caminhava para a saída.

— Tchau, Topaz! 

E a porta se fechou. 

Deixei a caixinha de lenço sobre o sofá, apressando os passos até o quarto em busca de Cheryl. Nem Lion estava pelo segundo andar, isso nunca significava boa coisa. 

Minha desconfiança estava certa já que encontrei a ruiva sentada na cama, olhos pequenos e vermelhos, chorando como uma criança que foi castigada enquanto tinha Sabrina a sua frente tentando lhe acalmar. O meu coração partiu, não acredito que consegui deixa-la ainda pior do que antes.

— TeeTee. 

Choramingou o apelido, retirando-me do pequeno transe. 

Cheryl rapidamente veio até mim, seus braços envolveram meu pescoço com força e deslizei minhas mãos por suas costas em retribuição. A ruiva agora chorava em meu ombro, mesmo confusa com a situação fiz questão de lhe acolher ao máximo, por mais que a barriga atrapalhasse nosso contato.

— Cheryl, o que aconteceu? 

Segurei seu rosto molhado entre minhas mãos.

— Eu fui tão ruim pra você, falei absurdos e nem pedi desculpas... – mal entendia sua fala por conta do choro. — Sou uma péssima esposa, me perdoa, amor. 

— Cherry, claro que não. 

Escorreguei os polegares por suas lágrimas. 

— Sei que sim, você fugiu de mim e deve me odiar porque...

— Para. – a interrompi, focando o olhar nos castanhos. — Nunca conseguiria te odiar, entendo que esteja cansada e com dores, só queria achar uma maneira de te ajudar, mas... 

— Você é perfeita, TeeTee. – suspirou. — Fui eu quem não te deu valor, estava tão irritada e pensando só em mim, não vi o quanto se esforça por nós. 

Os castanhos voltaram a ser inundados por lágrimas. 

— Amor, eu amo você. – beijei seus lábios. — Não estou brava. 

— Jura? 

Sussurrou. 

— Juro. – abri um leve sorriso. — Você se tornou uma manteiga derretida na gravidez.

— É tudo tão mais intenso, nem consegui dormir e...

— Não acredito que a Lodge me deixou aqui. 

Sabrina interrompeu minha esposa, a encaramos, nem vi a mesma sair do quarto e voltar. 

— Ela era minha carona e foi embora sem mim! 

Focou o olhar no celular.

— Senti sua falta. 

Cheryl sussurrou, deitando a cabeça em meu ombro. 

— Senti falta dos meus bebês. – acariciei seus ruivos em um carinho. — O sofá da Mackenzie era muito ruim e o café pior ainda. 

— De quem? – ela ergueu o rosto para me encarar. — Dormiu na Mackenzie?

— Você não sabia? 

Arqueei as sobrancelhas em surpresa.

— É melhor chamar um uber, tchau! 

Sabrina mais uma vez interrompeu nosso momento, acenando e saindo do quarto em seguida. O clima pesou de maneira que não me agradei nem um pouco, Cheryl desvencilhou-se de mim para ir até a cama, pegando a caixinha de lenços que havia acima do bidê e enxugando as lagrimas.

— Cherry... 

Me aproximei.

— Primeiro se abriu com ela quando aconteceu a morte do seu pai e agora bebeu preferindo os cuidados dela? 

O ciúmes estava transbordando em seus castanhos escuros.

— Sabe porque não vim pra casa...

— Claro. – interrompeu-me. — Porque sou uma idiota, porque queria distancia de mim e porque a Mackenzie é perfeita! Se pudesse colocava ela em um pedestal.

— Cheryl.

A chamei, a mesma não me encarou.

— Está fazendo de novo, deixando esses sentimentos bobos tomarem conta. Tenho certeza que sabe o quanto queria estar aqui ontem a noite, não trocaria vocês três por ninguém, Cherry. 

— Não me acha uma idiota? 

Seu tom saiu baixo, voltando a me encarar. 

— De jeito nenhum. – sentei na cama ao seu lado. — Dr. Montgomery nos avisou do último trimestre, talvez devêssemos tentar cada vez mais ser compreensiva uma com a outra. 

— Tem razão, você me perdoa? 

— Sim, Cherry. – lhe dei um selinho, acariciando seu rosto. — Sei que por vezes não te ajudo o suficiente, então... 

— Não ouse. 

O indicador da ruiva tocou meus lábios.

— O erro foi totalmente meu e ainda bem que minhas amigas me alertaram, você é incrível, amor. 

— Mas os treinos.

— Eles não atrapalham, eu que sou uma chata que quer você grudada a mim vinte e quatro horas por dia.

— Ah, não seria um sacrifício, sabia? 

Escorreguei os braços por sua cintura, abraçando a ruiva e os meus bebês, minha esposa abriu um sorriso deitando a cabeça em meu ombro. 

— Eu amo você, TeeTee. 

Depositou um beijo em meu pescoço.

— Eu te amo, Cherry... Muito mais do que imagina.

×××


No sétimo mês de gravidez, Cheryl parou de trabalhar, por pedido meu – algo que já desejava a mais de dois meses, mas principalmente por não ter mais disposição para ficar tanto tempo sentada lidando com o estresse do dia a dia. Faltam menos de dois meses para minha luta, o foco continua enorme, quando foi anunciada os fãs de UFC se animaram com minha volta e estava começando a ficar ansiosa para o dia que pisarei no octógono novamente.

Minha esposa tem sido um pouco mais compreensiva, na verdade, a sua raiva foi substituída por pura emoção. Cheryl está cada vez mais chorosa, qualquer coisa é motivo de lágrimas e soluços. Para mim, é bem melhor do que as suas grosserias que mesmo sabendo que eram sem pensar machucavam-me de alguma forma.

Hoje nós teríamos um encontro que provavelmente mexeria com suas emoções, Nathan a duas semanas me contou estar namorando e passou-me a responsabilidade de contar a Cheryl que prontamente quis conhecer o menino. Marcamos um jantar, em um sábado onde passei o dia inteiro lhe ensaiando para ser gentil e não fazer inúmeras perguntas.

— Uau. – a ruiva encarou-me ao ouvir a campainha. — Chegaram no horário, isso é estranho vindo do Nathan. 

Juntou as sobrancelhas. 

— Ser gentil. – repeti para ela. — Você lembra, não é?

— Sim, eu lembro. 

Revirou os olhos.

Sorri, beijando sua bochecha antes de deixa-la no sofá para ir até a porta recebe-los. Abri a mesma, ficando a frente de Nathan e outro garoto da sua altura, cabelo loiro e de pele mais clara, suas roupas comportadas me faziam pensar que é o posto do Price.

— Boa noite. – meu tom saiu animado. — Sou a Toni. 

Estendi a mão para o garoto.

— Elliot. É um prazer, senhora Topaz.

Ergui as sobrancelhas em surpresa enquanto permanecia com nossas mãos juntas, desviando o olhar para Nathan que tinha um sorriso orgulhoso no rosto.

Aposto que treinou o namorado pra agradar a Cheryl.

— Pode me chamar só de Toni, mas entrem... – dei passagem para o casal. — Minha esposa está na sala.

— É uma linda casa.

Elliot elogiou enquanto adentrava, percorrendo o olhar pelo local. Nathan com certeza o treinou. Nós caminhamos juntos para a sala, Cheryl ergueu-se levemente, mas sem levantar. A barriga tem maltratado suas costas. 

— Madrinha, esse é o Elliot. – Nathan os apresentava. — Elliot, essa é a Cheryl, minha madrinha do AA e posso dizer... Segunda mãe.

Encolheu os ombros ao falar.

Cheryl ficou claramente surpresa com as palavras do garoto.

— É um prazer, senhora Topaz. – Elliot aproximou-se da minha mulher lhe estendendo a mão. — Nathan me falou muito sobre a senhora. 

O olhar da ruiva estreitou.

— O prazer é meu. 

Falou desfazendo o aperto de mão devagarinho.

— Bom, o jantar já esta pronto, Debora quem preparou. – anunciei. — Vamos comer? 

Todos concordaram, ajudei minha esposa a levantar enquanto a mesma tinha um olhar desconfiado em Elliot, sabemos que Nathan sabe exatamente que Cheryl não gosta do sexo masculino e não duvido que tenha passado dias o ensinando a dizer palavras certas para lhe agradar. 

Sentamos a mesa, Elliot estava de frente para mim e Nathan para Cheryl, um silêncio confortável se instalou na mesa, mas tinha certeza que não duraria muito.

— Então a quanto tempo estão juntos? 

Minha esposa quebrou o silêncio.

— Dois meses?

Nathan tinha um tom duvidoso.

— Estamos juntos fazem quatro meses, mas namorando faz dois. – Elliot tinha um sorriso ao falar. — Nós nos conhecemos na faculdade. 

— Isso nunca é bom... – Cheryl comentou. — Misturar romance com estudos.

— Elliot é um ótimo aluno.

Nathan fez questão de defender o namorado.

— E o que ele faz? Educação física como você?

Cheryl zombou. 

Ela nunca vai superar Nathan ter escolhido essa profissão.

— Cherry...

Deslizei a mão por sua coxa, lançando um olhar repreensivo.

— Na verdade, eu faço música. 

A fala de Elliot nos fez girar a cabeça juntas em sua direção, ele não parecia perceber o quão espantadas estávamos ou o quanto isso é importante para Cheryl. Já Nathan tinha o maior sorriso de vitorioso no rosto. O garfo da ruiva caiu contra o prato.

Ela estava desacreditada.

— Você faz música? 

— Sim. – respondeu a minha mulher com um sorriso. — Minha especialidade é violino, adoro uma música clássica.

Os seus olhos brilharam. 

— Sabe que tenho uma escola de música, certo? 

— Não. – ele franziu a testa. — O Nathan não me falou nada.

— Não disse nada sobre sua profissão pra ele, madrinha. – Nathan deu de ombros continuando a comer. — Só disse que iríamos encontrar duas pessoas muito importante para mim. 

Aquilo parecia inacreditável, Elliot conseguiu agradar a Cheryl sendo ele mesmo? Que porra! Onde Nathan conseguiu achar esse menino? É realmente um dia histórico.

— Aliás, nos conhecemos em um evento da faculdade onde ele se apresentou tocando Beethoven no violino. – Nathan ergueu o olhar pra Cheryl. — Uma certa ruiva me obrigou a pesquisar sobre esse cara uma vez.

— Me surpreendi quando um aluno de educação física sabia quem era Beethoven e soube reconhecer só pela melodia. – Elliot continuou. — Nós trocamos números e aqui estamos nós. 

Deslizou a mão para junto da de Nathan que estava sobre a mesa e os dois trocaram um sorriso. Eles com certeza estavam apaixonados. Desviei minha atenção para Cheryl e não me surpreendi ao vê-la se debulhando em lágrimas.

— Vocês são tão fofos...

Choramingou.

— Amor. – toquei em seu rosto enxugando as lágrimas. — É a gravidez, me desculpem.

— Tudo bem, eu entendo completamente.

Elliot sorriu de forma simpática.

— Ele é tão educado.

Minha esposa murmurou, balançando a cabeça enquanto tentava inutilmente limpar as lágrimas. Nathan ria do seu jeito derretido enquanto tentava faze-la voltar a comer. 

Após o amor por música e instrumento clássico ser compartilhado, Cheryl fingia que Nathan nem existia, só tinha olhos para Elliot, querendo saber tudo do garoto que respondia de boa vontade as inúmeras questões. O mesmo até se ofereceu para lavar a louça, mas minha esposa não deixou, queria saber como ele está na faculdade, o que mais gosta... Viraram melhores amigos.

— Você não disse que a Cheryl odeia homens? 

Nathan parou ao meu lado, observando a interação da dupla sentada no sofá. Estávamos a alguns passos dos dois que pareciam ter muito assunto, sem precisar de nós.

— Quem mandou trazer uma versão masculina dela?

Arqueei uma sobrancelha.

O garoto bufou, estreitei o olhar.

— Está com ciúmes? 

— Que? Não! 

Balançou a cabeça negativamente.

— Sabemos que você é o preferido dela.

— Com certeza perderei esse posto. 

Suspirou.

Ele estava com ciúmes.

— Nathan, venha aqui! 

Cheryl o chamou, olhamos para a ruiva e a mesma estava sozinha agora.

— Onde o Elliot foi? 

Perguntei me aproximando.

— Banheiro. – deu de ombros. — Me ajude a levantar.

Pediu estendendo a mão, peguei na mesma a impulsionando e Cheryl gemeu levemente, suas mãos pousaram nas costas e parou de frente para Nathan.

— Você realmente gosta dele? 

Encarou o garoto de frente. 

— Sim, madrinha... Muito. 

Nathan sorriu. 

— Que bom, porque eu o ameacei. – arregalei os olhos para a ruiva. — Disse que a Toni e outros lutadores o quebrariam se ele machucar você... E que daria um jeito de nunca ter uma carreira na música. 

— Cheryl!

— Agora entendi porque quis ir no banheiro.

Nathan riu ao falar.

— Vem cá. – Cheryl abriu os braços para o garoto, eles se abraçaram. — Estou muito orgulhosa e feliz por você, espero que de tudo certo nesse namoro.

— Obrigada, eu precisava trazer ele pra te conhecer, você é uma peça muito importante na minha história.

O garoto declarou, segurando as mãos de Cheryl.

— Ok, não quero mais chorar, então pare.

Nós três acabamos rindo, Elliot não demorou a voltar do banheiro recebendo um sorriso da ruiva e dizendo que adorou conhece-lo, ele parecia mais receoso provavelmente temendo as ameaças. 

Foi uma noite ótima, os meninos foram embora assim que Cheryl começou a demonstrar cansaço, as noites ainda são difíceis, mas estamos aprendendo a lidar melhor. Minha esposa subiu primeiro para o segundo andar, fiquei mais um pouco para dar ração ao Lion e até leva-lo na parte externa para caminhar. 

Quando apaguei todas as luzes e fui em busca da Cheryl, estranhei a porta do quarto dos gêmeos estar aberta e com um fio de luz invadindo o corredor. Caminhei em passos lentos até a porta, não demorei a escutar a voz melódica de minha esposa:

Vamos, pare de chorar
Tudo ficará bem
Apenas pegue minha mão
Segure firme
Te protegerei de tudo à sua volta
Eu estarei aqui
Não chore


Arrastei-me devagarinho pela parede, parando no batente da porta e encostando meu corpo ali. Tinha a visão inteira do quarto de nossos bebês, completamente decorado com dois berços de madeira, duas cadeiras de balanço, dois ursos enormes decorando, trocador, armário e abajures um ao lado de cada caminha. Cheryl estava em uma das cadeiras, em meio aos berços, balançando o corpo enquanto acariciava a barriga e tinha os olhos fechados. Era a primeira vez que a via cantar para os gêmeos.

Para alguém tão pequeno
Você parece tão forte
Meus braços irão te segurar
Te deixando seguro e aquecido
Esta ligação entre nós
Não poderá se quebrar
Eu estarei aqui
Não chore


Um sorriso apareceu em meus lábios junto de um suspiro de felicidade, nunca me senti tão completa e tão amada quanto agora. Eles são minha vida, meu presente, meu futuro... Os meus bens mais preciosos, por vezes só queria poder parar o tempo em momentos assim como esse em que minha esposa está tão leve e os bebês calmos em sua barriga redonda e linda. 

Pois você estará em meu coração
Sim, você estará em meu coração
Por todo esse dia
Agora e para sempre
Você estará em meu coração
Não importa o que eles digam
Você estará aqui
Em meu coração sempre


Cheryl praticamente sussurrou a última frase, inclinando-se levemente para a frente e abrindo os olhos para encarar a barriga. Deveria estar como uma boba, babando na cena a minha frente ao me perguntar o que fiz pra ser tão sortuda. 

— Já disse que você é minha cantora preferida? 

Perguntei chamando a atenção da ruiva que me encarou, abrindo um sorriso e negando com a cabeça. Sua mão foi estendida e prontamente me disponibilizei para ajuda-la a levantar.

— Não sou sua cantora preferida, deve ser o vocalista de The Neighbourhood ou do Arctic Monkeys. 

Balançou os ombros. 

Segurei em sua cintura assim que ficou em pé e de frente para mim. 

— Nah, a sua voz é muito melhor. 

— Você e suas cantadas. 

Rolou os olhos, bocejando. 

— Você que não acredita em mim. 

Acusei. 

— Scarlet e Henry devem amar te ouvir. 

Desliguei o abajur, abraçando sua cintura para irmos até o quarto. 

— Eles se acalmam. – comentou vagamente. — Fiz isso porque a Penelope disse que quando meu pai cantava, eu ficava calma em sua barriga. 

— Sério? 

Perguntei, ajudando a mesma a sentar.

— Sério, talvez seja hora de encontra-la novamente. – suspirou. — Parece que ficará em Seattle por tempo indeterminado.

— Isso é bom, terão tempo de saírem mais vezes.

— É, tem razão.

Concordou ao aconchegar o corpo em meio aqueles travesseiros que lhe auxiliam nas dores, nós nunca mais conseguimos dormir abraçadas. Os olhos da ruiva fecharam em cansaço, a admirei por alguns segundos, sentada na ponta do colchão.

— Durma bem, Cherry... – desejei beijando sua testa. — Não esqueça de me acordar se sentir dores.

— Como se você não acordasse só de me ouvir respirar mais fundo.

Cheryl riu. 

— Boa noite, TeeTee. – soltou o ar com força. — Amamos você.

— Eu também amo vocês.

Deslizei a mão por seus cabelos, iniciando um cafuné enquanto a observava pegar no sono. Gostava de ver Cheryl dormir, ainda mais agora que tem sido uma tarefa mais difícil, era como um tranquilizante saber que a ruiva está se sentindo bem e confortável. Não via a hora de ter nossos bebês nos braços logo para poder lhe ajudar melhor, acalma-los e fazer ainda mais parte dessa vida materna.

×××


Oito meses de gestação, o tempo agora era contado regressivamente, falta um mês ou menos para meus bebês finalmente virem ao mundo! Me sinto animada, ansiosa, nervosa, com medo, são tantas emoções misturadas que ainda não tenho uma resposta certa de como estou, mas pode acreditar que um sentimento que prevalece muito é a felicidade. Após a consulta desse mês com a Dr. Montgomery, a ruiva nos disse que os gêmeos provavelmente nasceram com quase nove meses, mas que devemos ficar atentas a qualquer sinal de contrações. 

Cheryl tem – inacreditavelmente, sido a mais calma entre nós duas, talvez porque tem tido a companhia da minha mãe durante as tardes e as duas trocam informações sobre o parto. Até em seu último encontro com a Penelope minha esposa contou que a Blossom mais velha detalhou como foi seu parto. A única diferença é que o da Cheryl será de gêmeos, mas segundo nossa médica a minha mulher está preparada, parece que as aulas de pilates realmente a ajudaram. 

Os sintomas nesse final de gravidez são os piores, a ruiva tem muitas dores como nos pés, nas costas, nos peitos cada vez maiores. Com isso, nossa vida sexual ficou de lado, faz algum tempo que não temos nenhum tipo de contato físico que envolva não ter roupas e proporcionar prazer. Isso tem me incomodado, não porque estou frustrada ou preciso muito transar, mas porque sei o quanto sexo é importante para minha esposa. Eu estava decidida em faze-la se sentir bem novamente.

— Quem você acha que vai nascer primeiro? 

Cheryl perguntou ao chamar minha atenção, de frente para o enorme espelho em nosso quarto, ela abotoava sua camisa de pijama. Eu a observava sentada na ponta da cama.

— Não tenho ideia, amor. 

Respondi assim que virou o corpo de frente para o meu.

— Talvez a Scarlett? Ela parece um pouquinho maior nos ultrassons.

Sugeri.

— Faz sentido. – balançou os ombros. — Meus seios estão tão doloridos hoje. 

Franziu o nariz, tocando em seu colo com a palma da mão. Me parecia a deixa perfeita. Levantei com rapidez, caminhando até a ruiva e ficando a sua frente. 

— Quer uma massagem? 

Ofereci, deixando meu olhar cair para seus primeiros botões abertos que davam a visão do vão de seus seios tão grandes, fartos... Ah, não posso negar que tem se tornado a minha parte preferida do corpo da minha mulher.

— Posso? 

Perguntei, aproximando minhas mãos do seu pijama de gestante, confesso que ele não é nem um pouco sexy, mas o que importa? Eu desejava o que estava abaixo dele. Quando a cabeça de Cheryl balançou em positivo, repousei as mãos em seus ombros e deslizei os dedos para o colo.

Os olhos da ruiva se fecharam segurando em minha cintura para buscar apoio. Minhas mãos invadiram seu pijama, logo hoje a ruiva não usava sutiã e agradecia mentalmente por isso, pressionei seus seios levemente recebendo um gemido baixo de volta. A boca da minha esposa estava entreaberta e me continha pra não beija-la, a gravidez deixou seus lábios ainda maiores e chamativos. Queria poder suga-los e morde-los com força. 

— Hum... Isso é bom. 

Murmurou, com a cabeça inclinada para trás. 

Continuei com a massagem, aproximando meus lábios de seu pescoço e depositando um beijo em sua pele. Cheryl arrepiou, minha língua deslizou por seu pescoço e senti uma mão dela em minha nuca. Estava começando a ficar excitada, erguendo o rosto para lhe encarar e finalmente dar um beijo, mas uma sensação molhada em meus dedos me fez parar.

Minha esposa também sentiu, nosso olhar caiu junto para baixo e vi a camisa do seu pijama ficar mais clara onde estava minha mão direita. O seu seio esquerdo havia vazado leite e ao subir meu olhar para os castanhos, não segurei minha risada. 

— Mas o que...

Cheryl parecia desacreditada.

— Você literalmente iria me colocar pra mamar, uhn? 

Balancei as sobrancelhas, rindo. 

A ruiva desviou nossos olhares, suas bochechas ficaram vermelhas de maneira que nunca vi antes. O meu riso cessou na hora em que abraçou o próprio corpo completamente envergonhada. 

Nunca vi a Cheryl com vergonha em toda minha vida

— Amor...

A chamei para me encarar, mas isso só a fez caminhar para o banheiro, batendo a porta e a trancando. Fechei os olhos com força, suspirando. 

— Cherry! 

Me aproximei da porta, encostando a testa na mesma.

— Amor, eu não quis rir... Quer dizer, quis, foi engraçado. – soltei uma risada nasal. — Mas não é culpa sua, está tudo bem. 

Silêncio.

Respirei fundo, com certeza a tentativa de nossa vida sexual retornar foi completamente frustrada. Caminhei para a cama, jogando o corpo contra a mesma e aguardando que minha esposa retornasse. Nós não tínhamos passado por isso antes, o leite vazar para mim só aconteceria depois que amamentasse, mas... Acabei de perceber que não.

A ruiva demorou a voltar, tanto que acabei cochilando ao espera-la e só acordei quando senti a movimentação na cama. Meus olhos abriram, Cheryl estava com outro pijama e agora também podia reparar em um sutiã reforçado cobrindo seus seios.

— Cherry...

— Não, não fala comigo. 

Interrompeu-me, sem me encarar. Sentei na cama, minha esposa acomodou-se com os travesseiros deitando de costas para mim. Pulei do colchão, fazendo a volta e me agachando a sua frente, ela fechou os olhos com força.

— Amor, me desculpa por rir. 

Pedi, tocando em seu rosto. 

Ela suspirou, ficando alguns segundos em silêncio.

— Tudo bem... – encarou-me. — Só... Foi constrangedor.

— Não foi constrangedor, estamos juntas a anos e sabia que aconteceria em algum momento, só não imaginava que seria agora.

Dei de ombros.

Cheryl afundou o rosto contra o travesseiro.

— A gente iria transar...

Choramingou.

— Ainda podemos, se quiser. 

Sugeri, a ruiva me olhou.

— Eu quero, juro que sim, mas... – mordeu o lábio. — Não tem nenhuma posição que me sinta confortável, qualquer uma me cansa rápido demais e mal consigo pensar em sexo com essa barriga enorme. 

— Oh, eu pensei... – juntei as sobrancelhas. — Pensei que estivesse sentindo falta de sexo.

— Nem um pouco, TeeTee. 

Soltou o ar com força.

— Porém, se você quiser... 

— Não, tudo bem. – a interrompi. — Só queria fazer você se sentir bem.

— Sabe o que fará me sentir bem? 

A encarei com expectativa.

— Você me abraçar e tentarmos dormir. 

— Achei que preferia seus travesseiros. 

Falei, levantando meu corpo e indo até o interruptor para apagar a luz. Cheryl acendeu o abajur ao lado da cama e caminhei de volta para a mesma, deitei ao seu lado. 

— Os travesseiros são ótimos... – ela virou de frente para mim. — Mas posso confessar uma coisa? 

Seus dedos deslizaram por minha clavícula.

— Uso eles porque sei que te incomoda quando dormimos abraçadas, qualquer movimento que faço te acorda. 

— Cherry... 

— Não tente mentir só pra me agradar. – retrucou. — Você precisa estar inteira para a luta, imagina como me sentiria se perdesse porque não estava dormindo bem? 

Suspirei. 

— Ok, amor. – beijei seus lábios. — Obrigada por pensar em mim e na luta. 

— Mas hoje preciso de alguns minutos abraçada a você.

Usou de seu tom manhoso, nos aproximando cada vez mais uma da outra. Repousei minhas mãos em sua barriga enquanto nos mantínhamos o mais próximo possível.

— Está confortável? 

Perguntei preocupada com ela.

— Sim, eles amam estar perto de você. – sorriu de olhos fechados. — E eu ainda mais.

Falou aconchegando-se, toquei em seus ruivos iniciando uma carícia e depositei um beijo em seus lábios, Cheryl suspirou fundo.

— Isso é muito melhor do que sexo. 

Comentou, acabei rindo junto da ruiva.

×××


Quinta-feira, minhas malas estavam prontas para ir até Las Vegas onde será a luta, amanhã é a pesagem e sábado o dia de voltar ao octógono. A minha única preocupação são os meus bebês que podem nascer a qualquer momento. Na sala de nossa casa, me recusava a ir para o aeroporto antes de confirmar que os três estão bem.

— Cherry, você tem certeza que está bem?

Perguntei pela milésima vez a minha esposa.

— Toni, já disse. – o tom de Cheryl era insatisfeito. — Estamos bem, você precisa ir ou vai perder o voo.

— Ainda tenho três horas. 

Balancei os ombros, despreocupada.

— Amor... – murmurou. — Tem o trânsito, precisa fazer check in e aquela ogra está te esperando. 

— Não entendo porque não podem ir comigo...

Resmunguei.

— Porque não quero ter nossos bebês em um avião! Já pensou? 

— Eles não vão nascer agora, conversei com o Henry pra segurar a Scarlett até depois da luta. – Cheryl riu da minha fala. — É sério, não quero ir sem vocês.

— Antoniette, o carro está te esperando. 

O tom duro de minha mãe soou, suspirei envolvendo meus braços em Cheryl e me negando a deixa-los. Afundei o rosto em seu pescoço, senti o sorriso da minha esposa e logo seus dedos acariciando meu couro cabeludo.

— TeeTee, você precisa ir...

— Por que me quer longe? Pare de me expulsar! 

Encarei seus castanhos. 

Cheryl revirou os olhos, agarrando meu rosto entre as mãos e colocando os lábios sobre os meus. Suspirei com o contato, nossas línguas se tocaram e a ruiva aprofundou o beijo, parando em seguida ao distribuir selinhos em minha boca, bochecha, nariz. Abri um sorriso.

— Esse é meu beijo de boa sorte, agora vai... – empurrou-me pelos ombros. — Vença aquela luta, nós estaremos esperando você. 

Agachei a sua frente, segurando sua barriga e a beijando.

— Se não me esperarem ficarei muito brava! 

— Eles...

Cheryl se auto interrompeu parando de falar e levando a mão até a barriga. Levantei o olhar, sua testa estava franzida e senti sua barriga contrair. Em poucos segundos, um líquido escorreu por suas pernas entrando em contato com o piso. 

Nos encaramos, olhos arregalados.

— A bolsa... A bolsa estourou.

[ Cinco capítulos para acabar e começa a contagem regressiva...

Tic... Tac... Tic... Tac... ]

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