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Não estamos prontas

Cheryl B. Topaz – Point Of View

É normal que quando tudo começa a dar certo, o tempo passe mais rápido por nossos olhos. Acontecia comigo no momento, parece que foi ontem que me entendi novamente com minha esposa e voltamos a nossa vida de casadas. Não posso negar que por vezes sinto que o conto que fadas que voltamos a viver pode ser arruinado, mas tentava manter minha mente longe desses pensamentos. 

Passaram-se semanas desde o dia em que fomos no motel, que minha mulher colocou um piercing e gravou nosso sexo. Ah, aquele vídeo. Se estivesse no Youtube teria visualizações diárias minhas... Ou estaria no RedTube? Enfim, de qualquer forma seria a maior espectadora de nossa transa. Aliás não posso reclamar de nossa vida sexual que está no ápice, é só trocarmos alguns olhares com palavras não ditas e pronto, vamos parar em nossa cama completamente nuas e dando prazer uma a outra.

Só que nem somente de sexo vive um casal... Mesmo que eu tivesse vários argumentos para discordar disso, mas talvez muitos outros para concordar porque viver sem os carinhos de Toni Topaz é impossível. Tenho pena de quem não tem o prazer de ter uma mulher como a minha, cada vez me sinto mais sortuda e apaixonada pela lutadora que faz questão de me conquistar todos os dias. A gente tem passado mais tempo com Lion, assistido filmes, series, até cozinhamos juntas! Estamos em nossa melhor fase e talvez seja por isso que fiquei tão carente ao descobrir que minha esposa irá viajar.

— Cherry, são apenas cinco dias. 

Toni argumentou ao sentar em nossa cama. 

Soltei um suspiro insatisfeito, apoiando meu pé sobre o colchão e deslizando as mãos com creme por minha perna em uma massagem. Não me agrava ficar longe da morena, ultimamente tenho me sentido uma adolescente grudenta, mas não me importo quando Toni diz amar estar junto de mim.

— Posso tentar ir com você. – falei sem a olhar, descansando uma perna para poder hidratar a outra. — Quando vai? 

— Semana que vem. 

Seu tom era sem preocupações. 

Levantei o olhar, encarando os castanhos que logo perceberam que havia algo errado. Fiquei em silêncio por alguns segundos, vi as pupilas de Toni se remexerem para tentar lembrar de algo, mas já notei que minha esposa é péssima com datas.

— O que esqueci? 

Deixou os ombros caírem. 

— Um mês da Gracie, é no final de semana que vem. — voltei a atenção para minha perna, massageando-a. — Sou a madrinha e vou convencer Sabrina a comemorar.

— Porra. – lamentou. — Combinei com a Marina, amor. 

Dei uma olhada para Toni, balançando os ombros e fechando meu robe, peguei o creme para guarda-lo sentindo o olhar da lutadora queimar em minhas costas. Não estou chateada, é o trabalho dela, já havia me comentado que queria conversar com a assessora para ter um treinador e uma rotina novamente. A apoio, é claro, mas não posso negar que fico mexida com sua ausência em um dia importante.

— Cherry...

Me chamou assim que sentei com as costas na cabeceira da cama. 

— Está tudo bem. – a tranquilizei tocando em sua coxa. — Qual dia da semana você vai? 

— Quarta e volto domingo.

— A festa da Gracie será sábado.

Quase gemi de insatisfação. 

— Olha, sei o quanto é importante pra você esse dia e farei de tudo para vir sábado, mas Marina já deve ter agendado todos nossos compromissos e... 

Soltei um suspiro antes de segurar o rosto da minha mulher e a calar com os meus lábios. Permaneci ali por alguns segundos, sugando seu inferior e olhando nos castanhos. 

— Está tudo bem. – repeti. — Nós teremos muitas festas da Gracie para comemorarmos juntas. 

— Não ficará chateada? 

— Ficarei cheia de saudade. 

Fiz um beiço, Toni sorriu segurando minhas coxas e puxando-me para baixo. Dei um gritinho ao cair contra o colchão, a morena se divertiu colocando o corpo acima do meu. 

— Acho que nem sentirei saudades. – fez uma expressão pensativa. — Los Angeles tem tantas mulheres bonitas... 

— Antoniette. 

Rosnei seu nome. 

— Retire o que disse. 

— Por que, amor? É ver...

Minhas mãos entraram em contato com seu peito, empurrando a morena para cair ao meu lado na cama. Sentei sobre seus quadris e jurei ver um sorriso satisfeito nos lábios de Toni com a minha atitude.

— Pode deixar que vou te mostrar porque sentirá saudades. – falei deslizando o robe por meu corpo e ficando apenas de lingerie. — E que nenhuma outra mulher terá você além de mim. 

Inclinei-me sobre a menor, capturando seus lábios com os meus e a sentindo sorrir nos mesmos me dando a certeza que era esse seu objetivo ao me provocar ciúmes. 

×××


Nessas semanas que passaram, tive muitas confusões internas comigo mesma, mas conseguia controla-las sozinha algo que me fazia sentir um leve orgulho. Uma de minhas maiores dificuldades sempre foi a insegurança e ciúmes por Barbara, vários dias me peguei pensando se a modelo estaria indo na academia, encontrando minha mulher e interagindo com ela. 

Aceitei a amizade, mas não significava que não poderia dar umas incertas no trabalho de Toni. Fiz isso mais de uma vez, em apenas uma encontrei com a ex de minha esposa, é claro que grudei na morena como um coala, mostrando para Barbara que apesar de estarmos em “trégua” a lutadora continuava sendo somente minha. 

Após o anúncio de que Toni iria viajar, admito ter ficado pegajosa, até mais do que deveria. Mas iria sentir saudades, principalmente de receber seus carinhos, trocarmos nossas declarações diárias e último mas não menos importante: Nosso sexo. 

Segunda-feira, faltando dois dias para minha mulher ir a Los Angeles, decidi me dar folga na parte da tarde, queria visitar Toni na academia e posteriormente a Sabrina, ainda não havíamos decidido nada sobre a festa de Gracie. 

Dirigi até a academia, adentrando sobre o olhar dos clientes e funcionários, amava a atenção que me davam apenas por ser mulher da chefe. Era como se fosse uma deusa desfilando por tapetes vermelhos, com o olhar atento dos súditos... Ou talvez eu esteja exagerando. No caminho para a sala de Toni ainda percorri o olhar por todo local a procura de Nathan, mas não o vi, nem mesmo a modelo que a morena chama de ex. 

A porta da sala estava fechada, mas não me importei, não precisava ser anunciada para entrar em um local da minha esposa. Assim que abri a porta, adentrei girando o corpo para fecha-la e retornando a atenção para a mesa a frente. Toni não estava sozinha, é claro que não estava. 

Ela estava com Barbara. 

— Deus, eu deveria ter batido... 

As minhas falsas desculpas eram percebidas por minha esposa. A modelo estava sentada da cadeira de frente para sua mesa e Toni atrás dela, a postura de minha mulher quase me fazia xinga-la. 

— É, deveria. 

— Não se preocupe.

Toni e Barbara responderam juntas. 

— Vou deixa-las a sós. 

— Na verdade. – estacionei ao ouvir a modelo. — Já acabamos, não era nenhum segredo também. 

— Oh, que bom. – falei sem ao menos pensar. — Quero dizer... – forcei a garganta. — Esses saltos estão me matando e não via a hora de chegar. 

Falava enquanto caminhava até minha mulher, deixando minha bolsa sobre sua mesa e sentando em seu colo sem ao menos me importar com a presença da modelo. A lutadora foi obrigada a arrumar sua postura, fiquei de lado selando nossos lábios rapidamente e podendo reparar na expressão de Toni que não havia nenhum desgosto.

— Você tem gostado de treinar aqui? 

Puxei assunto com a modelo, enquanto pegava uma caneta da mesa da minha esposa e brincava por entre os dedos. Toni tinha seus braços envolta da minha cintura e não tinha como explicar o quanto estava feliz com isso.

— Sim, aqui é ótimo. – se animou ao falar colocando um sorriso no rosto. — Uma pena que não poderei continuar. 

— Não? 

Levantei o olhar em surpresa, tossindo em seguida. 

— Digo... – tentei achar as palavras certas. — Por que? 

Perguntei não conseguindo conter minha curiosidade, Toni riu baixinho e meu cotovelo entrou em contato com seu abdômen cessando o deboche.

— Estou voltando pra Nova Iorque depois do um mês da Gracie, talvez ainda fique mais alguns dias, mas tenho trabalho. 

— Nossa, é realmente uma pena. 

Fingi uma lamentação.

Por dentro estava soltando fogos.

— Enfim... – levantou. — Tenho um compromisso agora, vejo vocês por ai. 

— Claro.

Balancei a cabeça.

— Tchau, Barbara. 

Minha esposa acenou para a modelo. 

— Tchau, T. 

Se despediu, saindo da sala e fechando a porta em seguida. As mãos de Toni apertaram minha cintura e virei o rosto para encara-la sabendo que queria minha atenção. 

— Você não muda nunca, não é? 

— Não fiz nada. 

— Tudo bem, eu até gosto.

Sorriu, deslizando a mão por minha coxa coberta pela calça.

— Eu sei. 

Retribui o sorriso, entrelaçando os braços em seu pescoço.

— Achei que não tivesse feito nada. 

Riu em divertimento.

— Só cala a boca, uh?

Sugeri, colocando os lábios sobre os seus e os movendo para que iniciássemos um beijo. Enfiei minhas mãos sem seus cabelos, puxando alguns fios enquanto aprofundava nosso contato. Não poderia dizer o quão feliz estava com a notícia de Barbara não estar mais por perto nem de Gracie e nem de Toni. Quando o nosso ar faltou, deixei um sorriso escapar enchendo seu rosto de beijos, a morena sorriu junto comigo. 

 — O que veio fazer aqui? Não deveria estar na escola? 

— Vim ver minha mulher, não posso? 

Arqueei uma sobrancelha.

— Sempre que quiser. – me deu um selinho. — Mas qual o motivo? 

Revirei os olhos. 

— O motivo é que você vai viajar e quero aproveitar qualquer tempo livre, aliás pensei de visitarmos a Sabrina e...

Fui interrompida por alguém muito educado que bateu na porta pedindo para entrar. Até pensei em sair do colo de Toni, mas ela permitiu a entrada antes que o fizesse.

— Eai, chefe, acabei de voltar... Cheryl. 

Nathan sorriu ao me ver.

— Olha só quem resolveu comprar um tênis. 

Observei ao ver o all star preto novinho em seus pés, o sorriso do garoto aumentou enquanto puxava a cadeira para sentar a nossa frente. Encostei minha bochecha na de Toni, ficando completamente colada a ela. 

— Ele recebeu seu primeiro salário inteiro. 

Minha esposa comentou. 

— Parabéns, Price. – sorri para ele. — E a escola?

— Aquilo é fichinha, não vejo a hora de me formar e entrar na faculdade. 

Seu tom animado fazia meu coração aquecer, os tênis não eram a única coisa que reparei nele. O seu corte de cabelo estava melhor, sobrancelhas feitas e a pele antes ressecada até aparentava estar hidratada. 

— Estou orgulhosa, você sabe. 

Encarei o garoto que assentiu. 

— É bom você estar aqui, iria te ligar mais tarde... – ele ficou ereto para falar e desconfiei de que viria algo. — Quero visitar minha mãe novamente e que venha comigo. 

— Sério? 

O meu tom se tornou desacreditado enquanto me desvencilhava um pouco de Toni para olha-lo melhor, Nathan balançou a cabeça enquanto mordia o lábio. 

— Comprei um presente pra ela e minha irmã, o aniversário da minha mãe foi nesse mês. 

— Você tem certeza? Porque ela pode...

— Me rejeitar novamente, eu sei. – suspirou. — Quero tentar e juro que estou preparado pra qualquer reação.

— Está vendo, Tee? – olhei para minha esposa. — Nosso garoto já é um homem. 

Toni sorriu, assentindo enquanto colocava uma mecha de meu cabelo para trás da orelha. 

— Pode leva-lo agora se quiser, Cherry. – acariciou minha bochecha com o polegar. — Libero para que vá ver a mãe. 

— Então, vamos. 

Pulei do colo da minha mulher. 

— Vou pegar minhas coisas.

Nathan anunciou apressado, saindo da sala quase correndo. 

Toni levantou para ficar a minha frente.

— Te encontro na Sabrina depois? 

— Sim, por favor. – pedi segurando na barra de sua jaqueta. — Acha que devo me apresentar para a mãe dele? 

— Na verdade, não. – suspirou ao falar. — Sabemos o quanto você é protetora e pode não acabar bem. 

— É, vou esperar no carro.

Divaguei comigo mesma desviando nossos olhares por alguns segundos apenas para me lembrar de como tudo isso começou, será que realmente a males que vem pra o bem? Nunca iria ser madrinha do Nathan e o ajudaria a mudar de vida se não fosse toda a confusão em meu casamento. Será que nunca o conheceria? 

— Ei. – a lutadora chamou minha atenção deslizando os braços por minha cintura e me puxando para perto. — Você é incrível.

Elogiou-me com aqueles castanhos brilhando em minha direção, um sorriso de admiração nos lábios que fazia meu coração aquecer ao ver o quanto minha mulher tem orgulho de mim. 

— Realmente me acha incrível? 

— Tanto, amor... Você não tem ideia. – sussurrou selando nossos lábios. — Me casei com a mulher mais incrível que existe. 

— Impossível. 

Respondi com rapidez. 

— Porque fui eu quem casou com ela. 

Sorri, juntando nossas bocas em um beijo mais prolongado e tão cheio de amor que me fazia suspirar. Só de pensar que vou ficar longe dessa mulher por cinco dias. Irei morrer e o motivo será saudades. 

— Vocês estão tão melosas.

A voz de Nathan tinha um tom enjoado, me fazendo beijar a morena com ainda mais vontade e o ar faltar em poucos segundos. Ofeguei, agradecendo muito ao meu melhor batom vermelho por deixar apenas um pequeno rastro no canto dos lábios de Toni. Passei meu indicador a limpando e deixei um último selinho em sua boca.

— Amo você. 

Sorri ao falar.

— Eu te amo. – falou finalmente me soltando. — E boa sorte. 

Olhou para Nathan que cruzou os dedos enquanto pegava minha bolsa para colocar no ombro, caminhei até o garoto para sairmos juntos da sala, torcendo mentalmente para que sua mãe o aceitasse novamente.

×××


Fiquei quase uma hora mexendo em meu celular dentro do carro, Nathan pediu para que passássemos em seu apartamento antes de ir ao endereço de sua mãe. Quando ele finalmente voltou para dentro do veículo entendi a demora. O adolescente estava de banho tomado, vestindo roupas novas e muito bem perfumado. 

— Uau. 

Ergui as sobrancelhas em surpresa.

— É, eu sei. 

Gabou-se ao colocar o cinto de segurança. 

Revirei os olhos com sua autoestima, digitando o endereço no GPS para irmos ao nosso destino. Um silêncio pairou no caminho, de canto de olho percebia as mãos de Nathan se esfregarem e os pés inquietos. Ele estava nervoso, mas eu também. A última coisa que quero é o garoto decepcionado novamente, alguém lhe colocando pra baixo como se não tivesse lutado para estar tão bem. 

— Trouxe as documentações? 

Puxei assunto tentando aliviar o clima. 

— Que comprovam que estou trabalhando e estudando? – assenti. — Todos, estão no banco de trás junto com os presentes. 

— Dessa vez vai ser diferente. 

Incentivei, trocando um rápido olhar com ele antes de voltar a focar na estrada.

— Espero que sim.

Suspirou, remexendo o corpo no banco. 

Sou péssima em tentar colocar confiança em alguém, acabei de descobrir. 

Nós demoramos a chegar, o trânsito em Seattle hoje estava horrível e a única coisa que pude fazer para Nathan se acalmar foi deixar que escolhesse a música para tocar no rádio. Não me impressionava que o adolescente tivesse colocado os rock indie da minha esposa, dizendo que iria pedir para Toni lhe mandar todas.

— É aqui. 

Nathan respirou para falar, estacionei a frente da casa não muito grande, mas com um pequeno espaço na frente da mesma e grades altas protegendo a frente. O meu olhar estreitou para enxergar uma garotinha de cabelos castanhos correndo no pátio, havia uma bicicleta rosa jogada no chão e um carrinho de boneca em suas mãos.

Olhei para o garoto.

— Pronto? 

Ele respirou fundo segurando os papéis.

— Acho que sim. 

— Boa sorte, irei te esperar aqui, ok? 

— Não vai entrar comigo? 

Arregalou os olhos. 

— Precisa fazer isso sozinho, Nathan. – segurei em sua mão com firmeza. — Sei que consegue. 

— Tudo bem. 

Assentiu, puxando e soltando o ar novamente. 

Nathan abriu a porta do carro, saindo do mesmo e ajeitando a roupa. Observei o garoto fechar a porta e passar pela frente do carro, levantei os polegares para ele que deu um pequeno sorriso. 

A partir daquele momento, vi tudo de dentro do carro. A garotinha se surpreender com a presença de Nathan e correr para chamar a mãe, uma senhora não muito alta aparecer logo depois e sem a menina. Ela saiu de dentro dos portões para falar com o adolescente, houve muito diálogo, papéis entregues, olhos curiosos e até um Nathan olhando para o carro rapidamente. 

Vi o adolescente fazer gestos com as mãos, os papéis ainda com a senhora e um sorriso começando a aparecer nos lábios do garoto o que era um ótimo sinal. Mas o meu coração realmente aliviou quando os dois se abraçaram, a mulher limpou o rosto que deveria estar banhado de lágrimas, mas da minha visão não conseguia ter certeza. Os observei sorrirem um para o outro e logo depois Nathan vir em direção ao carro, batendo em minha janela. Baixei o vidro para encara-lo e vi as lágrimas presente em seu olhar. 

— Deu tudo certo! 

Comemorou.

— Nathan, isso é... Maravilhoso. 

Sorri.

— Irei levar os presentes e minha mãe me quer no jantar...

Havia muita emoção na voz de Nathan enquanto abria a porta de trás para pegar as sacolas com os presentes. Me sentia imensamente feliz por ele, mas seria errado ficar com um pouquinho de ciúmes? Oh, é a mãe dele, Cheryl! Abri um sorriso pequeno ao vê-lo em minha janela novamente. 

— Falei de você, que é a melhor pessoa que conheci nesse tempo e...

— A melhor pessoa? 

O interrompi sentindo as lágrimas me invadirem. 

— Sem você não teria saído daquele apartamento, parado de roubar, conseguido um emprego e mudado de vida tão rapidamente. Nunca esquecerei o que fez por mim, Cheryl. Por mais que seja uma madame, mimada e controladora, é a melhor madrinha que poderia ter. 

Sorriu ao final, tão emocionado quanto eu. 

— Se afaste.

Exigi, Nathan franziu a testa dando passos para trás. Abri a porta do carro, saindo do mesmo e o puxando para meus braços nos segundos seguintes. O garoto me retribuiu de imediato e acredito que seja o contato mais sincero que tivemos até hoje. 

— Estou muito feliz por você. – falei o apertando cada vez mais contra mim. — Não suma agora que está tudo bem, porque serei obrigada a te perseguir. 

— Cheryl. – ele afastou-se um pouco para olhar em meus olhos. — Não estou indo embora, você ainda é minha madrinha e tem a esposa mais legal de todas, nunca conseguiria ficar longe da Toni. 

Brincou, rindo ao final. 

Não segurei a risada limpando as lágrimas que insistiam em cair.

— Ok, vá aproveitar sua família. 

O empurrei pelos ombros, o garoto abriu um sorriso concordando com minha fala e virando para ir de encontro a mãe. A senhora voltava de dentro da casa, mãos dadas com a garotinha que vi brincando. A cena da pequena correndo para os braços do irmão me fez chorar ainda mais e eu sabia que era hora de ir porque precisava do abraço da minha esposa. 

×××


Ver a moto de Toni estacionada em frente a casa da minha amiga me fazia suspirar de alívio, ela já deveria estar lá dentro com Nicholas enquanto disputam partidas de vídeo game. Antes de sair do carro, dei uma pequena retocada em minha maquiagem antes borrada por tantas lágrimas que deixei cair durante o caminho. 

Não podia negar que a cena de Nathan com a mãe me fazia pensar em uma mulher que um dia chamei dessa palavra tão bonita. Ela não merece meus pensamentos, lágrimas, nem mesmo que lembre quem é, mas é inevitável e não a primeira vez que acontece. Se há interações com mães e filhos em series, filmes... Pronto. A maldita vem na minha mente na hora como um pesadelo, mas é algo que sempre consigo esquecer porque como disse: ela não merece nem mesmo ser lembrada.

— Red. 

Nicholas sorriu ao me receber na porta. 

— Fiquei sabendo que minha esposa está na sua casa. 

— Talvez uma garotinha esteja tentando rouba-la de você. 

Ele falou enquanto me dava espaço para adentrar a casa, não precisei de muitos passos para avistar Toni com Gracie no colo enquanto falava com uma voz adorável com minha afilhada. Viu? Ela nem precisou fazer nada para que todas minhas tristezas se esvaíssem. 

— Olá, vocês duas. 

Sorri ao sentar ao lado da morena. 

Gracie estava com os pés na barriga da minha mulher, o corpinho esticado e inclinado sobre suas palmas das mãos. Toni mal tirou os olhos dela para me dar um rápido beijo. 

— Como foi? 

Perguntou fixando novamente na bebê. 

— Foi emocionante.

Me limitei a dizer. 

— Uhn... – ela ajeitou Gracie em seu colo agora a colocando contra o peito, seu olhar estreitando em minha direção. — Quer contar com mais detalhes? 

— A mãe dele o aceitou e até convidou para jantar, deu tudo certo. 

— Por que você não parece feliz? 

Franziu a testa, colocando uma mão em minha coxa enquanto a outra sustentava Gracie em seu colo. 

— Eu só lembrei de algumas coisas que não valem a pena comentar. 

— Quer conversar sobre? 

— Na verdade não. 

Suspirei, deitando minha cabeça em seu ombro e focando o olhar na garotinha que trazia paz a qualquer um. Toni concordou com minha decisão, falando sobre os vários sorrisos que Gracie lhe deu antes da minha chegada. Já havia visto minha afilhada sorrir, mas incrivelmente a morena sempre estava junto, quase como se houvesse uma conexão entre as duas. 

— Onde está a Sabrina? 

Perguntei ao não ver minha amiga por perto.

— No banho. – Nicholas respondeu, estava sentado no outro sofá e concentrado em seu celular. — Estou tentando falar com a Barbara, ela saiu e não voltou até agora, aposto que está com alguém.

As últimas palavras do homem saíram quase como uma divagação, olhei para Toni que estava tão concentrada em Gracie que nem ouviu nada, queria dar pulos de alegria ao descobrir que além de ficar longe de nós a modelo pode estar se apaixonando por alguém.

Nós ficamos em uma interação com a bebê até Sabrina descer, foi só sentir o cheiro da mãe que começou a chorar pedindo pela loira, nem tive tempo de pega-la porque minha esposa não a largava. Minha amiga não demorou a ter Gracie grudada em seu peito após sentar ao lado de Nicholas. 

— Vim falar sobre o primeiro mês da Gracie. 

Iniciei o assunto que tanto me anima. 

— Você quer mesmo dar uma festa. – Sabrina parecia desacreditada. — Ela nem irá aproveitar, Cheryl.

— É minha afilhada, pago tudo e pode ser na minha casa, só entre os conhecidos... – juntei as mãos me inclinando em direção a loira. — Por favor. 

— Na sua casa? – a loira levantou uma sobrancelha. — Você lembra que a Barbara com certeza estará...

— Uhn... Na verdade. – a interrompi. — Melhor ser aqui, pago alguém para limpar a bagunça, eu juro.

Sabrina riu negando. 

— Sei que não irá desistir. – suspirou. — Ok, mas irei fazer a lista de convidados e será no máximo dez pessoas.

— Tudo que quiser. 

Ergui as mãos em sinal de rendimento. 

— Ótimo, teremos apenas uma pequena confraternização.

Concordei, não é uma fest, mas muito melhor do que não ter nada em um dia tão especial. Posso até prometer não querer comemorar cada mês de Gracie sendo que no fundo, é um dos meus maiores desejos. 

×××


Deixar Toni ir para Los Angeles foi quase impossível, não estou brincando ao dizer porque agarrei o seu corpo pequeno e meu desejo era não soltar, não deixar ir, mas infelizmente tive que fazer. Para minha sorte os dias sem minha esposa foram preenchidos por muito trabalho na escola e os preparativos para a pequena festa de Gracie. 

Nós falávamos todos dias por vídeo chamada, em uma delas a minha mulher estava na casa de seus pais e pude até trocar palavras com meus sogros. Tenho que admitir que mais parecíamos duas bobas ao dizer o quanto estamos com saudade uma da outra a cada cinco minutos, Toni contou de sua busca por treinadores junto de Marina, que a assessora conseguiu currículos confiáveis para que marque entrevistas aqui em Seattle. 

Me senti feliz por vê-la tão animada ao falar da profissão, percebo o quanto quer voltar logo aos ringues e sempre peço universo que a ajude a encontrar alguém que a auxilie a chegar no topo. Toni merece ter seu cinturão, ser uma campeã novamente. 

No sábado, o dia do um mês da Gracie nos falamos somente até o meio da tarde. Pelo jeito minha esposa tinha compromisso e eu estava bastante ocupada ao ter a garotinha em meus braços. Desde que Toni foi para Los Angeles tenho saído da escola e vindo para casa de Sabrina, até consegui conviver com a Bárbara, trocando algumas palavras. 

É, nós realmente estamos dando uma trégua.

Uma música tocava baixinho na casa da minha amiga, haviam salgadinhos e um bolo para tirarmos foto com minha afilhada. Na sala da casa de Sabrina, se reuniam os mesmos de sempre: Betty, Jughead, Barbara e Maeve. Sim, a loira foi convidada e no momento agradecia por Toni estar em Los Angeles, ainda não sei como será sua reação ao ver minha ex. 

Gracie pulava de colo em colo, recebeu presentes e tirou muitas fotos. Até que estava sendo divertido, Jughead conversava com Nicholas e Maeve. Betty parecia ter assunto com Barbara, enquanto Sabrina no momento estava amamentando a filha. 

— É tão estranho sem a Toni. 

Lamentei ao sentar do lado da minha amiga. 

— Ela volta amanhã, sentir saudades é bom pro relacionamento.

— Pode ser até porque minha intenção é ataca-la quando voltar. – suspirei, Sabrina riu ao meu lado. — Como está você e o Nick?

Olhei para a loira que relaxou os ombros. 

— Olá, meninas. 

Maeve interrompeu nosso assunto, sentando ao lado de Sabrina com um sorriso nos lábios. Essa garota tem andado estranhamente feliz, algo que chega me assustar, a vi até assoviar pelo corredor da escola essa semana. 

— Sinto sua falta na escola. 

Fez um beicinho para Sabrina. 

— Eu sei, minhas duas crianças sentem. – sabia que estava se referindo a mim também. — Mas vai ser difícil desgrudar da Gracie.

Desviou sua atenção para a bebê, tocando em seu rostinho enquanto a garotinha continuava a sugar seu seio.

— Realmente, todas as vezes que vim visita-la foi torturante ter que solta-la. – Maeve suspirou ao falar. — Aliás não poderei ficar muito tempo, tenho um compromisso daqui a pouco.

— As oito da noite? Só pode ser mulher. 

Sabrina deu uma risada ao falar. Se for estou agradecendo agora mesmo por isso. Maeve balançou os ombros, nem confirmando e muito menos negando as palavras da nossa amiga, mas conhecemos a garota pra saber que só pode ser mulher. 

— E você, ruiva. – olhei nos castanhos de Maeve. — Achei que seria a próxima a ter um bebê. 

— Talvez eu seja. 

Respondi, recebendo um olhar surpreso de Sabrina que estava fazendo a filha arrotar. Desde o dia do motel, não conversei em nenhum momento com a Toni sobre filhos, mas após esse mês e todas nossas visitas a Gracie, me senti animada para começarmos a construir nossa família. Sei que no fundo o desejo da minha esposa é o mesmo e não vejo a hora de termos essa conversa. 

— A Toni já sabe disso? 

Sabrina arqueou as sobrancelhas.

— Acho que está perceptível, não? 

— Bom, já estou indo! – Maeve levantou de repente após olhar no celular. — Tchau, meninas. 

Acenou, saindo tão apressada que não conseguimos nem lhe retribuir. Troquei um olhar confuso com Sabrina enquanto a mais nova se despedia dos meninos, não demorando a estar fora da casa. 

Minha amiga me passou Gracie, dizendo que precisava ir ao banheiro, aconcheguei a garotinha em meu colo. Um sono começava a chegar após ser alimentada, sorri para seus olhinhos se esforçando inutilmente para acompanhar o movimento da casa. Soltei um suspiro desejando com todas forças que não demorasse a descobrir como é o verdadeiro sentimento materno.

— Vejo que alguém está encantada pela afilhada. 

Betty se aproximou ao falar, levantei o olhar para a loira que agora sentava ao meu lado descansando a mão na barriga que já se nota a gravidez de quase quatro meses.

— Ah, ela é hipnotizante. 

Olhei novamente para Gracie.

— Você teve notícias da Veronica? 

— Infelizmente não, Betty. – a encarei, pressionando os lábios. — Sinto tanta saudade dela quanto você. 

Suspirei ao falar, ela balançou a cabeça positivamente.

— Mas e esse bebê? Jughead tem te ajudado? 

Não conseguia evitar meu desgosto ao falar o nome do homem.

— Jug é incrível, mas vejo que só não quer me deixar sozinha nessa. – franziu o nariz. — Nós até nos afastamos um pouco. 

— Pode nos procurar sempre que quiser. – a tranquilizei. — Sei que a Toni está viajando, mas a porta de nossa casa está sempre aberta para você. 

— Eu sei, Cheryl. – sorriu. — Obrigada. 

A conversa a seguir tomou um rumo melhor, começamos a falar sobre a gravidez, Betty reclamou de enjoos e a troca de humor repentina. Nós ficamos um bom tempo interagindo, até permiti que a loira pegasse a minha afilhada por alguns minutos. Sabrina sentou com nós logo depois Nicholas e Jughead também ficaram por perto, só então notamos a ausência da outra madrinha. 

— Onde está sua irmã? 

Sabrina perguntou a Nicholas, sentando no colo do namorado. 

— Ela disse que tinha um compromisso. – balançou os ombros. — Ainda vou descobrir com quem está saindo. 

Assim que ouvi a palavra “compromisso” meu olhar foi até Sabrina e o dela no meu, não precisávamos falar nada, apenas na troca de olhares conseguimos expressar o que tínhamos em mente.

Barbara e Maeve? Serio? 

Talvez eu seja a pessoa mais feliz nesse momento.

Pra completar minha felicidade só faltava a minha esposa aqui.

Soltei o ar, ver Sabrina e Nicholas trocando um beijo não me ajudava na saudade, muito menos Jughead e Betty interagindo com Gracie que acordou do seu cochilo. Afundei no sofá, mas meu conforto não durou muito tempo já que a campainha tocou. Todo mundo se entreolhou, não faltava ninguém para chegar. 

— Atende lá, Cheryl. 

Sabrina pediu sem sair do colo de Nicholas. 

Bufei levantando para ir em direção a porta, provavelmente deve ser Barbara de volta acabando com todas minhas expectativas dela e Maeve estarem juntas. Quem sabe seja uma pessoa completamente aleatória que Sabrina convidou sem ao menos me avisar. Mas de todas minhas opções a penúltima que passava por minha cabeça era a que estava a minha frente porque a última seria Veronica. 

Toni Topaz. O meu olhar correu por seu corpo salivando ao ver o piercing exposto por minha mulher estar com uma blusa cropped colada ao corpo e calças jeans rasgadas. 

— É aqui a festa da Gracie? 

Abriu um sorriso. 

— Droga, parece que não te vejo a séculos. 

Resmunguei antes de sentir ela chocar os lábios contra os meus, abraçando minha cintura com força e iniciando um beijo cheio de saudade. Sentir seu cheiro, seu corpo e seu gosto me faziam suspirar. Foram apenas quatro dias e me via em abstinência dela.

— Senti tanto sua falta.

Murmurou ao colar a testa na minha, meus braços automaticamente rodearem seu pescoço a puxando mais para perto, ofegando pelo beijo de alguns segundos atrás. 

— Gostou da surpresa? 

Seu tom saiu abafado por estar com o rosto na curvatura do meu pescoço.

— Amei, Tee. – ergui seu rosto para me encarar. — Por que nunca desconfio?

— Porque sou muito convincente.

Sorriu se gabando.

Rolei os olhos, não segurando o sorriso antes de selar nossos lábios mais uma vez sendo retribuída no mesmo instante. Por mais que quisesse me aproveitar de cada pedacinho dela, não foi possível naquele momento. 

— Eca, vocês parecem aquelas adolescentes de Riverdale que convivi no último ano do ensino médio. 

Jughead comentou ao passar por nós, Toni acabou rindo em minha boca e quebrei nosso contato, mas sem sair do abraço tão confortável da morena. 

— Posso voltar a implicar com você se quiser. 

Meu tom era alto para o homem que caminhava para o banheiro poder me ouvir. 

— Cheryl. – olhei para Toni. — Você nunca deixou de implicar com ele.

— Hum... É verdade. 

Franzi o nariz, minha mulher riu negando.

Entrelacei minha mão na sua, a guiando para sala e posteriormente para o sofá em que estava sentada. A simpatia de Toni a fez cumprimentar cada um antes de sentar ao meu lado ficando entre mim e sua melhor amiga que permanecia com Gracie no colo.

— E esse bebê, como está? 

Minha esposa balançou as sobrancelhas em direção a Betty. Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto entrelaçava nossas mãos as deixando em cima da sua coxa. 

— Crescendo, mais um pouquinho e poderemos saber o sexo. 

Sorriu ao falar. 

— Do jeito que Gracie está tão calminha com você deve ser um menino. – Sabrina falou fazendo todos lhe encararem. — O que foi? Pesquisei muito sobre.

— Imagina se for menino, teremos um casal de bebês em nossas reuniões. 

Toni se animou ao falar, sorri com seu tom tão feliz.

— Falta um casal contribuir para essa creche. – Jughead entrou no assunto ao adentrar a sala. — Quando vocês terão um bebê, ein? 

Olhou diretamente para nós, sentando no braço do sofá ao lado de Betty. A atenção de todos na sala vieram em nossa direção, as respostas foram rápidas e incrivelmente juntas, uma pena que nada compatíveis:

— Não vejo a hora. 

— Não pensamos nisso. 

Se antes nossos amigos já nos encaravam, agora então foi ainda mais fixo o olhar em nossas respostas tão diferentes. O “não pensamos nisso” da Toni me surpreendeu de muitas maneiras, principalmente quando seus castanhos vieram aos meus e via sua expressão tão desacreditada quanto a minha. 

— Você quer? Tipo agora? 

Franziu a testa.

— Você não pensa nisso? 

A minha mão automaticamente se desentrelaçou da sua e uma tensão pairou em todos naquele local. Minha esposa estreitou o olhar por alguns segundos, mas logo respirou parecendo se acalmar.

 — É melhor... – coçou a nuca. — Conversarmos depois, certo? 

— Certo. 

Concordei não satisfeita com os nossos amigos estando presentes em um assunto tão sério e que não parecia tomar um rumo bom. Toni descansou sua mão em minha coxa como em um aviso de que estamos bem, mas não tinha tanta certeza sobre isso. Mesmo assim, fingi ter, tentando não me precipitar porque sempre que fiz isso as coisas acabaram mal no final. 

— Então temos um menino vindo será? – Nicholas quebrou aquele silêncio torturante. — Se for é melhor deixa-lo longe da minha menininha, Jones. 

Fingiu uma ameaça contra Jughead. 

Sabrina e Betty acharam a ideia incrível de ter seus filhos juntos. Toni ainda me olhou uma última vez, sorriso reconfortante nos lábios antes de virar para entrar no assunto. 

Mesmo aparentando que não, a minha noite havia acabado ali.

Toni Topaz – Point Of View

A falta de comunicação pode causar vários problemas em uma relação ou em qualquer situação que dependa de troca de informações. No caso em meu casamento estávamos tendo uma pequena dificuldade em nos entendermos sobre o assunto filhos. Não é algo que não deseje, quero muito, mas nunca percebi que minha esposa quer tanto e está tão animada para isso. 

— Você nunca me deu indícios de que queria um filho, esse sonho sempre partiu de mim. 

Argumentei com a ruiva que insistia em dizer que é muito claro o seu desejo por iniciar uma família comigo. Sentadas na sala de nossa casa, lado a lado tentávamos descobrir como chegamos a essa divergência.

— Mas percebi que também é meu sonho. – balançou os ombros. — Minha convivência com a Sabrina grávida e agora com a Gracie, é tudo tão mágico e bonito, quero ter essa experiência.

Quando os olhos de Cheryl brilharam em animação e um sorriso quase ocupava seus lábios enquanto falava percebi toda sua sinceridade em realmente querer um bebê. Soltei um suspiro, massageando meu queixo enquanto achava a melhor maneira de dizer a minha esposa que não poderíamos, pelo menos não agora e tão repentinamente. 

— Cherry, não sabe o quão feliz fico em ouvir dizer que também quer um filho. – minha mão buscou a sua. — Só que... – fechei os olhos por alguns segundos voltando para os castanhos. — Não estamos prontas.

— Não... O que? 

A sua fala engasgou em surpresa.

— Amor, tenta me entender, por favor. – ergui sua mão a segurando com as minhas duas, firmando o toque ao dar um beijo em seus dedos. — Nós acabamos de passar por uma crise, as coisas estão ótimas entre nós, mas...

— Ainda não confia totalmente em mim.

Interrompeu-me, quebrando nosso contato. 

Tinha certeza que essas palavras saíram de sua boca, no momento em que me preparei para dizer o que penso sabia que Cheryl colocaria a culpa em si mesma, achando inúmeros motivos para não termos um bebê por sua causa. O meu objetivo é fazer que ela perceba exatamente o contrário, que não tem culpa nenhuma ou motivo específico.

— Claro que não, Cherry. – tentava usar das melhores palavras pra que acreditasse em mim. — Eu só acho que ainda é muito cedo, precisamos nos preparar para mudar completamente nossas vidas e sermos responsáveis não só por nós mesmas, mas por outro ser humano. 

— Sabrina e Betty não precisaram de tanto planejamento.

Resmungou amargamente.

— Aposto que se pudessem escolheriam ter um, as duas gravidezes foram acidente. – mordi o lábio após falar. — Eu amo você, o que mais quero é um bebê nosso, só que precisamos estar ciente de todas as mudanças, complicações...

— Entendi. 

Me interrompeu novamente, levantando o corpo para encerrar o assunto. 

Puxei o ar, levantando e segurando seu braço para não me deixar sozinha, sei muito bem da mente paranoica da minha mulher e o quanto deve estar trabalhando para deixa-la chateada. 

— Ei, Cherry. – segurei seu rosto entre minhas mãos e vi as lágrimas aparecendo nos castanhos. — Não tem nada haver com você, eu juro. 

— Você sempre quis um filho e...

Selei nossos lábios a cortando.

— Ainda quero e com você. – beijei as lágrimas que caíram. — Só quero ir com calma, você lembra de tudo que passamos a meses atrás? As brigas, separações, nós até moramos em casas diferentes, Cheryl. 

— É, eu lembro. 

Suspirou. 

— Um bebê são inúmeras responsabilidades, você me entende? 

— Sim, Tee. 

Respondeu com o olhar fixo na barra de minha blusa brincando com a mesma. 

— Cherry, olha pra mim. – pedi, os castanhos chegaram aos meus. — Amo você, exatamente por isso acho que precisamos esperar um pouco.

— Tudo bem, concordo.

Encostou a testa em meu ombro, meus braços automaticamente desceram para sua cintura em um abraço, Cheryl soltou o ar com força parecendo se aliviar.

— Eu também amo você, Toni. – sussurrou. — Muito.

— Vamos pra cama? Está tarde. 

Segurei seu rosto para olhar em seus olhos, a ruiva assentiu deslizando a mão para entrelaçar na minha. Por mais que minha esposa dissesse que entendeu, sabia que não seria tão fácil de esquecer a discussão, tenho quase certeza de todas inseguranças que estão passando por sua mente. 

Nós subimos para o segundo andar de mãos entrelaçadas, a cabeça baixa de Cheryl já me dizia muita coisa. Adentramos o quarto, a ruiva foi direto ao banheiro tirar sua maquiagem e fazer a higiene, comecei a me despir pegando uma regata e ficando somente de calcinha, prendi os cabelos em um coque e deitei na cama. 

O vazio em meus pés me lembrava que Lion não dorme com nós a quase um mês, no início ele arranhava a porta e choramingava pedindo para entrar era de partir o coração. Mas hoje se acomoda no sofá e mal sente nossa falta.

Minha mulher não demorou a estar deitada ao meu lado, uma camisola cobrindo seu corpo e nenhuma maquiagem no rosto. Remexi meu corpo para ficar de frente para ela e sem trocarmos nenhuma palavra a puxei para meus braços, Cheryl afundou o rosto em meu pescoço enquanto abraçava minha cintura possessivamente. 

— Você está bem? 

Perguntei tocando nos ruivos. 

— Sim, apenas cansada. – suspirou. — Boa noite, Tee.

— Boa noite, Cherry. 

Desejei, beijando o topo de sua cabeça. 

O dia hoje para mim foi cheio, inclusive por ter viajado de Los Angeles até Seattle logo depois de ter compromissos com a Marina. Foi tudo tão corrido para mim, mal tive tempo de descansar e talvez seja por isso que apaguei tão rapidamente.

[ Hum...

Filhos?

Toni tem razão? E vamos de debate. ]

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