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Maldição quebrada?

Toni Topaz – Point Of View

Quando nossos bebês completaram dois meses, a nossa rotina ainda era a mesma, Arizona não estava totalmente certa ao dizer que logo eles regulariam o sono porque não acontecia. Scarlett e Henry se tornaram mais espertos, reconhecendo nossas vozes e sabendo chorar para ganhar colo ou atenção. A minha ruivinha continua sendo mais agitada que o irmão, inclusive por vezes fica acordada enquanto o mais velho dorme tranquilamente.

Nós estávamos exaustas, nos esforçávamos para continuar fazendo tudo dar certo e sem descontar uma na outra, mas por vezes se tornava difícil. A falta de sono, as coisas bagunçadas por causa dos bebês, em alguns momentos pareciam que qualquer uma de nós iria explodir.

— Scarlett, não acredito que está com fome agora.

Cheryl reclamou com nossa garotinha.

Estávamos sentadas em cadeiras, a espera de nossa chamada para a consulta com Arizona. Nossa filha iniciou resmungos, mais alguns minutos e soltaria o seu choro desesperado, e é assim que consegue qualquer coisa de nós.

— Precisa colaborar com a mamãe, você se alimentou antes de sair de casa.

Minha esposa a balançou, mas Scarlett não estava satisfeita, ela queria mamar e nós duas sabíamos disso. Cheryl bufou, buscando pela toalhinha vermelha e retirando o peito pra fora, cobrindo a si mesma e um pouco do rosto da bebê enquanto a amamentava.

— Uma verdadeira esfomeada, uhn?

Comentei com Cheryl, ela me olhou por alguns segundos assentindo. Tinha certeza que minha esposa está irritada, então era melhor manter distância e silêncio. Nós temos sido muito compreensivas uma com a outra. Desviei o olhar para Henry, seu sono era tranquilo muito diferente da irmã acordada, ele tinha uma mãozinha levantada, brinquei com seus dedinhos levemente e só tirei a atenção dele quando o nome dos gêmeos foi chamado para a consulta.

— Quer que eu peça pra ela esperar?

— Não, tudo bem.

Cheryl levantou, ainda com Scarlett nos braços e a amamentando, a toalha sempre cobrindo as duas para não ficarem expostas. Adentramos a sala juntas, Arizona tinha um belo sorriso ao nos receber em seu consultório.

— Meus gêmeos preferidos!

Ela elevou o tom ao dizer, Cheryl sentou na cadeira a frente da sua mesa com a cara amarrada.

— Scarlett resolveu mamar logo agora.

Indiquei com a cabeça para a ruivinha no colo da minha esposa.

— Me dê esse garoto aqui. – a médica levantou vindo em minha direção e pegando o bebê dos meus braços. — Como você cresceu!

Sorriu, analisando o menininho.

Arizona começou com suas perguntas, aos poucos Cheryl retornou ao bom humor, principalmente após nossa filha largar seu seio. Nós pesamos os bebês, os dois estão com cinco quilos, mas Scarlett tem duzentas gramas a mais que o irmão, porém Henry é dez centímetros maior que a irmã. Foi uma consulta tranquila, a médica nos avisou das cólicas que poderão acontecer nesse mês e do desenvolvimentos deles a partir de agora.

Saímos do consultório com sorrisos no rostos, Henry continuou comigo e Scarlett com a Cheryl, caminhamos pelos corredores.

— Então você é maior que sua irmã, uhn?

Falei com o bebê que tinha os olhos estalados.

— Mas ela é mais forte. – Cheryl retrucou. — Não é, Scar? Afinal, você suga quase todo leite da mamãe.

Minha esposa fez um beicinho, Scarlett estava erguida pelos braços da mãe e pude reparar quando abriu um sorriso, algo que não havia acontecido com nenhum dos dois. Cheryl me encarou e nós duas paramos de andar.

— Você viu? Ela sorriu, TeeTee.

— Logo agora que não estou com a minha câmera!

Resmunguei, suspirando.

— Vejam só se não é a Cheryl Blossom.

Uma voz desconhecida nos interrompeu, tirei o olhar da minha filha e parei na médica de jaleco, cabelos negros e sorriso presunçoso na direção da minha mulher.

— É Cheryl Topaz agora, mas... Quanto tempo!

Cheryl a abraçou da maneira que pode já que tinha Scarlett em seu colo, estreitei o olhar para a interação, me recordava daquela mulher, mas não fazia ideia do seu nome.

— Você sumiu.

— Ah, Callie, faz anos.

A ruiva revirou os olhos.

Callie.

A mulher do aniversário da Sabrina.

— E essa bebezinha? Meu Deus é a sua cara. – a médica sorriu, tocando na bochecha da minha filha. — Aposto que quando crescer vai ser tão linda quanto a mãe.

Ok, irei mata-la.

— Você não está flertando, certo? Porque estou vendo uma aliança em seu dedo esquerdo, Torres!

Cheryl a repreendeu em brincadeira.

Posso vomitar?

— Desde quando falar a verdade é crime?

Continuou com seu flerte sem muita intenção, mas estava lá... Elogiando minha mulher como se não estivesse por perto. Acredite, Dr. Torres, é ótimo que já estamos em um hospital.

Forcei a garganta.

— Oh, a mulher da festa. – Callie me encarou em surpresa. — E também tem um bebê... Espera, você é a que teve gêmeos de parto normal?

— Callie, essa é a minha mulher, Toni Topaz, estamos casadas a quase três anos. – Cheryl parou ao meu lado para falar. — Quem teve os gêmeos fui eu.

— Meus parabéns, te admiro por ter dois bebês. – Callie deu passos até mim. — Posso ver?

Indicou com a cabeça para o bebê em meu colo, troquei um olhar com ela, não estava nada satisfeita com aquele papo, mas eu amo exibir Henry porque claramente é uma cópia minha.

— Ele é igualzinho a você. – a médica sorriu após observar o garotinho. — Vocês tem uma família muito linda, parabéns.

Intercalou o olhar entre mim e Cheryl.

— A gente devia marcar um encontro de casais, Arizona é a médica de vocês, certo?

— Você casou com a Arizona? Oh, meu Deus... – minha esposa estava tão surpresa quanto eu. — Ela é incrível, Callie, vocês devem ser muito felizes.

— Nós somos.

O sorriso largo no rosto demonstrava o quanto está apaixonada.

— Vamos marcar esse jantar, pode ser bom.

— Não tente me enrolar novamente, Blossom.

Callie estreitou o olhar.

— Topaz.

Cheryl a corrigiu.

Não evitei o sorriso.

— E acredite, estou presa a sua mulher por longos anos.

Apontou para nossos bebês, Callie riu rolando os olhos e as duas trocaram um beijo na bochecha antes de se despedirem. Esse reencontro era estranho para mim, mas gosto de ver Cheryl tendo outras amizades ou relações, quero que se sinta bem ao ter pessoas boas ao seu redor e bom... Callie está casada com nossa pediatra.

Quando chegamos no elevador, descendo para o estacionamento, um silêncio desconfortável se instalou, não era culpa minha e muito menos da Cheryl, apenas a situação.

— Você está bem?

A ruiva quebrou nosso silêncio.

— Posso confessar algo? – a encarei, ela ergueu as sobrancelhas. — Eu amo quando usa meu sobrenome.

Cheryl sorriu.

— Ora, ele é meu também.

Balançou os ombros, nós trocamos um curto selinho antes das portas abrirem.

×××


Um conselho? Mães de recém nascidos odeiam receber visitas, qualquer tipo, até mesmo amigos. Eu pensei que Nicholas e Sabrina eram inteligentes e experientes o suficiente para saberem disso, mas não... Lá estavam eles em nossa casa em um dia a tarde, os gêmeos dormindo – o que significa que deveríamos estar também, mas do contrário estamos dando atenção ao nosso casal de amigos.

— Dinda, brinca.

Gracie pedia a Cheryl ao sentar no sofá, incrivelmente minha esposa estava com um humor muito melhor que o meu, não conseguia disfarçar minha irritação de não estar descansando.

— Preciso de água.

Anunciei, levantando e indo até a cozinha.

Debora já havia terminado seu turno, o cômodo estava vazio e abri a geladeira, pegando um suco em vez de água. Em poucos segundos Nicholas estava junto de mim.

— O que você tem, Topaz? Está com o mau humor da sua mulher.

Franziu o nariz.

— Cansada, Nick.

Dei de ombros, servindo meu copo.

— Não deve ser só isso, você sempre foi a alegria e animação dessa casa, nem quis disputar no vídeo game.

— Estou sem dormir, só isso.

Bebi o suco natural de laranja.

— Sem dormir? Você já não dormia antes dos gêmeos porque a Cheryl não deixava. – ele me encarou em analise. — Esse mau humor está me cheirando a falta de sexo.

Zombou, rindo.

Engoli o líquido em minha boca com mais dificuldade ao ouvi-lo, tentando me relembrar da última vez que fiz sexo. Faz tanto tempo que nem me recordo, com certeza mais de dois meses, mas não tenho ideia quando foi que toquei na minha esposa intimamente antes dos bebês nascerem.

— Espera... – Nicholas estreitou o olhar. — Vocês ainda não transaram?

— Que? Claro que sim.

Menti, desviando nossos olhares.

Devolvi a jarra de suco para a geladeira e encostei o corpo no balcão, Nicholas continuava a me encarar completamente desconfiado.

— Tudo bem, ainda não...

Relaxei os ombros.

— Sabia! Mas por que não? São só quarenta dias de resguardo e os gêmeos já estão com dois meses, são tipo... Mais de sessenta dias.

— Não sei, quer dizer... – juntei as sobrancelhas. — Não tivemos muito tempo de pensar nisso, os bebês estão mais agitados e nos cansam com facilidade.

— Isso é desculpa, se tem vontade vão transar.

Falou como se fosse óbvio.

— E nós vamos.

Meu tom tinha convicção.

— Essa é minha garota!

Nicholas comemorou, revirei os olhos.

A visita deles não demorou muito, saíram já era início da noite e foi só a porta fechar para os gêmeos acordarem. Eles ficaram acordados por no mínimo duas horas, quando deitamos na cama de banho tomado e após ter colocado os dois para dormir, sentia meu corpo implorar por descanso, mas estava disposta a outra coisa.

Sei o quanto sexo é importante para minha esposa e não entendo como ficamos tão alheias a esse ponto de nosso relacionamento, principalmente a ruiva que sempre foi mais ativa e buscava por esse contato.

Quando deitei ao seu lado na cama, me aproximei devagar do seu corpo, sua atenção que estava no celular foi quebrada para deixa-lo no bidê. Deslizei minha mão para sua cintura, adentrando o pijama – ainda de gestante, que facilita para amamentar os gêmeos.

— Acho que deveria dar uma última olhada nos bebês.

Cheryl falou tentando levantar, mas a segurei.

— Eles estão bem, Cherry.

— Então boa noite, TeeTee.

Aproximou nossos rostos, colocando os lábios sobre os meus em um selinho que trocamos todas as noites, mas dessa vez segurei seu inferior com minha boca, o sugando para adentrar com a língua.

— Amor. – a ruiva nos separou. — Estou cansada.

Olhou-me por alguns segundos, girando na cama e ficando de costas para mim. Soltei um suspiro, arrastando o corpo para perto do seu novamente. Com certeza não iria desistir. Abracei a ruiva por trás, colando meu peito em suas costas.

Escorreguei o nariz por sua nuca, sentindo seu cheiro e depositando um beijo em sua pele. Ergui minha cabeça, alcançando seu pescoço e arrastando os meus lábios por ali, ela se arrepiou incentivando-me a continuar. Minha mão acariciou sua coxa dando um leve aperto.

— Toni.

A mão dela cobriu a minha, parando-me.

Cheryl inclinou levemente o rosto para conseguir me encarar.

— É sério, hoje não.

Pediu, voltando a deitar no travesseiro.

— Tudo bem, desculpa... – murmurei, ouvindo um suspiro seu. — Boa noite, Cherry.

Desejei, retornando a abraça-la.

Não houve respostas suas ou ações, apenas o silêncio naquele enorme quarto. Estava confusa, é claro, mas por outro lado entendia o seu cansaço, não está sendo fácil cuidar dos gêmeos e talvez seja somente hoje, amanhã poderemos tentar novamente... Ah, sem dúvidas irei.

×××


“Estava pensando de você e a Cheryl irem a um Spa hoje de tarde. O que acha? Eu pago. Quero minha esposa relaxando um pouco.”

Apertei o enviar para Sabrina, erguendo o olhar assim que Cheryl adentrou a cozinha com Henry nos braços após trocar sua fralda. Ela suspirou, deixando o garoto no carrinho duplo onde já estava Scarlett, para poder sentar a minha frente e tomar café da manhã.

— Vida cansativa, meninas?

Debora perguntou, dando uma olhada nos gêmeos.

— Não imagina o quanto!

Cheryl respondeu, pegando seu suco verde.

Não sei porque continua tomando isso.

— Estive pensando. – me encarou ao falar. — Acho que está na hora da Penelope conhecer os gêmeos. Semana que vem talvez?

— Você que sabe, amor.

Dei de ombros.

— A gente conversa por mensagem, sinto que quer pedir pra conhecê-los, perguntando como estão...

— Cherry. – toquei sua mão por cima da mesa. — Marque o dia, é a Penelope, não me importo que os conheça, de verdade.

— Irei falar com ela.

Balançou a cabeça, pressionando os lábios.

Lhe atirei um beijo, sentindo o celular vibrar em minha mão abaixo da mesa e que estava acima da coxa. Havia uma resposta de Sabrina em minha tela.

“Spa de graça? Quero, diga pra Cheryl me mandar o horário que vou busca-la.”

Sorri para o celular, levantando o olhar para a ruiva que me analisava, mas rapidamente disfarçou ao desviar a atenção para seu suco.

— Amor, estava falando com a Sabrina... – iniciei, Cheryl me encarou. — Disse pra ela que poderiam tirar o dia pra relaxar hoje, as duas em um Spa. O que acha?

Meu tom era animado, a ruiva juntou as sobrancelhas.

— Não dá, tem os gêmeos.

— Fico com eles.

Falei de forma simples.

— Eles precisam se alimentar.

— É, mas você tira leite durante o dia, lembra? É só armazenar um pouco.

— Toni, eles nunca usaram mamadeira.

Retrucou, suspirei deixando os ombros caírem.

— Tudo bem, esqueça. Queria que tivesse um dia pra descansar.

Cheryl me analisou, mordendo o lábio.

— Não, você está certa. – soltou o ar com força. — Tiro o leite e deixo para eles, serão só algumas horas.

— Ótimo, realmente quero que relaxe um pouco.

Abri um sorriso para minha esposa que retribuiu, não com tanto entusiasmo, mas já era alguma coisa. Retornei minha atenção ao café da manhã, me deliciando com as panquecas que Debora preparou.

Cheryl relutou um pouco a ir para ao Spa, mas Sabrina pareceu convencê-la ao encher seu celular de mensagens. Saberia lidar bem com os gêmeos, principalmente com a ajuda de Debora, a ruiva deixou seu leite materno caso precisasse e partiu com a amiga.

Foi uma tarde tranquila, os gêmeos cansados de ficarem acordando a noite dormiam boa parte do tempo, nenhum dos dois teve dificuldade para pegar a mamadeira e no final do dia, me vi ansiosa pela chegada da minha esposa.

Sentada na sala e com a babá eletrônica por perto, aguardava o retorno da ruiva. Debora me ajudou com o banho nos gêmeos e após se alimentarem acabaram dormindo novamente, tinha certeza que a noite seria longa, mas antes... Queria realmente ter um tempo com Cheryl.

— Hey, voltei.

A olhei, vindo em minha direção a procura dos gêmeos.

— Onde eles estão? Senti saudade.

— Estão dormindo. – levantei, caminhando até ela. — Como foi?

— Relaxante?! – riu. — Irei subir para vê-los.

Cheryl tentou desviar de mim para ir em direção as escadas, mas a segurei pelo pulso, ficando a sua frente. As marcas de cansaço em seu rosto haviam diminuído, ela estava completamente sem maquiagem, mas isso se tornou normal desde que os gêmeos nasceram, faz algum tempo que não vejo aquele vermelho nos lábios da minha esposa.

— Por que não senta aqui comigo?

Perguntei, sentando no sofá e batendo ao meu lado.

— Os gêmeos estão bem, foram incríveis hoje.

— E o que fizeram?

Sorriu, sentando ao meu lado.

— Nos divertimos... Dormindo.

Compartilhamos de uma risada.

— Eles acabam com a gente. – encostou o corpo contra o sofá. — Quer assistir um filme?

— Na verdade...

Deslizei a mão por sua coxa, aproximando nossos corpos.

— Pensei em coisa melhor.

Inclinei o corpo para ficar suspenso sobre o seu, beijando os lábios que tanto amo e segurando em seu pescoço. Aprofundei o beijo, entrelaçando minha língua na de Cheryl e suspirando, sentindo a excitação me invadir. Fazia tanto tempo que não tínhamos esse contato. Escorreguei minha mão por sua clavícula, sugando a boca carnuda enquanto chegava até seu seio.

— Espera!

Cheryl me parou, quebrando por inteiro nosso contato.

— Nós... Deveríamos dormir, os gêmeos estão dormindo e...

— Cheryl, o que está acontecendo?

Interrompi, percebendo que havia algo errado. Qual é? Essa mulher amava sexo, qualquer toque já era o suficiente para estarmos trocando prazeres por horas. A ruiva suspirou, arrastado enquanto afundava o rosto entre as mãos.

— Amor...

A chamei.

— Eu só... Não estou a vontade.

— Por que? – franzi a testa. — Fiz algo?

— Não estou a vontade comigo, Toni.

Levantou a cabeça para me encarar.

— Com meu corpo, entende?

— Cherry...

— Não, não diga que sou a mesma. – seu corpo ergueu, fechei os olhos por alguns segundos. — Tudo mudou, estou claramente acima do peso, minhas bochechas estão enormes e minha barriga está grande. – desabafou, a voz ficando embargada. — Os meus seios vazam leite toda hora, minha pele está flácida e não tem nada de sexy nisso, pareço cansada o dia inteiro e até entendo me mandar para um Spa, só que...

Arregalei os olhos.

— Cheryl, não! – levantei ficando a sua frente. — Não paguei o Spa por isso, amor, eu juro, mas ontem tentei para que tivéssemos relações e você disse estar cansada.

— Porque estou! Estou exausta, inclusive do meu corpo.

O meu coração doeu ao ver as lagrimas molhando seu rosto e tudo faz sentido na minha cabeça agora. Cheryl nunca mais vestiu saias ou vestidos, nunca mais mostrou sua barriga ou tomou banho de porta destrancada, nem me lembro a última vez que a vi seminua. Eu só... Não esperava isso dela, minha mulher sempre foi tão autoconfiante.

— Cherry, eu não... Não percebi, me desculpa.

— Claro que não, você nem me deseja mais e quem sou eu pra te culpar.

Balançou a cabeça negativamente, cruzando os braços.

— Isso não é verdade.

— São apenas quarenta dias de resguardo, nós duas sabemos disso, mas já fazem quase setenta e você nunca me procurou até ontem.

Esfreguei as mãos em meu rosto, tentando achar uma maneira de resolver essa situação, mas Cheryl parece nem acreditar em mim, talvez tenha até mesmo razão porque que tipo de esposa esquece de ter uma vida sexual? Que porra!

— Cheryl, escute. – dei um passo para frente, tocando em seus braços. — Aqui vai toda minha sinceridade e espero que acredite.

— Não me venha com suas cantadas.

Seu tom era regado de sarcasmo.

— Não procurei você porque estava envolvida com os gêmeos, não tinha nada haver com sua aparência. – fixei o olhar no seu. — Você mudou, é claro que sim, nós duas sabíamos que isso aconteceria e sou tão apaixonada, Cheryl, que mesmo após as mudanças te desejo com todas minhas forças. – pausei por alguns segundos respirando. — Está em você acreditar em mim ou não, mas o que mais quero nesse momento é que pudesse me ver como te vejo, então... Eu te apoio para qualquer coisa que faça se sentir bem consigo novamente.

— Você realmente ainda me deseja?

Minha esposa fungou.

— Tanto, Cherry. – deslizei minhas mãos por sua cintura. — Como pode achar que não?

— Eu só... Estou com vergonha.

Encolheu os ombros.

— Entendo, amor. – retirei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. — Deveria ter conversado comigo, sinto muito por não perceber antes e...

Cheryl suspirou, beijando meus lábios.

— Tudo bem, só preciso de um tempo... Você entende?

— O que precisar, Cherry.

— Irei pensar sobre fazer algum exercício ou tratamento, não sei...

Desviou nossos olhares.

Era completamente surreal para mim ver minha esposa envergonhada e sem reações, principalmente com a autoestima baixa. Cheryl sempre se orgulhou do corpo, o exibindo por todo lugar, agora mal o mostra pra mim.

— Me dói muito te ver assim. – confessei, tocando em seu rosto. — Mas não quero te pressionar, esperarei o tempo que for preciso.

Cheryl assentiu, enxugando as lágrimas.

No instante seguinte, ouvimos um choro da babá eletrônica, desviamos o olhar para o aparelho. Minha esposa pressionou os lábios e se inclinou beijando minha bochecha carinhosamente.

— Eu vou, estou com saudade.

Concordei, observando a mesma caminhar para as escadas.

Quando cai no sofá, soltei o ar com força. Odiava me sentir impotente e não poder ajudar minha mulher de alguma forma, mais ainda não saber lidar com a situação, mas acredito que fiz o que estava ao meu alcance. Demonstrando meu desejo e apoio. Só espero que essa sua autoestima baixa não dure por muito tempo.

×××


— Você quer que eu saía ou...

— O que? Não. Fica, amor.

Cheryl deu um leve aperto em minha mão, assenti.

A campainha havia acabado de tocar, era Penelope junto de seu namorado. Em todos os encontros que tiveram, nunca estive presente ou fiz questão de estar, queria dar privacidade, liberdade para as duas poderem ter seus momentos. Fora que não conseguiria lhe tratar com simpatia, ainda não confio nem um pouco na Blossom mais velha.

— Olá, Toni.

Ela sorriu em minha direção assim que adentrou a sala. Fiz um sinal com a cabeça, observando o homem de meia idade e pele morena adentrar logo atrás.

— Eles... Eles estão aqui.

Cheryl apontou para o carrinho duplo onde estavam os gêmeos deitados, esse horário geralmente estão dormindo, mas hoje fizemos o máximo para que estivessem acordados. Scarlett até colaborou, mas Henry estava tirando seu cochilo.

Observei Penelope se aproximar, sorrindo enquanto os olhos brilharam para nossos bebês. Sentei no sofá, analisando de longe e sentindo o lugar ao meu lado afundar.

— Você é a Toni, certo? – o homem me encarou. — Sou Richard, é um prazer.

Sorri sem mostrar os dentes, balançando a cabeça.

— Seus bebês são lindos.

Elogiou, nós tínhamos uma visão deles da onde estávamos. Penelope pediu para pegar a Scarlett, Cheryl trocou um olhar comigo antes de permitir.

— Obrigada, de verdade.

Agradeci a Richard, o mesmo levantou para conhecer minha filha. Fiz o mesmo, mas parando ao lado da minha esposa e deslizando a mão para junto da sua, entrelaçando nossos dedos.

— Ela é tão parecida com você, Cheryl.

Penelope comentou, analisando a garotinha.

Cheryl apertou mais seus dedos nos meus e deitou a cabeça em meu ombro enquanto observava Richard e Penelope babarem na garotinha acordada. Óbvio que depois de alguns minutos Henry também foi muito admirado, ainda sonolento e chorando por ser acordado, minha esposa teve que amamenta-lo para ficar de bom humor com as visitas.

Eles não ficaram por muito tempo, apenas algumas horas e já se despediram, Cheryl ofereceu que voltassem para ver os gêmeos, concordei com sua fala e nos despedimos do casal. Até consegui trocar umas palavras com Richard, ele realmente parecia um homem legal.

— Tudo bem?

Perguntei a ruiva encostada no balcão da cozinha.

Os gêmeos ficaram no carrinho, na sala, dormindo mais uma vez.

— Sim. Foi bom, não foi?

— Claro, Richard é legal.

Dei de ombros.

— Percebi que nunca conseguirá conviver com a Penelope.

— Cherry, não confio nela.

— Eu sei.

Suspirou, sorrindo de canto.

— Quer dormir um pouco? Os gêmeos provavelmente vão madrugar.

— Não, eu... – mordeu o lábio. — Eu pensei.

Completou.

Franzi a testa.

— Sobre minha autoestima.

— Ah... Então?

— Quero um personal trainer.

Ergui as sobrancelhas em surpresa.

— Na verdade, já tenho uma e até entrei em contato.

— Uma?

— Alessia. A do pilates, lembra?

Revirei os olhos.

— Porra, sério?

— Ela disse que pode me dar aulas aqui em casa, assim não preciso ficar longe dos gêmeos.

O tom da minha esposa tinha um diferencial, ela parecia animada com isso e me recordo do quão alegre voltava das aulas de pilates na gravidez. Tenho maturidade o suficiente pra entender que não tem nada haver com a professora, mas seria injusto ficar um pouquinho incomodada?

Soltei o ar.

— Isso é bom, amor. – a olhei. — Se te faz feliz... Estou feliz.

— Sabe que não precisa ficar com ciúmes.

A ruiva deu um passo para frente.

— E não estou.

— Sério? Porque se estivesse teria que te provar o quanto quero você.

Mordeu o lábio inferior, me analisando.

O meu olhar estalou em surpresa.

Ela estava...

— Odeio que toquem em você.

Resmunguei, Cheryl sorriu.

— Eu sei, TeeTee. – descansou as mãos em meus ombros. — Mas sou sua.

Aproximou nossos lábios, ofeguei ao senti-la tão perto.

— Você é?

— Completamente sua.

Colocou a boca sobre a minha, deitando a cabeça para o lado e aprofundando nosso beijo. Iniciei movimentos apressados com a língua, empurrando-a contra o balcão novamente e a pressionando, Cheryl gemeu, separando nossos lábios para me encarar por alguns segundos. Não demorou muito e já estávamos trocando outro beijo faminto.

A ruiva tomou o controle, segurando em minha cintura e nos girando para me deixar contra o balcão. Sua mão subiu para meu seio o apertando por cima do sutiã e camisa. Nosso beijo foi quebrado, ela arrancou a blusa de meu corpo e deslizou os lábios para meu pescoço. Inclinei a cabeça para o lado, lhe dando total acesso a pele onde lambia e chupava.

Gemidos arrastados saíam por entre meus lábios, Cheryl levou os dedos até o fecho do meu sutiã, retirando de meu corpo e o jogando por qualquer canto da cozinha. Assim que sua boca entrou em contato com meu seio, gemi de satisfação ao ter a língua quente brincando com meu mamilo.

Sem perder tempo, o botão de minha calça jeans foi aberto, deslizando o tecido para baixo e posteriormente minha calcinha. Não estava incomodada de ser tão submissa, deixaria Cheryl ter o que queria e depois cobraria de volta, talvez assim se sentisse mais a vontade. Os seus lábios escorregaram por meu abdômen, deixando beijos e mordidas, lambendo o piercing que estava de volta ao meu umbigo.

Quando a ruiva abocanhou minha intimidade, minha cabeça caiu para trás junto de um gemido. Cheryl me chupou, deslizando a língua por minha extensão e brincando com meu clitóris, o sugando com tamanha força que me fez gemer mais alto. Suas mãos estavam firmes em minhas coxas, mantendo minhas pernas abertas e movendo os lábios nos meus inferiores.

Movimentei meu quadril contra sua boca, buscando por meu próprio prazer e fechando os olhos ao sentir o orgasmo chegar, fazia tanto tempo que não seria difícil chegar ao ápice. Agarrei os cabelos ruivos, enfiando os dedos sobre os mesmos enquanto soltava um gemido mais alto e sentia minhas pernas tremerem, relaxando em seguida.

Respirei, puxando o ar que me faltava.

— Acho que havia me esquecido o quanto você é gostosa.

Cheryl falou, distribuindo beijos desde minha virilha até minha boca onde segurei em sua nuca e aprofundei o beijo. Queria senti-la e principalmente que se sentisse bem como eu. Deslizei minhas mãos para dentro da sua blusa, tentando acelerar o contato, mas fui parada.

Minha testa colou na da minha esposa enquanto ofegava.

— Me desculpa... – sussurrou. — Ainda não estou pronta.

— Cherry.

Encarei os castanhos.

— As coisas... As coisas podem não ser mais as mesmas.

— Do que está falando?

— Saíram duas crianças pela minha vagina, Toni.

Revirou os olhos, dando passos para trás.

Suspirei com força.

— Não muda nada pra mim, já disse, mas não quero que faça qualquer coisa obrigada. – falei, subindo minhas calças de volta. — Estou sendo paciente, Cheryl.

— E agradeço por isso.

— Só queria que você me deixasse ao menos tentar.

Continuei a me vestir enquanto falava.

— TeeTee...

— É fodido pra mim e pra você.

Enfiei a blusa em meu corpo.

— Sabe o quão merda é não conseguir mostrar pra sua mulher o quanto a deseja?

Fixei o olhar no seu.

Ouvi um choro vindo da sala, pela primeira vez agradeci que um dos meus filhos estivesse chorando. Dei uma última olhada para minha esposa antes de caminhar para a sala em busca dos bebês.

×××


O início da noite parecia calmo, conseguimos colocar os dois para dormir, Henry era o mais difícil de lidar hoje e desconfiávamos que estivesse tendo as tão temidas cólicas. É óbvio que depois do momento na cozinha, as coisas entre mim e Cheryl ficaram estranhas. A verdade é que estava me sentindo uma merda e odeio não conseguir passar confiança para a ruiva, demonstrar o quanto a quero.

Deitei na cama suspirando após vir do quarto dos gêmeos, enquanto fazia o mais velho dormir, Cheryl aproveitou para tomar um banho já que havia vazado um pouco de leite na sua roupa. Fechei os olhos por alguns minutos, implorando para que o sono viesse logo, mas não aconteceu. A porta do banheiro abriu, continuei na mesma posição, ouvi as luzes do quarto serem apagas e o a parte do colchão ao meu lado afundar.

— Ele dormiu?

Cheryl quebrou o silêncio.

— Sim, acho que está bem. – virei o rosto para olha-la por alguns segundos. — Devíamos tentar dormir, eles provavelmente vão acordar essa madrugada.

— Claro.

Concordou, me aproximei para beija-la, mas Cheryl desviou o contato virando o corpo para desligar o abajur ainda aceso. Nós ficamos em um completo escuro, minha esposa se remexendo na cama até que ficasse de frente para mim.

Senti sua respiração, o nariz esbarrando levemente no meu até que nossos lábios se encontrassem. Cheryl pressionou a boca na minha, suspirando ao deslizar a mão para minha cintura e puxar-me mais para perto. Quando sua língua escorregou em meu inferior, entendi o que estava acontecendo e nos afastei.

— Cheryl?

— Eu quero você.

Sussurrou em resposta.

— Não, você está se sentindo pressionada e não quero isso, eu...

Ela me interrompeu, colocando os lábios sobre os meus novamente, dessa vez com mais força e impulsionando o corpo para ficar acima do meu. Gemi contra ela, apenas de senti-la completamente suspensa sobre mim, mesmo com as roupas nos atrapalhando fazia muito tempo que não tínhamos esse contato. Cheryl aprofundou o beijo, a língua de forma lenta acariciando a minha.

Estava completamente sem atitude, com medo de fazer algo que a influenciasse a se arrepender de tentar. Eu a amo, o seu bem estar sempre virá em primeiro, ainda mais se tratando de sexo.

— Você pode me tocar.

Cheryl murmurou contra meus lábios.

— Cherry, você tem certeza?

Nós estávamos no escuro, mal conseguia ver seus castanhos para poder ler suas reações. A ruiva soltou o ar, sua mão tateando a cama a procura da minha e logo depois a espalmando em meio as suas pernas.

Ela estava quente e úmida.

— Acredita em mim agora? – perguntou baixinho. — Consegue me deixar assim só de me beijar, TeeTee.

Respirei fundo, balançando minha cabeça mesmo que não pudesse ver.

Subi minha mão para sua nuca, grudando nossos lábios novamente e dando total ritmo ao beijo, apressado, molhado, excitante... Suguei o seu inferior, mordendo levemente ao final quando me vi sem ar. Sentei na cama, trazendo Cheryl para meu colo e deslizando minha boca para seu pescoço, distribuindo mordidas e chupões enquanto minhas mãos adentravam seu pijama.

Senti sua pele quente em meus dedos, arrepiando por onde passava e arrancando suspiros da ruiva acima de mim. Meus lábios desceram de encontro a sua clavícula, parando no vão de seus seios onde lambi de baixo para cima, recebendo as unhas de Cheryl cravadas em minha nuca como resposta.

Por mais que quisesse me aproveitar daqueles seios enormes, sabia que minha esposa provavelmente não se sentiria confortável. Abri a camisa de seu pijama, mas apenas para depositar alguns beijos em sua pele, arranhando seu abdômen e escorregando a mão para dentro da sua calça, invadindo sua calcinha agora molhada.

— Cherry...

Ainda queria ter certeza que estava bem.

— Antoniette, é melhor não me perguntar se tenho certeza. – rosnou, o corpo erguendo levemente. — Me faça gozar.

Exigiu.

Um sorriso se apossou de meus lábios, movendo os dedos por entre suas dobras enquanto Cheryl buscava minha boca para iniciar mais um beijo. Ela gemeu quando iniciei movimentos circulares, parando em seu clitóris e os deslizando para baixo novamente. A ruiva me mordia, tremendo acima de mim e remexendo os quadris em minha mão buscando por seu próprio prazer. Nosso beijo foi quebrado, seu rosto afundou em meu pescoço e a mesma chegou ao seu ápice, gemendo ao cravar suas unhas em minha nuca.

Deslizei as mãos por suas costas, a acariciando enquanto Cheryl respirava fundo para acalmar sua respiração. Os seus lábios procuraram os meus mais uma vez, um beijo lento que foi interrompido por um choro vindo da babá eletrônica.

— Porra...

Murmurei, completamente insatisfeita.

— Deve ser o Henry, eu vou.

Cheryl se dispôs.

— Não. – a segurei, respirando seu cheiro uma última vez. — Você descansa, eu vou.

— Tudo bem.

Seus lábios tocaram os meus em um selinho e o corpo caiu no colchão.

Acendi o abajur do meu lado, quando olhei para minha esposa, a mesma abotoava sua camisa novamente escondendo o corpo que tanto desejo. Sabia que demoraríamos a ter a intimidade de antes novamente, mas estava feliz de pelo menos estar me deixando demonstrar em atitudes o quanto a quero.

×××


Nossa vida sexual estava voltando aos eixos lentamente, se tornou um pouquinho mais difícil quando Henry acordava todas as noites com um choro sofrido por ter cólicas. Nunca me amaldiçoei tanto por Cheryl não ter o número de uma mulher que já transou como agora que não tinha o de Callie, mas felizmente Veronica nos conseguiu o contato direto com Arizona que nos informou um remédio.

Foi a primeira emergência que tive que sair de moto na madrugada, correndo a procura de uma farmácia para comprar o remédio de nossos menino. Quando retornei, minha esposa estava praticamente chorando junto com nosso filho.

— Vai passar, bebê...

Cheryl murmurava ao embala-lo contra seu peito.

— Agora que tomou o remédio é só esperar.

— Não suporto ver ele assim. – a ruiva suspirou, encarando o menino que ainda resmungava ao deixar lágrimas escaparem. — Parece ser tão mais frágil que a Scarlett.

— Na verdade.. – caminhei até o berço da nossa filha. — Nossa garotinha deu sorte de não ter as cólicas.

Deslizei os dedos pelo rostinho pálido da ruivinha.

— Vou leva-lo pra cama com nós.

Cheryl anunciou, tocando nos pequenos cachinhos que ainda se formavam em Henry. Concordei, já envolvendo Scarlett em meus braços para carrega-la junto.

Nós deitamos como todas as outras vezes, os gêmeos em nosso meio e uma em cada ponta, mas diferente das outras noites, minha esposa tinha seus braços enroscados em Henry como se tentasse protege-lo. Scarlett não se moveu, apenas aconchegou-se na cama continuando com seu sono tranquilo.

×××


Quando os bebês completaram três meses, Cheryl iniciou suas aulas com Alessia, a busca por ter seu corpo como antes da gravidez. Eu achava uma bobagem, minha esposa não estava tão diferente, apenas com mais corpo e curvas, mas é claro que a ruiva não pararia até ter a cintura fina e barriga chapada de volta.

Por duas horas e três vezes na semana, Alessia estaria na parte externa de minha casa junto de Cheryl. Isso me dava o tempo todo da aula com os gêmeos, que geralmente estavam dormindo, então aproveitava para jogar vídeo game.

— Amor.

Ouvi minha esposa chamar, mas estava concentrada demais na tela da televisão, me divertia em um RPG.

— Como estão as crianças?

— Bem.

Respondi sem a olhar.

— Uhum, parece que o Lion está cuidando melhor do que você.

Pausei meu jogo, desviando a atenção para o lado. Nosso cachorro tinha a atenção no carrinho duplo, observando atento os gêmeos e agora Cheryl se agachava a frente. Você não pode me culpar por dar uma bela analisada em sua bunda empinada na minha direção.

— Vim pegar água. – ela ficou ereta novamente e subi o olhar para seus castanhos. — Eu acho que a Alessia tem medo de você.

Riu ao falar. Até estava prestando atenção em suas palavras, mas o suor escorrendo em seu pescoço e descendo por entre os seios parecia tão atrativo.

— Antoniette!

— O que?

— Você não me ouve.

Resmungou, caminhando para a cozinha.

Dei uma olhada nos gêmeos, deixando o controle do video game acima do sofá e seguindo minha esposa. A mesma abria a geladeira em busca de duas garrafas de água mineral.

— Cherry, desculpa. – pedi, me aproximando. — É que...

Meus castanhos a analisaram de cima a baixo.

— Você fica tão gostosa em roupa de malhar.

Mordi o lábio.

— Pode me ter mais tarde. – entrelaçou os braços em meu pescoço, a língua desenhando os próprios lábios. — Se cuidar bem dos nossos filhos.

— Cheryl? Eu estou cuidando!

— O Lion está mais atento que você.

Revirei os olhos.

— O Henry pode ter dores novamente, ele começa a se remexer inquieto.

— Sabe que sei disso, não é?

Estreitei o olhar.

— Só quero que cuide do nosso garotinho.

— Uhn... Alguém tem um preferido.

Ri ao falar, Cheryl abriu a boca desacreditada.

— Não diga que tenho um preferido, eu amo os dois, mas o Henry... É mais sensível.

— Acredito.

Zombei, a ruiva estalou um tapa em meu braço.

— Ai!

— Nem merece que tenhamos sexo hoje.

— Ah, qual é?

Gemi em insatisfação quando desfez nosso contato.

— Vá cuidar de nossos filhos, Topaz!

Cantarolou enquanto saía da cozinha, os quadris remexendo de forma desnecessária me garantiam que com certeza teríamos sexo essa noite!

×××


Aos quatro meses, nossos filhos finalmente regularam o sono, poderia dizer que foi nossa maior conquista como mães quando conseguimos colocar os dois para dormir e não precisávamos ficar nos preocupando se iriam acordar a noite, no máximo despertavam para mamar e dormiam novamente.

Nesse período também iniciaram os interesses por outros objetos, então nada de deixar chaves, celular, maquiagem ou qualquer coisa que possam pegar por perto. Eles estão com as mãozinhas bem ativas.

No início achei que aquele nosso encontro marcado com Callie e Arizona era apenas brincadeira, mas ele realmente aconteceu. Cheryl convidou a pediatra e a esposa para irem em nossa casa. Eu sabia que no fundo, minha mulher tinha intenções com aquele jantar, sempre quis ter a médica de nossos filhos o mais próxima possível.

— Ela é linda.

Sorri para a garotinha no colo do nosso mais novo casal de amigas.

— Quem a teve?

— Callie. – Arizona respondeu com um sorriso, já tinha a Scarlett em seu colo enquanto conversávamos na sala. — Ela é filha de um amigo nosso.

— Amigo? – Cheryl franziu a testa. — Ah, vocês usaram um doador conhecido.

O casal trocou um olhar, Callie respirou.

— Não, nós realmente fizemos a Sofia, foi um pouco antes de engatar no namoro com a Arizona. – a morena mordeu o lábio. — Mas ela tem o nome dos três.

— Parece a história da Veronica.

Minha esposa riu a falar.

— Lodge? – Arizona perguntou, assentimos. — Eu conheço a Betty, e o Arthur já foi meu paciente, são uma linda família.

Sorriu.

— Uma vez nós pegamos as duas em um dos dormitórios do hospital. – Callie zombou ao falar. — A gente também estava indo pra se divertir, mas... Tivemos que usar outro quarto.

Cheryl riu, surpresa com a aventura da melhor amiga.

E as histórias sobre Veronica não pararam por ai, também contaram sobre uma paciente lhe confundir com a própria esposa ao estar sobre efeitos sedativos e nossa amiga fingir ser a mulher apenas para acalmar a desconhecida.

Minha esposa estava amando aquele jantar, não posso negar que também adorei. Cheryl estava quase no ápice de sua autoestima renovada, conseguindo interagir com as pessoas como antes e até comigo. A gente não tinha o que reclamar, a vida de casada e mães estava sendo um sonho.

×××


Cinco meses: A primeira vez que um dos gêmeos conseguiu ficar sentado.

— Agora a mamãe vai te soltar, ok?

Falei com a garotinha que tinha os olhos atentos, pernas esticadas no sofá e dedos firmes nos meus. Suas costas levemente inclinadas para frente.

— E... Pronto.

Soltei seus dedinhos.

Scarlett ficou parada, sentadinha por cinco segundos até cair contra o encosto do sofá. Dei um grito de felicidade, comemorando ao pegar minha ruivinha nos braços.

— Arrá! Nós ganhamos.

Esbravejei contra Cheryl que estava com Henry no colo. Nós criamos um desafio de quem iria sentar primeiro, Scarlett ou Henry, sendo que eu e garotinha éramos um time, minha esposa e o mais velho outro.

— Não vale, nós sabemos que as meninas se desenvolvem mais rápido.

— Admita que seu filho é um preguiçoso.

Acusei, a ruiva estreitou o olhar.

— Não fale assim do meu bebê. – beijou a bochecha do garotinho que enrolava os dedos nas mechas ruivas. — Ele também vai conseguir sentar, não é, príncipe?

— Aposto que a Scar vai caminhar primeiro que ele.

— Não, não quero mais competir.

Cheryl levantou, descendo Henry para o carrinho.

— Aceitem que são perdedores. – zombei, minha esposa retirou Scarlett dos meus braços. — Ei!

— A mamãe está orgulhosa. – conversou com nossa filha, enchendo a menina de beijos, Scarlett gargalhou em resposta. — E a sua mãe é uma esperta, ela sabe que você é muito mais ativa.

— Sim, puxou a mim.

Me gabei, jogando os cabelos.

Cheryl revirou os olhos.

×××


Seis meses: Após a consulta com Arizona: Papinha liberada, chega do leite da mamãe!

É claro que teríamos que começar aos poucos, como frutas amassadas. Na primeira tentativa, colocamos eles na cadeirinha de papar, cada um na sua. Eu de frente para Scarlett e Cheryl de frente para o Henry.

— Vamos lá, filha.

Incentivei a garotinha que não aceitava nem banana, nem maçã e muito menos mamão. Enquanto Henry estava comendo todas as frutas que ela negava e as dele junto.

— Isso, filho. Come pra ficar bem forte.

Cheryl incentivava o garotinho.

— Scarlett, não pode viver só de água.

Resmunguei para a ruivinha, a mesma tinha as duas mãos firmes no copinho com alças, bebendo água como se dependesse daquilo. Os seus cabelinhos levemente encaracolados já caiam até os ombros, o ruivo natural me deixa encantada por ser cada vez mais parecida com minha esposa.

— Tudo bem, ela ainda quer viver só do leite da mamãe. – Cheryl sorriu para Scarlett. — Enquanto o Henry parece querer se livrar de mim.

Fez um beicinho pro garoto.

— Scarlett está certa, eu também iria querer ficar ao máximo grudada em suas...

— Você não vai dizer isso!

Cheryl me interrompeu.

— Por que? É verdade.

Balancei os ombros.

— Pervertida!

Acusou-me rindo.

— Você sabe, a minha mulher é gostosa demais pra resistir...

Aproximei os lábios dos seus, beijando sua boca e só parando quando Henry resmungou porque queria continuar comendo. Nós trocamos um selinho antes de retornar a atenção aos gêmeos.

×××


Dez meses: As primeiras palavras.

— Vamos lá, filho. – conversei com Henry que estava de pé em meu colo. — Fala: Mamãe.

O incentivei.

O mesmo parecia muito ocupado ao morder um brinquedo que tinha nas mãos, lambuzando-se com a babá que sai por conta do crescimentos dos dentes. O garotinho tem cachos castanhos, os cabelos dele são tão preservados por Cheryl que se um dia alisarem naturalmente, ela provavelmente enlouquecerá, sou da mesma forma se um dia os ruivos de Scarlett escurecerem.

— É sua vez de ser o campeão, diga: Mamãe. – repeti, nada. — Por favor, bebê.

Implorei fazendo beicinho.

Scarlett dormia no carrinho e Cheryl estava lá fora junto da sua amada professora. Acredita que agora Alessia faz parte do grupo de amigas da ruiva? Junto com Arizona e Callie que também entraram nos encontros de quarta. Fico incomodada, é claro, principalmente porque preciso ficar com os gêmeos para elas saírem. Geralmente intercalamos as semanas, já que minha esposa não deixa ninguém cuidar dos nossos filhos além de nós.

— Se você disser mamãe, eu te dou uma bala!

Ofereci para o garotinho em animação.

O silêncio dele me torturava, suspirei o sentando no tapete que estava no chão. Não conseguimos arrancar o tão sonhado “mamãe” de nenhum dos dois ainda. É clara a competição que eu e Cheryl criamos para saber qual será a primeira.

— Terminei por hoje.

A ruiva adentrou nossa casa com uma garrafa de água esportiva em mãos, bebendo direto no bico. O top e legging colados ao seu corpo me davam uma visão dos deuses, finalmente tinha a Cheryl que tanto amo cheia de atitude e autoestima de volta.

— Você está gostosa pra porra!

Mordi o lábio.

— Pora.

O sussurro de Henry me fez virar a cabeça na sua direção em alerta, arregalando os olhos para o garotinho que me encarava fixamente.

— O que ele disse?

Cheryl que iria para as escadas, desviou o caminho para nós.

— Nada, Cherry... É... Enrolação, você sabe.

Os bebês sempre falam inúmeras sílabas e algumas coisas que não entendemos nem um pouco, é como a língua dos dois. Mas Cheryl estava curiosa o suficiente para sentar ao meu lado, analisando nosso filho.

— Henry, o que você falou?

Encarou o menino, balancei a cabeça em negação freneticamente para ele. E o mais surpreendente aconteceu, Henry me olhou apontando com o indicador.

— Mama!

Minha boca abriu em surpresa, trocando um olhar com Cheryl que estava tão boquiaberta quanto eu. Rapidamente me inclinei para pegar o garotinho em meu colo, enchendo seu rosto de beijos.

— Você me chamou, você me chamou.

Repeti contra ele.

— Posso ficar com um pouco de inveja?

Cheryl resmungou ao meu lado, encarei minha esposa que tinha um beicinho nos lábios.

— Sabe que amamos você.

— Eu sei. – sorriu beijando minha boca. — Estou feliz por você.

— De verdade? Não está triste?

Ergui as sobrancelhas.

— Estou morrendo de ciúmes, mas com muito orgulho desse príncipe.

Remexeu as mãos na barriga de Henry que gargalhou, jogando a cabeça para trás. Sorri para os dois, trocando mais um rápido beijo com minha esposa antes de Scarlett acordar e também entrar na brincadeira.

×××


Onze meses: Os primeiros passos.

Na sala de nossa casa, onde incrivelmente temos as melhores memórias com nossos bebês, Scarlett estava de pé com Cheryl segurando seus bracinhos e caminhando sobre o tapete. Henry estava sentado no cercadinho, murmurando algumas de suas frases enroladas enquanto brincava com os inúmeros presentes que recebem de nossos amigos.

Havia uma câmera em minhas mãos, sentada a alguns metros das duas estava preparada para registrar os primeiros passos de nossa garotinha, já estávamos naquela gravação por quase meia hora. Toda vez que Scarlett caia de bunda no chão, um Lion preocupado se aproximava para lhe lamber o rosto, nossa filha ria enquanto Cheryl repreendia o labrador.

— Ok, vamos conseguir.

Minha esposa a incentivou.

— Au-au... Au-au.

Scarlett chamava Lion.

— Tudo bem, você quer brincar com o Lion? – perguntei, batendo com a mão ao meu lado e fazendo o labrador deitar ali. — Ele está aqui, venha.

Pedi, focando a câmera nela.

Seus olhos grudaram no cachorro, os primeiros dois passos que deu ainda segurava a mão de Cheryl, mas os outros três que deu para chegar até nós foi totalmente sozinha, um pouco desequilibrada, mas sem a ajuda de ninguém.

— Conseguiu!

Cheryl comemorou, rindo.

Scarlett agora passava a mão em Lion, totalmente despreocupada como se não tivesse acabado de preencher nossos corações de alegria.

— Ela com certeza vai ser a primeira a ir embora de casa.

Minha esposa sentou em meio a minhas pernas depois de tirar Henry do cercadinho, o mesmo prontamente sentou ao lado da irmã para acariciar Lion que por vezes lambia a mão deles. Eu continuava a gravar tudo.

— Você acha que vão nos deixar muito cedo?

Perguntei, focando na maneira que Scarlett puxava as orelhas do Lion e o mesmo não se importava.

— Espero que não, provavelmente irei morrer.

Ri com sua resposta, virando a câmera para nos gravar e colando os lábios na sua bochecha.

— Não se preocupe, você ainda terá a mim.

Cheryl sorriu com minha fala, cobrindo a lente da câmera com a mão e selando nossos lábios.

×××


O tempo estava passando rápido demais, isso geralmente acontece quando as coisas estão dando realmente certo e não posso me queixar de nada em minha vida. Meu casamento está incrível, meus filhos crescendo saudáveis e mesmo após um ano de minha última luta, ainda há muitos comentários positivos sobre mim na internet.

Sim, os meus bebês já têm um ano de vida e isso é surreal, eles cresceram tão rápido. Nós queríamos fazer algo grande, uma festa enorme que desse o que falar e pudéssemos convidar toda Seattle para participar, mas no final decidimos que os gêmeos seriam os últimos a aproveitar.

Minha esposa quem teve esse raciocínio e achei surpreendente porque... Estamos falando da Cheryl, a que adora exibir e coisas grandes. Mas é claro que tivemos uma comemoração com nossos amigos, algo pequeno e só os mais próximos, mas conseguimos celebrar mais um ano de vida dos nossos bebês.

Como disse, o tempo estava passando rápido. Os gêmeos já estavam completando um ano e meio, mas ainda não havíamos deixado eles sozinhos com ninguém. Sempre que Cheryl precisava ir a escola, eu ficava com os meninos e assim vice e versa, só que novamente nossa relação estava dando uma esfriada. Nossos filhos tomavam todo nosso tempo e mal percebíamos, mas a relação como casal estava ficando um pouco de lado.

— Amanhã é a véspera do seu aniversário.

Comentei com a ruiva enquanto estendíamos a cama para dormir. Os gêmeos haviam acabado de pegar no sono, se antes eles dormiam muito, agora dormem somente o período da noite e o resto do dia é agito puro.

— Nossa, nem me lembrava.

Franziu o nariz, deitando no colchão.

— A gente devia fazer alguma coisa.

— Parque? Os gêmeos adoraram ficar correndo atrás do Lion na grama.

Riu ao recordar.

— Não, Cherry. – deslizei para a cama, deitando ao seu lado. — Devíamos fazer alguma coisa eu, você, nossos amigos... – sugeri, ela me encarou em surpresa. — Sair pra dançar e nos divertir.

— Sério? – juntou as sobrancelhas, assenti. — Mas e o gêmeos? Nós nunca deixamos eles com ninguém, TeeTee.

— Minha mãe está sempre por perto... – dei de ombros. — E a sua também.

Revirou os olhos.

— Penelope? Nem pensar. – negou. — Nós estamos nos dando bem, mas tem limites e ficar sozinha com meus filhos ultrapassa todos.

— Ok. – murmurei. — Dona Katy então?

— Eles vão sentir tanto nossa falta.

Resmungou manhosamente.

— Aposto que quem vai sentir é você, eles provavelmente vão comer e dormir, quando acordarem já estaremos aqui novamente.

— Tem razão... Aliás. – sua mão escorregou para minha cintura e descendo para minha bunda. — Sinto falta de termos um momento a sós.

— Eu também, prometo que vou organizar tudo.

Beijei seus lábios, os olhar de Cheryl estreitou.

— Você já estava planejando, não é?

— Talvez...

Sorri, mordendo o lábio.

— É por isso que amo você.

Retribuiu o sorriso, juntando nossas bocas.

×××


Em meus braços tinha Scarlett, suspensa por minhas duas mãos e o seu corpinho deitado de lado simulava uma arma, Henry estava sentado em cima da cama e tremia a garotinha fingindo ser uma metralhadora. A ruivinha gargalhava, enquanto o mais velho caía com as costas no colchão como se tivesse sido atingido.

— Nós acabamos com ele, filha!

Comemorei, a deixando em pé.

— Mamãe, mamãe...

Henry desceu da cama com rapidez, vindo em minha direção e puxando o tecido de minha calça. Soltei o ar com força, colocando Scarlett sentada no colchão e posicionando o irmão em meus braços. Balancei o garotinho, fazendo som de tiros com a boca e recebendo sua gargalhada de volta, a ruivinha caiu contra o colchão rindo.

— Antoniette!

Rapidamente girei o garotinho para ficar em pé no meu colo.

— O que disse sobre fazer nossos filhos de arma?

Ela adentrava o quarto com saltos nas mãos, estava no de hóspedes terminando sua maquiagem enquanto divertia os gêmeos para que pudesse fazer tudo calmamente. A verdade é que já estava pronta a horas e Cheryl demora séculos pra se arrumar.

— Eu sei, eu sei... Mas eles gostam tanto.

Fiz um beicinho, descendo Henry para o chão.

— Eles são pequenos, quando os balança dessa maneira...

— Pode causar danos cerebrais. – repeti o que tanto me explicou, revirei os olhos. — Já entendi.

— E por que continua fazendo?

Sentou na cama, claramente brava com minha atitude.

— Porque já li sobre isso e é movimentos bruscos, minhas brincadeiras são cuidadosas.

— Bom, você que sabe.

Balançou os ombros.

Nunca mais irei fazer.

— Podemos ir? Já estamos atrasadas.

— Eu nunca estou atrasada, TeeTee. – atirou-me um beijo, girando o corpo para ter a atenção nos gêmeos. — Meus bebês, venham cá.

Chamou, abaixando-se.

Seu vestido vermelho, curto e brilhoso, subiu me fazendo inclinar levemente a cabeça para trás, dando uma checada em minha esposa que parecia mais gostosa que o normal.

— A mamãe vai sentir muita falta de vocês.

Sussurrou, abraçando os dois como uma ave que coloca os filhotes embaixo da asa. Conseguia ver a expressão dos gêmeos e os dois não estavam gostando nada do contato, sentindo-se amassados pela mãe.

— Tudo bem, vamos bater o recorde de descer mais rápido as escadas!

Anunciei para os meninos, os dois se livraram do abraço de Cheryl para vir em minha direção, com um pouco de dificuldade peguei um em cada braço e sentindo seus bracinhos enlaçarem em meu pescoço.

— Você sempre rouba eles de mim.

Minha esposa fez beicinho.

— Vamos fugir de uma mamãe carente!

Iniciei minha corrida para fora do quarto, sempre tomando muito cuidado com os próximos passos e com certeza mais devagar do que Cheryl pensa, por vezes parece que vamos morrer com os gritos que usa pra nos repreender, mas não passa de uma caminhada mais rápida que arranca gargalhadas de nossos filhos principalmente quando estamos na escada.

— Antoniette!

Encontrei dona Katy de braços cruzados a minha frente ao final das escadas. Suspirei, diminuindo minha velocidade. Sabe como é difícil divertir meus filhos com duas chatas no meu pé? Praticamente impossível!

— Isso é perigoso e se você cai nessas escadas com eles?

— Não adianta falar, ela gosta de correr riscos e ainda leva os gêmeos junto.

Cheryl vinha atrás de mim.

— Os meninos adoram, ok?

Desci os dois para o chão, o casalzinho não demorou a correr em direção a sala. Esperei minha esposa descer completamente as escadas para fechar o pequeno portão no final delas, uma das várias proteções que temos na casa para os gêmeos, como: grades de proteção de um cômodo para o outro, travas em gavetas, proteção para quinas e tomadas... Enfim, proteção para tudo.

— Tem certeza que ficará bem com eles?

Cheryl perguntou ao parar na frente de minha mãe.

— Claro, querida, a Samantha irá me ajudar. – sorriu, tranquilizando minha esposa. — Se divirtam!

— Tudo bem... – a ruiva suspirou. — Será que deveria dar um último beijo neles e...

— Cherry, vamos.

A interrompi, pegando em seu braço e a puxando em direção a garagem. Se não a arrastasse, provavelmente não iríamos nunca e sei que nos despedir dos gêmeos só daria motivo de choro e uma provável desistência.

×××


— Devíamos mandar uma mensagem pra sua mãe antes de entrar?

Cheryl me encarou, estávamos paradas no estacionamento da festa que iríamos encontrar nossos amigos, todos deixaram seus filhos com babás ou parentes para termos uma noite livres. Aparentemente minha esposa não está muito preparada para tal.

— Amor, se houver alguma emergência irá nos ligar, minha mãe tem o número de todos que estarão com nós essa noite, então não se preocupe.

Segurei em suas mãos, Cheryl relaxou os ombros.

— Você está gostosa, sabia?

Mudei o rumo da conversa.

Deslizei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha, encarando os castanhos. A ruiva sorriu, entrelaçando os braços em meu pescoço e deixando um selinho em meus lábios.

— Não mais que você.

— Podemos aproveitar nossa noite?

— Podemos, TeeTee.

Concordou, escorregando a mão para junto da minha.

— Então é hora de encontrar nosso pessoal.

Entrelacei nossos dedos, caminhando junto dela para a entrada da festa.

O local movimentado, com luzes piscando e música alta era algo que não frequentava a muito tempo. Nós não tínhamos dia livre, toda nossa vida ultimamente girava em torno dos gêmeos, então é um milagre estarmos conseguindo ter uma noite somente nossa.

Nosso grupo de amigos estava em um canto, ocuparam o local onde haviam sofás encostados na parede e tinha uma visão boa de toda a pista de dança, bar. Nicholas, Sabrina, Betty, Veronica, Arizona e Callie. Eram o nosso grupo de hoje, Nathan tinha compromisso com o namorado e Jughead parece estar conhecendo uma mulher, os dois ficaram com o Arthur.

— Finalmente, casal!

Nicholas comemorou sorriso.

— Meu Deus, Cheryl Marjorie... Poderia me humilhar um pouco menos?

Sabrina a analisou de cima a baixo.

É realmente impossível não se impressionar com a beleza da minha mulher.

— Um espetáculo, não? – abracei o corpo da ruiva por trás. — Nem parece que vai fazer trinta e um anos.

— Toni! Não precisa revelar minha idade.

Bateu em minha mão que estava sobre sua barriga em repreensão, os outros casais riram. Cheryl não demorou a sentar em meio a Veronica, Sabrina e Arizona, incrivelmente eu, Nicholas, Betty e Callie tínhamos muito mais assunto em comum do que pensávamos, torcia para conseguir recrutar a médica para nosso grupo de quarta.

Os únicos casais que bebiam eram Callie e Arizona, Betty e Veronica, mas todos com moderação porque havia muitos motoristas em meio a nós. Hoje trouxe minha esposa de moto e me surpreendi por não recusar o meu pedido.

— TeeTee.

Cheryl me chamou, parando a minha frente e estendendo a mão.

— Vamos dançar.

Sorriu, não evitei em retribuir, aceitando seu convite.

A ruiva me guiou por entre as pessoas, até que achamos um espacinho para nós em meio aquele pessoal. Minha esposa descansou os braços em meus ombros e começou a remexer o corpo, um sorriso sempre iluminando seu rosto enquanto acompanhava seus movimentos.

Não fazia a mínima ideia qual a música que tocava, mas sua batida animada me dava incentivo para repousar as mãos nos quadris de Cheryl, subindo para suas costas e por vezes descendo para sua bunda volumosa. Não sabia que algum dia diria isso, mas... Obrigada, Alessia! Nós ficamos por tempo indeterminado dançando, uma provocando e sorrindo para a outra, sem preocupações.

Estava no paraíso.

Quando os lábios da minha esposa encontraram os meus sem nenhum aviso prévio, não recusei ao seu beijo. Cheryl enfiou seus dedos por entre meus cabelos e grudou nossos corpos, a língua deslizando para dentro da minha boca, iniciando movimentos que me faziam suspirar contra ela. Segurei em sua cintura, nos pressionando uma a outra enquanto a ruiva acelerava o contato, demonstrando que seu desejo era muito mais que um beijo.

— Ei. – encostei minha testa na sua, ofegando. — Você sabe que estamos em um local público, não é?

— Eles mal perceberiam.

Sorriu, lambendo os lábios.

— Você não presta.

— É melhor irmos sentar novamente antes que te coma aqui mesmo!

Beijou minha boca, entrelaçando nossas mãos e arrastando-me de volta para nossos amigos. Assim que chegamos na visão de Sabrina, a loira pulou em Cheryl para abraça-la, pegando a ruiva de surpresa.

— Já é seu aniversário! Parabéns.

Spellman abriu um largo sorriso.

Sorri junto da loira, observando todos eles desejarem felicidades para minha mulher e deixando-me por último, não me importava muito desde que tivesse uns minutos com ela.

— Mais um aniversário seu juntas.

Abri os braços para Cheryl assim que a mesma se livrou de nossos amigos, ela sorriu, chegando próxima o suficiente para envolver meu pescoço enquanto a acolhia pela cintura.

— Parabéns, meu amor.

Sussurrei, deslizando as mãos por suas costas.

— Não irei passar nenhum aniversário sem você. – apertou-me mais contra ela. — Até porque não faz sentindo não ter o amor da minha vida por perto.

Afastou-se levemente, fixando o olhar no meu.

— Eu amo muito você.

— Eu te amo mais, TeeTee.

Firmou as mãos em meu rosto, grudando nossos lábios e os pressionando. Só nos separamos quando um clarão se fez presente ao nosso lado, era Veronica com uma câmera registrando o momento.

— Esse é com certeza meu casal preferido.

Sorriu ao falar. Olhei para Cheryl, trocamos sorrisos antes da mesma deitar a cabeça em meu ombro, ficando o corpo totalmente apoiado no meu.

— Tenho um lugar pra te levar depois.

Sussurrei como um segredo.

— Só nós duas?

As unhas de minha esposa deslizavam lentamente por meu pescoço.

— Somente eu e você.

— Podemos ir agora?

Perguntou como uma criança ansiosa.

Acabei rindo.

— Mais um pouquinho e vamos.

— Odeio quando me deixa curiosa.

Resmungou.

Beijei sua bochecha, entrando no assunto de nossos amigos sobre filhos. Mesmo estando longe das crianças se torna impossível não tirarmos um pouquinho do tempo apenas para comentarmos sobre eles.

A noite foi divertida, ficamos ao máximo com nossos amigos, mas todos conhecem minha mulher e sua pressa para termos nosso momento a sós, ela me convenceu de irmos. Nos despedimos deles, é claro que houve piadinhas maliciosas, mas não é como se Cheryl não adorasse e respondesse a altura.

Me vi novamente pilotando a moto, a ruiva abraçada em minha cintura e a apertando cada vez que acelerava um pouco mais. Um sorriso aparecia em meus lábios ao ver que Cheryl nunca perderia o medo do veículo. Subi em direção a um mirante, estacionando a moto o mais próximo e seguro daquele alto local. Estava completamente deserto por conta do horário, nós descemos do veículo.

— O que estamos fazendo aqui?

A ruiva franziu a testa ao retirar o capacete.

— Uhn... – murmurei pegando o utensílio e o pendurando em meu guidom. — Realizando seu desejo.

— Meu desejo?

Encarou-me completamente confusa.

— Uma vez... – sentei sobre o veículo novamente. — Prometi a uma ruiva que a comeria em cima da minha moto.

Balancei as sobrancelhas em direção a minha esposa, a mesma tinha a boca aberta em surpresa e o olhar percorrendo por todo o espaço deserto em que estávamos. Nossa única iluminação vinha da lua, a paisagem ao nosso lado era de ficar horas admirando, tínhamos a visão de nossa cidade lá embaixo, cheia de luzes.

— Toni, e se alguém vier?

— Teremos que arriscar.

Cheryl mordeu o lábio, abrindo um sorriso e negando.

— Você é louca.

Moveu o corpo, subindo na moto de frente para mim e ficando praticamente em meu colo, as costas contra o tanque do veículo. Minhas mãos rapidamente chegaram em suas coxas expostas pelo vestido ter subido.

— Sabe que não somos mais adolescentes, não é? Somos adultas, casadas, mães...

— E qual o problema de nos divertimos?

A puxei mais contra mim, Cheryl sorriu posicionando as duas mãos atrás de meu pescoço e me trazendo de encontro a sua boca. Um beijo apressado e faminto se fez presente, já deveria fazer duas semanas ou mais que não tínhamos contato íntimo e isso para nós é muito! As unhas da ruiva arranhavam minha nuca enquanto deslizava minhas mãos por todo seu corpo, o contornando de cima a baixo e apertando em alguns locais.

— Senti tanto sua falta...

Murmurou assim que desci os lábios para seu pescoço, depositando beijos e mordidas, chupando sua pele que tem um gosto delicioso. Firmei os pés no chão, a moto estava suspensa pelo pequeno cavalete em sua lateral, mas qualquer movimento em falso poderíamos cair. Cheryl suspirava, arrastando as unhas por meus braços e pescoço, causando-me arrepios.

Desci a alça do seu vestido, tendo a ajuda da ruiva para o escorregar para baixo e dar-me a visão privilegiada de seus seios sem nenhuma proteção. Minha boca entrou em contato com seu colo, lambendo a pele pálida e sugando o seu mamilo, arrancando gemidos baixos de Cheryl que forçava seu corpo contra o meu, buscando por mais contato.

Minhas mãos adentraram seu vestido por baixo, subindo por entre as coxas e chegando nas nádegas onde apalpei, a ruiva elevou levemente seu corpo para cima, pedindo por mais. Sorri contra sua pele, escorregando a mão direita por entre suas pernas e sentindo sua umidade em meus dedos, apenas com o tecido fino atrapalhando. Cheryl gemeu manhosamente quando subi e desci por sua extensão, pressionando seu sexo quente.

— Porra, sempre tão molhada, Cherry.

Praticamente gemi junto a ela quando invadi sua calcinha, iniciando movimentos lentos por entre suas dobras e espalhando seu líquido por toda a intimidade. Estimulei seu clitóris, o sentindo inchado, implorando por atenção. Cheryl afundou o rosto em meu pescoço, o quadril remexendo e foi a oportunidade perfeita para enfiar dois dedos em sua entrada.

Minha esposa gemeu o meu nome incentivando-me a iniciar movimentos de vai e vem, por vezes saindo inteira e retornando, acelerando ao poucos e ouvindo os gemidos de Cheryl aumentarem. Tive que firmar mais os pés no chão enquando a ruiva se remexia junto com meus dedos, os engolindo com sua intimidade apertada e tão molhada que deslizava por dentro dela, curvando-me ao chegar lá no fundo.

Os gemidos já não eram mais controlados e só piorou quando pressionei seu clitóris com meu dedão, lhe dando o máximo que conseguia ao estocar os dedos. Cheryl forçou as mãos em meus ombros, gemendo ainda mais alto e chegando ao seu ápice. A ruiva permaneceu com o rosto escondido em meu pescoço, retirei lentamente os dedos dela e os suguei, provando de seu gosto.

— Não acredito que fizemos isso.

Sussurrou contra minha pele, sorrindo.

— Nós com certeza fizemos.

Subi a alça de seu vestido, distribuindo alguns beijos por seu ombro. Cheryl respirou fundo, trazendo o rosto para frente do meu e selando nossos lábios demoradamente. Por longos minutos ficamos apenas abraçadas em cima da moto, na mesma posição e admirando a cidade lá embaixo, trocando leves carinhos.

— Podemos ir? Tenho um lugar pra te levar, lembra?

— Oh, não era só sexo na moto?

Arqueou as sobrancelhas, me encarando.

— Não, Cherry. – soltei uma risada. — Nossa noite é longa.

Lhe dei um selinho, a mesma sorriu.

Ajudei a ruiva a descer da moto, somente para subirmos depois mas com capacetes na cabeça, posicionada na frente e com minha esposa atrás, envolvendo seus braços em minha cintura.

Foram mais uns trinta minutos pilotando, até chegarmos no local que reservei para estarmos completamente sozinhas e termos a privacidade que tanto desejamos. Já estávamos muito longe da cidade, a estreita rua de terra se tornou mais difícil de conduzir, mas em poucos minutos já avistava a cabana.

Estacionei bem em frente a ela, descendo do veículo junto com Cheryl que analisava o local. A grama verde, um lago a poucos metros refletindo a lua que iluminava a noite. Se a temperatura estivesse maior poderia com certeza jogar minha esposa lá dentro e nos divertirmos.

— É lindo, TeeTee.

A ruiva sorriu, pegando em minha mão.

— Gostou? – assentiu. — Pois por essa noite é só nosso.

Ergui a chave que estava em meu bolso, a colocando em seu campo de visão. Talvez fosse impossível não estarmos sorrindo como duas bobas uma pra outra. Guiei minha esposa até a porta de madeira, destravando a mesma e abrindo.

— Bem vinda...

Indiquei para que entrasse primeiro.

Adentramos, Cheryl já foi logo retirando seus saltos. A cabana era pequena, apenas uma porta para o banheiro, uma pequena sala misturada com cozinha e a cama perto da janela.

— Você só me surpreende, sabia, Topaz?

A ruiva parou a minha frente já descalças, mal tive tempo de jogar a chave sobre o sofá e a mesma me empurrava levemente em direção a cama, os castanhos fixos nos meus.

— Isso não é bom?

Arqueei as sobrancelhas, sentindo a cama nas costas de minhas pernas e fazendo com que caísse contra o colchão. Cheryl abaixou-se a minha frente, retirando meus coturnos e os jogando no chão.

— Isso é ótimo, amor. – engatinhou sobre meu corpo. — Sabe quantas mulheres queriam estar no meu lugar?

— Milhares?

Sugeri, sorrindo.

Cheryl rolou os olhos em tédio.

— É, talvez milhares.

Balançou os ombros.

— Mas sou a única sortuda.

Desceu os lábios para meu pescoço, depositando um beijo molhado onde chupou com força desnecessária, suspirei, deslizando minhas mãos por seu corpo em uma carícia.

Em meio a beijos, mãos bobas e suspiros, nós nos livramos de nossas roupas, ficando completamente nuas sobre a cama. O corpo de Cheryl ainda por cima enquanto nossos lábios se moviam um contra o outro em um beijo lento, onde aproveitávamos cada segundo do contato.

Minha esposa nos separou, descendo para meu pescoço novamente e distribuindo mordidas, chupando minha pele. Continuando seu caminho, colocou a boca em meu seio, o sugando e mordendo o bico ao final, escorregando por entre os dentes. Entrelacei meus dedos em seu cabelo, pressionando-a contra meu colo e suspirando.

Já estava completamente excitada e Cheryl sabia disso, tanto que não demorou a posicionar sua mão entre minhas pernas fazendo com que as abrisse automaticamente. Lentamente movia os dedos por minha extensão, umedecendo e subindo para pressionar meu clitóris, os movimentos circulares me arrancaram gemidos arrastados. A ruiva continuava a estimular meus seios, hora chupando e por vezes mordendo.

Rebolei em sua mão em busca de mais e a mesma escorregou seus dedos para dentro de mim, me invadindo por inteiro. Seus lábios chegaram até os meus, um beijo desajeitado sendo trocado enquanto iniciava movimentos de vai e vem. Cheryl suspirava a cada vez que mordia sua boca, acelerando os dedos em resposta e levando-me rapidamente ao orgasmo.

O nosso beijo foi pegando um ritmo mais lento, a ruiva distribui selinhos ao final enquanto retirava os dedos. Encarei seus castanhos, a mesma tinha um sorriso presunçoso no rosto.

— Amo te ver gozar.

Mordeu o lábio após falar, acabei sorrindo.

— E eu amo quando posso me aproveitar de você.

Girei nossos corpos na cama, ficando por cima dela.

— É melhor não perdemos tempo, temos muita coisa para recuperar.

Sorriu, tocando em minha nuca e grudando nossos lábios com força. Ah como senti falta de nossas noites repleta de prazeres trocados! E nós finalmente estávamos tendo uma novamente. Sem nos preocupar em acordar os bebês ou que nos atrapalhasse, éramos somente nós duas nos amando a noite toda.

×××


Ver o dia amanhecer é uma das maiores maravilhas que nunca irei me cansar de contemplar, e por mais que ter minha esposa completamente nua e enroscada em mim por debaixo de uma manta seja ainda melhor, não pude perder a oportunidade.

Deixei um beijo na sua bochecha, a ouvindo resmungar e retornar a dormir, levantei da cama devagarinho, vestindo minhas roupas e saindo em passos lentos para fora da cabana. O sol estava começando a aparecer, devagarinho, iluminando o lago e anunciando que um novo dia começava.

Me aproximei ao máximo daquela água, cruzando as pernas sobre a grama e apoiando as mãos atrás das costas, sentindo o sol aos poucos começar a entrar em contato com minha pele. Me perdi no tempo em que estava ali, apenas sozinha e apreciando a vista, mas os raios de sol já me atingiam quase por inteiro quando senti uma presença ao meu lado.

— É meu aniversário, não deveria me deixar na cama sozinha.

Os meus olhos estavam fechados e não evitei a risada com a voz indignada de minha esposa preenchendo meus ouvidos. O seu braço passou por cima de meus ombros, cobrindo-me com uma manta quadriculada.

— E está frio! Não pode adoecer, nós temos filhos pra cuidar.

A olhei, vendo seus castanhos mais brilhantes que o normal.

— Bom dia pra você também, Cherry.

— Bom dia, TeeTee.

Sorriu inocentemente, beijando meus lábios.

Balancei a cabeça em negação, sorrindo para ela e envolvendo meus braços em sua cintura. Cheryl nos cobriu ainda mais com a manta, como a mãe superprotetora que é, e descansei minha cabeça em seu peito, sentindo a mesma iniciar um cafuné.

— A gente precisa voltar.

Suspirei, assentindo.

— Só mais uns minutos.

Pedi, firmando os braços nela.

— Acha que eles estão sentindo nossa falta?

— Nah, devem estar ocupados demais brincando com o Lion ou tentando quebrar alguma coisa.

Nós rimos.

— Quanto poderei ter minha casa decorada de volta? Todos os vasos, os quadros, os enfeites...

Minha esposa suspirou, levantei o rosto para encara-la.

— Talvez quando eles foram pra faculdade?

Sugeri, Cheryl franziu o nariz.

— Odeio pensar neles nos deixando, mas preciso me preparar desde agora, daqui a pouco entram na escola e vai passar tão rápido.

— Você com certeza vai surtar.

— Eu sei.

Relaxou os ombros, soltando o ar com força.

Um silêncio se instalou entre nós novamente, Cheryl deitou sua cabeça em meu ombro e a abracei de lado, iniciando uma carícia em sua cintura por cima do vestido. Havia um misto de querer ir embora com precisar ficar só mais um pouquinho. E nós ficamos, sentindo a presença uma da outra enquanto encarávamos aquele lago.

— Posso confessar uma coisa?

Cheryl quebrou nosso silêncio.

— Uhn?!

— Durante anos sempre achei que havia algum tipo de maldição comigo. – juntei as sobrancelhas, a ruiva elevou o rosto para me encarar percebendo minha reação. — É patético, mas vivia esperando que em algum momento as coisas fossem dar errado e se notar, não parece tão sem sentido quando recapitula toda nossa história e revê tudo que passamos.

Assenti, concordando.

— Bom, depois que os gêmeos nasceram, parece que essa maldição se quebrou porque tudo tem dado tão certo, estamos a mais de um ano sem um problema que nos abale ou algo que me faça pensar que não serei feliz, que tudo tem um limite.

— Você pensava isso em relação a nós?

— Infelizmente sim, era como se o destino não me concedesse um final feliz nunca, só que... Nós estamos perto disso, não estamos?

Sorri para a ruiva, balançando a cabeça em positivo.

— Nós estamos muito perto, Cherry...

Toquei em seu rosto, nos aproximando.

— Afinal, o que poderia acontecer de errado?

— Tem razão, nós estamos chegando lá.

Abriu um sorriso para mim ao falar, colocando os lábios sobre os meus e iniciando um beijo. O meu coração se aqueceu, pulsando mais forte como todas as outras vezes que tenho contato com ela, havia uma sensação... Uma sensação incrível de que nada mais poderia nos separar.

Três meses depois...

A chuva forte atrapalhava minha visão, as gotas caindo sobre a viseira de meu capacete permitia que só conseguia enxergar as luzes da rua e muito pouco o caminho que percorria. As palavras de Mackenzie ecoando em minha cabeça dizendo para que esperasse a chuva passar antes de ir para casa, mas a ansiedade de ter meus bebês em meus braços não permitiu que permanecesse na academia.

O clarão que iluminou o céu me relembrou o medo da minha esposa por tempestades, forcei a mão contra o acelerador. A chuva forte e com vento me atingia como se fossem pedras jogadas contra meu corpo. Respirava fundo, focando para chegar em casa, abraçar meus três tesouros e dizer que estava lá para protege-los.

Eu deveria ter ouvido minha treinadora.

Me aproximei de um cruzamento com semáforos, um trovão soou no mesmo instante em que minha passagem se tornou livre, a luz verde fazendo com que pressionasse ainda mais o acelerador e tendo certeza que daria tempo. Havia um único problema, quando aprendi a dirigir, com meu pai e ainda em Riverdale, o seu primeiro conselho foi:

“Ande corretamente, mas fique atenta aos outros. No trânsito, não basta cuidar somente de si mesma.”

Talvez nunca tive um reflexo tão rápido, onde percebi aquela luz forte se aproximando de maneira tão veloz quanto ia de encontro a ela, foram segundos para que desviasse de um carro que iria me atingir em cheio.

Minha moto derrapou, inclinando-se para o lado direto e fazendo com que perdesse totalmente o controle, meu primeiro instinto foi levar a mão para amortecer a queda, o que me causou uma dor insuportável no braço pois o impacto era muito maior do que poderia suportar. Então senti minha cabeça bater contra o chão pela primeira vez, foi tão forte que a mesma latejou, nem parecia que estava de capacete. Se não fosse o bastante, uma dor mais aguda em minha perna, a moto estava toda sobre ela enquanto deslizávamos pela rua.

É a última coisa que me lembro antes de apagar. Quando acordei novamente, meu corpo estava esticado e a minha moto a alguns metros. O primeiro raciocínio foi tentar levantar, mas parecia impossível, não havia um lugar que não estivesse sentindo dor.

De relance, percebi um carro estacionando, o barulho dos pneus tão próximo... A chuva caindo contra meu rosto fazia com que enxergasse tudo de forma embaçada. Tentava abrir e fechar os olhos, ter uma visão do que realmente acontecia, mas não conseguia mais manter as pálpebras erguidas.

— Meu Deus! Chama uma ambulância.

Uma voz desconhecida soava.

A minha cabeça doía tanto.

— O capacete dela caiu... Acho que bateu contra o meio fio.

Então foi isso!

— A cabeça dela está sangrando!

— Acho... Acho que morreu.

Aquele casal provavelmente estava salvando a minha vida ou tentando, eles gritavam um com o outro. Não entendia direito o que estava acontecendo, mas a partir dali perdi completamente a consciência.

A última palavra que ouvi foi “morreu”.

E acreditei estar morta.

[ Gente, capítulos grandes devem ter MUITOS erros e as vezes fico com preguiça de corrigir, entao... Relevem.

No próximo capítulo teremos pov Cheryl e como chegamos até esse acidente.

Essas duas adoram chamar problema, já perceberam?

Será que a Toni morreu? 😭😭😭

Tenho que dizer que em minha carreira de escritora de fanfic SEMPRE quis escrever um final triste, mas... A Toni é forte, né? 🙏🙌

Dica pro próximo capitulo:
Preparem os lenços.

🤧🤧🤧 ]

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