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Estresse

Cheryl B. Topaz – Point Of View

Lidar com a preparação da minha esposa para lutas nunca foi difícil para mim. Bem, é a primeira vez que estamos realmente casadas e ela vai disputar o seu cinturão. Toni está em treinos a um mês, faltam apenas dois para o grande dia e é comum nossa relação ficar em segundo plano nesse período.

As prioridades são os treinos e alimentação da lutadora então, geralmente se fazemos refeições juntas não comemos a mesma coisa, Toni está quase sempre socando um saco de pancadas e dificilmente tem fôlego para fazer qualquer outra coisa que não seja focada em sua luta com Peaches. Isso nunca me incomodou, sinceramente a morena consegue se redimir aos domingos – que são somente nossos, mas é claro que não é a mesma coisa de quando tínhamos a semana inteira. 

Digo, nossa relação está boa... Ótima. Somos as mesmas, com o mesmo amor, desejo e carinho uma pela outra, mas com menos tempo, menos contato. É, talvez dessa vez estivesse um pouco incomodada. 

Parece que alguém lá longe e muito ocupada, sentiu que havia uma Cheryl com conflitos. Ninguém consegue imaginar o tamanho que foi minha alegria quando recebi uma vídeo chamada, isso mesmo uma v-i-d-e-o c-h-a-m-a-d-a de Veronica. Era meu horário de trabalho, mas quem ligava? Minha melhor amiga apareceria na tela do meu celular.

— Ronnie! 

Instantaneamente lágrimas de felicidade misturadas com saudade apareceram em meus olhos ao vê-la, seu rosto estava um pouco sujo e a mesma usava farda. Quase não podia reconhece-la, parecia mais magra e conseguia ver as marcas de cansaço em sua expressão.

— Oi, Bombshell.

Sorriu. 

A conexão era horrível, sua imagem ficava turva e em hd a cada cinco segundos, alternando enquanto sua voz saia levemente cortada, mas conseguia entendê-la.

— Achei que gostaria de ver meu rostinho lindo.

— Sem piadas, Lodge. – a cortei, enxugando as lágrimas que queriam cair. — Você está bem? Como estão as coisas? Se feriu? Você volta qua...

— Ei, calma. – ela riu. — São muitas perguntas, Cheryl.

— E tenho umas mil a mais! Me diga como está.

— Estou bem, sobrevivendo para salvar outros.

Meu peito se apertou com a informação, imagina o quanto de perigo Veronica deve passar todos os dias, a mesma têm sorte de estar viva e não canso de agradecer por isso.

— Ainda não corri nenhum risco de morte então, é uma vitória. – ela sorria ao falar naturalmente de poder morrer a qualquer momento. — E não sei ainda quando volto, eu gosto daqui...

— Gosta? Veronica, eu sinto sua falta! 

— Eles precisam de gente aqui, Cheryl. Você não tem noção da loucura e sofrimento que acontece, tenho pensado tanto quando estou salvando vidas. Sabe, eu até sinto falta da Betty. Você sabe dela?

— Está bem. 

Respondi brevemente. 

Não iria contar a minha melhor amiga que está na guerra que sua ex mulher talvez esteja em um quase relacionamento com Jughead.

É, eu sei.

Quem trocaria Veronica Lodge por Jughead Jones? A Cooper com certeza é louca! 

— Não tem nenhuma novidade sobre ela?

— Acho que não...

Dei de ombros, levantando o olhar assim que ouvi um barulho em minha porta. Maeve adentrava em passos lentos, se aproximando de minha mesa. Ainda iria conseguir tirar essa mania de não bater na porta, não pedir para entrar e invadir meu local.

— Estou ocupada, não posso agora.

Falei em um tom sério, encarando a loira.

— Quem está ai? 

Desviei o olhar para a tela, Veronica parecia curiosa.

— É a amiga da guerra? 

Maeve perguntou, ignorando meu aviso e dando a volta em minha mesa, ficando com o corpo ao lado do meu e inclinado o celular para aparecer. Minha testa franziu, irritada com a maneira que sorria para Veronica como se a conhecesse.

— Não me disse que ela era uma gata.

Comentou, acenando para a tela.

Recolhi o celular, o pressionando contra o peito.

— Ela não é pra você.

— Ciúmes, Blossom?

Sorriu ao perguntar, revirei os olhos.

— Você não tem que trabalhar, Maeve? 

Arqueei as sobrancelhas.

— Claro, eu trabalho enquanto minha chefe fica em vídeo chamada fofocando com a amiga. – debochou caminhando para a porta. — Ei, você sabe que posso ser só sua, né? Pensa nisso. 

Piscou, saindo da minha sala.

Estreitei o olhar, me negando a acreditar que depois de tanto tempo Maeve havia voltado com os flertes. Eu juro que por pelo menos um mês, ela me deixou em paz, mas parecia estar mais afiada que nunca novamente.

— Então, essa é a tal Maeve? 

Veronica perguntou assim que voltei a encarar o celular.

— É tão perceptível?

— Ah, Bombshell. – ela riu negando. — Ela é uma versão loira da Toni, mas provavelmente ainda mais marrenta e galanteadora

— E insistente. 

Completei, recordando as suas investidas.

— Você deixa ela invadir seu espaço assim... Quer dizer, mal deixaria a Toni interromper nosso papo e nem ouvi a xingar.

— A Maeve é assim, não pede permissão ou obedece meus comandos.

— Do jeitinho que você gosta, uhn? – arqueou as sobrancelhas. — Cheryl, você não estaria flertando ou algo do tipo, certo?

— O que? – arregalei os olhos. — Veronica, não. Eu amo a Toni, por Deus.

— É só que... 

Veronica iniciou a falar, mas não terminou. Alguns barulhos de passos apressados foram ouvidos, pessoas falando alto e a atenção da minha melhor amiga demorou a voltar para mim.

— Merda, Cheryl. Estão chamando e preciso ir, se cuide...

— Ronnie? O que aconteceu? 

— Amo você, Bombshell.

E antes mesmo que pudesse responder a tela foi apagada encerrando a chamada que não durou nem trinta minutos, joguei o corpo contra a cadeira encarando o celular. 

— Eu também te amo, V.

Sussurrei, sozinha.

×××

 
Na casa de Sabrina - após mais um expediente, estávamos as duas reunidas em sua sala, Nicholas me mandou um “sos” depois da namorada surtar por causa da festa que a família Scratch Palvin está organizando para revelarem o sexo do bebê, o que era para ser algo pequeno se tronou grande e extravagante nas mãos da família do meu amigo.

— Sabrina, tenta respirar.

Pedi, no intuito de acalma-la. 

— Não, eu os odeio! Terá gente que nem me lembro o nome. Acredita que alugaram um salão?

— É o primeiro neto, de um desconto.

A loira bufou, jogando o corpo no sofá.

— Eles só querem esbanjar dinheiro.

— Você está bem?

Perguntei ao vê-la colocar a mão na barriga.

— Sim. 

Acariciou a barriga pequena de cinco meses, não era muito grande, mas se notava que minha amiga está gravida. Sentei ao seu lado, percebendo que se mantinha mais calma ao respirar fundo algumas vezes. Inconsequente toquei em sua barriga, nunca havia feito, mas fiquei curiosa com o passar do tempo.

— Como é? Você sente ele? 

Perguntei, interessada em saber como é a vida de grávida.

— Sinto. – sorriu ao falar. — A sensação é incrível.

— Tão bom assim? Você já havia pensado em ser mãe antes?

— Cheryl?! – franziu a testa ao me encarar. — Por que tanto interesse? Quer engravidar? 

— Não! 

Recolhi minha mão da sua barriga, negando com a cabeça.

— Quero dizer, agora não. – reformulei a resposta. — Mas quem sabe um dia? 

— Bom, nem havia cogitado a possibilidade de ser mãe até acontecer. – divagou, respondendo minha pergunta e jogando a cabeça para trás. — Só sinto que tenho que ser o melhor pra ele ou ela, sabe? 

Me encarou, abri um sorriso.

— Você até ficou mais calma ao falar do bebê. 

— É, meu ponto de paz. 

Acariciou a barriga novamente.

— Sabe se a Barbara vem? 

Perguntei, não aguentando minha curiosidade que carrego desde que fiquei sabendo dessa tal festa. Por um tempo até havia esquecido que Nicholas é irmão da ex da minha esposa, quando isso finalmente chegou a minha mente quase explodi comigo mesma.

— Não tenho certeza. – deu de ombros. — Mas se vir, promete não mata-la? Odeio que eles tenham tornado isso grande, mas quero que ocorra tudo bem.

 — É só ela não se aproximar da minha esposa! 

— Cheryl... 

— Af. – revirei os olhos. — Prometo. 

— Obrigada. – sorriu. — Agora vá até o banheiro e coloque a banheira para encher, preciso de um banho quente.

— Folgada. 

Acusei.

— Estou grávida, você só precisa obedecer.

— Onde Nicholas foi comprar seu hambúrguer? Ele com certeza está fugindo dessas suas ordens.

— Sim, de uma folga a ele e faça você.

Rolei os olhos, levantando o corpo do sofá para ir ao seu banheiro. Sabrina deitou, esticando as pernas e o corpo enquanto suspirava como se estivesse cansada.

Cansada do que? Não faz nada! 

Afinal, está gravida e obriga todos a fazerem por você.
 

Toni Topaz – Point Of View

O meu foco para as lutas sempre foi grande, mas dessa vez estava sendo ainda maior. Poderia culpar o meu treinador – Willian, que não é dos melhores e também não ajuda muito em meu desempenho, não sei o que acontece, por vezes penso ter criado um certo bloqueio depois de quase minha vida toda ter convivo com Dimitri.

Ele sabia o que dizer, fazer, quando falar e quando me ouvir. O Willian mal me escuta, só sabe dar ordens e isso me irrita um pouco, porém não havia como trocar de treinador em cima da hora, não faltando apenas dois meses.

— Bom dia, Cherry.

Sorri para minha esposa assim que a mesma se remexeu na cama para acordar, os castanhos vieram até os meus e seus lábios se curvaram em um sorriso enorme, antes de tocarem os meus em um selinho.

— Ótimo dia. – seu tom era animado. — O que me da a honra de ter você em nossa cama até agora?

— Queria te ver acordar.

Dei de ombros, acariciando seu rosto.

A verdade é que ontem cheguei em casa tarde, a ruiva já estava dormindo, por um lado era bom porque estava irritada após me desentender com Willian. Hoje, só queria descansar um pouco, poderia até faltar o treino.

— Pelo jeito, será uma incrível sexta-feira porque acordar e te ver... Só pode ser um bom sinal. 

— Sinal de que irei para academia mais tarde e posso te levar na escola.

— Ah, essa sexta-feira está se tornando a minha preferida! 

Exclamou, sorrindo ao juntar seu corpo no meu pedindo por mais alguns minutos na cama. Não neguei, eu queria mais algumas horas com ela, dias, apenas assim... Grudadas. 

Infelizmente ficamos somente uns quinze minutos em meio a carinhos trocados e nenhuma palavra, a gente não precisava falar, só matar a saudade de estarmos realmente juntas. O único momento que houve conversa foi quando Cheryl disse que precisava levantar ou iria se atrasar, relutei, lhe pedindo por alguns minutos, quase a convenci, mas minha esposa é uma das mais atentas em horário.

Enquanto a mesma tomava um café correndo, dei uma atenção ao Lion que parecia feliz em me ver. Troquei algumas palavras com Debora e bebi minha vitamina, a dieta não me deixa com fome, pelo contrário fico muito bem alimentada, mas sinto falta do que comia antes. Principalmente de Pizza, que saudade de morrer comendo bobagem.

Assim que estacionei em frente a escola, soltei um suspiro, era o momento que teria que deixar minha esposa e vê-la só mais tarde.

— Você vem me buscar? 

Perguntou entregando-me o capacete. 

— Venho, amor. – coloquei o utensílio sobre o guidão, fiz o mesmo com o meu. — Não estou muito afim de treino hoje.

— Aconteceu alguma coisa? A gente nem conversou...

— Só discuti com o Willian. – dei de ombros. — Mas não se preocupe, tenha um bom dia e virei mais tarde.

— Quando chegarmos em casa hoje vai me contar tudo. – assenti, recebendo um beijo em meus lábios. — Se cuide.

— Bom trabalho, Cherry. 

Sorri para ela que se afastava, subindo as escadas. A acompanhei com o olhar percebendo quase no final que caiu algo do seu bolso, rapidamente apressei os passos para chegar até as chaves de nossa casa. Cheryl já adentrava a escola, nem notou que havia caído.

Caminhei para dentro da escola já aberta, na recepção em um sofá estava Maeve com o corpo completamente esticado, pés no apoio e livro em mãos, mas o seu olhar... A porra do seu olhar estava em minha esposa que se dirigia para a sala, a cabeça da mais nova até deitou para conseguir acompanha-la por mais tempo e o pior, minha mulher nem a notava sumindo por entre o corredor. Fechei meu punho livre, mordendo os lábios para conter a raiva. Esperei até o momento que a loira voltasse os olhos para o livro, sorrindo consigo mesma... Um sorriso completamente malicioso. 

Sua filha da puta! 

Soltei o ar com força sentindo o sangue ferver em minhas veias, o meu corpo automaticamente se moveu em direção a garota que demorou, mas percebeu minha aproximação tirando o olhar do livro.

— Posso falar com você? 

Perguntei, fixando o olhar no seu.

Não sei por qual motivo, mas a mesma deu uma risada, negando com a cabeça enquanto fechava o livro. Estreitei o olhar, observando a mesma levantar com um sorriso debochado no rosto.

— Qual a graça, uh?

— Nada. – estalou a língua no céu da boca. — Lembrei de algumas coisas, lembranças incríveis do passado... 

Ah, porra, eu vou matar você! 

— O que você queria dizer?

Franziu a testa, cruzando os braços enquanto mantinha o livro em sua mão. Lambi meus lábios, me preparando para lhe dizer poucas e boas. Maeve fixou a todo momento o olhar no meu, quase me desafiando a fazer alguma merda. Então, é esse seu jogo? Balancei a cabeça, me negando a cair em sua provocação.

— Na verdade... – suavizei meu tom. — Só queria dizer que não me importo se você fuma, mas pode não oferecer a minha esposa? 

Arqueei as sobrancelhas. 

Poderia soca-la por estar comendo minha esposa com o olhar ou insinuando sobre o passado das duas, mas era melhor apenas ameaça-la de forma discreta, por enquanto.

— Pensei que a Cheryl fosse adulta. – usou de seu tom irônico. — Sabe, acho que ela sabe se cuidar...

— Só estou avisando. – me aproximei da loira. — Pra não tentar influencia-la. 

Minha fala saiu entredentes, enquanto controlava qualquer vontade de deixa-la roxa, em uma maca e talvez sem poder ver o esbelto corpo de Cheryl pra sempre, aquele que é somente meu. Maeve que não havia desviado o olhar, abaixou sua cabeça rindo baixinho. 

— Claro. – voltou a me olhar. — Não irei oferecer mais, porém acho que...

Foi interrompida, o som do seu celular avisou uma mensagem, dei um passo para trás percorrendo o olhar pelo local enquanto a mesma pegava o aparelho em mãos. Quando ouvi novamente sua risada, a encarei e havia um sorriso presunçoso em seus lábios.

— Tenho que ir... 

Propositalmente, me mostrou a tela do seu celular. 

A última notificação era “Ruiva”, com a seguinte mensagem: 

“Preciso de você na minha sala.”

Mal terminei de ler e Maeve recolheu o aparelho, enfiando em sua jeans novamente. Mordi os lábios, tentando controlar minha respiração que ofegou em raiva, ciúmes...

— O trabalho me chama, Toni... – ela se afastava enquanto falava. — A gente se vê outra hora, não é? 

Piscou, sorrindo enquanto virava o corpo para caminhar em direção a sala da minha esposa. Grunhi sozinha e rosnando comigo mesma sobre aquela garota insuportável. Enfiei a chave de Cheryl em meu bolso e dei passos apressados para fora da escola, ainda esbarrei na recepcionista que recém chegará, mas nem me importei em pedir desculpas. Nada que sairia da minha boca agora seria bom.

×××

 
— Toni, eu pensei...

Willian começou a falar assim que adentrei a academia, já estava aberta e havia algumas pessoas com os personal trainer que contratei, era difícil ver o local vazio. 

— Só cala a boca. 

Levantei a mão para ele, retirando minha jaqueta e a jogando sobre o primeiro banco que vi. Não troquei de roupa, vesti luvas ou qualquer outra merda, apenas me aproximei do saco de pancadas. 

Foi ali que descontei toda minha raiva, distribuindo socos um atrás do outro com rapidez e tanta força que em poucos minutos sentia meu corpo suar. A respiração ofegava, o meu olhar estava focado naquele material de couro enquanto concentrava todas minhas energias em fazer os movimentos com cada vez mais precisão.

Eu estava com raiva da Maeve, da Cheryl, das duas. 

Que porra queria com aquela garota na sala dela? Preciso de você. Não, você não precisa. Não da sua ex, não da garota que ficou por dois meses seguidos. Caralho! Por que diabos ela trabalha no mesmo lugar que você, Cheryl?

— Toni...

Ouvi Willian me chamar. 

Ignorei, aquele saco de pancadas balançava ao receber meus golpes, eu só queria aliviar aquela tensão, a raiva de ver Maeve se gabando por estar por perto, por já ter tido minha mulher. Aquela filha da puta! A mataria com minhas próprias mãos se possível. A cada momento que conseguia livrar os pensamentos possessivos, o sorriso debochado da loira vinha em minha mente. A maneira que analisava o corpo da minha ruiva.

— Porra! 

Gritei assim que o saco caiu no chão, levantei o olhar e vi que o que prendia o mesmo no teto havia cedido. Bufei, soltando o ar com força e percebendo o olhar de alguns clientes.

— Toni, você...

— Me deixa em paz. – interrompi o treinador, recolhendo minha jaqueta. — Não irei treinar hoje, te vejo amanhã. 

— Mas... 

— Willian, eu pago você apenas para ter um treinador, ok? – o encarei ao falar. — Vá fazer alguma outra coisa... Sei lá, peça para alguém arrumar essa bagunça e reforçar essas merdas. 

Apontei para o saco no chão.

— Sem treino hoje.

Decretei, vestindo a jaqueta em meu corpo suado e caminhando para fora do estabelecimento. Teria treino hoje, com certeza teria, mas não com Willian. Mal conseguia olhar em seu rosto, talvez tenha pegado um certo ranço do rapaz que no final, não tinha nada haver com meus conflitos pessoais.

×××
 


Por um momento esqueci que temos uma empregada, Debora ficou surpresa ao me ver tão cedo em casa, nós até trocamos algumas palavras, mas logo corri para o quarto e relaxei em um banho quente na banheira. Relaxei por no máximo trinta minutos, aquela maldita não saía da minha cabeça, conseguiu infiltrar paranoias em minha mente como um verme que se apossava de meu cérebro.

Após o almoço, tentei tirar um cochilo, esquecer o que aconteceu de manhã e confiar que o “preciso de você” era qualquer coisa, menos algo sentimental ou sexual. 

Não podia ser.

Porra, Toni, apenas confie em sua esposa!

Foquei nisso, a tarde toda, mas quando menos esperei estava de volta socando o saco de pancadas que havia em minha pequena academia particular nos fundos da casa. Já havia tirado cochilo, brincado com Lion e jogado vídeo game, mas nada me mantinha mais ocupada do que distribuir socos. Tão, mas tão ocupada que até mesmo esqueci que deveria buscar Cheryl.

— O que deu em você hoje? 

Meus movimentos automaticamente pararam ao ver a ruiva de braços cruzados no batente da porta, encarando-me com a testa franzida. Foi ai que me toquei de não tê-la buscado.

— Merda...

Sussurrei, encostando minha testa no couro enquanto fechava os olhos. Minha respiração ofegava, as imagens de Maeve ainda estavam frescas na minha mente e ver Cheryl só me fazia lembrar daquela mensagem. O suor escorrendo pelo lado de meu rosto, puxando ar para me acalmar.

— Tee, te esperei por trinta minutos, liguei várias vezes até desistir e chamar um carro. 

O seu tom era repreensivo, mas não parecia brava, não conseguia olhar para ela sem sentir aquela raiva me apossar. Várias perguntas dominavam minha mente... Muitas, inúmeras, mas havia uma que realmente não conseguia ficar só para mim.

— Por que precisava da Maeve na sua sala hoje de manhã? 

Apoiei meu rosto contra o saco de pancadas, o segurava com minhas mãos enquanto encarava a ruiva. Suas roupas apertadas, favorecendo as curvas e o salto alto, até isso me recordava a maneira que Maeve a secou como se tivesse intimidade para olha-la.

— Do que está falando? Como sabe... – fechou os olhos por alguns segundos. — Então, você esteve na escola, quando a recepcionista falou, pensei que era um engano, mas...

— Você perdeu suas chaves e fui te alcançar. – justifiquei. — Quando cheguei na entrada, aquela pirralha estava te comendo com os olhos! E fez questão de me mostrar a mensagem que mandou dizendo que precisava dela na sua sala.

Não conseguia evitar o meu tom tomando acusador, a palavra “precisava” saindo como uma insinuação. Cheryl ficou me encarando por alguns segundos até soltar um riso desacreditado, negando com a cabeça.

— Acha que estamos tendo um caso? 

— Não sei. – balancei os ombros. — Vocês estão?

Arqueei as sobrancelhas, nem me tocando do quanto essa frase poderia ser completamente errada. A boca da minha esposa abriu, os braços caíram ao lado do corpo e pareceu ficar sem palavras por alguns segundos.

— Você não pode estar falando sério.

— Pensei que vocês seriam colegas de trabalho, viraram amigas e agora até trocam mensagens. Deve amar o “ruiva” em seu contato, não é? É assim que ela te chama. 

— Cala a porra da boca.

Seu tom saiu entre dentes, fechando os punhos com força.

— Não, Cheryl! As vezes parece que só você tem direito de sentir ciúmes, também posso, caralho! Essa garota te olhou como se fosse dela, depois esfregou na minha cara a mensagem... Parecia que ela era sua esposa e eu não.

— Tem uma grande diferença sentir ciúmes e desconfiar, Antoniette. – retrucou alterando seu tom. — Confio totalmente em você, mas nas mulheres que se aproximam não.

— E devo confiar na Maeve? 

Cruzei os braços, ficando de frente para ela.

— Não, deve confiar em mim!

Ela gritou, ofegando ao final da frase e soltando o ar com força. 

Um silêncio se instalou entre nós, minhas mãos foram ao rosto percebendo o meu descontrole, o ciúmes que me influenciou a falar coisas sem pensar, a Maeve me provocando... Eu com certeza sou uma idiota. 

— Cheryl... 

A chamei ao ver lágrimas em seus olhos. 
Sem que pudesse para-la, a mesma caminhou para fora da academia e apressou os passos em direção a casa. Sei que a mesma precisaria de um tempo, mas não estaria disposta a dá-lo agora, tenho que me desculpar.
 
Assim que adentrei o local, procurei por Cheryl que estava na sala revirando sua bolsa. Vi sua mão ir ao rosto, secando uma lágrima e me senti ainda pior, não poderia de maneira alguma tê-la acusado desse jeito. A ruiva nunca me deu motivos para desconfiança.

— Aqui, toma. 

Olhei para minha esposa, o celular estendido em minha direção enquanto tentava segurar as lágrimas. Não, não, não. Me desculpa, eu fui uma idiota! Tenho estado irritada com tudo e acabei falando coisas sem pensar. A mesma não me deu nenhum segundo para falar tais palavras.

— Vamos, pega. – incentivou-me. — Olha a porra das mensagens, Topaz.

O tom em um misto de raiva e mágoa enquanto empurrava o aparelho contra meu peito. Fechei meus olhos, negando a seu pedido.

Não iria nunca fazer algo assim, eu confiava nela... Eu confio nela. 

— Se quer saber, todos trocamos mensagens durante o expediente, para não termos que ficar perambulando pelo prédio. 

— Não precisa... 

— E só queria que Maeve assinasse o contrato de permanência na escola, nunca pensei que algumas palavras iriam tornar isso tudo. 

Mordi os lábios, não havia mais argumentos. 

— Desculpa, eu...

— Você o que, Toni? – jogou o celular no sofá, voltando a me encarar. — Não sei o que você pensa, mas só porque um dia traiu a sua namoradinha comigo, não significa que vá fazer o mesmo com você!

Naquele momento não entendi porque Cheryl trouxe esse assunto de volta, talvez porque amanhã terá a festa da Sabrina e o bebê, onde Bárbara estará presente ou somente porque queria me atingir. Tentava acreditar que era a primeira opção, que falou da boca pra fora porque a mesma sabe o quanto me culpo por ter cometido esse erro com minha ex.

— Meninas, está tudo bem aqui? 

Ouvi a voz de Debora, mas não a olhei. Estava fixada nos castanhos de Cheryl, buscando por alguma brecha para me desculpar. Ela foi a primeira a desviar o olhar, pegando sua bolsa e colocando sobre o ombro.

— Está. – respondeu, pegando o aparelho celular. — Preciso ir, vou ajudar a Sabrina com os últimos preparativos para a festa.

Fechei os olhos por alguns segundos, tentando deixar o orgulho de lado.

— Cheryl.

A chamei, mas ela nem me olhou.

— Hoje não.

Foi tudo que ouvi antes da mesma acenar para Debora e sair porta a fora.

A partir daquele momento me senti uma estúpida, por lhe ofender, deixar os sentimentos ruins me apossarem e principalmente por afasta-la. Além de tudo, me sentia mal por amanhã encontrar minha ex, aquela que trai e fui completamente imatura. Sinceramente? Não tinha como ser uma noite boa, talvez nem como dormir.

Não quando Cheryl voltou tarde da noite em silêncio, permaneceu calada e dormiu sem encostar nenhuma parte do seu corpo no meu, demonstrando que a maldita tempestade havia chegado, com força e abalando algumas de nossas estruturas.

O pior é que algo me dizia que a nuvem escura não tinha previsão para ir embora.

×××

[ Deveria ter avisado? Esqueci... 🙊

Então, vocês ouvem os trovões?

A tempestade chegou, será que é pra ficar?

Dessa vez, eu juro que irei responder os comentários e se não responder é porque choni vai separar pra sempre.

É isso. ]

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