Aniversário de casamento I
Cheryl B. Topaz – Point Of View
Após o nascimento de minha afilhada no dia anterior e da recaída de Nathan no final de semana, finalmente tive o meu descanso ao chegar do hospital com Toni. Posso dizer que não houve nada além de pequenas trocas de palavras antes de nos abraçarmos na cama e apagar.
Hoje, uma quarta-feira estranhamente ensolarada e quente seria o dia de retornar ao trabalho, não só na escola, como Toni que iria para a academia. Pretendia passar um tempo a mais hoje no meu estabelecimento, ontem nem consegui dar uma olhada lá e precisava garantir que está tudo no controle.
— Ela é tão linda, Debora...
Elogiava minha afilhada de todas as formas para nossa empregada enquanto fazíamos a primeira refeição do dia, Toni também adorava falar sobre Gracie, mostrando as inúmeras fotos que tirou em seu celular.
— Sábado você vai conhecê-la.
— Sábado?
A mais velha franziu a testa.
— É nosso aniversário de casamento. – toquei a mão da minha esposa por cima da mesa. — Terá um jantar e você é convidada. Não se preocupe com a comida, nós...
— Oh, não, eu faço questão de cozinhar no aniversário de vocês. – me interrompeu, troquei um olhar com a morena ao meu lado. — É sério, me digam quantas pessoas e qual o cardápio. A menos que não queiram minha comida...
— Nós queremos, claro que sim. – Toni se pronunciou. — Mas era pra ser nossa convidada.
Lamentou.
— Uma convidada que cozinha. – deu de ombros. — Não se preocupem, irei adorar preparar o jantar para vocês e seus amigos.
— Tudo bem, aceitamos.
Sorri ao falar.
— Seus pais vem?
Debora perguntou diretamente a Toni, os seus ombros caíram no mesmo instante deixando um suspiro escapar por entre os lábios. Apertei os dedos contra os seus, ela não fala com eles desde o ocorrido com a perca do cinturão.
— Ainda não sabemos. – respondi pela morena. — Com certeza irei tentar convence-los.
— Acho que está na hora de irmos.
Toni anunciou, levantando o corpo para evitar o assunto.
Olhei para Debora que encolheu os ombros, a culpa não é dela que tenha formado esse clima estranho, na realidade foi até bom porque mal lembrava que minha sogra está uma fera com a filha. Bebi o último gole de meu café, pegando em minha bolsa e acenando para a mais velha antes de caminharmos para a garagem.
— Amor.
Chamei a morena tocando em sua mão, ela virou de frente para mim.
— Irei conversar com a Katy, ok? Ela não poderá te ignorar pra sempre.
— É, eu sei. – suspirou. — Talvez sabendo que estamos bem, minha mãe venha nos visitar.
— Tenho certeza.
Sorri, entrelaçando meus braços em seu pescoço.
— O que acha de me dar uma carona, uh?! – lhe dei um selinho. — Eu amava quando me deixava na escola.
Toni me encarou por alguns segundos, suas mãos não vieram para meu corpo e o olhar desviou do meu, franzi a testa com sua reação.
— Toni?!
— Só não quero ir lá ainda. – confessou, os castanhos chegaram aos meus. — Ir até a escola vai me trazer recordações, entende?
Mordi os lábios.
Diabos, é claro! O meu “envolvimento” com a Maeve.
— Preciso de um tempo, Cherry. – falou, conseguia ver em sua expressão o quanto esse assunto a machuca. — Ainda não estou pronta.
— Tudo bem, Tee. – dei de ombros. — Sou uma idiota, me desculpa...
— Cheryl, não. – os seus lábios colaram nos meus brevemente. — Não tem nada haver com você, é comigo. Nós estamos bem, lembra?
— Lembro.
Respondi pressionando os lábios em um sorriso.
— Que tal você me dar carona até a academia?
Sugeriu, um sorriso de canto aliviando toda a tensão entre nós.
— Dou todos os dias se quiser. – pisquei. — Vamos, aproveito e dou uma checada se o Nathan está vivo.
— Uhn, coitado desse garoto...
Negou com a cabeça enquanto caminhávamos para o carro, sentei no banco do motorista e Toni no carona, dando partida para a academia, mas não sem antes trocarmos um beijo. Não conseguia segurar meu sorriso, nem mesmo quando os dedos da morena se entrelaçavam aos meus ou fazia questão de me dar alguns beijos roubados em paradas no semáforo.
Ah, nós com certeza voltamos a ser o que éramos e rezava para que não nos perdêssemos uma da outra novamente, não aguentaria ficar sem essa mulher de novo.
— Eai, chefe.
Nathan abriu um largo sorriso com a chegada da minha esposa. Nós tínhamos as mãos entrelaçadas ao adentrar a academia, meu querido afilhado fez questão de apertar a mão livre da minha mulher.
— Gosta tanto da Toni assim?
Arqueei as sobrancelhas.
— O que posso fazer se sua esposa é incrível? – revirei os olhos. — Mas você também é... Legal?!
Toni segurava o riso.
— Iria te convidar para nosso aniversário de casamento, mas não está merecendo.
— Não brinca! Ah, me convida, por favor.
Juntou as mãos.
— Só se me disser como está sendo morar sozinho. – exigi, o garoto suspirou. — Está indo nas reuniões do AA? Se alimentando? E a Escola?
— Olha, está tudo nos conformes, ok, mamãe? – debochou ao final, respirei com força. — Cheryl, confia em mim.
— Confio, mas me preocupo.
O meu tom soou mais baixo.
— Juro que está tudo bem. – assegurou. — Agora quando será a festa?
— Sábado. – a morena respondeu por mim. — É somente um jantar.
Deu de ombros.
— Na verdade, é o jantar. – corrigi minha mulher. — Nós estamos fazendo um ano de casadas!
— Por que você é tão exagerada?
Nathan franziu o nariz.
Revirei os olhos mais uma vez, virando o corpo para minha esposa.
— Melhor ir antes que espanque esse menino. – segurei o rosto da morena entre minhas mãos, grudando nossos lábios com força e permanecendo por alguns segundos ouvindo um “eca” ao nosso lado. — Posso, por favor, mata-lo?
— Não, amor. – Toni riu. — Até porque quero torna-lo funcionário oficial hoje.
— O que?
Nathan gritou em animação.
— Porra, Cheryl, a sua mulher...
— É maravilhosa, eu sei, Price. – sorri. — Parabéns pelo emprego.
— Sabe que não conseguiria sem você, prometo parar de implicar.
— Duvido, agora tenho que ir, juízo vocês dois.
Fiz sinal que estava de olho na dupla e os mesmos apenas deram risada, acenando em minha direção. Sai do estabelecimento em busca do meu carro, no caminho me lembrei do possível encontro de Toni e Barbara na academia, mas diferente de antes apenas respirei fundo, ensaiando minha mente para não criar paranoias.
Minha mulher me ama, eu a amo e isso basta.
×××
“Estou em casa, venha me ver! É uma ordem.”
“Amor, não precisa me buscar, ok? Vou a um lugar com Nathan depois da academia. Beijos, te vejo em casa.”
As respectivas mensagens vieram no meio da tarde e eram de Sabrina e Toni. A mensagem de Sabrina não me surpreendeu em nada, minha amiga provavelmente irá querer me fazer de escrava nesse início de vida de Gracie e sinceramente nem reclamaria.
Agora o texto da minha mulher me surpreendeu e deixou enciumada. O que aqueles dois fariam sem mim? E fora do horário de trabalho? Me senti curiosa, desejando que me convidassem para seja lá o que iriam fazer, mas mais uma vez contive os meus impulsos respondendo adequadamente cada uma das mensagens.
“Vou assim que o expediente acabar, mas vou porque quero, não porque está mandando.”
“Tudo bem, espero que se divirtam juntos. Irei visitar a Sabrina, ela já está em casa. Até mais tarde, Tee.”
Depois de enviar as respostas me concentrei no trabalho, é óbvio que meu pensamento voou várias vezes para junto de Nathan e Toni, mas respirava fundo, tentava distrair-me e ignorar o sentimentos que não iria agregar em nada.
O dia foi tranquilo, Maeve esteve em minha sala e trocamos algumas palavras, agradeci por me recomendar o clube em que levei Toni por mais que nossa noite não tenha acabado bem, falamos sobre Gracie e a loira comentou que não vê a hora de conhecer a bebê. Quando o meu horário acabou, sai as pressas da escola, indo para meu carro e posteriormente dirigindo para a casa da minha amiga.
— Red.
Nicholas sorriu ao me receber na porta.
— Onde está a Gracie?
Perguntei adentrando a casa e pouco me importando com ele.
— Nossa, estou bem e você? Que ótimo, Red. – ironizou, estreitei o olhar para ele. — Está no nosso quarto com a Sabrina.
Respondeu com um suspiro.
Abri um sorriso, caminhando até as escadas e subindo com rapidez. Não ter nenhum sinal de Barbara pela casa era bom, mas ao mesmo tempo me fazia pensar que poderia estar na academia. Não, Cheryl. Sem pensamentos possessivos. Soltei o ar assim que adentrei o quarto de Sabrina, a mesma estava deitada e com Gracie nos braços.
— A melhor madrinha chegou!
Sorri.
— Pode falar baixo? – a loira resmungou. — Ela acabou de dormir.
— Você virou mãe e ficou ranzinza, sabia?
Retirei a bolsa de meu ombro deixando nos pés da cama e sentando na ponta ao lado de minha amiga. Gracie estava enrolada, apenas o rostinho de fora enquanto respirava calmamente.
— Pegue um pouco.
— Claro que sim, amo estar com essa garotinha.
Estendi os braços, Gracie não demorou a estar aconchegada em meu colo, a expressão tão serena e sem nenhuma preocupação. Observei Sabrina levantar para ir ao banheiro, também levantei da cama, mas somente para começar a embalar a bebê em meus braços.
A porta do quarto aberta não me fez perceber uma aproximação, só realmente vi Barbara quando colocou uma bandeja sobre a cama de Sabrina cheia de pães, suco e fruta. O seu olhar chegou ao meu, havia um certo receio, talvez porque tenho a ignorado, ofendido, causado um corte em seu pé... Ugh, não acredito que farei isso.
— Como está o pé?
Perguntei, ela se surpreendeu com minha fala, o olhar caindo para baixo e voltando até mim. Era uma boa maneira de começar um pedido de desculpas, certo?
— Bem, não foi nada.
Deu de ombros.
— É, mas acho que preciso me desculpar. – confessei. Como é doloroso permitir que essas palavras saíam de minha boca em direção a ela. — Sabe, não estava em um bom dia e descontei em você, sinto muito.
Nunca admitiria meu ciúmes e insegurança.
Não estar em um bom dia é um argumento muito mais válido.
— Claro, sem problemas. Acontece, não é? – assenti. Era isso, pode ir. — Aliás, nós somos madrinhas da Gracie e poderíamos aprender a conviver uma com a outra. Quer dizer, a Toni é minha ex, mas só amigas agora e não precisa se preocupar.
— Não me preocupo.
Usei o tom firme, Barbara balançou a cabeça.
— Então... Trégua?
Sugeriu, umedeci os lábios.
— Trégua.
Confirmei, a modelo abriu um pequeno sorriso e assentiu. Não precisou de mais palavras, a mesma saiu do quarto e deixou-me sozinha com Gracie. Suspirei, relaxando meus ombros e encarando a garotinha ainda dormindo. Acho que fiz a coisa certa pela primeira vez. Sabrina voltou ao quarto logo depois, não mencionei minha conversa com Barbara, talvez nem contaria a Toni. Na realidade, espero que a interação fique somente entre mim e a modelo. Ninguém mais.
Ainda permaneci um tempo com Gracie, Sabrina e Nicholas que se juntou a nós. Só deixei a bebê sair do meu colo quando demonstrou fome ou nunca a largaria. O fim do dia estava chegando e me vi obrigada a ir, ao sair da casa de meus amigos até acenei para Barbara o que causou estranheza no seu irmão, mas não fez questão de comentar.
No carro a caminho para casa, lembrei que teria que ligar para minha sogra, conectei o celular com o carro podendo me concentrar em dirigir e falar com Katy, seria melhor convidar sem a presença de Toni, a resposta pode não ser a que esperamos.
— Cheryl. Oi, querida.
Sorri levemente, pelo tom e a maneira de me chamar as coisas não estão tão ruins assim. Foquei o olhar nas ruas, diminuindo a velocidade para conseguir dar atenção a minha sogra.
— Oi, Katy. Tudo bem?
— Tudo sim e com vocês? Espero que não tenha ligado por algo ruim.
— Não, claro que não. – tranquilizei a mesma que tinha o tom preocupado, provavelmente por nosso último contato minha relação com Toni estar abalada. — Nós estamos ótimas, eu voltei para casa.
— Ah, que bom. Tomara que a minha filha volte a ter juízo agora.
Puxei o ar por alguns segundos, sentia nas palavras e na voz de Katy que ainda está brava com minha esposa, mas acredito que para se acertarem só precisa de uma conversa.
— Nós sabemos que ela sempre teve, a Toni é incrível, Katy, mas acabou cometendo um erro... – firmei um pouco os dedos na direção, parando em um semáforo. — Posso dizer o quanto está arrependida e sofrendo com o que fez.
— Eu sei, Antônio me disse quando voltou.
— Ela sente sua falta. – mordi os lábios ao falar, dando partida no carro novamente. — Deveria vir nesse final de semana, nós vamos fazer um ano de casadas e estou organizando um jantar.
— Um ano já? – Katy se demonstrou surpresa. — Bom, também sinto falta daquela irresponsável.
— Então você vem?
— Vou, Cheryl. – suspirei em alívio. — Nos esperem na sexta.
— Ok, a Toni vai amar.
— Até lá, querida.
— Até, um beijo.
Me despedi de minha sogra, apertando o botão para encerrar a chamada e comemorando sozinha dentro do carro. Um sorriso apareceu em meus lábios ao pensar o quanto Toni ficará feliz com a notícia, só quero o bem daquela morena e sua mãe por perto vai deixa-la mais tranquila, porque sei que ainda há um receio sobre o que ocorreu com o antidoping.
Acelerei o veículo para chegar mais rápido e anunciar a vinda dos meus sogros, espero que minha esposa já esteja em casa me esperando. Se não tiver, serei obrigada a ligar para vir correndo porque não tem maneira melhor de comemorar do que com sexo.
Estacionei meu carro na garagem, adentrando a casa em passos rápidos, a cozinha estava vazia, o horário de Debora já havia acabado, mas não me agradei a ouvir múrmuros vindo da sala.
— O que ele está fazendo aqui?
Franzi a testa ao ver Nathan jogado em um dos sofás, Toni estava em outro e Lion deitado no tapete. A dupla inseparável disputava uma partida de vídeo game, usando palavras ofensivas para desconcentrar um ao outro.
— Que isso, Cheryl? Lembra quando queria que eu morasse a menos de trinta minutos da sua casa?
Ele zombou concentrado na tela.
— Onde vocês foram?
— Saímos. – Toni respondeu dando de ombros. — Por que?
— Estão de segredos agora?
Arqueei as sobrancelhas colocando as mãos na cintura.
— Cheryl. – olhei para o garoto que me chamou. — Por que não traz um lanche pra nós?
Mas é muita ousadia!
— Vou te trazer é um balde de água fria pra jogar nessa sua cara de sem vergonha! – revidei ouvindo a risada de Toni que se divertia. — Mereço vocês dois.
Balancei a cabeça em negação, caminhando para a cozinha atrás de um café, Lion me acompanhou por talvez não conseguir mais aguentar a dupla também. Preparei um café, não poderia negar que estava – ainda mais, enciumada. Toni nem fez questão de me olhar, só tinha atenção para o jogo e Nathan, quem sabe nem queira ouvir minha notícia sobre sua mãe.
Quando estava me servindo com o líquido preto e quentinho, senti braços me rodearem por trás. O seu cheiro inconfundível invadiu minhas narinas e suspirei ao sentir o seu abraço, fazia algumas semanas que não ficávamos tanto tempo longe e senti saudades.
— Está brava?
Sussurrou beijando meu pescoço.
— Não.
Respondi, adoçando o meu café, Toni soltou uma risada nasal.
— A gente só deu uma caminhada juntos, amor. – explicou-me. — Depois viemos para cá e ficamos jogando até você chegar.
— Entendi. – girei meu corpo, ficando de frente para ela e com a xícara entre as mãos. — Liguei para sua mãe e ela vem sexta.
— Sério?
Arqueou as sobrancelhas em surpresa.
Assenti com um sorriso contido.
— Já disse que você é incrível? – beijou minha bochecha em comemoração. — Convidou a Sabrina e Nicholas? – assenti novamente. — Então só falta Betty e o Jug.
— É, mas assim que sua mãe aceitou vir lembrei que a casa ficará o final de semana todo ocupada. – falei, Toni franziu a testa. — Não teremos privacidade para comemorar o aniversário, Tee. Pensei que chegaria aqui e teria a casa só pra nós, mas fez questão de trazer o Nathan.
Meu tom irritado demonstrava que não estava satisfeita.
— Cherry... – usou seu tom manhoso. Lá vem. — Nós podemos comemorar o aniversário, só precisamos sair de casa.
— O que está querendo dizer?
Ergui uma sobrancelha, bebendo um gole do meu café.
— Que você disse que iria me recompensar a noite que cuidou do Nathan. – seus lábios entraram em contato com a pele de meu pescoço, subindo para meu queixo e parando a frente de minha boca. — E que pode fazer isso nesse sábado.
Me deu um selinho rápido.
— Sério?
— Sério. – sorriu, mordiscando meu lábio inferior. — Mas até lá sem sexo.
O sorriso enorme que tinha em meu rosto, sumiu na hora. Toni se afastou de mim como se não tivesse dito o conjunto de palavras que mais odeio ouvir em toda minha vida. Sem sexo. Não, não é possível. Será que ela lembra que acabamos de voltar? Segui a morena com passos duros até a sala.
— Me diga que está de brincadeira.
Exigi, a lutadora tinha seu corpo no sofá novamente.
— Não estou. – pegou o controle, focando o olhar na televisão. — Podemos guardar energia até lá, são só três dias.
— Antoniette, três dias é muita coisa! – praticamente gritei. — Você tem fetiche em me negar sexo por acaso?
— Ei, eu estou...
— Calado. – levantei a mão para Nathan. — Toni, não pode fazer isso.
— Amor. – ela deixou o jogo de lado para vir até mim. — Se nós ficarmos sem sexo por três dias, prometo que no sábado pode fazer o que quiser comigo.
— O que quiser?
Lambi os lábios, meus olhos provavelmente brilhavam.
— Preciso mesmo ouvir isso?
Nathan resmungou.
— Tudo, meu amor. – piscou, deixando um selinho em meus lábios. — Senta aqui enquanto jogo, esses três dias vão passar voando.
— Por que está fazendo isso comigo?
Meu tom saiu manhoso enquanto a morena me arrastava para o sofá, Toni sentou me puxando para o meio de suas pernas e abraçando-me por trás enquanto pegava aquele maldito controle.
— Sábado você descobre. – beijou meu pescoço. — Agora veja sua esposa acabando com a raça do Nathan em uma corrida.
— Você que pensa, Topaz.
Nathan ajeitou a postura para se concentrar no jogo. Tomei mais um gole de meu café dessa vez uma quantidade maior, porque muitas coisas me deixavam nervosa, mas ficar sem sexo é apavorante. Porém, seria por uma boa causa, não seria? É óbvio que vou levar Toni em um motel e fazer exatamente tudo que quiser com ela, essa lutadora não perde por esperar.
Toni Topaz – Point Of View
Estou sendo uma má esposa – eu sei disso, mas é por um ótimo motivo. Claro que quero muito transar com minha mulher por todo canto da casa, em todos momentos e em várias posições, porém tenho uma surpresa para a ruiva no nosso aniversário, não poderia estragar três dias antes então, lhe ofereci o acordo de fazer o que quiser comigo porque sabia que não iria negar.
Na sexta-feira, o dia de meus pais virem para Seattle me senti mais nervosa que o normal, rever minha mãe depois do lance do antidoping seria desafiador. Por mais que Cheryl tentasse me tranquilizar ao dizer que dona Katy não está mais tão brava, ainda tinha um pouco de receio com o que poderia vir.
— Que saudade!
Cheryl abriu os braços ao receber Samantha na porta de nossa casa, preferi que a minha esposa fosse os receber, é mais seguro esperar a alguns metros.
— Sam, você precisa parar de crescer.
A ruiva a repreendeu em brincadeira ao separarem do abraço, a garota de nove anos correu minha direção após a interação com Cheryl. Um sorriso se apossando de seus lábios, me agachei um pouco para poder lhe receber em meus braços e o contato durou alguns segundos.
— Quanto tempo, maninha.
Sorri, beijando sua bochecha.
— Toni, pede pra mamãe deixar eu morar aqui?
Perguntou de primeira, acabei rindo da minha irmã.
— Melhor não, Sam. – dona Katy falou alto o suficiente para chamar nossa atenção. — Você precisa de bons exemplos.
Focou o olhar no meu a se aproximar, suspirei relaxando os ombros enquanto atrás dela vinha meu pai com um sorriso reconfortante. Cheryl não demorou a estar ao meu lado, seus dedos entrelaçando nos meus e a mão livre acariciando meu braço.
— Katy, que tal se...
— Quero conversar com a Antoniette sozinha. – interrompeu a ruiva, o seu tom não era nada bom. — Podemos?
Arqueou as sobrancelhas.
— Podemos, mãe.
Troquei um rápido olhar com Cheryl, recebendo um beijo na bochecha antes de caminharmos para a sala de jantar que se encontrava vazia. Debora estava na cozinha e provavelmente concentrada demais em fazer nosso jantar para prestar atenção.
Sentei em uma cadeira e minha mãe fez questão de sentar a minha frente para ficarmos nos encarando. Suas mãos cruzaram a cima da mesa e o corpo inclinou para frente.
— Você sabe que me decepcionou. – assenti, desviando nossos olhares. — Seu pai e sua esposa disseram o quanto está arrependida, espero que seja verdade, Antoniette.
— Claro que é, mãe. – a encarei. — Ficarei dois anos longe das lutas, já não é punição suficiente? Vai ficar me difamando pra minha própria irmã?
— Não, até porque aquela garota é sua fã numero um. – bufou, balançando a cabeça. — Só quero que isso nunca mais se repita, foi uma atitude de adolescente imatura.
— Eu sei, mãe.
Suspirei, cruzando os braços.
— É bom que saiba e conserte essa burrada. – encerrou o pequeno discurso, levantando da cadeira. — Agora vem cá e me da um abraço porque ainda é a minha campeã.
Abriu um braços, um sorriso apareceu em meus lábios antes de levantar e caminhar até a mais velha. Aconcheguei-me contra seu corpo sentindo um carinho nas costas e beijo no topo da cabeça.
— Eu amo você, filha. – falou nos separando para me encarar. — Espero que consiga recuperar tudo que perdeu profissionalmente.
— Irei, mãe. – respondi confiante. — Vou treinar muito para voltar e poder acabar com qualquer uma que aparecer para tentar me ganhar.
— Essa é minha garota.
Sorriu, levantando a mão para batermos um high five. Assim que tocamos as mãos, nos abraçamos mais uma vez, o contato durou menos tempo, mas foi como selar que estava tudo realmente bem entre nós.
Retornei para a sala sozinha, minha mãe foi na cozinha cumprimentar a Debora. Avistei Cheryl ouvindo os assuntos intermináveis da Samantha, sentei nas costas da ruiva a abraçando por trás e beijando seu ombro. O assunto da garota era sobre escola e seus inúmeros amigos.
— Até que ela não foi tão má.
Sussurrei no ouvido da ruiva, a mesma aproveitou uma deixa de Samantha que procurava alguma foto no celular e virou um pouco o corpo em meus braços podendo me encarar.
— Que bom que minha sogra te deixou viva.
Sorriu, segurando em meu queixo com o polegar e indicador, seu olhar caiu propositalmente para meus lábios enquanto umedecia os seus com a língua.
— Porque sábado a noite pretendo te comer inteira.
Murmurou, mordendo o lábio inferior.
Um suspiro saiu por entre minha boca para não dar lugar a um gemido, Cheryl tem demonstrado ter autocontrole, mas quando pode me provoca para testar se consegue algo como agora que estava prestes a ceder aos seus encantos.
— Merida, olha!
Samantha chamou sua atenção e ela virou para a garota na mesma hora.
Salva por minha irmã!
— Essa é a minha melhor amiga na escola e esse é meu melhor amigo....
As palavras de mais nova eram entusiasmadas, ergui o olhar para conseguir ver uma foto de Samantha em meio a dois outros pré-adolescentes da sua idade. Ao meu ver não eram nada inofensivos, acredito que minha irmãzinha ainda não tenha idade para pensar em impurezas.
Pelo menos é o que espero.
×××
Sábado. Um ano inteiro que estou oficialmente casada com Cheryl, mesmo após nossas turbulências, me sinto a mulher mais sortuda do mundo por acordar todos os dias ao lado dela, ter o privilégio de poder chamar essa mulher incrível de minha e principalmente receber o seu amor.
Para minha surpresa, a ruiva acordou primeiro e fez questão de distribuir beijos por todo meu rosto até chegar nos lábios onde deu uma leve mordida. Meus olhos abriram lentamente dando de cara com um sorriso sapeca em seu rosto e os castanhos brilhando.
— Finalmente consegui! – comemorou, franzi a testa. — Te trouxe café na cama.
Apontou para o lado, havia uma bandeja cheia do que mais amo prontinha para ser devorada. Sorri largo, agarrando o rosto de Cheryl entre minhas mãos para pressionar a boca contra a sua.
— Bom dia, meu amor. – desejei. — E obrigada pelo café.
— Bom dia, minha esposa.
Sorriu, frisando o “minha esposa”.
— E não precisa me agradecer, é meu dever como sua mulher te agradar.
Levantou fazendo a volta na cama e pegando a bandeja para colocar sobre meu colo. Ainda estava admirada com seu empenho para acordar cedo e me fazer café.
— Como conseguiu levantar tão cedo?
Perguntei enquanto a mesma sentava ao meu lado.
— A Samantha acordou com o despertador e veio aqui bem devagarinho, sem fazer barulho e me acordou, dei um dinheiro a ela por isso.
— Ela te ajudou com o café?
Arqueei as sobrancelhas.
— Obvio que não, voltou a dormir assim que levantei.
— Não acredito que elaborou todo um plano pra me fazer café.
— Vale a pena o esforço e dinheiro gasto. – sorriu beijando minha bochecha. — Aliás, feliz aniversário de casamento.
— Uhn, é hoje?
A encarei fingindo desentendimento e a ruiva revirou os olhos.
— Feliz aniversário de casamento, Cherry. – olhei nos castanhos, suspirando para voltar a falar. — Não foi nosso melhor ano juntas, mas acredito que os próximos serão incríveis.
— Tenho certeza, Tee. – grudou nossos lábios novamente. — Até porque iremos começar esse novo com muito sexo, hoje a noite você não me escapa!
— Você só pensa nisso? Só quer usar meu corpo? É por esse motivo que está casada comigo?
Fingi um drama, fazendo beicinho.
— Quer mesmo que responda?
— Cheryl?!
A repreendi, ela deu risada.
— Amor, eu sou apaixonada por você. – deslizou sua mão por minha nuca, aproximando nossos rostos. — Mas estou a três dias sem te tocar, vou surtar se não fizer isso hoje.
— Me casei com uma ninfomaníaca.
— Sim. – mordeu o próprio lábio. — Você já sabia disso antes de assinar os papéis.
— Porque amo até o seu fogo inapagável. – depositei um selinho em sua boca me afastando. — Que só iremos apagar a noite, depois do jantar e que todos forem embora.
Balancei os ombros, voltando minha atenção para a bandeja a minha frente. Ouvi um suspiro frustrado de Cheryl, soltei um risinho apenas para receber um tapa da ruiva que logo aliviou o humor ao lembrar de nosso aniversário de casamento.
Tomei o café resistindo a todas provocações da minha esposa, se pudesse iniciava nossa sessão de sexo agora mesmo, mas estragaria a surpresa. Pior, depois que Cheryl descobrir, é provável de me atacar até mesmo em público. Tem sido difícil esses três dias, mas valerão muito a pena tenho certeza.
Nós passamos o dia inteiro com meus pais e grudadas, minha mãe era só sorrisos ao dizer o quanto está feliz por nós, ficou mais ainda quando elogiamos sua comida. Debora viria mais tarde hoje então dona Katy se tornou responsável por fazer as refeições.
Estava anoitecendo quando nos dissipamos, tomei banho primeiro e depois foi a vez da minha mulher, permaneci a vontade já que o jantar será em casa e não demorei a estar na cozinha junto de Debora. Ela iniciava os preparos das variedades que Cheryl pediu para essa noite, não duvido que minha mãe se meta nesse processo também.
— Vocês trocaram presentes?
Debora perguntou curiosa provando um molho da panela. Meus braços estavam apoiados no balcão enquanto observava a mais velha.
— Não. Acho que a gente já tem tanta coisa e nenhuma das duas é ligada a presentes. – dei de ombros. — Bom, nós teremos uma comemoração particular digamos assim.
— Toni. – Debora me encarou. — Você pode falar a palavra sexo perto de mim, já tenho mais de dezoito anos.
Ela riu, arregalei os olhos enquanto sentia meu rosto esquentar.
— O que fez minha filha virar um pimentão?
Minha mãe apareceu bem na hora, franzindo a testa.
A campainha tocou.
— Preciso atender a porta.
Corri para fora daquela cozinha enquanto ainda ouvia a risada de Debora, não era minha intenção chegar em um assunto desses com a nossa empregada. É vergonhoso! A sala estava vazia, Cheryl provavelmente permanecia se arrumando, Samantha brincando com Lion por algum lugar e meu pai assistindo televisão no quarto certeza.
Abri a porta dando de cara com Betty, a mesma tinha os braços ao lado do corpo e o seu olhar me fazia duvidar que estava ali apenas para o jantar de nosso aniversário.
— Oi, B. – sorri fingindo não notar seu receio. — Que bom que veio.
Me aproximei para abraça-la, um contato rápido e curto da sua parte.
— Na verdade, vim mais cedo porque preciso te contar uma coisa.
Puta que pariu, eu sabia.
Senti o cheiro de notícia surpresa assim que a vi.
— Betty, você sabe que hoje é meu aniversário de casamento, não é? – perguntei assim que dei passagem para a loira entrar. — Não me diga que é algo ruim.
— Não é. – encolheu os ombros. — Quer dizer... Posso contar logo?
— Pode, Betty.
Respirei fundo cruzando os braços e fixando o olhar no seu. Ficamos paradas ali mesmo na entrada da casa, Betty mexeu nervosamente as mãos uma na outra e se preparou para falar.
Esperava qualquer coisa, qualquer uma mesmo, menos para o que veio a seguir:
— Estou grávida.
[ Essa fic vai ser apenas com os bebês a partir de agora... Já da pra abrir uma creche. 😂😂😂 ]
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