Sessão de fotos
Cheryl Blossom – Point Of View
O primeiro dia na escola de música, estava tão animada que fui a primeira a chegar no local. Teríamos uma pequena reunião antes de abrir as portas, todos os professores e funcionários deveriam comparecer. Deixei a cafeteira ligada, em poucos minutos chegaria salgados para todos. Queria ser uma boa anfitriã, foi ideia minha e de Sabrina, mas aparentemente estou mais ansiosa.
Quando a loira chegou estava tudo organizado, cronogramas em cima da mesa para cada um, havíamos organizado isso a dias, antes mesmo da inauguração. Agora, era só esperar os nossos futuros colegas de trabalho.
Eles chegaram aos poucos, os salgados também e fizemos uma confraternização antes de abrirmos a escola. Era somente para explicar onde ficaria as salas, como funcionaria a recepção ou contabilidade. Apenas deixar claro para todos como seria nossa escola a partir de agora.
Essa semana não será tão cansativa para os professores, são poucas matriculas confirmadas e iniciaremos aulas experimentais para incentivar as crianças a desejarem estudar música. Me aconcheguei em minha sala, a da Sabrina é do lado, iriamos receber pessoalmente todos os pais essa semana então, não daremos aula de música.
Na metade da manhã já havia atendido a muitos pais curiosos sobre a escola. Quantas turmas? Quantos instrumentos? Os professores são realmente músicos? Estava no meu terceiro café quando bateram a minha porta, murmurei um “entre” enquanto encarava a tela de meu computador organizando a última matricula feita.
— Sou eu.
A voz de Sabrina me fez levantar o olhar, a mesma adentrava a sala com um buquê de lírios vermelhos em mãos. Rapidamente retirei o óculos de grau que estava em meu rosto.
— Deixaram para você na recepção, não sou curiosa, mas... Achei melhor eu mesma trazer sabe.
Franziu o nariz enquanto me entregava a flores, meu coração palpitou ao ver um cartão em meio a elas. Não me importei com a presença de Sabrina, abrindo o pequeno envelopinho e colocando meu óculos novamente. O cartão em formato de coração era a coisa mais boba e adorável do mundo.
“Só passando para desejar um ótimo primeiro dia, estou com certeza pensando em você agora e mandando muitas energias boas. Sua escola vai ser um sucesso, não tenho dúvidas, mas espero que reserve um tempinho para pensar em mim também. Saudades, Toni.”
— Tira esse sorrisão bobo do rosto e me diz quem mandou.
Sabrina me fez encara-la, revirei os olhos.
— Toni. Quem mais seria?
Respondi como se fosse óbvio, levantando meu corpo e caminhando até a pequena prateleira na parede ao lado de minha mesa. Havia um vaso sem água por enquanto, mas mentalizei que colocaria mais tarde.
— Que tal trabalharmos? – perguntei, encerrando o assunto. — Acabou de me dar vontade de tocar, sei que não estou no cronograma, mas arruma uma turma para o piano, por favor? Só uma.
— Em cima da hora, Blossom?
— Pode ser de tarde, só quero tocar para eles.
Revirou os olhos.
— Já vi que quem vai manter a escola de pé sou eu.
Caminhou para a porta, resmungando.
— Também amo você.
Falei em um tom alto e risonho. A porta se fechou, corri para minha mesa e peguei meu celular. Havia trocado um “bom dia" com Toni e ela me desejou bom trabalho, conseguiu me surpreender.
“Posso estar cheia de afazeres, mas sempre sobra uns minutos para pensar em você. Amei as flores, o final de semana, os beijos. Quero tudo de novo, ainda estou esperando sua resposta sobre o aniversário. Saudades.”
Enviei, sem vergonha ou relutância. Escrevi o que estava sentindo e mandei, sem escudos. Chega. Eu a quero e ela me quer. E agora olhando para esses lírios vermelhos, sinto que a quero ainda mais.
Sorri comigo mesma, voltando aos meus afazeres e recebendo mais pais de futuros alunos. Não via a hora de ir para uma sala de música, estava ansiosa.
Almoçamos na escola mesmo, não valia a pena ir em casa sendo que estávamos cheia de coisa para organizar. Os professores tinham seus intervalos, por vezes ficavam sem nenhuma turma, mas o clima era bom e provavelmente semana que vem não teremos tempo para nada do jeito que tantas crianças estão se matriculando.
A aula que daria seria a última, apenas uma pequena amostra do que iremos realizar durante o ano todo. Haviam crianças de todas as idades, seis ao total naquele momento. Ensinei algumas notas, conseguindo reuni-los perto do piano. Eles se animaram por tocar no instrumento. Toquei uma musica, todos continuaram por perto, atentos. Havia uma garotinha, ela parecia mais acanhada, mas seus olhos brilhavam com o soar das notas musicais.
Meu peito se aqueceu com a cena, os olhos marejaram e segurei para não chorar. Era como se estivesse vendo a mim mesma, quando pequena e admirava meu pai tocando. As lembranças afetivas me invadiram em cheio.
— Está quieta depois da aula.
Sabrina comentou, estávamos juntando nossas coisas para ir embora.
— Eu só... – suspirei, erguendo meu corpo e a encarando. — Estou realmente feliz que conseguimos realizar o que tanto planejamos, sabe?
— Ah, não. Não quero chorar. – falou, dando passos até mim. — Mas agora preciso de um abraço.
Rimos juntas, nos aconchegando aos braços uma da outra. O meu peito estava repleto de sentimentos bons, principalmente em relação as pessoas que tenho a minha volta. Era como se tudo estivesse se encaixando, como sempre deveria ter encaixado.
No meio da semana, tudo que falávamos era sobre o aniversário de Sabrina que estava se aproximando e os presentes que ganharia. Na escola não havia nada fora do normal além de nossas matrículas estarem esgotadas e muitas pessoas ainda pedirem por vagas. Estava tudo incrível e com certeza sendo um sucesso.
— Vamos a uma festa e pronto.
Veronica decretou, exausta de nossa discussão sobre a comemoração da mais nova de nosso grupo. Estávamos todos reunidos em minha casa, a verdade é que a saudade daquela lutadora tem me torturado e me tornado uma amiga carente, e o problema é que todos meus amigos namoram entre si.
— Não, sempre os mesmos lugares e mesmas pessoas.
Sabrina resmungou.
Desci meu olhar para o celular que estava entre o meu corpo e de Salem, deitados no sofá formávamos o terceiro casal do grupo. Encarei a tela do meu aparelho, não havia mensagem de Toni, sei que faz apenas alguns minutos que foi tomar banho, mas quero atenção.
— Já sei.
Nicholas chamou a atenção de todos.
— Vamos a um Club de Strip.
Sugeriu sorridente como um gênio que teve a melhor ideia de todas. O seu sorriso sumiu assim que Sabrina o estapeou arrancando risadas nossas.
— Não achei má ideia, seria divertido.
Me pronunciei pela primeira vez, Nicholas estendeu a mão em minha direção em um high five e nós o fizemos, trocando sorrisos enquanto minha amiga revirava os olhos.
— Também acho que seria legal e diferente.
Betty comentou, Nick comemorou a mais um voto.
— Vocês estão esquecendo que a mais importante é a aniversariante.
Veronica fez sinal com a cabeça para Sabrina.
De relance, percebi meu celular acendendo era uma mensagem de Toni. Corri meu olhar para a tela, tocando em seu nome e lendo as palavras recebidas.
“Banho tomado, agora comer algo e deitar. O que está fazendo ai?”
“Planos para o aniversário da Sabrina, aliás... Você vem?”
Mordi o lábio, desviando o olhar para meus amigos novamente.
— Tudo bem, Club de Strip, mas quero meus presentes.
Sabrina concluiu, recebendo um abraço do namorado e muitos beijos. Nós rimos da reação do homem, ele realmente achou sua ideia sensacional. Nem poderei discordar porque também achei e será incrível essa noite com meus amigos... E pelo jeito, só com eles mesmo.
“Provavelmente não, Cheryl. Sinto muito.”
Toni Topaz – Point Of View
O meu dia estava sendo agitado, tive que dar entrevista para a revista que serei capa, falando sobre minha vida profissional e pessoal. Agora, estava em um carro indo para o estúdio de fotos que tirarei da marca Calvin Klein, uma das mais importantes e bem vendidas do mercado.
Faz uma semana desde que voltei de Seattle, não havia muito tempo para falar com Cheryl, chegava cansada da escola e não a culpo, hoje nem sei se conseguirei trocar mensagens com a mesma. Nossa rotina é corrida, isso me faz sentir cada vez mais sua falta. Queria ter seu cheiro por perto ou qualquer mínimo contato físico para matar a saudade.
“Qual é, Topaz? Por que me quer tanto em Seattle? Lá é frio e chuvoso para um caralho.”
Ri comigo mesma ao ler a mensagem de Jughead, Betty me avisou sobre a proposta. Que iria fazer nos próximos dias, comecei o meu pequeno jogo de induzi-lo a aceitar.
“Porque sei que irá surgir uma vaga de emprego pra você e Seattle é do lado de Los Angeles, da pra vir até de moto.”
“Vaga de emprego? Está me deixando curioso.”
“Na hora certa, irá saber de tudo, mas já vai pesquisando sobre Seattle e onde iremos matar tempo juntos.”
Enviei, levantando o olhar e observando que já estávamos chegando ao local das fotos. Não sabia muito bem com quem seria, mas é alguém de confiança da marca e muito boa por sinal.
“Estou vendo que a Blossom vai te arrastar para aquela cidade triste.”
Revirei os olhos, meu amigo tem uma certa implicância com o clima de Seattle, não o julgo já que em Los Angeles os dias são sempre tão lindos e me sinto sortuda de ter ido visitar Cheryl, mas não ter chovido nenhum dia.
“Ela não vai me arrastar. Agora tenho que ir, fique bem e pense no assunto.”
Acabei com a troca de mensagens, deixando o celular de lado e descendo do carro que acabará de estacionar. Marina estava junto comigo, me encaminhou por entre o enorme local levando até a sala onde tiraríamos as fotos. Tive que passar em um camarim, uma mulher muito simpática deu uma geral em meus cabelos e apenas disfarçou minhas marcas de cansaço do rosto, por fim caminhamos para conhecer a fotógrafa.
Sentei meu corpo em uma poltrona, as luzes acesas refletindo no enorme fundo branco. Saltos ecoaram pelo local, havia no máximo cinco pessoas no estúdio contando comigo e Marina, mas a mulher que mais parecia uma modelo conseguia chamar a atenção de todos. Ela se aproximou com um sorriso enorme no rosto, levantei o corpo e encarei os olhos claros da loira.
— Prazer, Amber. Vou tirar suas fotos.
Apresentou-se, estendendo a mão.
— Eu sou...
— Toni Topaz. – me interrompeu firmando nosso toque. — Não se preocupe, sei muito bem quem você é.
Piscou em minha direção, desfazendo nosso cumprimento e dando alguns passos até a mesa onde haviam três câmeras fotográficas. Troquei um rápido olhar com Marina, ela sorria fazendo positivo.
— Tudo bem, hora de todos saírem.
Anunciou, o tom alto e autoritário.
— Inclusive você, mocinha. – apontou para minha assessora. — Gosto de ficar a vontade com minhas modelos.
Quase entrei em alerta encarando a ruiva, implorando para que não fosse, mas ignorando totalmente meu pedido de socorro, saiu do estúdio me deixando apenas com a fotógrafa.
— Suas roupas estão naquele vestiário. – apontou para o canto onde havia uma porta. — Fique a vontade, não temos pressa.
Deu de ombros, focando o olhar em sua câmera. Respirei fundo, caminhando para o vestiário. Havia ordem de peças, eram apenas dois conjuntos. O primeiro era branco, calcinha box e um top, as barras cinzas com o nome da marca estampado. Por cima do conjunto, um roupão skank de boxe preto e luvas de mma nas mãos.
Me encarei no espelho, sinceramente não estava nada mal. Não posso reclamar quando a minha profissão me proporciona um corpo bem definido. Estava me amando.
— Uau, Topaz.
Amber me elogiou, acabei rindo enquanto caminhava para o foco de suas lentes. Ela me olhou primeiro por fora da câmera, indicando para que colocasse o capuz do roupão e levantasse a guarda como na luta. Com o roupão ainda fechado e olhar fixo na câmera tiramos a primeira foto. A mulher era realmente boa em deixar as modelos a vontade, em poucos minutos meu roupão estava completamente aberto deixando-me seminua diante de suas lentes, cabelos bagunçados e sinceramente não havia receio nenhum com as fotos.
Após conseguir as fotos com o primeiro conjunto partimos para o outro, era preto e dessa vez a calcinha minúscula junto de um sutiã com as alças finas que deixam meus seios quase pulando para fora. Não havia roupão ou luvas, apenas o conjunto preto.
Sai do vestiário ainda a vontade, mas Amber nem ao menos disfarçou seu olhar em mim, me analisando de cima a baixo e mordendo os lábios ao final. Tentei ignorar, fazendo as posições que pediu e conseguindo com facilidade um resultado bom. Aos poucos as fotos ficaram mais próximas e a fotografa também, sempre sorrindo.
— Você é uma das minhas melhores modelos.
Comentou, dando um ultimo clique antes de afastar a câmera do seu rosto.
— Fala isso para todas?
Perguntei, rindo.
— Só as que quero levar para a cama. – piscou, dando um passo em minha direção ficando ainda mais próxima. — Sempre quis colocar em minha lista uma lutadora.
— Bom, tente com outra.
A cortei, ignorando seu flerte e mencionando que iria sair.
— Espera. – segurou meu braço, ficamos frente a frente novamente. — Não quer tomar alguma coisa depois daqui?
— Não, obrigada.
Respondi com rapidez.
— O que foi, lutadora? É comprometida?
— Não sou, mas estou agindo com profissionalismo aqui algo que deveria fazer também. – desvencilhei meu braço de sua mão, irritada com a situação. — Já acabamos?
— Sim, acabamos.
Não a olhei, caminhando para o vestiário em busca de minhas roupas. Percebi que a loira era simpática demais, só poderia ter algum defeito. Não posso negar que é linda, mas me irritou a forma que me abordou ainda se gabando de uma lista. Coitados dos que vão para sua cama.
Quando sai já vestida para ir embora, encontrei Marina e pedi para que fôssemos logo embora. Minha assessora chamou um carro já que estava sem meu veículo, estava exausta e não só fisicamente como psicologicamente. Precisava de um banho e minha cama.
|estão ouvindo os trovões? acho que tem uma... se aproximando.|
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