Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Recaída

 
Cheryl Blossom – Point Of View 

Minha primeira atitude ao chegar em Boston foi sair de meu apartamento. Não poderia viver ao lado de alguém que sempre apoiou o meu vício, não o culpo, mesmo sendo Nick que tenha me apresentado ao whisky. Não há culpados nessa situação, mas precisava evitar essas amizades ainda mais quando estou no início de minha sobriedade. 

Sabrina me ofereceu lar, companhia e ajuda. Aceitei, iríamos dividir seu apartamento e como o imóvel é dela, eu cobriria todas nossas necessidades diárias. A loira me acompanhou no primeiro dia nos alcoólicos anônimos, somente até a porta porque precisava fazer aquilo sozinha, mas saber que ela estava por perto me confortava.

No início, me senti retraída, afinal o meu fundo do poço estava na internet para qualquer um ver. Cheryl Blossom, a compositora e possível namorada de Toni Topaz fez um escândalo em uma luta do UFC. Todos sabiam de meus problemas com o álcool agora, era como se estivesse nua diante de qualquer um. Com o tempo, comecei a me sentir mais a vontade, falar e ouvir conseguindo sempre tirar uma lição das histórias.

Estava confiante, talvez até demais, o vício era algo que tinha que lutar todos os dias. Mesmo saindo apenas para ir as reuniões, tomar um café com Sabrina perto da faculdade ou simplesmente ir ler em algum parque, a solidão por vezes pode ser muito traiçoeira. Teve uma noite, uma em específico que não consegui me controlar.

As reuniões acabavam tarde, mas fazia questão de voltar caminhando para o apartamento. Gostava de pensar, aproveitar o vento frio e admirar as belas paisagens de Boston. Hoje, ouvimos sobre as pessoas que perdemos e as que conseguimos reconquistar. Falei sobre Veronica, o que fiz em seu casamento e o quanto me ajudou quando percebeu que estava verdadeiramente acabada. Isso não me deixou triste, pelo contrário, fiquei feliz por conseguir me expressar sobre um momento tão importante. O problema não era esse.

Uma mulher – que ainda não decorei o nome, mas faz parte do AA, contou sobre seu marido. Ela o magoou, não somente ele, mas também sua filha de dez anos. Aparentemente ela não percebia o estrago que estava fazendo em sua família ao ser uma alcoólatra, ainda bem que conseguiu antes que os perdesse. O ponto era que ela teve que reconquista-lo, desde o início, com a filha foi mais fácil, mas com o marido teve que lutar e muito. Hoje, eles são uma família novamente, juntos e felizes. 

Era óbvio que iria lembrar dela, dos nossos momentos e do quanto a magoei, mas não queria me sentir triste com nossa separação. Já fazia quase dois meses, mesmo não me envolvendo com ninguém sabia que de certa forma estava conseguindo superar. Porém, o sorriso daquela mulher ao falar sobre o marido, o quanto o ama e foi necessário tê-lo por perto, mesmo que separados. Aquilo me atingiu. Toni disse que estaria por mim, que se quisesse vê-la poderia, mas neguei. 

E se fosse mais fácil ter ela por perto? Mesmo que não pudesse beija-la, toca-la. Ela estaria ali pra mim, me apoiando e amando. Ou não estaria? Eu aguentaria olhar para Toni e ver que o nosso amor não era mais o mesmo? 

Tinha muitas perguntas, algumas com respostas, a maioria sem. Abraçada a meu próprio corpo, caminhava por uma das ruas mais movimentadas do centro de Boston. Um casal de homens passou por mim, os dois sorriam, abraçados de um jeito que tentavam um aquecer o outro. Eu sentia falta de ser aquecida por ela, dos cuidados e carinhos. 

Eu sentia muita falta de tudo. 

De nós.

Aquela dor me invadiu novamente, uma dor que havia esquecido por um tempo, a de perde-la. Era algo que não conseguia esquecer totalmente, em algum momento como hoje voltava com força e acabava me fazendo cometer loucuras. A desse dia foi entrar em um bar e pedir por uma bebida.

O erro de todo alcoólatra é achar que um copo irá satisfazer, que é só uma dose e pronto, o seu desejo irá passar. O nojo que ganhei do whisky havia passado naquele momento porque tinha certeza que iria me ajudar. Ajudou, momentaneamente. É diferente quando você faz algo errado sem entender que é realmente errado. Naquela noite, tinha certeza que era errado, o quanto iria me machucar e machucar os outros, mas precisava. 

Fiquei melancólica com poucas doses, já tinha meu celular em mãos e com fotos nossas, fotos de Riverdale que nunca tive coragem de apagar. Nunca irei. A maneira que seu sorriso deixava meu coração leve, me fazia flutuar com tamanha felicidade. Eu a amava, amo, nem sei se algum dia deixarei de amar. E ela? Me ama? Lembra de mim? Será que se importa comigo? Merda. Será que Toni sabe o quanto a amo? Se não sabe, deixaria claro.

"Toni, sinto tanto sua falta."

"Você sabe o quanto eu te amo? Você se importa com isso?"

Enviei, sem nem pensar muito se deveria ou não, de qualquer maneira poderia culpar o álcool futuramente. Esperei sua resposta, cinco minutos e já imaginei que não viria. Ela pode estar ocupada com a academia, sua família ou com... Outra. Era doloroso pensar em ser trocada, que alguém poderia fazer muito mais por ela do que mensagens causadas pela bebida. Eu deveria querer Toni sendo feliz, mas não consigo. Quero que sofra como estou sofrendo, que sinta minha falta.

— Cheryl?!

Virei meu rosto, o toque em meu ombro havia me assustado. Era Nick, um dos meus melhores amigos, mas não mais porque tive que me afastar. Ele bebe, não posso beber... Quer dizer, não podia.

— Nick!

Sorri, o puxando para um abraço.

— Senti sua falta.

— Eu também, Red. – o tom baixo, juntando as sobrancelhas. — É... Sabrina sabe que está aqui?

— Não. – respondi rápido. — Ela vai ficar puta.

Pressionei os meus lábios, balançando a cabeça.

— Talvez. 

Murmurou.

— Que tal vir comigo? Eu te levo até o apartamento.
Sugeriu, a expressão implorando para que aceitasse. Ri comigo mesma, negando. Poderia esperar tais palavras de qualquer pessoa, menos de Nick. Ele era meu parceiro de copo.

O que aconteceu afinal? Estou tão na merda assim?

— Red, isso não é bom pra você...

— Eu sei, Nick. 

O interrompi, desviando nossos olhares.

— É por isso que aceito sua carona. 

Sorri fraco e ele concordou, pegando em meu braço para apoiar sobre seu ombro. Não estava muito alcoolizada, mas o suficiente para não conseguir manter meus passos em linha reta. 

Nicholas foi gentil, dirigindo para o apartamento de Sabrina enquanto tinha minha cabeça encostada na janela. Me esforçava para não dormir, queria argumentar com minha amiga o porque de ter bebido, mas não consegui. Os meus olhos simplesmente se fecharam, cansados demais do dia de hoje. 

_____
 

— Ela disse porque fez isso?

Ouvi a voz baixinha de Sabrina, minha cabeça já doía como antigamente. 

— Não, mas ela sabia que não deveria.

Era Nick. 

Onde estou afinal? Tentei abrir os olhos, devagar e me acostumando com a claridade. Estávamos na sala, o meu corpo esticado no sofá e provavelmente foi meu amigo que me colocou ali. Lembrei de imediato do que fiz, movi meu corpo e senti algo quente. Era Salem, deitado entre mim e o encosto. Ele miou, chamando a atenção dos outros dois.

— Cheryl. 

Sabrina veio até mim preocupada. Me elevei lentamente, sentando no sofá e levando as duas mãos ao rosto. Sem que percebesse, as lágrimas começaram a cair desesperadamente e solucei.

— Ei, está tudo bem.

Os braços da loira me acolheram, deslizando a mão por minhas costas.

— Eu senti falta dela, muita. – confessei em meio ao choro. — Não consigo sem ela, não sem a Toni.

Ouvi um suspiro alto da minha amiga, apertando-me cada vez mais forte contra ela. Sabrina sabe sempre o que dizer ou fazer, sinto como se me entendesse como nenhuma outra pessoa e dessa vez, não foi diferente.

— É claro que consegue. – incentivou-me. — Só precisa começar a fazer isso por você mesma, nós conversamos, lembra?

— Estou tentando pensar em mim.

A encarei, puxando o ar.

— Mas parece que não faz sentido, eu preciso do amor dela.

— Cheryl. – segurou meu rosto entre as mãos. — Você precisa de você mesma, eu sei o quanto é difícil um término e o quanto ama a pessoa, mas precisa se amar mais do que ama ela.

— E se eu não conseguir?

Meu tom falhou.

— Vai conseguir. – sorriu fraco, tocando minha pele. — Já estava pensando nisso, mas não sabia como te dizer, agora tenho certeza que precisa de um... Psicólogo. – falou, fechei os olhos por um momento. — Só o AA não vai te ajudar, está precisando superar não somente o alcoolismo, mas também a dependência que tem por Toni. 

— Sinto como se tivesse que começar do zero novamente...

Lamentei.

— E terá, mas isso não é ruim, ok? – assenti. — Agora, precisamos exercitar a mente, vamos tocar alguma coisa ou escrever. Você gostava tanto de escrever, Cheryl.

— Tudo que quero escrever envolve ela, não quero mais escrever sobre Toni.

Enxuguei minha lágrimas, levantando o rosto e só então, reparando que Nicholas continuava ali, parado, observando toda a cena. Suspirei, deveria agradece-lo por me tirar de lá.

— Obrigada por me ajudar, Nick.

— Não se preocupe, Red.

Deu de ombros.

— Preciso ir pro quarto, tomar um banho. 

Avisei, levantando o corpo. Sabrina tocou em meu braço, impedindo de seguir meu caminho. Virei, ficando frente a frente com minha amiga. Ela não disse nada, apenas me abraçou com força. Retribui na mesma intensidade, sabendo que aquilo significava que estaria comigo apesar de qualquer coisa.

— E, Cheryl. – chamou minha atenção quando caminhei para o quarto, a olhei. — Você colocava suas emoções nas musicas, eu sei disso. Escrever sobre Toni não é ruim, talvez seja até mesmo libertador.

Me aconselhou, piscando ao final. Sorri sem mostrar os dentes, balançando minha cabeça em positivo e voltando a caminhar para o quarto. Ela poderia ter razão, mas não era o momento. Precisava me recuperar desse pequeno porre, algo que pretendo – mais uma vez, nunca mais fazer. 

Quando sai do banheiro, na cabeceira de minha cama estava meu celular, uma xícara de café e remédio ao lado. Sorri comigo mesma, Sabrina adora cuidar de mim, por vezes penso que age como se fosse sua filha. Não vou negar que gosto, ela sabe meus gostos e exatamente do que preciso. 

Sentei na cama, tirei o excesso de água do meu cabelo com a toalha e por fim, peguei a xícara de café. Estava quentinho, parecia que sabia até mesmo quanto tempo duraria meu banho. Com a mão livre, peguei meu aparelho e na hora, minha tela acendeu. Uma mensagem. Toni. Brilhou novamente. Mais uma mensagem. Toni. Era estranho o seu número de contato estar sem nenhum coração ou apelido, mas necessário. Mal me lembrava das palavras que havia a enviado, tive que recordar antes de ler a resposta.

“Eu amo você, Cheryl. Também sinto sua falta.”

“E me importo, com tudo, mas principalmente com você.”

Meu coração se aqueceu, de felicidade ou ainda mais saudade. Coloquei o celular contra o peito como se quisesse a trazer para perto de mim e sorri, sorri porque eu só precisava disso... Saber que realmente estaria ali por mim. 

Por mais que relesse aquelas mensagens e quisesse escrever inúmeras respostas, não o fiz. Sabrina estava certa – como sempre, ao dizer que tenho uma certa dependência de Toni. Eu preciso aprender a viver sem ela, sei disso, mas não é fácil. Foi minha única a vida toda, a única namorada, a única que me amou e a única que me deixou. É difícil aceitar que não será pra sempre assim, que em algum momento pode haver outra pessoa para mim ou para ela. Tenho que entender que não somos propriedades uma da outra só porque tivemos uma história, um dia Toni pode sim me esquecer.

Levantei da minha cama, deixando a xícara na cabeceira novamente e caminhando até meu guarda-roupa. Abri as portas centrais, puxando uma gaveta escondida bem embaixo. O meu caderninho estava lá, eu não havia o tocado desde o nosso término. Simplesmente não conseguia mais escrever porque tudo a envolvia, ainda envolve.

O levei até a cama, peguei meu óculos e uma caneta que estava na cabeceira. Com a xícara em uma mão e o caderninho na outra folhei todas minhas musicas escritas, as li e algumas até reli. Quando cheguei na última, meu café estava acabado. Tell Me You Love Me falava sobre entender que o que preciso está em mim, sou eu, mas mesmo assim ainda é difícil.

Soltei um grande suspiro, colocando a xícara de lado e pegando minha caneta. Antes de mudar de pagina risquei as palavras “Observação: A última sobre ela”. Não era a ultima, talvez nunca tivesse uma última musica sobre Toni porque ela está em minha história e minhas melhores composições são sobre minhas experiências. 

Coloquei na próxima folha em branco, escrevendo as seguintes estrofes:

Estou na minha cama e você não está aqui.
E não é culpa de ninguém além dessa bebida e das minhas mãos errantes.
Esqueça o que eu disse, não foi o que eu quis dizer.
E eu não posso retirar o que eu disse, eu não posso desfazer a mala que você deixou. 

Você disse que se importa e que também sente minha falta.
E estou bem ciente que escrevi canções demais sobre você.
E o café acabou no Beachwood Café.
E me mata porque eu sei que não temos mais nada a dizer.

E eu sinto que você não irá mais precisar de mim.

O que eu sou agora? O que eu sou agora?
E se você for alguém que eu quero ter por perto? 
Estou caindo de novo. 
Estou caindo de novo.
Estou caindo.

E se eu ficar triste?
E se eu sumir? 
E se eu for alguém que você não quer falar sobre?

Estou caindo de novo.
Estou caindo de novo.
Estou caindo.

Sabrina tinha razão, é libertador. É como se não precisasse pensar em mais nada, estava tudo ali nas entrelinhas. Tenho certeza que se Toni ler vai entender o que se passa em minha cabeça. Queria dizer que ela pode estar passando pelo mesmo, mas “sinto que não irá mais precisar de mim", simplesmente assim. Pretendo não precisar mais dela ou ter mais recaídas, mais frustações. Tenho que me curar por uma pessoa somente e sou eu. E principalmente aceitar que todas essas minhas dificuldades serão diárias, terei que batalhar contra meus demônios tosos os dias.

Nome da música: Falling.
Compositora: Cheryl Blossom.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro