Beber para esquecer
Cheryl Blossom – Point Of View
Em um táxi observava pela janela o quão linda é a cidade de Boston a noite. Não havia como ser mais grata ao meu amigo por fazer de tudo para que fôssemos logo embora, mas sentia que ele acabou por ajudar por a si mesmo também. Nicholas nem me perguntou o porque do desespero de voltar, apenas veio junto de mim. Acredito que sua família não o deixe a vontade, os mimos vão todos para Barbara, agora entendo o porque de querer apresentar uma namorada perfeita. Ninguém naquela casa parece confiar no garoto, enquanto a mais velha é um sonho aos olhos dos seus pais.
Queria tentar ajudar Nicholas, conversar e quem sabe nos curarmos juntos desse final de semana, mas não posso lhe falar nada sobre Toni. A maneira que ele é apegado a irmã, não me deixa escolhas a não ser guardar esse segredo para sempre. Não quero mais me meter na vida de Toni, acabou de vez e preciso seguir minha vida sem pensar que esse amor ainda existe. Não existe mais... Certo?! Maldita dúvida, malditos sentimentos que nunca somem. Era como se fosse surtar a qualquer momento inclusive agora dentro do táxi.
As duas doses de vodka não foram suficientes, tive que tomar um remédio para dormir durante o vôo pois estava inquieta. Precisava beber, qualquer coisa e a única bebida alcoólica que carregava era meu perfume. Eu não faria isso. Beber meu próprio perfume apenas para saciar minha vontade? Não. Nunca.
— Ei.
Chamei a atenção do Nicholas assim que paramos em um semáforo.
— Vou ficar por aqui.
Anunciei, pegando minha bolsa. Eu só preciso de dinheiro, ficar sozinha e um pouco de álcool. Só um pouco para esquecer esse final de semana fodido. Desculpe a palavra, mas sinceramente palavrões são os únicos que conseguem decifrar minha situação.
— O que? Red, onde vai?
Meu amigo franziu a testa.
— Só preciso andar um pouco. – dei de ombros. — Pode deixar minhas coisas no meu apartamento?
Perguntei, olhando pela janela conseguia identificar que estávamos no centro de Boston, só precisava caminhar para achar o lugar que me acolheria.
— Tudo bem, Red.
Deu de ombros.
Amava o quanto Nicholas me deixa livre, sem preocupações ou perguntas que todos fazem. Ele simplesmente parece me entender?! É como se soubesse que tudo sempre ficaria bem no final.
— Boa noite.
Desejei, saindo do carro.
Uma buzina soou atrás de nós me fazendo ter movimentos rápidos, o semáforo havia ficado verde. Assim que pisei com segurança na calçada, vasculhei minha bolsa a procura de um cigarro. Enquanto não tivesse álcool, pelo menos teria a nicotina para aliviar essa vontade insaciável.
Caminhei pelas ruas tragando, conhecia por onde estava andando e sabia que a algumas quadras havia um bar. Provavelmente o único aberto a essa hora. Já é noite e de um domingo, o movimento na cidade é quase morto. Todos estão se preparando para a faculdade, amanhã é segunda-feira e as aulas continuam. Também tenho, mas não me importaria de faltar, faltam poucos meses para me formar e sinceramente? Sou muito boa aluna. Depois que comecei a compor, tudo mudou no meu ramo universitário. Posso até dizer que sou uma queridinha dos professores. Já não vejo a hora conseguir construir a escola que tanto sonhei, poder ensinar música as pessoas como meu pai fez comigo. De certa forma, é como se lá em cima ele pudesse sentir orgulho de mim... Finalmente.
O sino do bar soou assim que adentrei, uma musica baixa tocava ao fundo, meu cigarro estava acabado e não via a hora de sentir o álcool em minha boca. Me aproximei do balcão, poucas pessoas estavam por ali em mesas, algumas acompanhadas e outras sozinhas igual a mim.
— Olá.
Cumprimentei o barmen.
— Eu quero...
Analisei as bebidas atrás dele. Não que estivesse enjoada de meu whisky, mas hoje precisava de algo a mais. Talvez experimentar algo novo que me satisfaça ou apenas experimentar, me arrepender e voltar ao meu velho amigo.
— Gin. – decidi, era a garrafa mais cheia. — Coloca limão, por favor.
O barmen não era muito simpático ou também não estava em um bom dia. Quando tomei o primeiro gole de minha bebida senti uma grande diferença, estar acostumada com whisky me dava sensações melhores ao provar outras bebidas. É como se o que tenho costume de tomar já não fizesse tanto efeito.
Eu tinha razão, em alguns goles do meu gin, já conseguia perceber que não estava com minha consciência totalmente sã. Tudo que pensava era no que passei com Toni, o que aconteceu no final de semana e no quanto queria ouvir um "fica" sair de seus lábios. Ela poderia correr atrás de mim, segurar meu braço e me beijar na frente de todos os familiares de sua namorada.
Ri comigo mesma arrancando o olhar confuso do barmen mau humorado. Desviei o olhar para meu copo quase vazio novamente. A quem estou querendo enganar? Eu ainda tenho muitos sentimentos por minha ex e odeio que tenha me superado tão rápido. Nós devíamos ficar juntas, felizes e... Ok, isso nunca aconteceria. O álcool está realmente fazendo efeito porque estou delirando. Toni ainda luta e mora em Los Angeles ou seria New York? Diabos, ela mora junto com Barbara? Isso significa que fui seu primeiro amor, primeira namorada, mas não fui a primeira a morar junto dela? Ugh! Eu odeio essa modelo, só porque é uma das mais lindas do mundo acha que pode tirar Toni de mim? É claro que pode, até porque é o Fred Mercury da moda que minha ex quer.
— Mais um!
Pedi ao barmen, batendo meu copo no balcão. O mesmo estava de má vontade comigo. Será que eu sou a primeira a passar dos limites nesse bar e ele está ficando bravo? Não, eu não estou passando dos limites, está tudo sobre controle. Daqui a algumas horas estarei em meu apartamento, dormindo e recuperada para mais um dia exaustivo na faculdade. Será que aquela maldita ainda pensa em fazer faculdade? Provavelmente não, ela ama a profissão que a machuca e sua namorada perfeita apoia.
Uhm...
Eu era uma boa namorada?
Quer dizer, tirando o fato de que eu julguei que seus sonhos eram uma bobagem, que lutar era com certeza a pior decisão que poderia tomar e que fiz a mesma escolher entre mim e a profissão.
Não. Eu não era.
Virei meu copo, era horrível admitir.
Como Toni consegue guardar coisas boas sobre nós? Conversar comigo como se não tivesse sido a maior idiota do mundo?! Nossa, eu a expulsei de Thistlehouse, mas eu não estava totalmente errada, estava?
Odeio o quanto o álcool me faz refletir e esquecer porque daqui a cinco minutos estarei sem consciência nenhuma. É bom, esse final de semana precisa ser esquecido, Toni precisa ser esquecida.
Está na hora de focar em alguém, alguém que me mereça e tenha os mesmos objetivos que eu. Alguém legal, que me ajude e cuide de mim. Que esteja sempre por perto e me apoie em minhas decisões.
Levantei meu olhar, o barmen estava me observando e eu sentia isso. E se esse tatuado mau humorado for minha alma gêmea? Sério, e se nós tivermos os mesmos gostos e sonhos?! Deitei minha cabeça, o analisando enquanto espreitava o olhar. Uma risada escapou por meus lábios enquanto negava.
Impossível, eu sou lésbica.
É, teria que esperar mais um pouco para achar a pessoa que me fará esquecer a minha ex. Quem sabe horas, dias, semanas, meses ou anos. Talvez não seja para mim, sabe? Me apaixonar e realmente dar certo. Já faz quase quatro anos, deveria ter superado.
O tempo naquele bar começou a passar mais rápido, a bebida em meu sangue fez com que mal entendesse o que estava acontecendo. Inclusive, se não fosse o barmen mau humorado me avisando sobre meu celular tocar, não havia o atendido.
— Alô?!
Tentei parecer o mais séria possível, não consegui ler qual nome estava brilhando em minha tela. Se fosse qualquer coisa importante estaria ferrada.
— Cheryl.
Me aliviei ao ouvir a voz de Sabrina.
— Já chegaram? Como é a família do Nick?
Já disse o quanto minha amiga é falante? Deus, eu poderia desmaiar agora mesmo com a maneira que suas palavras não se encaixavam em minha mente. É, eu não havia entendido nada.
— Ahn... Bem e você?
Não consegui me conter dando risada. Ela falou muitas coisas, mas no meio delas deve ter tido um "você está bem?". Pelo menos, espero que tenha tido.
— Ok, sua fala está horrível, não respondeu nenhuma das minhas perguntas e está rindo? Você está bêbada.
— Que bom.
Usei meu tom sério.
Ela deve ter contado algo que aconteceu de bom no seu dia, mas seu tom não era dos mais amigaveis então, concentrei minha mente para prestar atenção em suas palavras.
— Cheryl, onde você está?
Bingo, entendi o que ela falou.
— Estou bebendo.
Falei bebendo ou escrevendo? Droga!
— Merda, Cheryl. Eu sei que está bebendo, você está no seu apartamento?
A voz alta de Sabrina fez minha cabeça doer.
— Estou... Indo dormir.
— E essa música no fundo?
Por que essa mulher é tão detalhista? Eu a odeio. Me deixe sozinha, bebendo e esquecendo de minha ex. Por favor.
— Estou indo atrás de você.
— Quero ficar sozinha.
Murmurei, apoiando meus braços no balcão e deitando minha cabeça. A fase melancólica havia chegado, me sentia triste por não ter ninguém e Toni ter a Barbara perfeitinha.
— Me ajude, Cheryl. Preciso saber: Onde você está?
— Eu não sei onde estou.
Fui sincera, não me lembro mais como cheguei até ali. Quer dizer, eu caminhei até achar um bar no centro e comecei a beber, discutir comigo mesma e duvidar de minha sexualidade? Levantei o olhar, o barmen até que era bonito, mas ele tem um pênis e barba, a boca não deve ser macia... Não como a das mulheres. E ele tem cara de mau, fora que não está me tratando bem. Ou talvez seja o meu desgosto para todos os homens do planeta que me atrapalhou de achar esse um cara legal.
Droga. Sabrina falou comigo? Não lembro porque acho que apaguei, olhando para aquele mau humorado. Ele namora? A namorada dele trocou ele por um modelo? Será que ele é lutador e sabe que odeio essas bobagens? Eu posso matar quem inventou a luta profissional e a moda.
Cheryl. Acorda. Cheryl. Abre os olhos.
Maldita água gelada!
— Cheryl, fala comigo.
A voz da Sabrina ao fundo me despertou. Meu corpo inteiro estava sendo molhado, eu sentia, mas não conseguia abrir os olhos porque pareciam pesados demais. Tentei mais de uma vez, mas meu corpo não me obedecia.
— Mas que merda!
Minha amiga xingava. Eu ainda estava falando ao telefone? Mas porque diabos meu corpo está molhado?! Estou delirando? Bem que Mary me avisou para nunca tomar remédio e beber.
Se esforça, Cheryl.
— Blossom, acorda!
Não sei se foi o grito de Sabrina ou meu esforço para finalmente sair desse transe horrível, mas algo funcionou. Abri os olhos, Sabrina estava a minha frente, parecia desesperada ao agarrar-me pelos braços. Estávamos no banheiro, a água que molhava meu corpo era do chuveiro e estava muito gelada. Busquei por ar, tentando normalizar todos meus sentidos.
— Graças a Deus, você acordou.
Um pequeno sorriso se abriu nos lábios de Sabrina, ela ainda me agarrava firme para continuar embaixo da água. Juro, se não estivesse tão fraca já havia saído daquele gelo.
— Quase te levei para o hospital, me assustou.
— Onde estou?
Foi tudo que saiu por minha boca, aquele não era meu banheiro.
— Meu apartamento. – deu de ombros. — Encontrei você apagada no bar, se não fosse o barmen...
Ainda estava um pouco bêbada ou aquele mau humorado havia me ajudado de alguma forma? Não entendi muito bem, as palavras de Sabrina eram difíceis de ser ouvidas. É como se estivesse longe, mas tão perto?! Ela está na minha frente, mas não consigo ouvi-la direito. Eu estava mal, disso tenho certeza.
— Você consegue tomar banho sozinha?
Perguntou, foi a única coisa que ouvi. Automaticamente balancei minha cabeça em positivo, mas ela não devia confiar em mim. Levantei meu rosto, a água gelada caiu nele e senti minha cabeça doendo. Nossa, parece que a cada segundo minha situação só piora. As mãos de Sabrina saíram de meu corpo, me surpreendi quando minhas pernas conseguiram me sustentar ficando firmes.
— Já volto, tire a roupa e toma um banho de verdade.
Sabe, eu estava a ouvindo e concordava com tudo, era isso. Qualquer coisa a mais que fizesse provavelmente vomitaria ou desmaiaria. Não sei como vim parar aqui ou como Sabrina me achou, mas estava de roupa embaixo de um chuveiro. E água está um gelo! Será que minha amiga se lembra que estamos em Boston? Tentei mudar a temperatura, mas não conseguia raciocinar. Ao menos, minha roupa consegui retirar. O corpo mole, cabeça doendo, muita tontura e fraqueza. Eu estava de porre. Parece que consegui o que queria, esquecer esse maldito final de semana, mas estava fora de mim.
— Cheryl.
Ouvi a voz de Sabrina, os vidros do banheiro estavam fechados, era bem melhor assim já que eu estava nua. Alias, nem tenho ideia a quanto tempo estou embaixo do chuveiro.
— Está viva?
— Estou.
Respondi, tentei falar alto, mas minha voz quase não saia. Nunca mais quero estar nessa situação, me sinto completamente impotente e como uma criança que precisa de ajuda para tudo.
— Vou deixar roupa e toalha aqui. – assenti, mas ela não me via. — Estou preparando um café.
Informou antes de sair do banheiro, ouvi a porta bater. Fiquei no máximo mais dois minutos naquela água gelada, eu era inteligente o suficiente para saber que isso é para meu bem.
Quando sai do chuveiro, encontrei pijamas para vestir, talvez fosse as únicas roupas de Sabrina que me sirva. Me vesti tão lentamente que provavelmente demorei mais de dez minutos. Eu estava muito mal, só queria uma cama e dormir, mais nada. Bom, minha amiga não pensava o mesmo. Havia uma bandeja em cima de sua cama com café, suco, sanduíche e remédio.
— Como está se sentindo?
Sabrina estava sentada a ponta da cama e me analisava, a mesma parece empenhada em me fazer melhorar. Não me lembro de alguma vez estar tão dependente, as outras sempre apagava e acordava mais recuperada. Dessa vez apaguei só que em um lugar publico.
— Não sei.
Confessei. Na verdade sei, estou péssima.
— Tenta comer ou tomar alguma coisa.
Ofereceu, apontando para a bandeja. Juro que pela Sabrina até dei uma mordida no sanduíche, mas se eu desse mais uma mordida iria vomitar tudo. Sentada ao seu lado bebi o café e tomei um dos comprimidos que haviam ali. O remédio para dormir, aquilo não me fez bem. Nota mental: Nunca mais tomar remédio e beber.
— Você não parece bem.
Sabrina comentou. A bandeja não estava mais entre nós, estávamos em um silêncio confortável. Quer dizer, eu ainda não estava entendendo direito o que acontecia comigo. Só queria fechar meus olhos.
— Juro pra você, nem estou aqui.
— Eu sei, você está em um mundo onde só existe uma tal de Toni? – franziu a testa, estalei os olhos. — Ou TeeTee? Bem, enquanto estávamos vindo para meu apartamento era o único nome que saia por sua boca.
— Droga. – resmunguei. — Não pode contar isso ao Nick.
— Por que?
Ela parecia confusa.
— Uhn, a história é longa e não tenho forças para contar agora.
Sabrina balançou a cabeça positivamente, assimilando minhas palavras. Não me contive e deitei minha em suas pernas, esticando meu corpo na cama. Estava exausta. A loira tocou meus cabelos os acariciando e eu suspirei.
— Como me achou?
— O barmen viu que você desmaiou e falou comigo pelo celular.
Não acredito, aquele mau humorado me ajudou? Piada.
— Ele era um amor.
Revirei meus olhos. Só com ela. Talvez ele tenha sentido o cheiro de lésbica que odeia homens e me tratou mal. Ou quem sabe eu estava paranoica demais, ele pode ser um cara legal.
Fechei os olhos, um silêncio entre nós novamente. Sabrina nem pensou ao ir atrás de mim para me ajudar, não sei como a agradecer ou se terei forças para isso. Quer dizer, somos amigas, mas Nicholas nem hesitou ao me deixar sozinha no centro sabendo que havia algo errado. Sim, adoro isso nele, mas ao mesmo tempo preciso de alguém para cuidar de mim, é como se sempre tivesse alguém muito confiável por perto como: Mary, Toni e... Sabrina.
Abri os olhos dando de cara com seus castanhos, a loira me analisava continuando com seu carinho em meus cabelos. Sei que Sabrina é hetero, mas não consigo deixa de ver o quanto a mesma é linda, companheira, gentil e muitas outras qualidades que poderia listar. Ela gosta das mesmas coisas que eu, nos damos muito bem e se... Não, você ainda tem sentimentos por sua ex e não pode usa-la. Mas antes de ir – para New York, já estava pensando sobre tentar algo e agora tinha quase certeza. Não quero magoa-la, ainda mais Sabrina que sonha tanto com um grande amor, minha amiga merece algo bom.
— Estou ficando com vergonha.
Quebrou nosso silêncio, rindo bem baixinho.
— Ahn... Desculpa, eu estava pensando.
Dei de ombros.
— Na Toni?
Sugeriu, neguei
— Em você. – respondi a pegando de surpresa. — Você cuidou de mim, foi incrível hoje.
— Isso é o que amigas fazem.
Amigas, é claro.
— Acho que vou dormir.
Murmurei. Sabrina apenas concordou, levantei de seu colo e deitei no travesseiro. Observei a loira acender o abajur e apagar a luz do quarto, em poucos segundos estávamos deitadas juntas em sua cama. Uma de frente para a outra nos encarávamos. Tentei puxar em minha mente alguma brecha que minha amiga já tenha me dado, mas não lembro de nenhuma. Ela é gentil e amorosa com todos, é como se fosse seu jeito natural.
Veronica deveria estar louca ao dizer que Sabrina me olhava de outra forma, não é possível. Eu perceberia, certo? Sou uma boa observadora também. Bem, ao menos quando não estou bebendo ou concentrada nos estudos.
Isso significa: Nunca. Será que recebi sinais e não sei? Droga!
— Já sentiu atração por mulheres?
Perguntei. Claramente não tenho sutileza nenhuma com minhas dúvidas, Sabrina estranhou minha pergunta, rindo alguns segundos depois.
— Você está bêbada.
— O álcool me deixa corajosa.
Falei, era verdade.
— Corajosa?! – franziu a testa. — Pra que precisa coragem?
Mordi o lábio nervosa com minha próxima atitude. Amanhã posso culpar o álcool ou matar Veronica por me iludir de algo que não existe, mas precisava arriscar. Eu quero alguém e a única pessoa que me chama atenção é Sabrina. Ela pode ser minha salvação nessa confusão comigo mesma. Só preciso tentar. Tentar agora!
E assim o fiz. Impulsionei meu rosto para perto do seu e colei nossos lábios. Eram macios e tinham gosto de baunilha. Foi apenas um selar, mas demorado. Ela não recuou ou reclamou, apenas me deixou beija-la. Suspirei quando nos afastamos, um receio de que amanhã nossa amizade poderia acabar e tudo ir por água a baixo.
— Boa noite. – sussurrei a encarando. — E obrigada por hoje.
Me afastei, virando meu corpo de costas para a loira e fechando os olhos com força. Venha sono, por favor. Estava nervosa, isso não era normal, não se tratando de uma mulher. Mas era Sabrina. A mais doce e gentil de Boston, eu não queria magoa-la e sim ser algo de bom em sua vida. Então, a única coisa que me lembro de pensar antes de apagar foi:
Sabrina, não se afaste.
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