Blossom, comigo você está segura
Após passar duas semanas, Toni se sentia completamente derrotada. Imaginou que nesse tempo conseguiria saber tudo de Cheryl, pelo menos coisas comuns, mas a mesma não lhe dava uma brecha. Agora eram companheiras de festa, mas nada mais do que isso. O comportamento da ruiva continuava o mesmo, não demonstrava interesse nenhum em Toni, a não ser para ir nas festas combinadas.
Depois da primeira, na segunda festa Cheryl ganhou a aposta e bolinhos de cereja, Mary nunca viu a ruiva tão feliz ao entrar a casa carregando a cesta cheia. Vieram outras festas, mas cansaram de apostas. Toni e Cheryl começaram até mesmo a dividir as garotas e em um certo dia, uma loira – muito bonita por sinal, propôs um ménage, mas é claro que nenhuma das duas aceitou. Não aconteceram mais beijos entre as duas, isso frustrava a mais baixa, estava pensando em desistir logo da aposta e entregar sua moto. O único avanço que deu foi ter mais tempo perto de Cheryl, porém a mesma sempre arrumava outra companhia para beijar ou transar, nunca ela.
— Pelo menos se não fosse você, não teríamos o jornal.
Jughead comentou depois do desabafo da amiga.
— Esse não era o objetivo.
— Ah, estou tentando ser positivo aqui.
Toni revirou os olhos, jogando seu corpo na cadeira. A sala do jornal agora estava organizada, haviam três computadores e faltava pouco para colocarem em funcionamento. Betty e Jughead eram os escritores e Toni a fotógrafa, uma pequena equipe.
— Quando vai me dar a chave da moto?
— Nem fudendo. – Toni o encarou. — Não posso desistir, sabe o quanto lutei para ter aquela moto?
— Achei que já estava desistindo.
— É, mas não posso. – suspirou. — Vou achar um jeito, vou ter que achar!
Jogou sua cabeça para trás, soltando o ar e fechando seus olhos.
Na sala de aula, a espera do início da primeira matéria, Cheryl também suspirava sozinha. Aquela visita desagradável havia aparecido novamente, a mesma sempre aparecia quando a ruiva estava sozinha com sua vó. Era a segunda visita em um mês, isso nunca acontecia com tanta frequência e seu desgaste a cada aparição aumentava.
— Cheryl, você não vai acreditar.
Levantou o olhar, um Kevin animado estava em seu campo de visão.
— Eu e Fangs vamos fazer uma viagem romântica esse final de semana.
— Nossa, que ótimo!
A ruiva forçou um sorriso em direção ao amigo, a animação dele era muita para perceber que a amiga estava sendo a amarga de sempre. Ele e Veronica já haviam conversado que Cheryl nunca estava feliz por eles, que a ruiva apenas forçava uma felicidade sobre o relacionamentos deles e combinaram de ignorar essas atitudes. Sabiam que era apenas inveja pela ruiva nunca ter tido alguém como eles.
Por outro lado Cheryl só não queria pensar o quanto seus amigos eram felizes e sem problemas, enquanto ela tinha tantos. Será que Fangs consola Kevin quando ele tem algum problema? Fangs o abraça? Promete que tudo vai ficar bem? Mary era essa pessoa na vida de Cheryl, mas não agora. Não quando a mais velha não poderia saber do nome do seu problema então, agora não fingia só na escola, mas em Thistlehouse também. Tinha que demonstrar estar feliz, tudo bem, mesmo querendo desabar.
Levantou seu olhar quando percebeu uma aproximação, Toni adentrava a sala junto de Jughead e viu sua salvação ali. Não considerava a morena uma amiga, mas era um escape. Suas noites eram divertidas, falavam sobre garotas e geralmente se mantinham sóbrias, mas hoje... Hoje Cheryl queria apenas ser ela mesma por uma noite. Quando Toni sentou em sua carteira, prontamente virou seu corpo e a encarou. Elas não se cumprimentavam, o interesse em festas parecia mutuo e apenas isso.
— Tenho uma hoje.
Cheryl simplesmente falou, chamando a atenção da mais baixa.
— Me manda o endereço.
Toni deu de ombros e a ruiva assentiu. Jughead observou a interação e balançou as sobrancelhas em direção a amiga. A morena respirou fundo. Se não for hoje, eu desisto! Estou perdendo muito tempo com essa garota. Pensou olhando para Cheryl que agora tinha seu corpo virado para frente, precisava arrancar algo dela hoje.
Durante as aulas, passou a analisar a ruiva. Postura perfeita, atenção total ao que os professores falavam e cada vez menos interagia com seus amigos sentados ao lado. Josie parecia ter desistido, nunca virava seu corpo para trás. Mas hoje era mais um dia em que se pegou vendo uma Cheryl diferente, o sorriso e os olhares maldosos não estavam ali, e só confirmou quando uma situação no corredor lhe chamou atenção.
— Vai na minha festa hoje, Cheryl?
Reggie se aproximou da ruiva, sorrindo, ele era apaixonado por ela.
— Pelo amor de Deus, você ainda não sabe o que é ser lésbica?
Perguntou irritada, jogando seus materiais no armário. Reggie revirou os olhos, deixando a ruiva sozinha e Toni viu uma oportunidade de se aproximar. Encostando seu corpo no armário perto de Cheryl, a encarou enquanto a mesma continuava a mexer em seu pequeno espaço.
— Então, é na festa dele que vamos?
— Sim. – confirmou sem encarar a morena. — Quero beber hoje.
— Eu posso te levar se quiser.
Toni ofereceu, Cheryl a encarou.
— De moto? – assentiu. — Nem pensar.
— Ah, por favor. Sei que vai adorar se agarrar em mim.
Cheryl revirou os olhos, ela nunca desistiria? Por vezes pensou que a aproximação de Toni só significava uma coisa: Leva-la para cama para poder provar a todos da escola que beijava bem. Mas não se importava, alguém sempre teve um motivo para manter uma aproximação dela e o de Toni parecia ser esse.
— E se quiser pode dormir na minha casa.
A mais baixa voltou a falar.
— Pra que?
— Porque as pessoas fazem isso?! Amanhã tem aula, lembro bem que da última vez você quase não veio, imagina se beber.
Cheryl a analisou. Aquilo era uma preocupação de Toni com ela? Quer dizer, Veronica e Kevin não se importavam com nada disso. Se Cheryl estivesse dormindo em casa ou na rua, para eles tanto faz. Agora Toni parecia querer ter certeza de que a ruiva chegaria bem.
— Ok. – rendeu-se. — Mas se me derrubar daquela moto...
— Blossom, comigo você está segura.
Afirmou, piscando. Cheryl balançou a cabeça em positivo. Segura. Isso era algo que sinceramente ninguém a fazia se sentir, não alguém da sua idade. Ela é uma adolescente e sabe o quanto são irresponsáveis. Poderia até confiar em Toni essa noite, mas sempre com um pé atrás.
_____
Sentada em sua enorme cama, Cheryl tinha uma caixa a sua frente onde haviam grandes lembranças. A maioria junto de seu pai, fotos e pequenos presentes como pulseiras e brincos. A ruiva nem os usava, não sabe o que faria se algum dia os perdesse. Uma foto de quando era bem novinha, no colo de seu pai e no seu primeiro dia em casa, o sorriso de Clifford era grande. Cheryl sorriu junto da foto, virando-a e vendo o “minha garotinha” com a caligrafia do seu pai. Ela era sua garotinha, todos na casa sabiam, ninguém a mimava mais do que seu pai.
Uma lágrima solitária rolou por sua bochecha, não teve tempo de se assumir para seu pai, o mesmo faleceu quando tinha quinze anos e se assumiu com dezesseis. No fundo, sabia que Clifford lhe aceitaria de braços abertos, bem ao contrário de sua mãe.
— Sente falta dele, não é?
Mary apareceu em seu quarto, limpou sua lágrima antes de encara-la e forçou um sorriso em direção a mais velha. Balançou sua cabeça em positivo enquanto guardava tudo de volta a caixa.
— Querida, é por isso que anda triste?
Sentou-se a ponta da cama, Cheryl a encarou.
— Se ele estivesse aqui tudo seria diferente, Mary.
Murmurou, sentindo as lágrimas virem com mais força.
— Cheryl, já conversamos.
Aproximou-se da garota, a trazendo para seus braços. Cheryl se permitiu chorar no colo de Mary, a única que algum dia conheceu a ruiva de verdade. A menina sentia seu coração doer pela falta do homem, ele era tão bom para ela, lhe ensinará tanta coisa.
— Ela não conhece você, Cheryl e nunca fez questão, por isso é desse jeito. Você não tem culpa. Seu pai sim sabia o quanto incrível você é.
— É, eu sei.
Cheryl se recompôs, elevando seu corpo e limpando as lágrimas. Mary a olhava, em analise. Semicerrou os olhos em direção a ruiva que prontamente desviou o olhar e pegou a caixa em mãos para guarda-la, a mais nova percebeu a desconfiança.
— Cher...
— Será que Jimmy pode vir hoje? Vou sair.
Interrompeu a mais velha, não saberia mentir em sua cara.
— A garota dos bolinhos novamente? – assentiu. — Estão namorando?
— Não! – respondeu rápido. — Só vamos a festas juntas, como quando ia com Kevin e Veronica.
— Pelo menos não é com eles.
Mary murmurou, não conseguia gostar dos que se diziam amigos de Cheryl. A ruiva que agora estava em seu closet, procurava por uma roupa adequada. Não poderia usar seus vestidos ou saias, ainda não sabia como havia aceitado ir de moto com Toni, acha o veículo perigoso demais. Mas hoje ela faria o que queria e sem pensar em consequências.
|To inspirada hoje.Dependendo da interação de vocês, posto mais um....|
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