Até o diabo gosta de agrados
Antoniette Topaz
Hoje com certeza não é meu dia. Começando por ontem que acabou mal quando meus planos não eram nem beijar a Blossom, mas aquele biquíni demonstrando boa parte de seu corpo e o batom vermelho nos lábios me chamavam para ela. A filha da puta sabe muito bem como levar alguém pra cama, se não fosse a aposta com certeza tinha feito a mesma gemer até hoje de manhã. Meu auto controle foi incrível porque deixar aquela boca sendo que meu corpo inteiro pedia por mais, era claramente impossível, mas eu consegui.
Nesta manhã, dirigindo para escola minha moto parou no meio do caminho e não voltou a funcionar. Resumindo: Tive que leva-la de volta para casa empurrando e deixa-la na garagem para depois descobrir o problema. Ainda bem que meu pai ainda estava em casa para me levar até a escola, mas infelizmente cheguei atrasada de qualquer maneira.
— Licença.
Falei ofegante ao adentrar a sala de aula. O professor que ainda nem sei o nome e qual matéria por não ter conhecido todos, me encarou assim como todos alunos da sala. Odiava chamar a atenção dessa maneira.
— Desculpa o atraso, posso entrar?
— Sente-se, mas que não se repita.
O mais velho indicou para que eu adentrasse, assenti indo em direção a minha carteira. Quando passei por Cheryl a mesma nem me olhou, não dei bola, parecia concentrada demais em seu caderno, mas o que me intrigou é que os outros alunos me olhavam e cochichavam. Revirei os olhos, eu apenas me atrasei, ninguém faz isso?
— Está famosa ein, Topaz.
Jughead chamou minha atenção, havia um sorriso divertido em seus lábios.
— O que? Por que?
Perguntei, confusa.
— Depois te conto.
Virou seu corpo ao perceber que o professor tinha seu olhar em nós, bufei ajeitando minha postura para prestar atenção em suas palavras. Estava mais irritada que o normal hoje, queria escutar uma musica e me desligar desse lugar chato, mas meus pais me imploraram para andar na linha desta vez.
Eu juro, estou tentando.
Na hora do intervalo, nos reunimos no refeitório. Sentamos em uma mesa juntos, minha cara não estava nada boa e nesse momento nem conseguia pensar em nossa aposta. Estava louca para voltar para casa e consertar minha moto.
O que será que aconteceu com a minha bebê?
— Você está com uma cara...
Jughead comentou fazendo careta.
— Minha moto parou hoje.
Neguei bufando ao lembrar.
— Tem que arrumar ela antes de me entregar, ein.
— Quem disse que vou te entregar?
Franzi a testa.
— Então, não ficou sabendo? Eu nem fui na festa e sei da fama que ganhou. – ele riu, estranhei ainda mais. — Não percebeu que todos estão te olhando e falando?
Corri meu olhar pelo local, reparando que realmente uma boa parte de nossos companheiros de escola nos olhavam ou como diz o Jughead, olhavam para mim. Então, alguém me viu negando a abelha rainha? Abri um leve sorriso, pensando que meus planos deram certo. Voltei a encarar meu amigo, esperando o mesmo continuar sua explicação.
— Você beijou a Cheryl ontem, não é? – assenti. — Pois bem, depois que vocês se beijaram e você foi embora, Cheryl levou Gina para casa dela... Então, alguém começou a espalhar que você beija mal porque a abelha rainha levou outra pra cama.
— O que?
Arregalei os olhos, era como se Jughead tivesse me dado um banho de água fria. Ontem eu dei o melhor beijo da minha vida a ela, eu vi as reações que causei, seu corpo estava quente e o olhar dela... Aquele olhar quase me fez vacilar. Ela me queria, eu sentia isso.
— Mas eu neguei ela, pra ela vir até mim...
— Ah, Toni. Você não conhece a Cheryl. – balançou a cabeça. — Ela não está nem ai se não a quer, tem toda escola a querendo.
Deu de ombros. Bufei, olhando para o pessoal novamente e vi alguns rindo. Aquilo me irritou como nunca. Cheryl é uma mimada mesmo, não me teve e inventou de espalhar essas merdas sobre mim. Ah, mas isso não vai ficar assim, não mesmo. Procurei por sua mesa, estava rindo junto de seus amigos, havia até um ruivo que ainda não tinha reparado que era de seu grupo.
— O que está fazendo?
Jughead perguntou assim que levantei.
— Ela vai ter que aprender que não se mexe comigo.
Falei, caminhando em direção a mesa do centro do refeitório. O quão clichê isso era? Os populares terem que sentar na mesa que todos tem a visão perfeita, é como se suas vidas fossem um reality show.
— Ei, você.
Toquei o ombro de Cheryl, chamando sua atenção e de todos a sua mesa. O riso sessou e a falação no refeitório também, aparentemente os outros alunos tinham os olhares em nós também.
— Desculpe?!
Me encarou franzindo a testa.
— Quem acha que é para espalhar merdas sobre mim pela escola?
Seu corpo girou, ficando de frente para mim. Em um movimento lento e com o olhar pegando fogo, Cheryl levantou ficando de pé. Nossos corpos e rostos ficaram próximos, uma tensão se instalou.
— O que acha que está fazendo?
— O que você acha que está fazendo?
Dei ênfase no “você”.
— Espalhar para todos que beijo mal? Que infantilidade, Blossom.
A ruiva riu, negando.
— Eu não espalhei nada! – retrucou. — Não tenho culpa se não se garante.
— O que?
— Qual é? Me beijou ontem na tentativa que eu fosse correndo atrás de você. – uma risada irônica escapou por entre seus lábios. — Não espalhei que você beija mal, mas achou que foi incrível? Puf. Já beijei melhores.
Rolou os olhos, cruzando seus braços. Aquilo realmente era o fim para mim. É claro que foi incrível e não podia negar isso, só queria demonstrar a todos como sempre que é a melhor. Infelizmente sentia meu ego se afundar cada vez mais, não era para isso estar acontecendo.
— Qual seu problema, garota?
Perguntei, minhas mãos entraram em contato com seu peito a empurrando e a mesma caiu sentada. Ouvi um “wow” em uníssono. Seus olhos se fecharam assim como seus punhos em torno do banco e antes que voltasse sua posição, continuei a falar:
— Eu vi o jeito que tratou a Josie ontem, você é o diabo!
— Você não me conhece, novata.
Sua fala saiu entre dentes, seu corpo levantou em um movimento rápido e na mesma velocidade empurrou meu corpo, com força me fazendo ir ao chão. Senti meus cotovelos e costas doerem. Filha da puta! Levantei, partindo para cima dela.
— Chega!
Uma voz grave soou por todo refeitório, todos olharam em direção ao diretor que tinha Jughead ao seu lado. Meu amigo tinha um sorriso compreensivo nos lábios, mas eu acabará de ficar ainda mais irritada.
Eu iria acabar com essa mimada.
_____
Sentada no sofá da recepção com Jughead ao meu lado, balançava minha perna ainda sentindo meu sangue ferver nas veias. Um pouco distante estava a abelha rainha com sua seguidora ao lado, Veronica trocava alguns olhares com nós, sentia de alguma forma que a morena não era como sua melhor amiga. Estávamos esperando o diretor que queria conversar com nós duas, ele demorava mais que o normal provavelmente iremos perder as últimas aulas.
— Precisava tudo isso?
Meu amigo sussurrou.
— Sabe de uma coisa? – o encarei. — Quero continuar com essa aposta agora mais do que nunca. – falei sabendo que as duas não poderiam nos ouvir. — Eu quero humilha-la, igual ela fez com Josie ontem. Vamos gravar um vídeo, onde falarei da aposta, colocar data e até o que estamos apostando. Só nós vamos tê-lo e quando essa idiota estiver apaixonada por mim, eu vou colocar no telão, enviar para todos na escola... Ela merece ser pisada como faz com todos.
— Porra...
Jughead parecia desacreditado.
— Ela não vai mais querer olhar na sua cara, Toni. Acha mesmo que vai conquista-la em quatro meses?
— Eu vou! – decretei desviando meu olhar para a ruiva. — Hoje vou pensar em tudo, mas amanhã meu plano vai começar a ser colocado em prática.
— O que pretende?
— Cheryl é o diabo, mas até o diabo gosta de agrados
.
Sorri comigo mesma. Uma movimentação nos interrompeu, o diretor apareceu com meu pai e uma mulher ao seu lado. Puta merda, to fodida. Pensei ao ver o olhar duro de meu pai em cima de mim.
— Mary? – a voz de Cheryl soou preocupada. — O que está fazendo aqui? Eu não queria que lhe incomodassem.
Observei a ruiva parecer se desculpar com a mulher, nunca a vi transparecer tanta compaixão por alguém, mas a mulher tudo que fez foi abraçar Cheryl que rapidamente retribuiu.
— Está tudo bem, Cher. Sua Nana estava dormindo, não atrapalhou em nada.
Beijou a cabeça da mais nova, mas não vi mais nada da interação porque um Antônio Topaz muito enfurecido estava a minha frente. Suspirei, abrindo a boca para me explicar, mas o mesmo fez sinal para que ficasse quieta.
— Vamos para casa, você está suspensa por três dias.
— O que?
Minha voz saiu junto com a de Cheryl que também acabará de receber a notícia.
— Eu não admito violência em minha escola, nem verbal e muito menos fisicamente.
O diretor se pronunciou.
— Mas foi ela que começou.
A ruiva entrou em meu campo de visão novamente por meu pai ter parado ao meu lado. Ficamos de frente enquanto a mesma apostava o dedo para mim e o diretor ficava em nosso meio.
— Quem mandou ficar espalhando que beijo mal?
Esbravejei vendo seus punhos se fecharam.
— Não foi a Cheryl.
Olhamos para Veronica que chamou nossa atenção.
— Foi a Gina, eu vi ela se gabando pra uma das suas amigas que a Antoniette beijava mal e que Cheryl com certeza preferia ela.
— Viu?!
A ruiva cruzou os braços, arqueando as sobrancelhas.
— Peça desculpas. – meu pai falou, o encarei negando. — Antoniette.
— Não se preocupe, não quero nada obrigado. – Cheryl voltou a falar. — Só não aparece mais em minha frente e obrigada por me tirar de aulas importantes e treinos com as vixens.
Saiu sem me dar chances de respostas como sempre, a mulher com quem falava me lançou um olhar compreensivo antes de ir atrás da ruiva. Me senti curiosa por um momento para saber porque Cheryl estava tão vulnerável a frente dela. Seria sua mãe? Mas não a expulsou de casa? Precisava dessas respostas para invadir o seu mundo e vencer essa aposta.
Nem tive muito tempo de pensar, meu pai me puxou para fora da escola, eu sabia que ele deveria estar furioso porque prometi tentar ser menos problemática, mas parece que os problemas me procuram. Adentramos o carro, meu pai estava em um silêncio realmente torturante, precisava consertar tudo.
— Pai, eu não quis...
— Claro, você nunca quer, Antoniette. É incrível como os problemas correm atrás de você em qualquer lugar.
Suas mãos se fecharam no volante.
— Eu só queria chamar a atenção dela.
Murmurei, atraindo o olhar do meu pai.
— O que?
— Quero conquista-la. – confessei, não era totalmente mentira. — Nos beijamos e quando achei que tivesse falado que não beijava bem e que tinha ficado com outra, fiquei louca. Acho que gosto dela.
— Você chegou a escola ontem, Toni.
— Mas viu o quanto é linda? Porra, eu daria qualquer coisa pra beijar ela de novo.
Isso também não era totalmente mentira.
— Vai ter que mudar esse palavreado e por que não pediu desculpas?
— Quando eu irrito a Cheryl, ela me da atenção. – dei de ombros. — Mas quero me desculpar, pode me ajudar? Como posso conquistar uma garota?
Ele riu, negando.
— Está mesmo gostando de alguém?
— Sim, pai.
Confirmei lhe passando total verdade.
— Preciso conquista-la.
|A Toni quer acabar mesmo com a Cheryl, parece que ta obssecada pela ruiva. No próximo capitulo a Toni vai saber um pouco mais sobre Cheryl...|
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