Capítulo 83: Chorão
- Bom dia!- Entrei no quarto e a Sofia acordou.
- Shh!- Ordenou.
Assenti. Ela estava a dormir, não era minha intensão acordá-la.
Voltou a deitar-se.
- Como correu a noite?- Sussurrei.
- Mal.- Disse de olhos fechados.- O teu filho acorda de duas em duas horas para comer.
Sorri.
- Deve de ser só uma fase...
Começou a ouvir-se chorar. E a Sofia bufou. Eu ri.
- Ele não pode ter fome!! Dei-lhe de mamar à pouco mais de meia-hora!
- Eu vou lá.- Levantei-me e fui pegar-lhe ao colo.- O matulão do papá!- Tentei abafar-lhe o choro com umas cócegas, mas assim que me aproximei reparei na razão de toda a choradeira.- Sofia, o teu filho tresanda!
- Ah quando é para trabalhar a Sofia já é mãe!- Sentou-se na cama.- Eu não acredito que tu não te importas de matar pessoas, mas és incapaz de mudar a fralda ao teu filho!- Disse tapando-lhe os ouvidos.
Eu fiquei calado, não tinha resposta para lhe dar.
- Anda daí, bebé! Vamos trocar essa fralda!- Deitou-o à sua frente.- Uff! Tinhas aqui um valente presente para o pai!- Sorriu trocando-lhe a fralda.- Mete no lixo, amor, por favor.- Estendeu-me a fralda suja.
- Eu não posso tocar nisso! Vou ganhar um monte de doenças!
- Justin, é o teu filho. Eu não vou fazer tudo sozinha!- Ela tinha razão. Aliás, isto até pode ser divertido e assim.
Pus a fralda do lixo e voltei para o lado dela.
- Prontinho!- Cobriu-o de beijos e fez-lhe umas cócegas.
O Alex esperniava e ria de forma esganiçada.
Ele era um anjinho.
- Quem é o bebé mais bonito, quem é?!- Soprou na sua barriga o que o fez rir.
- Posso?- Um enfermeiro entrou.- A Sofia pode ter alta daqui a duas horas. Até lá pode ir trocar-se e ir à consulta.
- Obrigada.
O enfermeiro saiu e ela foi trocar-se.
- Ei, espera! E se ele começar a chorar?- Perguntei assustado.
- Faz com que pare.
E lá foi.
O Alex encarava-me em cima da cama.
- Então... gostas de jogar consola?
Esperei uma resposta e depois liguei-me:
- Tu ainda não falas... Queres que o pai te ensine quando chegar-mos a casa?- Ia ser tão fixe ensinar o meu filho a jogar consola!
Ele olhava-me com cara de nada.
- Eu+tu=consola. Percebes-me?- Perguntei silaba a sílaba.
Ele começou a fazer cara de choro. Oh não!!
Os seus berros invadiram os meus ouvidos.
- Ok, ok... sem consola. Sem consola, mas cala-te lá!- Disse nervoso pondo-lhe a chucha.
Esta pestinha cuspia e atirava a chucha pra longe.
- Sofia, o Alex está a chorar!!- Olhei pra dentro da fralda.- E para além de ter os bons atributos do pai ainda está limpinho!!- Referi-me aos "presentes" que ele destribuia... e ao meu tamanho.- Ok... Cucu!- Tapei os olhos e destapei.
O que é que eu fiz da minha vida, mundo?!
- E cucu!- Repeti. Embora algo estúpido, ele calou-se.- Ah...- Suspirei aliviado.
No segundo seguinte já estava a chorar ainda mais que antes.
- Ok, a mãe está ocupada, então vais obedecer ao pai! E quero que pares de chorar!!- Talvez com disciplina funcioná-se.
Os seus berros do choro tornaram-se tão intensos que podia jurar que ouvi um vidro estalar.
- Tudo bem, o pai não volta a gritar contigo.- Procurei o seu boneco.- Olha o Sr. Orelhas. Queres dizer olá ao Sr. Orelhas?! Queres?
Ele berrava incansavelmente.
- Eu também o achava um bocado suspeito. E se fôr o Homem-Aranha?
Atirou-me a chucha.
- Estás de castigo por essa, menino!
- Que é que se passa aqui?!
- Estava a ver que nunca! Ele não pára de chorar!- Disse aflito.
Sentou-se em cima da cama, desceu um pouco mais o decote da camisola comprida e deu-lhe de mamar.
O bebé acalmou-se logo.
- O quê?! Esse safadão só queria mamar?! Então?! De cada vez que eu choro, não me dás de mamar!- Aqueles peitões na minha boca só lhe iam fazer bem.
- Eu vou ignorar que disseste isso!- Voltou-se para o Alex. E deu-lhe mama.
Como eu fui infantil. Aquilo saiu mesmo da minha boca?
- Desculpa, amor.
Não obtive resposta.
- Não me dês tratamento de silêncio. O nosso filho acabou de nascer.
- Lembrasseste antes!- Cuspiu.
- Não, por favor. Perdoa-me. Eu não sei onde estava com a cabeça. Eu vou ajudar e não complicar, juro.- Sentei-me ao seu lado e observei o Alexander. Ele tinha muitos dos meus traços.
- Anda temos de ir à consulta.- Deitou o Alex no carrinho e compôs-se.
- Não fiques fria comigo.
- O que me disseste foi muito idiota, Justin.- Disse sem me encarar vestindo umas sabrinas.
- Eu sei, desculpa, mas é que não dormi de noite. É estranho pensar que não te tenho ao meu lado, eu gosto daquele teu apeto.- Abracei-os.
- Tudo bem.- Vai ser um pouco difícil esta nova vida.
- Nós vamos conseguir.- Beijei-a.
*
-... A Sofia vai desligar de tudo o que lhe disserem.- Advertiu a medica.
- Como assim?
- Nesta fase as avós pensam que sabem mais, e o que é melhor para o bebé... Desligue. Vão começar a dar dicas e conselhos, que passaram a ordens, como se a mãe fosse uma criança. Não as oiça, elas fizeram o que acharam melhor, agora é a sua vez. É o vosso filho, não os oiçam. Eu digo isto porque se a Sofia se enervar, vai perder o leite e a amamentação materna é muito importante para o bebé até aos 6 meses, pelo menos.
Ok, gravado.
- Tudo bem.
- Outro ponto a ter em conta é o que come. Não sei se fuma ou se bebe, também não é do meu interesse. Fumar está fora de questão, não se esqueça que está a amamentar. Beber é com o máximo de moderação possível. Uma cerveja por dia, 3 copos de vinho por dia... Nada muito exagerado.
Absorvido.
- Bom... acho que é tudo.- Sorriu simpática.- Se precisarem de algo basta ligarem. Boa sorte.
- Obrigada.- Saímos quando a médica nos acompanhou à porta.
O Alexander portou-se muito bem esteve a dormir grande parte do tempo e depois esteve a brincar com o seu peluche.
A médica até sobre isso advertiu: não o deixem dormir com peluches. Deitado de barriga para cima, sem cobertores, e cuidado com o colchão.
O Justin empurrava o carrinho enquanto eu o levava o Alex ao colo.
- Pronta?- Perguntou.
- Sim.- Sorri e abri a porta.
Estavam aqui jornais e revistas de todo o mundo. As pessoas vieram de todos os lugares para nos parabenizar e desejar felicidades. Haviam cartazes escritos a dizer "Parabéns Princesa".
- Olha para ti. Ainda mal nasceste e já atrais atenções.- Sorri. Pousei-o dentro do carrinho.
- Seu quebra-corações!- Riu o Justin, tapando-o com cuidado.- Meu príncipe.
Entrámos dentro do carro e fomos para casa. Eu precisava de uma boa sesta.
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