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Capítulo 65: Jarra partida

- Os rapazes estão no bowling.- Disse a Keira verificando o telemóvel.

- Os meus pais estão numa reunião no parlamento.- Esclareci.

Estávamos na sala de cinema do palácio.

- Vemos em 3D?- Perguntou a Keira.

- Ieue! Não! Meu Deus, quando o homem entrar nela, eu não preciso de ter uma sensação de realidade, tá?!- Disse sentindo um nó no estômago.

Boa, 24 anos e ainda inocente. O Justin tem feito um péssimo trabalho comigo!

- Então vemos em 3D mesmo!

- Aqui quem manda sou eu!

- Mas quem teve a ideia de ver o filme fui eu!- Bom argumento.

- Ok.- Sentei-me e bebi um pouco da minha Coca-Cola.

O filme começou e o que eu gostava mais é que comentávamos. O porquê de bom?! Porque em cenas um pouco mais desconfortáveis a Keira comentava e dizia qualquer coisa que me fazia rir.

- Ele deu-lhe as pistas todas!- Atirei enquanto o Christian pagava a conta da drogaria.

- Ele até disse que fazia o trabalho nu! Aquela mulher é muito lerda.- Rimos as duas.

O filme era simplesmente... mau.

- Este é daqueles filmes em que saímos da sala de cinema com aquela sensação fantástica de: "Para a próxima escolho eu!"

A Keira riu.

- Este filme esgotou bilheteiras! Foi o filme mais esperado do ano que saiu.- Atirou.

- Sim, porque existem jovens e donas de casa, mal amadas e com uma vida sexual de lamentar e precisam de levar os maridos a ver este filme para dizer como querem ser tratadas. Isso não se aplica a mim.

- Porquê?! Tens cinema em casa! Basta trancares aqui o Justin.

- Keira!! Já te disse para não falares assim das coisas! É embaraçoso!- Disse vermelha de vergonha.

- Queres que te diga o quê? Até Nossa Senhora teve o menino Jesus mais nova que tu!

- Maria teve um filho pela graça de Deus, ninguém lhe tocou!- Atirei óbvio.

- Aham! Acredita nisso! Numa coisa eu estou com o teu namorado: O Vaticano tem muitas explicações a dar às pessoas!- Disse comendo um punhado de pipocas.

Bufei e atirei-me de forma dramática para cima de um dos cadeirões da sala de cinema.

- Tens razão, mas eu tenho medo. E se ele depois se lembra que gosta de outra pessoa?

- Fácil! Dá-lhe pena de morte e pede o pinto como prova!

- Keira!- Ri.- Não fales assim do Justin!

Ficámos um pouco em silêncio a ver uma curta metragem do "Panda do Kung Fu" e rimos.

- Vais pedir ao Justin para vir ao banquete da semana que vem?

- Mas nem há duvidas!- Disse soltando o ar dos meus pulmões.- Eu quero passar a noite toda a dançar com o meu namorado e não com um bando de velhos gordos e baixos que me olham como se fosse comida.

- Vais ter de o preparar, sabes disso certo?

- Sim.- Disse certa de mim mesma.

- Não o vais castigar, pois não? Sê suave com ele, não tens de ser tão firme como a tua professora de boas maneiras.

- A minha avó.- Sorri.- Ela era má, mas eu adorava-a na mesma.

- Só aquela mulher sabia conjugar coroas com penteados. Eu tenho inveja dela, que Deus a tenha.- Confessou a Keira.

- Sim...- Pus-me a pensar nela, eu sentia falta da minha avó.

Eu pensava que quando tivesse de tomar alguma decisão na minha vida ela me ajudasse, mas... ela não pode. Agora já não.

- Princesa, o menino Justin e o menino Christian já chegaram.- Uma das empregadas veio bater à porta.

Eu levantei-me com a queira e fomos ter com eles.

*

- Chris não mexas nisso.- Disse enquanto ele mexia numas jarras floridas e espreitava lá para dentro.

Eu tinha as mãos nos bolsos das jeans. Ele não parava.

- Que é aquilo ali?- Ele pôs-se a observar uma jarra numa das prateleiras com livros.

- Uma jarra com flores Chris. Podes parar?! Estás a envergonhar-me!- Disse o óbvio.

Ele parou e ficou apenas a observar.

- Atchin!

- Saú...- Ia a dizer, mas ouvi algo a partir-se.

- Obrigada.- Disse assoando-se.- Oh não.- Olhou para o chão.- Eu resolvo isto! Eu só preciso de fita cola, super-cola 3, cola de colagem forte, e uma jarra igual, para o caso de tudo dar errado.

A Sofia ia torcer-me o pescoço!! Fui até à porta e lá vinha ela com umas jeans e uma swetter com uns ténis enquanto conversava com a Keira.

Estava linda assim vestida e os seus olhos estavam tão azuis... Foca-te Bieber!

- Não temos tempo! Esconde isso num canto!- Mandei e ele obedeceu, ponto os estilhaços dentro de um jarrão de madeira.

Eu pus uma outra jarra semelhante no sitio que ficou vazio.

- Olá rapazes!- Disseram sorridentes.

- Oi...- Dissemos sem graça. Quer dizer, o Chris. Eu estou tão habituado a disfarçar.

Quem é que eu quero enganar?! Uma vez parti uma escultura esquisita sem queres e ela ia-me espancando ali mesmo.

A Keira já estava toda apegada ao Chris. Que nojo!

O Olhar da Sofia virou intrigado.

- Ham... rapazes?!- O seu tom foi firme.

Acho que molhei as calças.

- S... Sim?!- Perguntou o Chris.

- Há algo de errado, amor? Está tudo bem?- Falinhas mansas... tentar não custa!

- Sim "amor" há algo de errado. Onde é que está a jarra que o Imperador Japonês nos deu como presente pelo meu 15º aniversário?!

Ai, ai...

- Sabes, vais rir-te de certeza Sofia, foi assim...

- Para ti é princesa, princesa Sofia!- Ela estava mesmo furiosa.

- Continuando. O Justin estava a mexer em todas as jarras, ele deve de ter os olhos nas pontas dos dedos, eu bem o avisava: "Justin, não mexas em nada!" mas ele não ouviu e olha... agora é só esperar mais um presente do Japão.- Disse o Chris encolhendo os ombros.

Ah filho da mãe! Porque é que eu tinha de o ensinar tão bem?!

- Ah finalmente! Obrigada Justin!- Veio dar-me um beijo. What?!- Eu nunca gostei daquela jarra, mas a minha mãe não me deixava deitá-la fora.- Suspirou.

Eu beijei-a e aprofundei. Afinal de contas ela estava de bom humor hoje!

Ouvimos uma tosse forçada.

- Olá pai...- Disse a minha pequena envergonhada e agarrando a minha mão, como se fosse um porto seguro.

- Oi Filipe!- Tentei parecer confiante.

- Pois sim... Sofia já convidaste o Justin?

- Eu ia fazer isso antes de me interromperes.- Disse revirando os olhos.

- Claro que sim. Eu fazia o convite o mais rápido possível, algo me diz que vais ter muito trabalho pela frente...- E dito isto saiu.

- Do que é que ele estava a falar?- Perguntei intrigado.

- Vai haver um banquete daqui a uma semana e eu gostava muito que viesses.- Pediu.

- Ham... daqui a uma semana? Já me esquecia que tinha coisas combinadas...

- Justin, por favor. Este jantar é muito importante para mim, quer dizer, para o reino, os meus pais... não importa! O que quero dizer é que era importante para mim que viesses a este banquete comigo.

Eu já tinha ido a alguns, mas eu não gostava muito. Todos me olhavam de lado e de uma forma estranha... Sinto-me um bocado mal-enquadrado.

- Por favor.- Insistiu.

Ela queria mesmo que eu fosse, e já estava a fazer beicinho e tudo. Namorada feliz, homem feliz.

- Ok.- Revirei os olhos.

Ela saltou para os meus braços e eu beijei a sua bochecha.

- Mas há um "se não"...

- Lá vem...

- Não é nada demais. Só... bem... eu tenho de te ajudar... com as regras de boas maneiras e assim...

Eu achei um pouco esquisito e assim. Eu não era nenhum selvagem, mas numa coisa ela tem razão: das primeiras vezes que vim cá jantar, metia-me a cortar o peixe com a faca da carne.

- Tudo bem.

- Boa! Começamos amanhã bem cedo!- Disse feliz.

Eu sorri ao vê-la. O seu sorriso era o mais bonito que eu já vi alguma vez!

Peguei na sua mão e puxei-nos para a porta de saída para o jardim.

- E Chris... estás a dever-me uns 3 milhões de libras. Já fiz a conta na tua moeda, para não levantares desculpas. E uma soma de 1500 euros por falso testemunho ao meu namorado.

- Ele tinha de namorar alguém do poder! Não podia ser a miúda da cafetaria, nem a da loja de ferramentas, tinha de ser princesa! Eu assim vou à falência!- Reclamou o rapaz.


Sim, eu sei que não está grande coisa, mas estou sem inspiração. Até depois!

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