Capitulo 50: Febre
Este mês passou muito depressa. O Justin estava a ser um doce comigo e muito compreensivo.
Ele entendia mais de psicologia que eu, portanto ajuda-me muito.
- Parece que temos de voltar, o prazo acabou.- Disse fechando a mala, a minha já estava à entrada.
- Sim. Eu diverti-me muito aqui contigo.- Sorri sentindo uma tristeza por dentro. A partir de agora ele já não podia ver um filme qualquer comigo, enquanto me mantém debaixo do seu ombro, já não pode usar t-shirts que lhe favoreçam os músculos... Já não podíamos ser nós.
Eu nunca tinha sido verdadeiramente sincera no meu comportamento como fui com ele. Eu espero que não me ache infantil e mimada, mas simpática e querida.
Eu espero que ele tenha noção que tem aqui uma amiga para a vida.
- Vamos?
- Uhum.- Disse.
Entramos no carro e fizemos a nossa viagem até Buckingham.
- Prima!!- A Charlotte saltou-me para o colo. Eu dei-lhe um grande beijo, tinha saudades dela.
- Olá, princesa!- Disse-lhe fazendo umas cócegas.
- Sofia!!- A Keira saltou-me para os braços.- Que tal foi? Eu quero saber como é que foi o teu mês de universitária!! Bebeste muito? Fizes-te muita porcaria?! Finalmente fizeste sexo?!
- Keira... Cala a boca!!!- Disse zangada. Ela não muda.
- Sofia, como estás?- A minha tia veio receber-me.
- Eu estou bem, e a tia?
- Cada vez que te vejo ganho anos de vida!
Eu ri.
- Que exagero!
- Chegaste mesmo a tempo do baile anual!- Disse a Kate chegando com o William.
- Baile anual?!- Perguntei, o nome não me era estranho.
- Sim, aquele baile que nós fazemos e chamamos todas as famílias reais da Europa. Lembraste, vens cá desde pequenina?- Informou o Harry.
Pensei um pouco.
- Ah! Aquele baile, onde vocês me encontraram a comer os doces debaixo da mesa?- Perguntei envergonhada.
- Essa mesmo, gulosa!- Riu o William.
- Eu tinha 5 anos, dêem-me um desconto- Pedi e o Justin sorriu um pouco.
...
Acordei. Eram 7:30H da manhã. Tive de ir vomitar: TPM.
Veltei a deitar-me, mas sentia a cabeça à roda, sentia calor e sentia frio ao mesmo tempo, mal conseguia abrir os olhos.
Dei voltas e mais voltas na cama, mas não conseguia adormecer de novo.
- Sofia, horas de acordar...- Disse com uma voz angelical e sensualmente rouca. Deviam de ser
pouco mais de 9H da manhã.-
- Justin, eu não me sinto... não me sinto muito bem...- Disse escondendo-me mais nos cobertores.
- Como assim? O que é que te dói? O que é que sentes?
- Eu não sei... eu tenho frio e depois calor, sinto-me enjoada...
Ele colocou a mão na minha testa:
- Estás a arder, Sofia!- Disse parecendo surpreso.- Eu venho já.
Uns 10 minutos depois apareceu com a minha tia.
- Eu já chamei um médico, Sofia, vai ficar tudo bem!- Disse pegando na minha mão.
- Eu estou só com febre, não é nada de grave.- Disse suspirando.
- Com licença, senhora, o doutor chegou!- Olga entrou depois de bater.
Vocês não imaginam o ódio que tenho a médicos. É que se eu pudesse dava-lhes pena de morte a todos. Eu não sei porquê, mas não gosto!
- Bom dia!- Disse o um senhor de idade avançada de camisa branca e blaser aos quadrados, com umas calças escuras e uma mala preta de cabedal da mão.
- Bom dia, doutor.- Disseram ambos. O Justin parecia-me tenso.
- Eu preciso de ser deixado sozinho com a paciente, por favor.
- Com certeza.- Disse a minha tia e saiu com o Justin atrás dela, que lhe abriu a porta educadamente.
Ele era um grande cavalheiro, mesmo quando estávamos só nós naquela pequena casa, ele sempre foi muito educado e prestável comigo.
O médico examinou-me e fez apontamentos e fez-me perguntas, e eu respondi com sinceridade, e com cansado e por pouco com arrogância, mas ok...
- Tens de tomar a medicação que eu de vou dar, tudo bem? Até recuperares deves de ficar de cama e uma canja de galinha sempre ajuda.- Disse com um sorriso que eu retribui: Encontrei a porta de saída do inferno!
O médico saiu e eu voltei a proteger-me nos cobertores. A minha tia deve de ter ido entregar a receita para uma empregada, e o Justin entrou e puxou a cadeira da escrivaninha.
- Como é que te sentes?- Ele não estava preocupado, ele estava mesmo assustado.
- Bem, quer dizer... tenho algumas dores e nausias, mas já estive pior...
- Como onde?!- Sorriu.
- A pilotar um avião em chamas a meio de uma invasão ao meu país.
- Boa resposta.- Coçou a parte detrás da nuca.- Eu lamento.
- Tudo bem.
- Eu devia ter mais cuidado contigo, agora estás nessa cama por minha causa.- Ele parecia frustrado.
- Não. Eu já tenho idade para ter cuidado comigo, tu não tens culpa Justin. Tu estás aqui para me proteger fisicamente, não para ser um escudo contra tudo, estava fora do teu alcance.
Ele só travou o maxilar e olhou pela janela.
- Podes sair? Eu gostava de dormir um pouco.
- Com certeza. Eu vou pedir à Natércia para te fazer uma canja.- Beijou-me a testa e saiu.
- Obrigada.- Murmurei.
Adormeci pouco tempo depois.
...
Acordei e olhei para o relógio: eram 3H da tarde, dormi assim tanto?!
O Justin entrou no quarto com um tabuleiro e a minha canja, com uma fatia de bolo com creme de ovo.
A minha barriga roncou e eu corei um pouco:
- Eita!! Tá com fome!- Riu e entregou-me o tabuleiro.
- Obrigada.- Sorri e comecei a comer.- Queres um pouco?
- Não, já almocei. Bom proveito! Eu espero lá fora.
Comi a minha canja muito devagar, porque me doía muito a garganta. Aquele bolo estava uma delícia!!
Depois chamei o Justin e ele levou o meu tabuleiro de volta.
Aproveitei a sua ausência e vesti o robe por cima do pijama e esgueirei-me para a biblioteca. Não encontrei ninguém: sorte.
Comecei a ler o meu livro de psicologia e fui buscar mais dois: um dicionário e outro sobre psicologia também, ao final de uns 15 minutos eu estava deitada no chão de barriga para baixo, rodeada de livros e desenhos doa mesmos enquanto passava as páginas vagarosamente e com uma dor de cabeça do pior.
*
Sofia!!
Isto está sempre a acontecer!! Agora até doente me desaparece!!
Deus, como é que ainda me dizem que sou o melhor, se até perco uma pessoa doente?!
Corri por todo o lado e não a achei.
Eu disse-lhe que era a última oportunidade!! Ela estava tão feita quanto eu a encontrasse...
Abri a enorme e pesada porta da biblioteca e dei com ela a dormir em cima de alguns livros. Estava tão fofinha. Um autentico anjo!
Ela estava encolhida e deitada de lado, com um dos livros a fazer de almofada. Pelo menos desta vez não se meteu numa confusão muito grave...
Peguei-lhe ao colo com cuidado e senti o seu perfume hipnotizante ao qual ainda não consegui atribuir um cheiro em concreto. O seu coque loiro estava praticamente desfeito e ela aconchecou-se no meu colo.
Os seus lábios estavam tao vermelhos e beijaveis... O meu desejo por ela começava a ser insaciável!
Aproximei os meia lábios dos dela, mas... recuei. Ela estava a dormir, não era correto eu fazer isso e aproveitar-me dela. Fiz cara firme, e ouvi um suspiro de conforto. Bom saber que estás a gostar.
Levei-a para o quarto. Ela é mais pesada do que parece, sabiam?!
Tirei-lhe o robe e deitei-a com cuidado, tapando-a confortavelmente.
Fechei a porta de forma silenciosa e esperei do lado de fora. Eu não ia sair daqui nem que o palácio estivesse em chamas. Ela ainda fugia daqui e eu não quero perder estas 2 semanas que me faltam.
Sim, 2 semanas. Fui convocado para uma missão. Claro que quero ação e perigo para variar, mas por outro... não quero deixar a Sofia.
Eu sabia que este dia chegaria, pelo que sei ela também deve de voltar para o Mónaco daqui a um mês e qualquer coisa... depois volta tudo ao normal.
...
Passaram-se perto de umas 3H desde que fiquei cá fora à espera.
Entrei em silêncio e vi se estava tudo bem.
Não estava!
A Sofia suava debaixo soa cobertores enquanto tremia. Dizia coisa sem sentido.
Medi-lhe a febre: 40°C!!
Corri para arranjarem um medico.
Minutos depois o doutor estava de volta ao palácio. Não fez muito, apenas trocou os comprimidos.
As horas seguintes foram insuportáveis para mim! Despedaçavam-me por completo! A febre dela estava extremamente alta, enquanto ela suava e gritava por conta das alucinações.
- Ok, Sofia, todos tentaram o seu método, eu vou tentar o meu!!- Disse pegando-lhe ao colo e pondo-a diretamente dentro da banheira com a água ligada.
Ela gritou um pouco com o contacto da água fria no seu corpo extremamente quente, mas começava a recuperar a consciência.
- Está... Está frio...- Disse tremendo e fechando os olhos.
- Eu sei, mas tem de ser assim apenas por mais uns minutos.- Disse com um joelho no chão ao lado dela.
- Que... que é que aconteceu?- Perguntou já mais consciente.
- A tua febre era muito alta e começaste com alucinações. Como os medicamentos não fizeram efeito, eu tentei o meu método!- Sorri.
- Obrigada!- Encostou a cabeça na parede em sinal de cansaço.
Eu não me esqueci. Ela podia não se lembrar mas eu não esqueci.
Enquanto ela gritava naquela cama, não dizia coisas ao calhas como um bêbedo.
Ela chamava pelos pais e... e por mim. Ela gritava o meu nome com tanto medo, sofrimento e tremenda dor... Não quis tocar no assunto, a final de contas era para fazer a temperatura descer, não subir.
Fui buscar-lhe outro pijama e ela depois trocou-se. Já tinha malhor cara e os seus olhos voltaram a ter uma cor intensa e brilhante.
- Obrigada.- Sentou-se na cama.
- Não tens de quê.- Sorri e saí.
Ela estava melhor, não estava curada. Ainda haviam muitos riscos a ter em conta.
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