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Capítulo 47: Racha

O almoço ia ser muito bom. Bife com ovo estrelado e batatas fritas.

As minhas lágrimas já tinham enxugado e eu estava encolhida no sofá a olhar para a TV, mas sem prestar atenção.

Conseguia ouvir os utensílios da cozinha, onde o Justin fazia o almoço. A minha mente vagueou um pouco... Justin Bieber na cozinha, atualmente sem t-shirt com calor por causa do calor do fogão a beber água fresca deixando algumas gotas descer pelo pescoço até descerem lentamente tocando no seu peitoral musculado e macho.

Linda visão... (suspirando sonhadora).

- Sofia, anda! O almoço está pronto!- Disse vindo até à sala.

- Estou a ir.

Meti a mesa e quando ia buscar os guardanapos sinto um par de mãos um pouco acima dos meus quadris a fazerem-me cócegas. Perdi o controlo em mim e comecei a rir e contorcer-me que nem uma maluca.

- Quem diria que a Sofia sempre tinha cócegas, hã?!- Riu ao meu ouvido.

Eu tentava mandá-lo parar, mas em vão. A minha voz mal saía com as gargalhadas.

- Anda, vamos almoçar.- Parou enquanto ria e deu-me um grande beijo na bochecha.

Eu parei. Tudo o que havia à minha volta parou. Todo o Mundo parou.

Ele... ele tinha-me beijado?! Sim, sim ele tinha!! Então quer dizer que gostava de mim, certo?! Ele amava-me?

Quão profundo é o seu amor?

Quão profundo é o seu amor?

Quão profundo é o seu amor?

É como o oceano?

Que me puxa para perto, de novo

Quão profundo é o seu amor?

Estalo mental para acordar. Isto seria algo que havia de ter resposta depois de um longo telefonema com a Keira, ela estava mais dentro disto que eu.

O almoço estava espetacular. Eu nunca tinha comido batatas fritas com as mãos, por isso ter os dedos cheios de gordura e gema de ovo foi almo muito fixe!

Ajudei-o a lavar a levantar a mesa e a meter a loiça na máquina. Depois fui para o meu quarto e quando estava prestes a fazer o meu telefonema lembro-me que partilhava a casa com um espião: deviam de haver escutas por todo o lado.

Tirei uma engenhoca que o meu pai me deu uma vez, que identificava escutas. Andei por todo o quarto com aquilo, mas nem uma... Estranho, estreou surpreendida, Justin!

Liguei para a Keira. Fiquei ali em cima da dama à espera da chamada, por cima da colcha. Apreciando a claridade amarelada que transparecia dos cortinados. Cheirava a flores campestres e a calma... eu gostava muito. Sem etiqueta, sem exigências em tudo, simplesmente o Justin e eu. Ele não me julgava, eu podia ser eu mesma ao lado dele e ele era tão perfeito e ao mesmo tempo tão distante...

- Como está a minha princesa comum favorita?!

Eu ri.

- Sou a única que conheces!

- Mentira, agora também conheço a Kate!

- Certo, preciso de conselhos!- Disse despachando-a, a Kate nem era princesa!!

- O batom vermelho é o melhor para o teu tom, não abuses na sombra.

- Não é sobre maquilhagem, é sobre... rapazes...

- Finalmente!!! Anos à espera que ela dissesse isto! Deixa-me sentar!

- É melhor porque vai demorar muito...

Estivemos perto de 1:30H ao telemóvel, e ela teve de me garantir pelo menos umas 5 vezes que o beijo significou apenas um carinho grande pela parte do Justin, mas não como amor propriamente dito, talvez como um melhor amigo ou assim.

Não é preciso dizer que fiquei extremamente desapontada!!

Fui até à cozinha e afoguei as minhas mágoas no pote de Nutella, de 5Kg que tínhamos comprado.

Eu estava ficada num pondo qualquer da mesa enquanto mergulhava a colher no pote.

Eu pensava que ele gostava de mim, ok?! Afinal, porque é que não gosta? Eu sou loira de olhos azuis, tenho uma barriga lisa... bem, pelo menos antes de me vingar neste pote de calorias... Gosto de desporto e nem ando a ser muito chata!

Qual é o problema deste tipo?! Quer óculos? Eu compro-lhe os óculos!

- Que é que se passa depressiva?- Veio ter comigo a rir.

AINDA TENS A LATA DE TE RIR DE MIM?!

- Nada...

- Ok.- Voltou a tentar sair.

- Na verdade foi um rapaz.

- Eu nem perguntei, mas ok... Só não chores nem partilhes demais! Eu sou péssimo a tratar de assuntos emocionais!- Garantiu sentando-se à minha frente.

- Eu... eu realmente não sei qual é o problema dele!!! Eu fiz de tudo para o impressionar! Sou loira, de olhos azuis, com um corpo aceitável... acho eu, princesa, faço desporto e tudo! Ele só pode ter uma deficiência visual... e auditiva, porque eu gritei muito...- Disse envergonhada.

- Dica de macho com neurónios: Não vás pelo aspecto físico. Claro que uma loira de olhos azuis é algo que nos atrai mas não é tudo, Sofia.

- Isso quer dizer que eu não tenho mais nada a não ser beleza?

- Não! Não é isso! Não entres em pânico... Isto quer apenas dizer que... se esse tipo não olhou para ti pela tua beleza e algum dia ligar, não o oiças. Ter uma relação apenas por interesse físico não é bom, ele não merece o teu esforço. Tu és bonita, muito bonita aliás, mas também és inteligente, calma, alegre, divertida, chata...

- Ok... acho que deu para entender...- Disse dando mais uma lambidela na minha colher.- Então e se um dia ele me conhecer melhor e vir que eu sou uma boa pessoa.

- Dá-lhe um estalo!

Eu ri.

- Se ele não te viu até agora também não é daqui para a frente. Além disso tem calma, chegámos à uma semana... mal deu para te ambientares ao espaço, se calhar só não deu por ti...

- Não deu por mim?! Sou assim tão invisível?!- Ok, eu estava em pânico. Como é que ele não deu por mim... interiormente?!

- Não!- Emendou.- Não é isso... é muita gente e muita confusão... Porque é que não tentas... agradá-lo, do tipo... vai ter com ele e diz-lhe um "olá" ou assim, ou apresenta-te.

- Faz sentido... mas nós já nos conhecemos...

- Miúdas e a sua complexidade toda...- Disse para si mesmo.- Então dá-lhe o teu número, conversem um bocado... que é que queres que eu te diga o quê?!- Ele já começava a perder um pouco a paciência.

- Eu sei lá! Tu é que dizes que és macho!- Agora eu é que me estava a enervar.

- Avança para o próximo esse não te liga nenhuma, e nunca vai ligar... Existem mais gajos na terra e gajas!

- Eu não sou bi!

- Eu sei lá!- Atirei-lhe a almofada da cadeira e os dois rimos.

- Sofia, tu és bonita, inteligente, astuta...

Abra os meus olhos e

Me diga quem eu sou

Deixe-me saber todos os seus segredos

Sem inibição, sem pecado

- Isso é mais o mesmo...

- Só para acentuar... vais arranjar um tipo à tua pedida. Sei lá um príncipe com tantas medalhas que nem as consiga usar no casaco, que goste de bibliotecas poeirentas e use um aparelho.

- A tua sorte foi que se acabaram as almofadas!- Disse com um sorriso cínico.

- Eu sei, mas agora é a sério. Manda-o levar no cu e avança para outro.

- Ok.

Fez-se um pouco de silencio e aproveitei para pensar, então... o Justin não gostava mesmo de mim? Tudo bem, a rejeição não sabe assim tão mal... Tragam o vodka!!!

- Obrigada Justin.- Disse em sorrir.

- De nada.- Voltou para a sala.

- Não chorou, não parece desfeita... a casa está inteira... Podia ter corrido pior, acho que estou a ficar bom nisto!

Não pode ser vodka de marca branca, tem de ser vodka puro!!! Onde é que está o barman desta casa?!

Estava ver TV com o Justin, muito confortavelmente no seu braço quentinho. Eu nem estava a prestar atenção ao que estava a dar na TV, o importante aqui era ele!

Quando... ouvimos bater à porta. Quem teve a ousadia?!

Fui abrir, o Justin pegou numa arma e destrancou-a com cuidado:

- Alejandro?!

- Ham... Olá, Sofia. Eu queria saber se querias vir comigo a uma racha... agora.

- Agora? Amanhã à aulas...

- Chegávamos cedo.- Disse pondo as mãos dentro dos bolsos.

O Justin afastou-me suavemente e meteu-se no meio como um profissional.

- A Sofia, não vai sair. Muito menos para uma racha!- Disse com um sorriso cínico, com a porta aberta apenas da largura do seu tronco.

- Na verdade, a Sofia vai!- Disse eu. Odiava que tomassem decisões por mim!

- Dá-me um minuto Romeu!- Disse fechando-lhe a porta na cara.- Sofia, tu sabes o que é uma racha?!

- Não, mas parece muito fixe!

- Ok, minha linda, uma racha é uma festa noturna, com corridas ilegais e prostitutas aos molhos. Este tipo quer foder-te no banco de trás de um Renault dos anos 80 e eu não vou deixar!

- Eu não perguntei. Eu volto antes da meia-noite.- Fui para o meu quarto.

- Sofia, tu não vais sair, muito menos à noite, muito menos com um tipo que não conheces!- Disse agarrando-me o braço com força.

- Eu vou!

- Sofia, tu prometeste que me ias dar ouvidos quando te dissesse para ficar quieta, mas tu não estás a dar! Tu podes acabar violada e espancada numa festa desta! Tu não suportas o cheiro a álcool, quanto mais prová-lo!

- Justin, estás a ser exagerado. O Alejandro vai cuidar de mim.

- Nem todos são como eu Sofia, porra!!

Ele estava mesmo a passar-se.

- Tudo bem. Eu vou deitar-me.

Fui para o meu quarto deixando-o ali.

Aquelas palavras estavam a batucar na minha mente: Nem todos são como eu Sofia...

Não importa!

Vesti uns calções curtos, até se ver parte da nádega e um crop top branco. Não fiz maquilhagem. Não queria ser confundida com uma daquelas vadias.

Abri a janela e saí. O carro do Alejandro ainda estava estacionado. Assim que me viu a saltar agilmente pela janela (Só que não, meu, só que não!) Sorriu e abriu-me a porta do carro. Entrei.

- A dar uma de rebelde?- Riu.

- Sim, sim... anda mas é com o carro antes que ele venha atrás de nós.

Ele riu e arrancou, uma meia hora depois chegámos a um quarteirão onde a música rebentava com os ouvidos, rodeados de carros, nada de muito sofisticado, mas mudados ao gosto de cada um como naquelas oficinas americanas. Viam-se rapazes a beijar e apertar várias raparigas ao mesmo tempo e uma grande vontade de vomitar atingiu-me. Eu sentia-me num filme pornográfico autentico... pensando bem, acho que não devia ter trazido uns calções tão curtos.

- Vamos beber qualquer coisa?

- Porque não?!- Sorri.

Nunca demonstrar medo pessoal. Isto é como os cães: nunca demonstrem medo...

Ele pediu qualquer coisa ao rapaz das bebidas e deu-me um dos copos pequenos.

Ele levou aquilo à boca e eu aproveitei a distração e atirei o meu para trás das costas pousando-o com força no balcão como se o sabor fosse insuportável.

- Isto arde!- Inventei.

- Só nas primeiras vezes.- Sorriu.

Deus, este latino é muito fácil de enganar.

*

- Sofia, é a tua vez de tomar banho.- Disse batendo na porta dela.

Ninguém respondeu. Talvez tivesse adormecido. Tentei abrir: trancada!

Isto é estranho.

Abri a porta com a minha chave e só dei de caras com um guarda roupa remexido e uma janela aberta.

Puta merda!

- Sofia, quando eu te encontra...- Disse puto.

Fechei a janela e vesti uma t-shirt preta com umas calças de moletom da mesma cor e uns ténis brancos. Vesti uma swetter preta por cima, mais larga e com capus. Meti as duas armas entaladas nas calças e meti o auricular ligando para o Ryan.

- Bieber, são quase onde da noite...- Resmungou.

- Queixa-te à merda da princesinha que decidiu dar uma de rebelde!

- Como estão a correr as coisas?- Riu.

- Fugiu para uma racha com um tal de Alejandro Gonzaléz.

- Estou a ver... Alejandro Gonzaléz, 21 anos, preso por porte de armas sem documentos, trafico de drogas... tipo um gangster local com péssimo jeito.

- Sofia, eu vou esfolar-te...- Disse entre-dentes.

Depois de mais uns 20 minutos a conduzir, dei de caras com a tal racha. Mas não estava a encontrar a Sofia.

- Ryan, onde é que ela está?

- Sei lá! Procura... eu estou a ver antecedentes criminais, ok?!

Resmunguei e esperei no escuro do carro atento a todos os movimentos. Dei por ela a rir com aquele tal idiota da terra dos bois, não que ele fosse diferente destes mesmos.

Senti o meu maxilar trancar automaticamente assim que a vi a rir com ele. Qual é ideia?!

Foram dançar e tipo... Olá!

Assobiei de forma atiradiça ao ver os seus calções se ainda se podiam chamar isso, aquilo era um mini trapinho. O Bieber gosta!

- Anda ao papá gostosa!- Sorri de forma maliciosa.

Quero que você me respire
Deixe-me ser o seu ar

Deixe-me percorrer seu corpo livremente

Sem inibição, sem medo

- Hã?!

Embaracei-me de imediato.

- Isto aqui está cheio de vadias das boas...- Disfarcei.

*

O Alejandro chamou-me para dança, e não vi razão para negar o pedido (foi mais a ordem). O problema é que... eu gosto do meu espaço estão a ver? E ele divertia-se muito a invadi-lo...

- Ham...- Afastei-o parando de dançar.- Eu gosto de dançar com algum espaço, ok?

- Partilhar é dar e receber, guapa...- Disse ao meu ouvido com um sorriso malicioso e apertando o meu rabo.

- Ei!!- Empurrei-o e ele quase caiu no chão.

Todos pararam e olharam-nos.

- Quem é que pensas que és?!- Perguntei à defesa. Eu sabia que não devia ter trazido os calções da Keira... a esta hora ela deve de andar louca à procura deles!

- Qual é?! Há problema em curtir um bocado?- Levantou-se.

- Eu tenho cara de curte, por acaso?!- O Justin tinha toda a razão. Ele é diferente dos outros. O Alejandro nunca cuidaria de mim, ele era o contrário de proteção.

Ele aproximou-se.

- Que tal a festa Sofia?!- Uma voz muito familiar suou atrás de mim.

Apanhada!

- Anda!- Disse olhando de forma ameaçadora nos olhos do Alejandro.

Assenti, mas o raio do espanhol agarrou o meu braço com força.

- Estás a magoar-me!

- Solta-a imediatamente!- O Justin apontou-lhe uma arma.

Ao Alejandro empurrou-me para trás de si e apontou uma arma para o Justin.

Pensa Sofia, pensa!! Se ele leva mais uma bala por tua culpa eu... eu... corto-te a cabeça!

Observei com atenção e reparei que todos ali imitavam os gestos do Alejandro... ele tinha de ser o chefe.

Ok chefão, mete-te de joelhos e faz uma vénia aqui à rainha!

Dei-lhe uma pancada muito forte no pescoço e aproveitei enquanto se contorcia para lhe tirar a arma.

- Ei tu...

- De joelhos agora!- Disse apontando a arma, agarrando-a de forma firme para ele.

O Justin olhou-me com terror e adversão e baixou a arma, surpreso com a minha atitude. Todas as restantes armas focaram-se em mim.

- Baixem as armas agora ou eu disparo!- Ameacei sem vacilar. Eu não sentia medo. Eu matei mais de metade do Mónaco, bater com as botas de um latino inferior já nem me afectava.

- Estás a fazer bluf!- Disse movendo-se.

Eu recuei e destranquei a arma, fazendo soar aquele som que tantos temiam. As armas baixaram.

- Ok, que é que queres?- Perguntou com medo.

- Que me deixes ir embora e que me deixes em paz!

Ele assentiu para os outros, num gesto que eu pensava que era para baixar as armas, mas afinal para disparar. Eu baixei-me e atirei nele.

Um pequeno rio de sangue saiu da sua perna.

O Justin veio ter comigo e fizemos de escudo um carro que ali estava.

- São muito mais que nós... estamos fodidos disse enquanto nos desviávamos dos tiros. Estás feliz agora?!

- Não é o momento!- Cortei tentando pensar em algo. Reparei numa caixa de fogo de artificio ali num beco à nossa frente.

Toquei-lhe no ombro e ele pensou no mesmo que eu.

- Cobre-me!- Disse.

- Não, Justin! Eu vou!

- Tenta ir buscar tu aquela caixa e vou ser eu a matar-te!- Ameaçou furioso.

- Então seria uma morte bastante doce...- Beijei-lhe a testa e corri até à caixa.

Ele acordou e começou a disparar para os que me tentavam acertar.

Peguei na caixa e atirei num tipo que me tentou alvejar. Voltei para o lado dele.

- Estás bem?- Perguntou. Que papá-galinha!

- Sem um arranhão.

Tiramos o fio do fogo de artificio de dento da caixa, deixando uma ponta na nossa mão e a outra nos explosivos. Empurramos a caixa para longe e depois ele acendeu o fio com o isqueiro. Os tiros mantiveram-se por mais um tempo e então repararam no que se estava a passar e viram que não tinham tempo de arrancar o fio, correndo para longe. Eu fiz o mesmo com o Justin e entrámos no carro.

Ele dirigiu para longe dali o mais rápido possível e depois de uns 3 minutos ouvimos uma grande explosão.

- Merda Sofia!! Aconteceu outra vez! Porque é que tu nunca me ouves! Nós íamos acabando baleados, ensanguentados, grelhados, fodidos... e mais umas merdas assim!- Ele socava o volante com força, mas eu ria um pouco.

- Óh! Tu achas graça?! Se acabar com um tiro nos cornos é divertido para ti, devo dizer-te que para mim não! Eu avisei-te o que é que isto era, o que é que ele ia fazer contigo, só faltou dizer-te que ele não ia usar preservativo e lubrificante, mas não! O Justin nunca tem razão! O Justin nunca sabe o que diz! Tu percebes a gravidade da situação?! TU PODIA MORRER SOFIA!!- Gritou mais ainda no final, olhando ora para mim, ora para a estrada.

Depois encostou e respirou fundo. batendo pé e socando o volante, tentando acalmar-se.

A culpa era toda minha. Eu continuo a po-lo em perigo. Eu continuo a pôr todos em perigo apenas pelos meus caprichos e continuava a ser irresponsável.

- Desculpa. Eu sei que isso não vai concertar as coisas, mas... eu peço perdão.- Encostei a cabeça no assunto.

- Tens razão, não vai. Vamos para casa do Ryan e amanhã eu apresento a minha demissão.- Disse com uma cara de pedra, voltando a ligar o carro.

Não... Isso não!

- Eu prefiro que me metas de castigo, me prendas... qualquer coisa, mas despedir-te não, por favor.

- É tarde demais, Sofia.- Disse sem me olhar.- Amanhã voltas para Buckingham.

Eu merecia. Deram-me liberdade e eu não sobe aproveitá-la.

- Justin, eu estive 3 meses sem ti e o raio do substituto era gay e tentou matar-me. Eu... eu só confio em ti.

- Vais ter de aprender a confiar em mais alguém. Eu não sou teu pai, não te posso obrigar a fazer coisas que não queres para teu bem. Posso apenas advertir-te e mesmo assim tu vais e arriscas a tua vida e a minha. O meu trabalho não é esse. É salvar-te em caso de emergência, proteger-te de alguém que te possa fazer mal, não é ir atrás de uma rapariga de 20 anos que se lembrou de ter uma crise adolescente e arriscar a minha vida.

Ele tinha razão. Eu prometi, eu dei a minha palavra e voltei a fazer o mesmo.

- Eu lamento muito, tu tens razão. Eu estou a ser muito infantil e... isto não faz parte do que eu sou. Eu não mereço este mês que te esforças-te para me arranjar. Eu só consigo funcionar rodeada por um monte de pessoas que me dizem o que fazer.- Olhei pela janela.

Tudo tinha desmoronado. Eu, o meu mês de liberdade que se resumiu a uma semana e eu deitei tudo a perder por um rapaz idiota que era apenas um diversão para mim... que me fez perder quem eu realmente anseio que me perceba e repare em mim, eu quero tanto o Justin. O problema não estava em ser normal, estava em mim mesma, na minha personalidade.

Parámos à porta de um prédio e saí-mos. O Justin tocou numa das campainhas e a porta foi aberta, subimos pelo elevador. Eu não tinha mais nada a dizer.

- Boa noite!- O Ryan abriu a porta do seu apartamento.

- Olá!- Disse eu sem muita convicção.

- Como é que estás?- O Justin entrou depois de mim.

- Tudo bem.- Fechou a porta atrás de nós. Era um apartamento muito querido, mas eu tinha mais em que pensar agora.- Têm fome?

- Eu estou bem.- Respondi por mim. Eu não levantava os olhos do chão. Eu sentia-me um lixo.

- Eu também.

- Sofia, podes dormir no quarto de hóspedes, é o ultimo do corredor.

- Obrigada, Ryan. Boa noite.- Disse dirigindo-me para o tal quarto. Mas lembrei-me de algo.- Amanhã levas-me de volta ao palácio?

- O Ryan leva-te. Quando eu sair daqui volto a ser invisível novamente.- Disse da forma mais fria e longínqua possível.

Eu corri até ele e abracei-o, tentando que ele não visse as minhas lágrimas.

- Foi uma honra conhecer-te. E as minhas mais sinceras desculpas. Obrigada por tudo Justin, obrigada por tudo o que fizeste por mim!- Disse abraçando-o com força e sentindo o seu cheiro uma ultima vez.

- Foi uma honra para mim também conhecer-te Princesa Sofia.- Beijou-me a testa e fui para o quarto que me estava destinado.

Estava impecavelmente arrumado, mas eu só me deitei em cima da cama a chorar lágrimas e mais lágrimas.

- Eu amo-te, Justin.- Sussurrei.

*

Assim que a Sofia me abraçou eu senti um calor subir por mim acima. Eu não queria deixá-la, mas eu queria manter-me vivo, ok?!

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

(Quão profundo é o seu amor?)

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Depois a porta fechou-se e... foi o fim. A despedida foi feita, não havia volta a dar. Adeus pequena Sofia.

- Mano, estás a chorar?!- Ele não tinha um sorriso de gozo.

- Não... eu só... não olhes para mim, ok?!

Sentei-me no sofá, tentando acabar com as lágrimas que nunca mais paravam.

- Tu não tens de fazer isso. Faltam poucos meses para ela voltar. Ela... ela nunca teve uma adolescência como tu ou eu. Ela nunca errou para aprender. As pessoas que a rodeavam diziam sempre o que fazer... ela está farta disso, ela queria este mês para ser uma pessoa normal, para... tu veres como ela pode ser igual às outras raparigas. Tu gostas dela Justin e eu podia ser um bom amigo e dizer-te que o que estás a fazer é certo, mas ia mentir-te, porque o que tu sentes por ela, sente ela por ti também.

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

Então me diga o quão profundo o seu amor poderia ser

- Eu fiquei tão puto Ryan! Eu enervei-me tanto! Ela não me ama! Ela hoje teve a falar de mim de rapazes ou o que era... ela gosta de alguém! Eu senti que a qualquer momento lhe podia gritar aos ouvidos e dizer que a amo, e que está a ser muito cega! Eu fiquei furioso quando a merda do espanhol pôs as mãos nela! Mas ela não pode continuar a brincar assim com a minha vida.

- Eu percebo, Justin, mas... dá-lhe só mais uma oportunidade. Ela faz anos para a semana. Sê criativo e faz-lhe algo que nunca ninguém tenha feito antes. Não apresentes a demissão. Só... nenhum de vocês ia sentir-se bem novamente.- Ele fez uma pausa.- A Sofia é uma rapariga normal Justin. Mas enquanto que tu chegas a uma boate e beijas uma miúda e têm logo algo, a Sofia só precisa de um pouco mais de cuidado.

Ele tinha razão. Eu acho que nos 23 anos em que ele pisa a terra nunca disse algo tão certo.

- Amanhã voltamos para o campus.- Decidi.- É a sua ultima oportunidade!

- É assim mesmo, irmão! E agora para festejar essa brilhante ideia... aquele vodka que tu tanto gostas!

Era bom demais ele ser assim durante tanto tempo. A partir de agora Justin Bieber está em jogo!

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