Capitulo 40: Visita
Assim que acordei tomei um duche e voltei para o hospital. O Chris disse que ele já tinha acordado, mas que já tinha gasto o tempo da visita. A mãe dele ainda estava lá dentro.
Não me intrumeti. Eu era sinonimo de trabalho e dor, ali dentro estava a mãe dele, a pessoa que sempre o protegeu e deu um ombro amigo quando ele precisou.
Passou-se uma hora.
- Sofia, o Justin quer vê-la.- Disse saindo.
Eu congelei, mas consegui entrar.
Ele estava naquela cama de hospital de lençóis brancos pouco suaves com um esforço sobre-humano para me dar um sorriso.
- Sofia...- Suspirou ao ver-me.
Eu não o conseguia olhar. Eu só sentia vergonha.
- Desculpa! Desculpa por tudo, eu não te queria ver neste estado. Eu não gosto de te ver sofrer. Dói-me muito ver-te nessa cama de hospital, sabendo que é por minha culpa que aí estás. Eu queria ter-te salvo, mas não consegui. Perdoa-me Justin!
Comecei a chorar mas limpei as lágrimas. Agora era tarde para chorar o leite derramado!
- Sofia, não sejas assim contigo. Eu protegi-te porque quis. Tu não tens a culpa!- Disse olhando-me com pena.
Fez sinal para me aproximar e eu obedeci.
Sorriu para mim, isso soube bem. Soube bem saber que não estava zangado comigo.
- Eu vou ter de ficar de baixa uns 2 meses...
- 3 meses!!- Corrigi. Ele odiava ficar parado, ele adorava ação, mas ele tinha de parar por um tempo, até recuperar forças.
- São 30 dias de diferença, não é por isso que me transformo no super-homem!
Eu sorri.
- Eu vou recuperar e vou voltar.- Ele pegou no seu fio com a cruz. O mesmo que abriu a sua caixa à um tempo atrás. Continuava com as chapinhas de reconhecimento militar.
Meteu o fio ao meu pescoço.
- Quero que fiques com ele!- Disse com uma voz doce olhando fixamente nos meus olhos azuis.
- Não, é teu, eu...
- Eu vou ter de voltar para mo devolveres.
Sorri novamente ao pensar nisso.
- Eu vou tomar muito bem conta dele!- Garanti agarrando a cruz firmemente na minha mão.
- Eu sei que sim.- Sorriu.- E agora tira essa cara triste, ou vais para o destacamento masculino...
- E lá os banhos são coletivos!- Completei e os dois rimos.- Vocês são gays?!- Perguntei.
Ele riu, mas parou de imediato contorcendo-se de dor, parando por um momento e recuperando a respiração de olhos fechados.
- Desculpa Justin! Queres que vá chamar um médico?! Eu vou...- Ia a sair a porta.
- Não... Não, eu estou bem!- Disse agarrando-me a mao com força.- Eu estou bem.- Disse mais calmo.
- Tens a certeza? Eu não me importo...
Ele sorriu:
- Eu estou bem Sofia.
- Sofia os teus pais ligaram a dizer para ires fazer as malas.- O Chris entrou.
- Eu vou já!- Disse-lhe e ele voltou a sair.
- Porta-te bem, Sofia; eu vou voltar!
- Eu prometo que não faço asneira até lá!- Sorri com uma grande vontade de chorar.- E se eu souber que te armas em teimoso com a tua recuperação, mando-te para o destacamento feminino!- Ameacei.
- Eu acho que me sinto muito muito muito casmurro em relação à minha melhora...- Disse matreiro.
- Tu és tao idiota!- Ri.
- Então que é isso?! Eu salvei-te!- Retaliou.
- Eu vou visitar-te!- Dei-lhe um beijo na testa e saí.
- Vou ficar à tua espera, anjo da guarda.- Disse depois de Sofia sair ainda olhando a porta.
Isto ia ser um tempo interminável para os dois e Sofia nem sempre seria o mais simpática possível com o substituto de Justin.
...
- Aqui tem princesa: uvas importadas de Itália como pediu.
- Eu disse Itália?! Peço desculpas eu queria dizer França.- Disse tentando não rir.
- Sim princesa!- Disse o agente frustrado e irritado.
- Sofia, não sejas assim com o Robert!- Exigiu a tia.
- Mas eu estou a apanhar uma seca sem o Justin. Este aqui mal fala comigo!- Disse fazendo beicinho.- Posso ir visitar o Justin?
Eu já nem me lembrava do nome do agente.
- Podes.
Iupi!!!
- Mas levas o Robert!
Oh!! Então???
- Não achas que ele se pode sentir um pouco disconfortavel com outra pessoa que nunca viu? É a casa dele, é o seu espaço...
- Tudo bem... mas vais a direito e voltas a direito!- Disse firme.
- Que fiche!!- Eu abracei-a com força- Quer dizer... muito obrigada... senhora!- Ela era rainha e tal. Passei a minha mão pelo seu ombro para endireitar o blazer azul escuro.
Ela riu atrapalhada.
- Vá! Vai lá antes que mude de ideias!- Disse a rir.
- Sim senhora!!- Corri o mais depressa que pude para o meu quarto, pegando num casaco, nos óculos de Sol e numa mala.
Eu estava num estilo casual e a mala creme era suficiente para levar uma ou duas sobremesas da Natércia, o Justin adorava os seus doces.
- Natércia, tem musse de chocolate?- Perguntei com a cabeça dentro do frigorífico.
- Estou a acabar de fazer, menina!- Disse com o seu habitual sorriso simpático.
- Ótimo! Eu espero até acabar!- Disse tirando um dos doces de café que ele também gostava muito.
Sentei-me à mesa como uma criança espera pela vez ao colo do Pai Natal.
- Pronto! Agora é só meter no frio e está feito!- Sorriu.
- Isso no frigorífico é mais ou menos quanto tempo? 5 minutos?!- Perguntei ansiosa.
Ela riu.
- Pelo menos 1 hora.
- 1 hora?! Eu não tenho esse tempo! Lamento Natércia, mas eu tenho que ir!- Peguei em 2 tacinhas e cobri-as com a película transparente e meti-as dentro da mala.
- Até logo!- Disse saindo pela cozinha.
Peguei no telemóvel e meti a morada da casa do Justin.
Demorei perto de uma hora e meia a pé, mas ia valer a pena... embora os meus pés não pensem da mesma forma.
Cheguei em frente de uma rua onde as casas eram todas iguais, tinha de andar à procura do numero da porta: Porque é que tinha de ser uma bala?! No podia ser um peluche ou um jato de água, não! Bala!
Numero 4: achei!!
Respirei fundo e bati à porta tentando não parecer estranha. Depois pensei bem e... ele ia achar-me uma perseguidora e depois ia achar-me chata... eu tinha de ir embora! Quando dei um passo atrás a porta abriu-se.
- Sofia?- Tinha um sorriso bonito na cara.
Tarde demais!
- Olá Justin!
- Entra!- Eu obedeci.
Era uma casa muito simpática e fofa. Tirei os óculos de sol e cumprimentei-o, com um beijo na cara, tal como ele retribuiu.
- Não ligues à confusão da sala...- Disse enquanto eu o segui-a.
Eu ri.
Tinha uma garrafa de cerveja meia em cima da mesa do centro, algumas almofadas no chão e um jornal em cima do sofá.
Não estava muito mal. A sala tinha vista para o pequeno jardim com algumas flores.
- Que é que fazes por aqui?
Eu ri.
- Prometi vir visitar-te, então cá estou! E tenho uma coisa para ti!- Lembrei-me das sobremesas para pôr no frio.- Eu lembrei-me de trazer para ti. Sei que adoras as sobremesas da Natércia!
Mostrei-lhe as três sobremesas.
Os seus olhos brilharam imediatamente.
- Muito obrigada, Sofia!- Disse indo pôr as sobremesas no frio.
- Não tens de quê.
Ele voltou e sentou-se ao meu lado no sofá.
- Estás bem?- Perguntei agora mais séria.
- Sim. Já não dói muito, apenas quando faço força. A minha mãe vem sempre jantar comigo, porque bem... os meus pratos gourmet de Jamie Oliver saem péssimos!
Eu ri.
- O meu jeito para cozinhar é praticamente nulo.
Ele riu comigo.
- O Ryan tem passado os dias comigo. Diz que o seu trabalho pode ser feito aqui e pelo menos não estou sozinho. Só é muito chato porque se eu tenho fome e quero ir buscar uma garrafa de água ele vai por mim! Se eu arranjo uma boa desculpa para esticar as pernas, como ir ao jardim ver se está a chover ele vai por mim!- Disse aborrecido.
Eu sorri, mas por dentro sentia-me mal. Ele estava a passar um mau bocado por minha culpa, ele ia ficar com uma cicatriz para sempre por minha culpa, uma pessoa que ele nunca mais ia ver.
- Às vezes consigo escapar-me e vou dar uma volta pelos jardins de Londres e apreciar o cheiro das pizzarias. Eu sou um bocado guloso...- Admitiu a rir, eu ri com ele.
- E tu Sofia, como tens passado?- Perguntou olhando-me intensamente.
ANDA COMIGO!!! FICAMOS SÓ A CONTAR AS MOSCAS DO PALÁCIO, MAS VEM COMIGO!! AQUELE AGENTE É O ABORRECIMENTO PERSONIFICADO!!
- Não tem sido maravilhoso, mas vive-se...- Suspirei.- Aquele agente é uma seca!
Ele riu.
- Saiu-lhe o euromilhoes, e agora ficou mal habituada!
- Continuas convencido!!- Atirei.- Eu acho que quase me esqueci de falar, com tanto silencio, e isto vem de uma pessoa que passa os dias na biblioteca!!- Disse carrancuda.
- Então sentis-te a minha falta?- Perguntou certo da resposta que ia receber.
- Um pouco, mas a Natércia não tem ninguém que lhe esvazie os tachos... E faz a contar com menos uma pessoa!
Eu ri.
- Eu como assim tanto?!- Perguntou olhando a barriga.
Este cabrão continua sarado e gostoso, mesmo sentado num sofá. Porra!
- Eu estava a brincar!- Dei-lhe um leve soco no bicep.
- Au!- Passou a mao ali.
- Desculpa, eu estava na brincadeira, queres que ligue para o hospital? Desculpa!- Disse em pânico.
Ele rebolou a rir.
- Eu estava a brincar!- Disse segurando a barriga de tanto rir.
- Ai é?!- Perguntei furiosa.- Sabes o susto que me pregaste?! Agora devia ser eu a dar-te com uma bala nesse braço!- Disse irritada.
- Eu queria ver-te tentar!- Desafiou.
Ruji baixinho em frustração e tentei atirar-me a ele, mas começou a fazer-me cócegas e comecei a rir-me como uma maluca.
- Aceito-te como rendida!- Disse cruzando os seus dedos nos meus meus, em cima de mim.
Eu devia estar tao corada...
- Voltei! Uuu... desculpem, eu vou para a cozinha, não queria interromper nada!- Levantamo-nos os dois muito atrapalhados.
- Não! Estava-mos só a conversar.- Explicou o Justin. Ele estava tao embaraçado quanto eu.- Mais nada!
- Tá certo, não quero contradizer ninguém, se digo o que tou a pensar ainda vou preso!- Disse sem graça.- Passando à frente... Justin, lembraste da Jéssica?! A tua namorada do 11° ano?!
Tipo... ok!!! Eu ainda consigo compreender a historia da noiva que faleceu no acidente, mas com uma viva é que não consigo competir!!
- Só por ela dizer que é minha namorada não quer dizer que seja!- Disse revirando os olhos.
- Justin!!!- A intrusa atirou-se para os braços dele e pelo grito que soltou, viu-se mesmo que o maguou.- Desculpa! Não sabia que te tinhas magoado. Como têm ido as coisas?
O Justin ainda se tentava recompor. Olá querida, também cá estou fofa!
- Muito melhor antes de chegares!- Remungou.
- O quê?- Ela não percebeu.
- Nada, estava só a dizer que esta a meio da minha folga portanto...
- Queres ir beber um café?! Só tu Justin!
Esta "fofa" começa a enervar-me muito! Ninguém se mete no caminho de Sofia do Mónaco, e esta britânica de dois palmos e meio não vai ser a primeira.
- Eu não posso ir.- Disse recuperando a respiração.- Jéssica, esta é a Sofia...
- Que giro, és amiga do Justin?!- Sorriu. Fui só eu que vi o sorriso amarelo?! É que é o mesmo que os deputados me lançam sempre que me intrumeto no parlamento!
- Não, na verdade...
- Deus, tu tens uns olhos lindos!
Ok, começo a gostar dela.
- Obrigada!- Disse abanando o cabelo como que tem a mania, mentalmente não é!
- Jéssica, ela é minha namorada.- Disse com calma, sentando-se no sofá.
- Ai és?!- O seu tom alterou-se para o de ataque.
- Pelos vistos...- Disse enquanto o matava com o olhar.
- Eu não quero saber se és namorada dele ou não, mas vais deixar de ser boneca! O Justin é meu! Eu tenho contactos e não me importo de os usar!- Ameaçou ao meu ouvido.
Tu.ameaçaste-me?! Tu ameaças-te Sofia Margarida da Graça Custódia do Mónaco?!
Tu estás tao fodida comigo. Até me meteste a usar vocabulário que jamais usaria!!
- Ham... Querida, eu tinha cuidado com as ameaças, nunca sabemos quando estamos a falar com alguém perigoso, e contactos?! Eu tenho por todo o Mundo! Eu sou perigosa, não queiras ver como!- Retribui com um toque de graça.
- Bom, eu tenho de voltar ou a minha tia ainda vai ter um ataque...
- Isso é que não, ou sobra para nós!- Brincou o Ryan.
- Vemo-nos depois... querido!- Disse com uma cara de pedra. Fui tao fria, que até o acho que vi arrepiar.
- Até depois.- Vi-o dizer "desculpa" com os lábios.
O Ryan acompanhou-me até à porta.
- Queres boleia até ao palácio?- Perguntou simpático.
- Não, eu fico bem, mas obrigada.- Entrei no meu modo ataque e peguei-o pelos colarinhos.- Eu quero aquela sonsa num perímetro de 3 metros do Justin, certo?! Se ela lhe tenta chegar perto sequer, eu faço com que vocês os dois passem a fazer parte do pessoal da limpeza das casas de banho publicas de Londres, entendido?!- Ameacei.
- Si... sim, senhora!
- Ótimo! Ainda bem que nos entendemos! Vemo-nos qualquer dia!- Disse parando em frente da paragem de autocarros. Decidi parar num parque com vista para o Tamisa. As árvores ainda estavam nuas e passava uma brisa fria. Decidi começar a tocar a minha playlist de forma aleatória e começou pela Ariana: Just a little bit of your heart.
Só um bocadinho do seu coração é tudo o que eu quero.
Era uma música muito bonita que eu gostava muito.
Lembrei-me do que a tia me tinha dito e voltei para o palácio a pé.
Não havia ninguém neste mundo com decência suficiente para me ameaçar e esta inglesa acha que é mais que os outros e vai meter-se: não me parece!
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