Capítulo 39: Alvo abatido
Tomei um banho rápido e fui ter ao hospital o mais depressa que pude. Eu tinha de saber como estava a Keira. Ela não podia morrer! Simplesmente, não podia!
Pedi ao motorista real para me levar para o Hospital e lá fui eu, perguntei pela Keira e deram-me um cartão de identificação e disseram-me a sala.
Quando lá cheguei, vi o Chris muito abatido sentado na cadeira de espera ao lado do Ryan, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça em cima das mãos.
- Como é que ela está?- Perguntei preocupada.
- Ainda não acordou.- Informou o Ryan.
- Disseram que não apanhou nenhuma veia importante e que vai ficar bem, vai precisar de muito repouso e calma até estar 100% curada.- Comentou o Chris indo até à maquina da água e bebendo um copo.
Olhei à volta. Estava tudo uma confusão. Pessoas a apoiarem-se umas às outras, familiares a chorar, macas cheias de pessoas ensanguentadas.
Eu senti um súbito aperto no coração e uma grande vontade de chorar. Estavam todos assim por minha culpa, eu pensei com a bunda em vez da cabeça. Quis apenas vingança e deu nisto, por minha culpa várias famílias estão neste estado.
Toda esta confusão mais parecia o ataque a Pearl Harbor na Grande Guerra II, mas nós não tínhamos limite de orçamento. Tudo o que fosse preciso seria comprado, o Mónaco não é um país normal, praticamente, nós somos o jet set da Europa e ia-mos usar tudo o que tivéssemos à mão.
- Não chores Sofia!- O Ryan veio ter comigo e abraçou-me, chorei tudo o que pude no seu mbro.
- Eu é que tive a culpa. Eu não pensei nas consequências...- Os meus soluços não paravam.
- Não, tu não tiveste a culpa! Fizeste apenas o que achaste melhor, não se acerta sempre Sofia.- Dava-me leves chapadinhas nas costas para me consolar.
- Mas morreram pessoas!- Chorei mais ainda.
- Acho que não estou a ser grande ajuda...- Disse pensando um pouco.
- O que é que se passa?- Ouvi uma voz muito familiar atrás de nós.
- Ok, sim... podes chorar com ele, ele de certeza que sabe o que fazer!- Disse mostrando-me o Justin.
Eu ri por entre as lágrimas durante alguns segundos, e depois tentei recompor-me. Não queria que o Justin me visse a chorar.
- Então Sofia, já tivemos armas... não precisamos de morrer afogados a seguir!- Disse na brincadeira, eu ri de leve.
- Vocês são tão maus para mim!- Disse cruzando os braços.
Senti o Justin abraçar-me e a minha temperatura a subir imenso:
- Eu sei que te dói ver o teu país nestas condições; erraste, pode ser mau, mas não vai voltar a acontecer. Temos de errar para aprender, é algo humano.- Disse ao meu ouvido para me consolar.
Eu fiquei sem saber que fazer ou dizer.
- Vai ficar tudo bem... pelo menos eu espero. E desta vez não vamos pedir ajuda a ninguém! Nem Dinamarca, nem Espanha, nem Inglaterra, ou qualquer país que tenha herdeiros masculinos!- Disse depressa.
Todos riram.
- Chris Baddles?- O médico apareceu.
O Chris levantou-se depressa.
- Sou eu.
- A Keira acordou, diz que quer falar contigo e depois com a Sofia e... mandou agradecer a um tal Justin Bieber e a um Ryan.- Disse o médico, o Chris entrou no quarto.
Nós ficamos ali à espera.
*
- Olá Keira!- Disse num tom de voz doce à vitima.
Keira soltou um sorriso grande mas calmo.
- Chris...- Tinha imensa dificuldade em falar com o cansaço.- Obrigada por tudo.
- Não tens de quê Keira.- Tentou sorrir.- Dói-te alguma coisa? Está tudo bem?
- Chris, eu estou numa cama de hospital, ligada a sangue depois de levar uma bala na zona abdominal!- Disse de forma retórica.
- Pois... não deve ser o teu melhor dia!- Disse atrapalhado.
Keira sorriu.
- Quando é que voltas para Inglaterra?- Perguntou a rapariga.
- Depois de amanhã, com a Sofia.- Disse abatido.
- Posso ir contigo?- Perguntou de imediato.
Chris levantou a cabeça num momento muito surpreendido.
- Keira, eu percebo que queiras estar com a Sofia, mas agora tens de descansar... não estás em condições de ir sem mais nem menos. Quando melhorares vais ter com ela.- Sentou-se na cama, ao lado dela, acariciando-lhe o rosto.
- Embora eu goste muito da Sofia... eu queria ir contigo, não com ela.- Disse a custo, olhando-o.
Chris sorriu.
- Eu percebo, mas eu passo o dia a trabalhar e não te podia dar apoio e atenção, mas o meu apartamento deve de dar para dois.- Brincou.
- Quando melhorar posso ir ter contigo?- Perguntou a medo.
- Claro que sim, princesa!- Disse dando-lhe um beijo na bochecha.
Keira aproveitou e abraçou-o com a força que podia:
- Muito obrigada Chris.
*
Saí de dentro do laboratório pasmada. Todos viram o meu estado.
- Está tudo bem?- Ryan.
- Sim, acho que sim.- Olhei para o Justin. Ele percebeu o que era de imediato.
- Ok, nós temos de ir... a Sofia tem de dar aquelas conferencias de impressa e assim...- Levou-me dali.
- É a Keira?- Certificou-se.
- Sim.- Disse simples.- Eu não podia ter escolhido melhor irmã.
- Tu é que sabes, mas agora tens de descansar.- Disse com um sorriso dirigindo até ao palácio.
Estacionou do lado de dentro.
- Obrigada pela boleia.- Sorri cansada.
- O carro é teu, mas tudo bem!
Rimos os dois.
Entrámos.
- Querida, estão todos à tua espera para dares uma conferencia de impressa no pátio estão lá todos os jornalistas de vários países...
- Mãe, não podes ir tu?! Eu preciso mesmo de descansar...- Disse abatida.
- Vais logo a seguir. Eu prometo.- Abracei-a.
Mexi um pouco no cabelo verificando se estava como deve de ser e entrei no pátio. Um monte de flashes, e o meu ar a sair de mim. Dirigi-me para o lugar dos discursos, que tinha uma pequena coisinha para meter os papeis dos discursos e um microfone, mas neste momento tinha muitos outros. SIC, CNN, Daily Mail...
Olhei aquilo tudo assustada, eu nem tinha feito um discurso. Depois olhei para o meu lado direito. A alguns metros de mim estava o marechal e outro general, com os meus pais e o Justin com a mãe. Eu ia mostrar-lhe que era uma boa princesa.
- Povo monegasco, senhores jornalistas... esta noite de Natal fomos afrontados com uma retaliação por parte do Auto-proclamado Estado Islâmico. Uma afronta à religião Católica, sendo que o Natal é a festa mais importante do ano para esta religião, desta vez foi apenas palco de dor, morte e sangue. Todos os esforços estão a ser feitos para a melhora das condições de segurança e sim, eu sei que não há depois do mal que se previne, mas caso volte a acontecer...
Só se ouviam pessoas a vaiar-me. Eu nunca fui vaiada tá?! Eu sentia-me uma criminosa ali bem no centro.
- Desculpem por tudo.- Foi a ultima coisa que disse, nem respondi a perguntas de jornalistas, nem nada.
Entrei para o castelo, mas ouvi uma voz no microfone que me fez voltar para trás e não parecia uma voz nada contente, com raiva até:
- Ok, minha gente, vamos ver uma coisa sim?! Ali a princesa Sofia sempre fez tudo pelo vosso melhor e para vos agradar, ninguém teve culpa, muito menos ela, que no dia de Natal, um bando de Islâmico a pensar na morta e em Alá, entrasse no Mónaco sem mais nem menos e começasse a matar tudo! Portanto sejam minimamente compreensivos... Sim, todos sabemos que tinham imensas formas de resolver o assunto, cada um à sua maneira. A Sofia tomou a sua decisão a pensar em vocês! Conformem-se!
Justin?! Desde quando é que ele falava francês?! Desde quando é que o seu sotaque francês me dava arrepios na espinha e vulcões na barriga?!
Houveram várias perguntas, mas ele não respondeu a nenhuma e voltou ao seu lugar. Foi o meu pai a falar agora.
Ele viu-me do lado de dentro e veio ter comigo.
- Desculpa, eu não devia ter dito aquilo...- Disse envergonhado.
- Desculpa?! Tu defendeste-me Justin. Obrigada!- Disse abraçando-o.
- Sabes? Tu um dia vais dar uma ótima rainha!- Disse dando-me um beijo na testa.
Abracei-o com mais força ainda.
Fomos para o pátio oposto. Haviam lá alguns guardas.
Sentámos-nos num banco de pedra, caiam uns flocos de neve, mas eu não sentia frio. Ficámos a falar de como seria agora no Reino Unido e de como eu trataria do caso da Keira... Até que ele ficou tenso, assim do nada.
- Disse alguma coisa de errado?- Perguntei.
Ele fez sinal para eu ficar em silêncio.
- Sofia vamos para dentro!- Disse depressa, levantando-me ao mesmo tempo dele. Corremos para dentro.
O jardim ainda era um pouco longe da porta, portanto ele escondeu-se comigo atrás de uma estátua.
- Que é que se passa?- Perguntei.
- Ouvi um revolver... alguém deve de estar prestes a disparar.
Saímos do nosso esconderijo e vimos um homem de preto a alguns metros de nós com uma arma apontada a mim. O Justin meteu-se à minha frente e apontou a sua arma.
- Baixa a arma!- Ordenou-lhe.
- Não te metas no que não te diz respeito inglês de uma figa! Baixa tu a tua!- Disse pegando numa outra arma ficando com duas armas, uma em cada mão.
O Justin, não se baixou para pousar a arma no chão. Eu ficava vulnerável a qualquer disparou dessa forma. Ele atirou a arma para longe e pôs as mãos no ar.
- Muito bem, agora sai da frente!- Ordenou o intruso.
- Eu só aceito ordens de ingleses!- Disse a rir.
- Tu é que sabes!- O Justin abriu muito os olhos vendo que o homem ia a disparar e abraçou-me com força de forma a proteger-me.
Ouvi um disparo, eu estava em choque, tipo... eu só respirava porque o meu cérebro estava programado para isso.
O corpo do Justin amoleceu.
- Corre Sofia...- Ouviu suspirar.
Eu não aguentei com o peso dele e caiu no chão com o cuidado que lhe consegui. O homem já estava em cima de mim, eu tinha lágrimas nos olhos, sem ajuda e com o Justin a morrer ao meu lado... eu não sabia que fazer.
- Ham... que é que queres de mim?- Perguntei a medo.
- Que abdiques do trono!
- Nunca!
Ele ia a disparar, mas ouvi um outro disparo.
- Alvo abatido!- Chris?!
O homem à minha frente caiu morto no chão. Eu não me conseguia mexer, eu queria ir ter com o Justin, mas os pés não obedeciam.
- Sofia!- O Chris gritou, ajudando o Justin.
Chamou uma ambulancia e depois veio ter comigo.
- Sofia, tem calma. Acorda!- Abanou-me levemente.
- Ele... ele vai ficar bem?- Perguntei.
- Sim, eu acho que não foi muito profundo. Eu preciso de ajuda, respira fundo e vamos lá sim?!
Assenti, tentando acalmar-me.
- Pressiona onde o sangue ainda está a correr. Tirei a minha encharpe e pressionei conde o sangue não parava.
Ouvi Justin gritar de dor.
Eu queria para, não pelo sangue quente que tinha nas mãos, isso neste momento era o menor dos meus problemas, mas pela dor que eu lhe causava, o Chris pegava-lhe no pulsos e verificava os batimentos.
Ouviu-se a ambulância chegar e levaram-no para dentro, ligado a soro. Eu fui com eles, eu não me ia afastar do Justin por nada neste mundo.
- Sofia...- Ouvi-o chamar, quase como um sossurro.
- Estou aqui Justin!- Disse pegando-lhe na mão, contendo as lágrimas.
Mas ele não aguentou e fechou os olhos no momento a seguir. Chegamos ao hospital e levaram-no depressa para dentro de uma sala. Eu não sabia que fazer, se chorar, se pedir ajuda, se avisar a mãe dele... eu não sabia que fazer... neste momento eu odiava o meu país! Eu não me sentia em casa, não me sentia disposta a tomar conta dele... eu não estava com disposição de fazer tudo por eles, eles não mereciam, eles tentaram matar-me, e dispararam no Justin, isso foi a pior das ofensas.
O Chris veio ter comigo e deu-me um como de +agua fria, para me acalmar. Eu não parava de andar de um lado para o outro preocupada, ele já tinha ligado à mãe dele.
- O Justin, onde está o meu Justin?- Perguntou a senhora preocupada chegando-se ao pé de nós.
- Ali dentro!- Disse o Chris fixo em mim.
- Que é que aconteceu?!- Perguntou preocupada.
- Nós fomos para o jardim... e depois... e a seguir... e o Chris... e no final...- Eu comecei a chorar novamente e sentei-me numa cadeira levando as mãos à cabeça.
O Chris afagou os meus cabelos.
- O que a Sofia quer dizer é que... depois da conferencia de imprensa, foi com o Justin, para um dos jardins, e embora estivessem cheios de seguranças, não deu resultado, porque bem... estamos no Mónaco, não em Inglaterra... quando cheguei o Justin estava caído no chão a sangrar e a Sofia quase no mesmo estado.- Explicou o que viu.
- O Justin estava comigo e ficou tenso. Depois disse para ir-mos para dentro e nós fomos, mas a porta ainda ficava longe portanto escondemos-nos, quando tentamos sair outra vez um homem, ameaçou-nos e o Justin meteu-se à minha frente para me proteger, e depois o homem disparou e o Justin caiu no chão, e depois o Chris apareceu e matou-o.
Passaram horas de espera, ninguém falava do Justin, eu já devia ter gasto o chão de todo aquele hospital.
- Sofia é melhor ires para casa, estás muito cansada...- Tentou o Chris.
- Eu vou ficar aqui!- Disse firme.
Tínhamos umas 3H horas de espera.
- Justin Bieber?
A mãe dele levantou-se e eu olhei fixamente o médico.
- O Sr. Justin vai ficar bem. Vai precisar de muito tempo de descanso e repouso, mas mais tarde poderá ter a sua vida normal. A bala não foi muito fungo, mas acertou na lateral do colete à prova de bala, desta forma a bala penetrou a uns 6cm de profundidade.
Ai!!!
- Isso... isso quer dizer mais ou menos quanto tempo de repouso?- Tentou a mãe a medo.
- Uns 3 meses.- Disse o médico fazendo apontamentos.
Ai!!! Agora dói-me a mim!! Como é que eu vou ficar 3 meses sem o Justin em Inglaterra?!
- Podemos vê-lo?- Tentei não gaguejar.
- De momento não, ele está a dormir, mas quando acordar tudo bem.- Disse o médico.
Eu acho que tive um enfarte por favor, internem-me na ala dos malucos!
- Sofia, vai dormir...- Voltou a insistir o Chris.
- Mas... mas e se ele acordar?- Tentei.
- Se ele acordar eu telefono-te prometo!- Disse com um sorriso.
- Tudo bem.- Fui para o palácio contrariada e entrei no meu quarto. só me lembrei de deitar em cima da cama e adormecer.
Eu estava mesmo a precisar de descansar mas eu queria o Justin comigo todos os dias, queria que fosse ele a acordar-me, queria que fosse ele a defender-me e proteger-me todos os dias, mas o que eu queria era o seu sorriso, por minha culpa ele ficou 3 meses sem fazer nada, e o que ele mais odeia é não fazer nada!
Desculpa-me Justin, por tudo!
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