Capítulo 35: Stratford-Upon-Avon
Passámos a noite de volta de mapas e globos, a biblioteca estava num reboliço autentico. Haviam livros poeirentos pelo chão, em cima de cadeiras, de mesas...
- Achei!- Disse finalmente.
- Boa! Qual é o local?- Perguntei curiosa.
Ele decidiu manter isto em segredo, embora pudesse pedir ajuda ao Ryan e demorar poucos minutos, decidiu fazer tudo à moda antiga, para não arranjar mais suspeitos.
- Bem, isto vai dar em... Stratford-Upon-Avon?!- Disse intrigado
(Nota à parte: Que grande coincidência no nome!!)
- Tens mesmo a certeza?!- Perguntei no mesmo estado que ele olhando o mapa, que tinha estendido na mesa com as mãos em cima, de forma poderosa.
Deviam ser perto de 2H da manhã, e estávamos um pouco cansados pelo que à umas horas atrás ele tinha pedido para desapertar um pouco a gravata e desapertar o primeiro botão. Ele é o homem mais sexy da Europa e arredores ilimitados!!!
- Sim. É aqui... Porquê Stratford?
- Será que tenho alguma pista relacionada com... William Shakespeare?!
Ele encolheu os ombros.
- Realmente eu não sei. William era um homem muito misterioso e com muito pouca sorte!- Disse a rir.- Teve um monte de mulheres e morreu no dia em que fazia anos.
Tive de sorrir, só o Justin para me fazer sorrir a uma hora destas.
- Vamos a Stratford-Upon-Avon amanhã de manhã, agora temos de descansar.- Disse fechando os mapas e livros mais importantes. Eu ajudei-o.
- Até amanhã.- Disse quando nos separámos para irmos um cada um para o seu quarto.
- Boa noite!
Só me lembro de ter deitado em cima da cama e adormecer.
*
Senti o telemóvel dentro do bolso, eram umas 8H da manhã. Era a minha mãe a ligar-me:
- Sim, mãe?- Perguntei de olhos fechados.
- Bom dia querida, está tudo bem?
- Sim, e vocês como estão?- Sentei-me em cima da cama, coçando o coro cabeludo.
- Está tudo mais calmo... Estivemos a falar com a tua tia e vens passar aqui o Natal.
- A sério?! Isso é tão bom!! Sabes quanto tempo é que eu esperei por ouvir isso?!
- Sim, mas é só o Natal, porque no dia 27 vais de malas aviadas novamente para Inglaterra!
- Ok...- Disse sentindo o meu bom feitio ir embora.
Ouvi bater à porta e calculei que fosse o Justin.
- Mãe tenho de ir, manda um beijo ao pai!
- Adeus querida!
Guardei o telemóvel e fui abrir a porta.
- Estás pronta?
- Ham... eu desço em meia-hora, sim?
- Sim, estou na cozinha! Acho que devias levar um lanche, até podíamos fazer um piquenique...- Atirou.
- Isso é uma ótima ideia! Eu desço já!
Fechei a porta e fui tomar um duche à velocidade da luz, vestindo algo confortável:
Ok, eu vou definir-vos o que para mim é confortável: algo que não sejam vestidos caros até ao chão com acessórios carissimos, nem saltos agulha com 15 cm! (Estes meus sneakers devem ter apenas uns 5 cm...)
Desci, com uma mala vermelha, já com uma máquina fotográfica, bloco de apontamentos, caneta, lápis, borracha e dois ou três livros que nos dessem uma ajuda a encontrar lugares secretos.
Cheguei ao salão, a tia Isabel era a única lá, calculei que os outros ainda não tivessem aparecido.
- Bom dia, querida!- Disse com o seu sotaque britânico perfeito, enquanto bebia um chá e lia o jornal.
Eu nunca esperaria que ela se agarrasse a um computador ou tablet para esta tarefa.
- Bom dia tia!- Disse bebendo um café rapidamente e comendo uma sandes mista.
- Tem calma...- Riu.
- Não posso, o Justin já está à minha espera. Vamos a Stratford-Upon-Avon e ele deve ir dar-me um raspanete assim que lhe chegar perto.- Levantei-me e dei-lhe um beijo na bochecha antes de ir embora.
- Espero que te divirtas. E... não mexas no tumulo do velho William.
- Vou só dar uma vista de olhos!- Disse saindo do salão a correr.
Atravessei o palácio, tento achar a cozinha. Devem estar a perguntar-se: mas tu és loira, ou quê?!
Sim, na verdade sou loira! Problema?! Se estão a falar no significado subjetivo... a minha tia, está... velha, e em breve vai abandonar o trono, não vejo que preocupação tem querer arruinar o Mónaco. Além disso tem sido muito simpática comigo. Ela não ganha nada, em deitar-me abaixo.
Entrei na cozinha.
- Bom dia Olga! Bom dia Natércia! Bom dia Sr. Hugo! Bom dia Sr. João... Ok, bom dia a toda a gente!- Disse a rir-me e todos me imitaram.
- Bom dia princesa!- Disseram de forma calorosa. Eu vasculhava o frigorifico.
- Precisa de alguma coisa?!- Natércia perguntou-me.
- Sim... eu vou fazer um piquenique e preciso de algo para levar...- Disse ainda com o nariz dentro do grande e moderno frigorifico.
- O menino Justin avisou-me e eu já tratei de tudo!- Desta vez foi a Olga.- Quer que coloque num saco?
- Não, não é preciso, eu levo aqui dentro, obrigada!- As coisas estavam todas em cima da mesa.
- Finalmente! Estou à tu procura à seculos!- O Justin parecia zangado.
- Agora que já me encontras-te odes ajudar-me!- Disse autoritária.- Leva metade que eu levo a outra metade!
- Tudo bem!
Depois de ter tudo arrumado, liguei-me. Eu tinha a mala mega pesada: aquilo não era para duas pessoas, era para o palácio inteiro!
- Olga...- Comecei como uma criança.
- Sim?!
- Tem chocolate de cozinha?- Perguntei com um sorriso.
- Segunda prateleira...- Disse suspirando de forma querida e protetora.
Alcancei o chocolate e guardei-o.
- Muito obrigada! Tenham um bom dia! Adoro-a Olga!- Peguei na mão do Justin e corremos até ao Range Rover.
Fomos a viagem toda a ouvir música e a rir. Foi mais ou menos, meia hora de caminho...
- Chegámos: Holy Trinity Church!- Anunciou triunfal.- Morada da sepultura do maior dramaturgo Inglês!
Entrámos na igreja e haviam montes de turistas. Olhei o Justin e reparei que também me olhava de uma forma: "Assim vai ser complicado..."
Dirigiu-se ao senhor à secretária e mostrou o seu distintivo:
- Preciso que feche a igreja por umas horas, por favor.
- A que prepósito?
- Sofia do Mónaco.- Disse eu de forma firme.
O homem pareceu possuir uma cara de surpresa.
- Estávamos à sua espera...
Olhei o Justin de forma estranha e curiosa, tentando perceber o que o homem tinha dito.
Enquanto nos interrogávamos reparámos que a igreja já estava vazia, restando apenas nós os três.
- Sigam-me por favor!
O homem aproximou-se da cripta no chão e nós fomos com ele.
- O seu fio por favor.- Pediu de forma firme, mas não rude.
Entreguei-lho de forma reticente.
O homem cravou o meu medalhão numa abertura da cripta e umas escadas abriram-se ali ao lado, em forma de caracol. De forma lenta, com grande barulho e pó.
- Uau! Esta é a melhor visita de estudo da minha vida!- Disse Justin animado tirando uma foto.
Olhei-o, tirando-lhe a câmara da mão e guardando-a no bolso:
- Concentre-se homem!!- Disse de forma superior.
- Sim, senhora!- Disse recuperando a consciência.
- Sigam-me!
Nós obedecemos, mas paredes tinham várias frases de William mas uma assustou-me um pouco:
Bom amigo, por Jesus, abstém-te
de profanar o corpo aqui enterrado.
Bendito seja o homem que respeite estas pedras,
e maldito o que remover meus ossos.
(Epitáfio no tumulo de Shakespeare)
- Esperámos por si, durante séculos Sofia.- Começou o homem.- Existem aqui segredos que nunca foram dados a conhecer a mais ninguém. Estes segredos pertencem-lhe a si, e ao seu reino Sofia.
Uau! Por esta eu não esperava.
- A Sofia é corajosa, o sificiente para descobrir tudo ao que tem direito?- Parámos à frente de um pórtico de pedra enorme, com uma coroa imponete em cima. Tudo era iluminado pela luz que se conseguia escapar pela igreja e percorrer as escadas.
Olhei para o Justin.
- Ham... esses segredos são de que género?- Perguntei olhando o homem.
- Nenhuma nação é pura Sofia, e sabe muito bem disso. Por detrás destas portas estão todos os segredos que muitos se esforçaram para conhecer. Desde as fraudes de Jesus Cristo, às vergonhas e humilhações do Reino Unido, aos segredos e preocupações do Mónaco!
- Portanto... isto aqui é um cofre de podres, certo?!
- Que se não existisse, e esta hora não estaria a pisar chão de uma monarquia, da mesma maneira que não seria princesa neste momento... da mesma forma que neste momento, Cristo seria lidado como algo obseno e não santificado.
Refleti um pouco. Os segredos por detrás desta porta, iam mostrar-me muito sobre mim e sobre os meus familiares. Sobre o passado sombrio do meu reino que eu usaria para fazer um futuro melhor. Os segredos ali à frente eram monstruosos e eu tinha de os saber para me manter viva e evitar guerras.
Senti o Justin dar-me a mão em sinal de apoio.
- Vamos!- Disse num segundo de coragem, olhando os seus olhos brilhantes e olhando em frente.
Soltou-me quando segui o homem. Olhei-o confusa:
- Existem coisas que apenas tu deves saber, Sofia. Eu espero aqui.- Certificou.
- Não!- Disse com um sorriso.- Eu não consigo fazer isto sozinha. Eu quero que entres aqui comigo. Eu confio em ti. Mas... preferes ficar cá fora?
- Faz o que achares melhor.- Disse de forma sincera.
- Então vem comigo!
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