Capítulo 10: Pesadelo
Sofia entrou no quarto e trocou-se pelo pijama. Estava a chover na rua e ela observava as gotas a escorregar devagar pela janela, sem pressa alguma, perguntava-se se estaria assim quando foi aquela noite desastrosa e nesse mesmo momento teve uma grande vontade de chorar. Sentou-se em cima da cama e olhou distraída para o edredão às flores.
Ouviu bater à porta e secou as lágrimas o mais que pôde:
- Sim?
Kate entrou:
- Posso entrar?
- Claro.- Disse despreocupada sem olhar a prima.
- Vim ver se estavas bem. A tua cara ao jantar não foi a melhor. Não leves a mal aquilo que eu disse de ti e do Justin... era para ver se despertavas um pouco...- Disse Kate dando-lhe a mão.- Lamento pelo Mónaco...
- Não lamentas mais que eu... foi horrível e eu estive lá a assistir a tudo...
Kate abraçou Sofia, a inglesa sentiu o seu ombro humedecer:
- Sof, está tudo bem?
- Prima, já alguma vez te metes-te em algo que não te dizia respeito e te arrependeste com tudo o que tinhas, e até te apetece chorar?
- Sofia que é que fizeste?
- Eu...
- NÃO!!
As duas ouviram um "não" muito forte e assustado. Sofia sabia que tinha vindo do quarto de Justin e assim que ouviu o grito saltou da cama e foi a correr para o quarto em frente:
- Está tudo bem?
Justin estava ofegante e estava sentado com as costas encostadas à cabeceira da cama, deixou a cabeça tombar para trás:
- Si...Sim... eu estou bem!- Passou as mãos de forma nervosa pelo cabelo.
Estava sem camisola de dormir e era muito difícil para Sofia não se focar naquele corpo moreno, definido e tatuado.
- Justin que é que aconteceu? Posso ajudar?- Disse sentando-se ao lado dele.
Kate apareceu.
- Eu amanhã de manhã tenho de ir à sede do MI6 e depois logo se vê...- Disse ainda tentando recuperar a respiração.
- Eu depois conto à Isabel... mas o que aconteceu? Está bem?
- Sim, foi só um pesadelo... nada de mais. Peço desculpa se as acordei.
- Na verdade estávamos a conversar...- Disse Sofia ainda fixa nos olhos de Justin.
Sabia exatamente com que é que Justin tinha sonhado e sentia-se muito mal por isso. Era por culpa dela que este fantasma tinha voltado.
- Se não há nada de mais eu e a Sofia vamos deitar-nos...- Disse Kate saindo percebendo o olhar da prima.
- Sim. Justin caso precise de conversar ou assim... pode bater na porta em frente, pela mais pequena coisa, não hesite.- Disse esforçando um sorriso simpático.
- Esse é o meu trabalho, não o seu!- Disse quase de forma acusadora.
- Já ouviu falar em amigos? É ao que se chama entreajuda.- Disse Sofia com um sorriso fechando a porta e enfiou-se no quarto com a cara enterrada na almofada.
- Sofia, que é que fizeste?!- Kate agora tinha um tom muito acusador e repreensivo.
- Eu... nós íamos para uma loja de queijos e passámos por uma rua, a qual o Justin nem se atreveu a pisar, quando me mandou para baixo eu acho que o ouvi dizer: Deus te tenha, e olhei para o chão e vi pequenos vidros e presumi que tivesse havido uma luta ou acidente com alguém que ele conhecia. O Justin esteve resto do dia muito tenso e quase nunca sorria, quando chegámos fui procurar algo nos jornais da biblioteca e apanhou-me a ler o artigo e depois... decidiu explicar-me o que aconteceu... e eu sinto-me como se fosse eu a matar aquela rapariga.- Sofia caiu em prantos.
Kate abraçou-a:
- Então que exagero... vá acalma-te, querida. O que tu fizeste foi mau, muito mau mesmo, mas o Justin vai ficar bem, tu abriste-lhe uma ferida que estava quase sarada... é normal que ele reaja assim.
- Mas a culpa foi minha!! Eu e a minha enorme curiosidade, ou cusquice...
- Vamos acalmar-nos, ok?
Sofia tentou controlar os soluços do choro e as lágrimas:
- Tudo bem... já pa... parei.- Um soluço interrompeu-a.
- Boa. Agora tenta descansar...
- Kate, como foi andar com o William?
- Como assim?
- Se foi fácil, se havia preconceito... não me interpretes mal, mas do tipo... tu eras do povo, por assim dizer, e o William é... o distraído do William. Mas se alguém vos impediu de algo ou assim...- Tentou Sofia.
- Não foi muito fácil, sabes? A tua tia Isabel não aprovou muito, mas o teu tio Charles tinha uma mente aberta e deixou ser o próprio William a escolher e só depois mostrar a sua opinião. É difícil, porque ser da família real, seja ela qual for, exige muita responsabilidade e tens de estar sempre a 100%, não podes errar no cabelo, na maquilhagem...
- A quem o dizes!- Sofia revirou os olhos. Bem sabia todo o esforço que Kate passava.
- Mas porquê?- Perguntou.
- Curiosidade...
- Vou fingir que acredito. Sabes que estou aqui para te ouvir. Dorme bem Sofia.- Saiu do quarto.
- Boa noite Kate.
Sofia deitou-se e ficou a observar as gotas escorregadias na janela até adormecer.
|Sofia|
Eu sentia-me muito mal. Só queria estar ali com o Justin, abraçá-lo e acalmá-lo. Na verdade queria mesmo beijá-lo mas isso é do tipo... ilegal, portanto...
Eu não percebo o que se passa comigo, cheguei ontem e já estou descontrolada, é por isto que os meus pais nunca me deixaram sair muito: o meu enorme coração mole.
Mas eu sinto que isto com o Justin se pode transformar em algo grande dentro de mim. Eu não queria, eu tinha um dever como soberana, mas ao mesmo tempo... eu quero! Ele é um doce, ao mesmo tempo que é duro e inflexível e ao mesmo tempo que é prestável e faz tudo para me meter em segurança... e não sente o mesmo por mim!
Claro que não: deve pensar que sou uma princesa toda pipi e convencida!
Eu sinto uma grande atração por ele, ele dá-me borboletas e sempre que me dirige a palavra eu não sei que dizer, e... pareço uma tola/vadia que se deixa enganar por qualquer um! A minha mãe e o meu pai iam matar-me se soubessem deste comportamento inaceitável!
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