A noite é fria quando eu tô sozinho
Meu mundo é cinza, monocromático
Lembranças se misturam com esperanças
Em um misto de ódio e dor em ciclo monofásico

Eu saí das ruas pra sobreviver
Te pedi um vídeo pra poder te ver
Não toco seu corpo, não sinto seu cheiro
Mas você sabe que me tem inteiro

Seu sorriso é lindo
Você é perfeita
Quero você completa
Ter você só pra mim...

Eu te peço flores
Eu me remoo em dores
É torturante saber que você
Pode acabar se aventurando em outros amores

Sou um cara difícil, talvez diferente
Não tenho nenhuma vantagem, sou impertinente
Eu vivo coisas que não queria viver
Fiz muitas coisas que não queria fazer
Isso é uma selva, matei só pra não morrer

Matei só pra não morrer
Eu nunca disse brincando
Sempre com ódio e certeza
Aos poucos fui suportando

Alex duvidou de mim
Mas eu puxei o gatilho
Agora ele está morto
Fredo quis me contestar
Eu contei mais um corpo
Berto audacioso
Descarreguei o pente
Ele e o grupo todo
"Matei toda sua gente"

Frans, o Paco e o Carlos
Levei todos os três
Eu fui preciso e rápido
Todos de uma só vez
O Marlo me testou
Foi prepotente e arrogante
Com o próprio canivete
Conheceu Deus num instante

São tantos cadáveres
Tantos mortos
Eu poderia fazer listas
Contaria durante vários dias
E ainda assim, ainda não acabaria

Eu conheço as ruas e a crueldade
Eu já fui cruel, não tive piedade
De onde eu vim não existe compaixão
Sem misericórdia, jamais hesitação
De onde eu venho o covarde vive
E valentes dormem num caixão

Eu movimento desde muleque
Eu tô no corre desde sempre
Já vi muitos implorando por uma pedra
Desde desabrigados a homens com muito dinheiro
Em certas ocasiões somos todos iguais
É por isso que eu não respeito a arrogância

Quando eu seguro minha pistola, somos todos iguais
Frente a frente às armas somos anormais
Tudo que eu tento é sobreviver
Mesmo que às vezes eu só queira morrer

E quando eu morrer me deixe flores
Eu amaria se você aparecesse
Se ficasse por perto
Eu guardo o mal e sou descontrolado
Acho que é por isso que me chamam de cão do inferno