13. Problemas à vista
Um clube de strip é o epítome de um playground adulto. Um lugar menosprezado e condenado moralmente, onde as fantasias e a libido correm soltas. Existem aqueles que dizem que é uma terra inculta de depravados à procura de sexo, onde as mulheres são tidas como imorais e almas perdidas.
Eu sou uma dessas almas perdidas.
Estou sentada a uma mesa, flertando com um cliente, conversando com ele e tentando fazê-lo se sentir o melhor homem do mundo. Strippers são vendedoras de entretenimento e têm que ser socialmente capazes de conduzir uma conversa com homens, transformá-los em clientes com grande potencial, que é definido pela quantidade de dólares que eles carregam na carteira. É um tipo de cenário que pode ser intimidante se você não souber onde o trabalho começa e onde termina.
São estritamente negócios. Nada mais.
Olho em volta e encontro Summer, o nome de palco de Hannah. Ela está sorrindo para um cara de cabelos desgrenhados, casaco aberto, a camisa branca para fora da calça e olhos que predizem uma ressaca no dia seguinte. Ela se move graciosamente enquanto conversa com ele. Há uma sedução contida em seu sorriso. Sei que cada movimento é para entretê-lo, seduzi-lo e fazê-lo querer que suas fantasias se tornem realidade com ela. Sei que nesse exato momento ela está pensando no quanto de dinheiro pode tirar dessa pessoa para sustentar sua filha com síndrome de Down. Pode soar frio e calculista, mas esse é o trabalho e é para isso que estamos aqui. Hannah se casou cedo e se divorciou aos 23 anos. O pai nunca quis conhecer a filha, já que desde o início deixou claro que queria que Hannah abortasse no momento em que descobriu que ela estava grávida.
A graça e beleza de uma modelo e as habilidades verbais de um vendedor de carros usados — é o que temos que ter quando estamos socializando com clientes. Com o tempo, aprendi que é criticamente importante determinar quem são os melhores compradores. Por "melhores compradores", quero dizer quem está disposto a gastar mais dinheiro comigo. Os sapatos, o relógio, o tipo de terno e até mesmo a marca dos óculos são rigorosamente examinados a fim de saber se o cliente tem dinheiro suficiente para pagar por uma sala VIP, que é onde ganhamos mais dinheiro.
Hannah e seu cliente se levantam e eu sei que ela conseguiu o que queria com seu charme e persuasão: ele comprou uma dança com ela na sala VIP. Atenção individual em um quarto privado é incrivelmente lucrativo para as dançarinas.
Mas, por incrível que pareça, às vezes eles não querem ver apenas seios. Às vezes, querem apenas conversar com uma garota bonita, contar seus problemas e nós temos que ouvi-los, de novo e de novo. Geralmente esses são os mais vulneráveis, o cara nerd realmente fofo e legal mas que provavelmente não recebe muito amor, ou afeição, ou coisa do tipo. Eles são ignorados socialmente e nós buscamos preencher esse vazio tentando fazê-los se sentirem melhores sobre si mesmos. Mais fortes, mais espertos, mais bonitos. E nós somos compensadas por isso quando somos solicitadas para fazer uma dança na mesa ou em seu colo.
Estou fazendo isso agora, dançando sobre a mesa para alguém. Seu nome é Josh. Ele é jovem, magro e tem um ar intelectual. Na frente dele, começo a me mexer e balançar meus quadris sem pressa. Lento, sensual, sugestivo. Sei que ele está gostando da minha dança, pois tirou os óculos de grau para me apreciar de perto.
Provoco-o com meus dedos brincando com o cós do short. Faço-o me desejar e torno suas fantasias realidade, faço-o se sentir o cara mais legal e atraente do mundo. Deixo-o pensar: "Cara, essa garota realmente gosta de mim". Nada de toques. Nada de sexo. Se você estiver fazendo sexo com um cliente em uma das cabines VIP, você será descoberto pelo sistema de vigilância.
Então, minha dança acaba. Eu sou paga e agradeço. Vejo a decepção estampada em seu olhar quando estou indo embora. Nada pessoal, são apenas negócios. Dou um sorriso, guardando as gorjetas no bolso, e caminho pelo piso principal em busca da próxima mesa.
Já me apresentei quatro vezes essa noite. Meus pés estão doendo enfiados nos saltos agulha, meus seios estão pedindo para serem libertos da camisa de flanela quadriculada apertada. Hoje estou vestida em alguma fantasia de caipira. Brincos grandes de argola prata, duas marias-chiquinhas amarradas com laços em cada lado de minha cabeça, e alguns fios louros rebeldes caindo ao redor de meu rosto.
Enquanto caminho, respiro fundo, contemplando todos os homens da proximidade. Muitos pares de olhos lascivos se voltam para mim, ou melhor, para meus seios estourando na camisa e meu short curto. O rosto de Aiden surge na minha mente e me provoca náuseas. Náuseas por estar pensando em flertar e conversar com outro homem que não é ele.
Hoje visitei Jo e ela me perguntou uma coisa que me deixou perturbada o dia inteiro.
— Você está apaixonada? Está tão mudada, Kris.
— Apaixonada?
— Não está mais com aquela cara feia e intimidante, como se quisesse congelar o mundo e todas as pessoas que nele habitam. Aposto que ele deve ser bonito.
Então, ela riu como se soubesse de algo que não sei e depois deixou por isso mesmo. Também tentei fazer isso, em vão. Apaixonada? Não posso estar apaixonada. Eu me pergunto o que exatamente ela viu em mim para dizer isso com tanta certeza. Como ela poderia saber que eu conheci um cara que está transtornando meu emocional? Um homem que cerca de um ano atrás mudou completamente a minha vida e que agora, com seu retorno, percebo que meus sentimentos continuam os mesmos, talvez mais fortes por ele? E que ele é... bonito?
Coisas de irmã me assustam.
Momentos depois estou no camarim pintando de vermelho vivo as unhas de Hannah. Como ela não terá tempo de passar na manicure amanhã porque levará a filha ao médico, me ofereci para ajeitar suas unhas com antecedência.
Suspiro quando Aiden invade meus pensamentos novamente, penso nele em cada segundo que estou nesse clube. Não deveria ter esse sentimento de que estou fazendo algo errado ao passar um tempo com outros homens. É o meu trabalho, é isso o que eu faço. Não temos absolutamente nada um com o outro.
Porém, ontem ele deixou bem claro que gostaria que tivéssemos.
— O que é essa carinha triste? — Hannah ergue meu queixo com seus dedos de unhas recém-pintadas.
Endireito-me na cadeira e ponho o pincel dentro do pote de vidro de esmalte. Meus olhos encontram os dela. Hannah é a mais velha de todas nós. Talvez ela tenha bons conselhos para me dar.
— O que você faria se gostasse muito de uma pessoa que não vê há muito tempo e de repente ela retorna e... você percebe que todos aqueles mesmos sentimentos que sentia por ela ainda estão dentro de você? — Quero poder negar minhas palavras, mas elas são verdade. — E ao mesmo tempo você sabe que não deveria gostar dela... O que você faria para tirá-la da cabeça?
Hannah inclina sua cabeça e morde o lábio inferior.
— Por que não posso simplesmente continuar gostando de quem gosto? — pergunta.
— Porque é arriscado.
— Para quem?
Reflito por um momento.
— Para... mim. Eu ficaria decepcionada se tudo desse errado. — Sei que acabei de tirar totalmente o sentido hipotético da situação ao responder em primeira pessoa, mas não ligo e acrescento: — Eu sei que pode dar errado.
— Olhe para mim. — Eu faço. — Diga-me em qual dessas situações existe maior probabilidade de você ficar decepcionada: você ficando e lutando pelo que quer ou ignorando seus sentimentos e abandonando o navio antes mesmo de saber se vai afundar ou não?
Não consigo evitar abrir um sorriso. Nunca me arrependo de conversar com Hannah.
— Obrigada. — Pego sua mão e passo uma última camada de esmalte no mindinho. — Pronto.
Estou soprando as unhas de Hannah quando Dragon escancara a porta aberta, ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona.
— Rainha do Gelo, você não tem tempo para essas coisas de mulherzinha. — Ele tira o vidro de esmalte das minhas mãos enquanto está me puxando bruscamente longe de Hannah. — Ele quer você na sala VIP. Agora.
— Quem?
— Porra, eu pareço ter cara de quem decora nomes de clientes? — Dragon me empurra para a porta que leva para as salas VIP. — Ele quer pagar um dinheiro alto, então não decepcione o Dragon, querida. Quarto dois! — ele grita antes de ir embora da mesma forma intempestiva com que entrou no camarim.
Uma vez que recupero o equilíbrio, faço o caminho nos meus saltos para a sala dois. Estou fora, no corredor iluminado por luzes azuis néon, com a mão sobre a maçaneta. Meu coração está martelando no peito e, quando giro o metal, todos os pelos da minha nuca se eriçam como se meu corpo já soubesse o que tem lá dentro. É o meu alerta vermelho de que alguma coisa está prestes a sair do meu controle, mas eu não posso sair. Não posso correr, voltar e ir embora como se nada tivesse acontecido. Eu preciso do emprego e do dinheiro.
Solto as minhas marias-chiquinhas, penteando os cabelos com os dedos para ficarem livres e parecerem sedosos. Respiro fundo e então empurro a porta. Um sofá de couro vermelho semicircular está posicionado ao longo da sala, que é iluminada por um par de lâmpadas azuis, vermelhas e rosas. As paredes são em um cinza-chumbo, e as duas mesas laterais de acrílico ficam nas extremidades do sofá. Forço-me a entrar mais, fecho a porta e encontro uma garrafa de vodca e dois copos de vidro vazios em uma das mesas.
Existe apenas uma pessoa no quarto e ele é o homem dos meus sonhos mais eróticos.
O advogado mais sexy de todos os tempos.
Uma fera no tribunal e na cama.
Ele é Aiden Blackwell.
Mal posso respirar ou olhar para longe dele. Está sentado no centro do sofá em uma posição descontraída. Os braços esculpidos estão abertos e descansando no encosto como se ele fosse o dono do lugar. Merda, ele está usando verde. Ele deve saber que fica irresistível de verde. A camisa verde-escura que está usando molda-se ao peito largo e duro como uma segunda pele, os cabelos escuros estão charmosamente bagunçados e os penetrantes olhos castanhos não perdem um detalhe do meu corpo.
Aiden não partiu para LA ainda. Ele está no meu clube. A expectativa é nítida em seu olhar faminto enquanto espera ser atendido. Por mim. Fui solicitada por ele para fazer um strip. Ele comprou uma dança comigo na sala VIP.
Não consigo me mover. Não sei por que ele está fazendo isso comigo. Só porque sabe de um segredo meu, ele acha que tem o direito de me perseguir desse jeito?
Eu me sinto de volta ao jardim de infância, em que a emoção de ver um garoto bonito é difícil de colocar em palavras. As batidas da música eletrônica instrumental transmitida através dos alto-falantes é o único som na sala. Não sei o que fazer. Meu corpo não quer funcionar.
— Mostre o que sabe fazer — Aiden quebra o silêncio. Sua voz é envolvente com um tom de comando.
O ar escapa de meus lábios. Mesmo de longe, reconheço um desafio quando é lançado a mim. Ele está me testando. Mais um de seus testes para ver o quão longe sou capaz de ir. Desde que o conheci, tem sido assim. Não será diferente agora. Só que... ele cometeu um grande erro ao ter vindo aqui.
Essa é a minha casa, é onde eu trabalho. Sou uma stripper há alguns meses e sei exatamente o que fazer. Nenhum dos meus clientes nunca me intimidaram, mesmo em situações que tentaram abusar ou me assediar. Eu convivo com isso. Dia após dia. Criei estratégias para tentar evitar isso sempre que possível. No entanto, Aiden Blackwell é o único homem na Terra que tem o poder de me intimidar apenas com um olhar, com um toque, com um beijo... Só que eu não sou a mocinha inocente da história. Sei exatamente o que quero. Agora mesmo, quero dançar para esse homem, tirar minha roupa para ele da forma mais sensual possível e flertar com ele porque eu quero, não porque tenho que fazer.
Ele me procurou. Ele me achou. Agora descobrirá por si mesmo o que é se envolver com uma stripper. Seus olhos semicerrados, no entanto, dizem-me que ele sabe exatamente em que tipo de terreno está pisando. É um jogo perigoso que nenhuma das partes está disposta a perder.
A música termina e uma batida parecida com a de um tambor começa a tocar. Reconheço como sendo Gold, de Imagine Dragons. Ressoam assobios que lembram filmes de faroeste e eu ainda não consigo tirar meus olhos dos dele.
Lentamente deixo a música assumir meu corpo, guiar meus movimentos, fluir através de mim em uma dança erótica. Meus quadris se movem enquanto me perco em seus olhos, que parecem escurecer como duas pedras ônix à medida que me aproximo dançando e balançando cada vez mais perto dele. Sei que existem câmeras de segurança no teto, mas, neste momento, eu seria capaz de pedir para que ele continuasse o que aconteceu ontem no estacionamento exatamente de onde paramos.
Quando a música chega ao clímax, dou um giro, ondulando o corpo com vivacidade com os braços para cima naquela posição sensual que deixa os homens loucos. Uma vez na sua frente, viro de costas, ponho as mãos sobre as coxas e vou me abaixando lentamente até o chão. Deixo que ele veja minha bunda espremida no short e me agacho o suficiente para mostrar uma parte da minha calcinha fio dental. Eu paro. Sinto seu olhar cravado no meu traseiro e, quando olho timidamente por cima do ombro, consigo registrar seu desejo explícito de querer arrancar o short de mim para ver por inteiro a peça minúscula que estou escondendo por baixo.
Afasto-me dançando ao ritmo da música quando uma mão vem para me tocar. Toques são proibidos de acordo com o regulamento da casa. Mas ele é meu cliente VIP, o único que eu deixaria fazer isso sem reclamar ou chamar Hércules. Aiden Blackwell tem algo de mim que nenhum outro homem tem ou jamais teve. Não conseguiria encontrar forças para empurrar suas mãos para longe de mim.
Seus olhos estão nos meus, em seguida, estão no meu decote quando me toco lá. Brinco com os botões da blusa, abrindo o primeiro. Olho para ele com o meu olhar tímido calculado, depois abotoo o botão. Estou frustrada por dentro por não estar conseguindo inferir nada dele e de suas emoções agora mesmo. Os homens geralmente revelam o desejo cru e sexual em seus olhos, mas Aiden não. Não detecto nada além de curiosidade sobre minha arte enquanto danço.
Aprumo minha dança, rebolo pelo quarto tentando provocá-lo, vou até o chão perto de seus joelhos abertos e faço minhas mãos se arrastarem dos meus seios até a parte interna das coxas. Nada. Sorrio. Ele está escondendo de mim, mas quero que mostre para mim. Ele disse que me queria. Quero sentir o que é ser desejada por Aiden Blackwell.
Minha pele arde quando ele finalmente me toca. Suas mãos estão descansando em meus quadris, as palmas esfregando a pele nua acima do cós dos shorts seguindo meu embalo. Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás, meus cabelos caindo atrás de mim. Eu adoro isso. Adoro seu toque. Estou tão mudada e isso me assusta. É uma desconstrução de uma série inteira de crenças que eu havia montado para minha sobrevivência. Meu corpo não está com defeito. Ele é... perfeito sob as mãos poderosas de Aiden.
Abro as pálpebras e encontro-o olhando para mim. Para mim. Não para meu decote ou para minha bunda, seus olhos profundos estão em mim. Contemplando-me, analisando-me, vendo um interior que escondo das outras pessoas. Quase como se estivessem descobrindo tudo sobre mim, embora eu nunca realmente tenha contado alguma coisa. Isso é uma conexão que me faz voltar na pergunta de Jo. Eu estou apaixonada?
Deus, acho que sim.
Estou fazendo coisas por esse homem que jamais fiz para outros. Na maior parte do tempo, quero estar com ele, mas então me lembro de suas namoradas e do tipo de vida que leva. Estou apaixonada por ele, mas tenho medo de revelar meus sentimentos. Medo de ser rejeitada. Ele não é mais um universitário, agora é um homem desejado por dúzias e mais dúzias de mulheres que fariam qualquer coisa para ficar um tempo a sós com ele. Que se sujeitariam a qualquer tipo de coisa para ter sua mais breve atenção.
Paixão. Isso queima sob minha pele e explode em espirais de fogo.
Deliberadamente escapo de suas mãos para o centro da sala e estou sorrindo quando levo os dedos para os botões da blusa, a música filtrando através de minha consciência. Abro um botão, dobro na cintura até os pés, de costas para ele, e em seguida fico de pé novamente, meus dedos cuidadosamente desencaixando o restante dos botões. Tudo o que ele vê é o movimento dos meus braços, um indício de que estou mexendo na parte da frente da camisa. Ela está aberta na frente, mas ele não pode me ver porque ainda estou de costas. Costumo odiar essa parte, mas agora, por algum motivo sinto-me confortável em fazê-la. Não são homens bêbados e fedorentos que estão ali comigo. Aiden é a única pessoa para quem eu gostaria de fazer isso. Estou dando mais partes minhas para ele sem perceber.
Meus movimentos são sinuosos, cada curva é sedosa e fatal. Giro um ombro e depois o outro, e a flanela desliza por meus braços até meus pulsos. Faço minhas palmas ficarem retas apontando para baixo, e a camisa cai no chão com um farfalhar suave.
— Vire-se.
Eu me viro com um braço em arco ao meu redor cobrindo meus mamilos para sua impaciência de não ter uma visão imediata dos meus seios. Primeiro deixo ele apreciar as curvas dos seios, espreitar e fantasiar o que estou escondendo dele. Seu olhar me prende de novo e tenho que tomar uma respiração profunda quando forço meus braços para longe. É só um corpo, são apenas seios e Aiden já me viu nua. Acidentalmente. E depois tomamos banho juntos. Eu não deveria estar tão nervosa e embaraçada, mas sei que ele não pode ver o rosa debaixo da maquiagem.
Não posso ler sua expressão. Seus traços faciais são um enigma para meu raciocínio. Seus olhos varrem sobre mim, da cabeça aos pés e depois dos pés à cabeça. Param brevemente em meus seios descobertos e no modo como balançam quando danço, e depois estão mais uma vez em meus olhos.
— Vem cá — chama ele.
Minha pulsação dispara com loucura enquanto estou movendo as pernas, os braços e sacudindo os quadris até chegar perto dele. Passo as mãos em meus seios, em minha barriga, faço poses, todas essas coisas que aprendi para ganhar gorjetas. Então, encaixo-me entre as pernas abertas de Aiden. Ele me está olhando tão profundamente, tão insistentemente como se quisesse me dizer alguma coisa. Não sei se vou sobreviver se ele decidir me tocar de novo.
— Você quer um drinque? — Aiden aponta para a mesa com a vodca e os dois copos. Pergunto-me por que dois copos se é apenas ele no quarto. Já estava planejando me oferecer uma bebida?
— Estou trabalhando — respondo com a voz suave, calma e baixa.
— Trabalharia na minha cobertura privativa?
Sorrio educadamente e me viro com um ar de mistério, dando-lhe uma visão de minhas costas nuas.
— Não faço festas particulares fora do clube.
— Isso é realmente uma pena.
Há mais do que um mero toque de decepção em sua voz misturado com frustração. Meu sorriso aumenta sem ele ver. Finalmente estou descobrindo o que está acontecendo neste exato momento no interior tempestuoso de Aiden Blackwell. Não posso ver seus olhos, mas escuto sua voz. Tudo isso é muito pessoal, e é o que torna o strip mais difícil do que as danças no palco.
Suas mãos enrolam em minha cintura, tomam conta dela enquanto me acompanham no ritmo em suaves ondas. Ouço uma controlada respiração de deleite atrás de mim enquanto sou alisada desde a cintura até as coxas. Quero me virar e ver o que está acontecendo em seu semblante, quando sinto um beijo atrás, na pele nua logo acima do jeans do short.
Escapo de suas garras com um movimento rápido.
— Sem beijos — peço, sobressaltada.
Beijos, não. Beijos são demais. Muito mais do que posso aguentar sem que eu me jogue em seus braços e peça para que faça amor comigo no chão da sala VIP.
— Desculpe. — Aiden volta a se encostar contra o sofá com um sorriso malicioso que me diz que ele não se sente nada culpado pelo que fez.
Engulo a saliva enquanto estou observando-o se levantar para ficar no mesmo nível que eu. O que ele vai fazer?
Ao passar por mim, seu cheiro ondula em uma nuvem inebriante para minhas narinas. É embriagante e intoxica todos os meus sentidos. Fico tonta por um momento. Eu não danço, não faço nada. Ouço um líquido derramando e depois o tilintar de vidro quando ele volta a pousar a garrafa de vodca na mesa. Giro nos calcanhares e o encontro bebendo todo o líquido de seu copo. Depois, volta para se sentar no lugar de antes, relaxado contra o sofá. Sou um alvo para seus olhos atentos e possessivos.
— Você dança no colo dos caras também?
Lentamente volto a dançar, deliberadamente ignorando o modo irritado com que ele fez a pergunta.
— Sim.
— Ótimo. Quero que dance no meu depois de tirar o short.
Brinco com o zíper do short, puxando para baixo e para cima, para baixo e para cima... Não consigo nem imaginar o que é estar em seu colo, envolvida por seus braços. O mais breve pensamento arrepia meus sentidos.
Olho para meus pés e depois para Aiden através de meus cílios. Libero o fecho e desço o zíper de vez, segurando as bordas no lugar para não caírem. Abro o suficiente para mostrar o triângulo de tecido azul. Aiden se ajeita no sofá. Seu cotovelo está apoiado no encosto e está correndo os dedos pelos cabelos como se estivesse ficando perturbado com alguma coisa.
— Mostre — ordena com impaciência.
— No meu tempo.
Os olhos cor de chocolate tornam-se selvagens para mim, como se eu estivesse privando-o de seu doce favorito. Caminho até uma parte do sofá e inclino o corpo para começar a rastejar pelo estofado em direção a ele. Passos de um gato lento e manhoso. A música muda quando eu chego perto dele. As batidas são diferentes e vagarosamente me viro de quatro até ficar com as costas arqueadas e a bunda empinada na cara dele.
Meu short está torto, caindo com meus movimentos. Por cima do ombro, vislumbro uma mão vindo em minha direção. Fujo dela deslizando para fora do sofá com uma escapatória dramática. Ouço uma respiração alta e forte, e, de pé, começo a balançar na frente dele, de um lado a outro, o que está levando meu short a descer.
Com as mãos acima da cabeça, deixo o tecido cair se acumulando nos meus tornozelos. Meu fio dental minúsculo está finalmente à mostra para seus olhos, que estão devorando cada parte minha.
Aiden gira o dedo em círculo para mim.
— Dê uma voltinha.
Não sei se o odeio por estar aproveitando cada centavo gasto comigo ou se o adoro por isso. De qualquer forma, eu giro ficando de costas e rebolando os quadris, tocando-me, perdendo-me na música. Antes que possa me virar de novo, ele me agarra por trás e me puxa, fazendo-me sentar sobre seu colo. É uma queda macia sobre suas coxas com uma ereção imprensada atrás de mim.
— Está vendo o que você faz? — sussurra bem perto do meu ouvido. Arrepios percorrem minha espinha e eriçam os pelos de minha nuca. — Você provoca.
Eu deveria afastá-lo, mas sou incapaz de fazer isso. Estamos quebrando as regras e sei que ele sabe disso, pois ninguém melhor para conhecer as leis do que um advogado. Mas eu estou permitindo, mandando o exercício de meus direitos se danar... e não consigo pensar em nada além do momento mágico.
Suas mãos correm duramente pela minha parte da frente, passando por meus seios nus, as costelas, barriga e param sobre minhas pernas. Fico incrivelmente morna na parte de baixo quando ele separa minhas coxas sobre suas pernas gentilmente, acariciando-me até que estou aberta, minhas costas repousadas contra seu peito e abdômen, como uma criança no colo de um adulto.
Minha cabeça está descansando em seu ombro direito, mas ele não me beija. Não permiti beijos. Aiden segura firme meus quadris enquanto me olha, sua boca perto da minha, lentamente descendo uma mão até alcançar meu sexo coberto com a calcinha. Inalo, assustada, sabendo o que ele quer fazer.
— Você disse nada de beijos — lembra com um sorriso torto. — Mas não significa que eu não posso tocá-la.
— Você tem que me soltar antes que nos peguem. Tem câmeras no teto.
— Não tem, não. — Ele sorri com esperteza. — Subornei o cara da sala de segurança. Matt. Não gosto de ser filmado em um momento tão íntimo.
Simplesmente não posso acreditar. Estive dançando para ele todo esse tempo e podia fazer o que quisesse com ele e ele podia fazer o que quisesse comigo. Não há regras. Não há preocupação. Apenas nós dois.
Antes que eu possa falar alguma coisa, ele desliza sua mão entre minhas coxas, debaixo da minha calcinha, e me toca. É gostoso e suave como seda, sem pressa e explorador. Eu me retorço sobre suas pernas, olhando-o de perto, ofegando, e isso é muito erótico. Aiden não tira seus olhos dos meus para poder ver de perto o que está fazendo comigo. Sou penetrada com um dedo e seus olhos mudam de selvagem para derretidos e satisfeitos. Gemo, perdendo meu controle. É angustiante e doce, e ele acaricia meus cabelos para me acalmar em seus braços.
Meu coração está batendo no ritmo de disparos de uma metralhadora. Estou perdendo-me nele, em sua beleza e sua boca que quero beijar. Ele empurra e retira, pressiona meu clitóris para me dar prazer. Não consigo imaginar outra coisa que não seja ele me possuindo e me fazendo sua. Nunca senti isso antes. Nunca sequer imaginei algo assim com um homem antes.
Como poderia?
Eu me contorço mais, chamo seu nome.
— Aiden....
Então, de repente, usando minha última reserva de forças, me desenrosco dele e me ponho sentada em seu colo, ficando de frente para ele. Uma das minhas mãos está sobre seu ombro e a outra em seu rosto, acarinhando-o com o polegar. Ele é lindo e perfeito, o tipo de cara que faz as garotas suspirarem. Seu olhar é como um feitiço lançado sobre mim que me faz inclinar a cabeça para baixo quando percebo que ele está avançando para me beijar.
Os centímetros diminuem, nossas respirações se misturam. Antes que o beijo aconteça, eu beijo a ponta de meu indicador e a pressiono contra seus lábios famintos, fazendo-o parar.
— O tempo acabou — anuncio.
Seu semblante fica atordoado por um momento. Saio de cima dele, visto o short e depois a camisa, um sorriso persistindo em meus lábios. Desfilo em meus saltos sem nem mesmo olhar para trás, ciente de que estou dando um balanço extra aos meus quadris enquanto caminho. Sinto um olhar colado ao meu traseiro, até que saio fechando a porta atrás de mim e tudo está acabado.
Então, desabo.
Pronto. Fui suficientemente forte. Isso basta. Eu fui a Rainha do Gelo, a stripper que trabalha ali há meses, e fiz o meu trabalho com estrito profissionalismo. São negócios, apenas negócios.
Ao menos é o que quero pensar.
Respiro profundamente e deixo tudo sair. Todas as emoções violentas são liberadas. Toda a tensão, todo o nervosismo que estive reprimindo duramente dentro de mim por causa deste único cliente. Deste único homem capaz de me deixar sem rédeas e sem qualquer controle. Minhas pernas ficam bambas. Meu corpo está mole como manteiga derretida. Estou ofegante e tenho que me encostar à porta se não quiser desmoronar no chão.
Santa Mãe de Deus, que homem é aquele?
Ouço um movimento atrás da porta e me forço a tropeçar nos meus saltos pelo corredor, com a mão no coração que não para de saltar em meu peito. Respiro. Faço todo o caminho até os bastidores respirando e tentando colocar minha cabeça nos eixos, mas tudo o que ouço é 'Aiden'.
Aiden. Aiden. Aiden.
— Desculpe — falo quando esbarro em Summer, que na verdade é Hannah. Estamos na área perto do bar e me recuso a olhar para trás.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — respondo. Depois abano a cabeça. — Na verdade, sim, mas...
— Rainha do Gelo. — Um cliente de repente está me segurando pelos ombros. Seu toque é agressivo e dominador. Seus olhos estão abertos como se quisessem pular fora das órbitas. — Você tem que ficar comigo. Eu gosto de você.
Noto com cansaço ser Josh, o intelectual que estive entretendo momentos atrás. O cheiro forte que emana dele é de puro álcool e cigarro. Suas mãos estão gordurosas e, para meu desconforto, ele está fedendo a suor.
— Me solte — ordeno com a voz firme. Não é a primeira vez que lido com esse tipo de coisa. — Me solte, Josh.
— Não. — Sua mão acaricia meu rosto e agarra meus pulsos quando tento me afastar. — Venha comigo para casa. Estou apaixonado por você. Eu quero cuidar de você.
— Não preciso ser cuidada. — Estou olhando ao redor à procura de Hércules.
— Okay, então eu quero foder você, sua vadia.
O tom subitamente mal-educado e arrogante me faz virar a cabeça para olhá-lo em reprimenda. Odeio ser tratada como prostituta, porque, na verdade, nenhuma stripper ali é. Os homens confundem as coisas e nos coagem com sua força e agressão verbal quando não têm seus desejos atendidos. Quero lhe dar um tapa com tanta força que o faça cair para trás.
Com um movimento súbito, ele avança e pressiona seus lábios nos meus. Sua língua nojenta me lambe querendo passagem para minha boca cerrada.
— Hércules! — ouço o grito de Hannah.
Estou me agitando em desgosto e nojo, lutando em seus braços enquanto tento empurrá-lo para longe. Então, com se num passe de mágica, Josh é empurrado para longe de mim. Ele tropeça para trás, caindo no chão, até que um vulto alto e corpulento está na minha frente com os punhos crispados. Penso ser Hércules, mas eu estou em choque, zonza com a música e enojada com o beijo para ter certeza disso.
Ouço pancadas, murros, socos. Depois gritos. São de Hannah. Mesas e cadeiras caindo. Som de vidro quebrando. Em seguida, ouço a voz imperial de Hércules vindo ao nosso encontro e, quando dirijo meu olhar para o chão, percebo que é Aiden quem está esmurrando o cara que me atacou, não Hércules.
Apoio-me no balcão do bar, suando frio e completamente nauseada.
— Aiden. — Ao chamá-lo, tento pedir para que pare, mas minha voz não passa de um murmúrio. — Por favor, Aiden, não.
Aiden nocauteou Josh antes mesmo que Hércules conseguisse tirá-lo de cima dele. Josh está agora desmaiado no chão, sem qualquer condição de caminhar para fora do clube, que é o que geralmente Hércules diz para fazer quando ocasiões assim acontecem. Por isso, quem termina sendo expulso é Aiden. Seus punhos estão ensanguentados e ele está parado me encarando de onde está. Seus olhos são duros e febris para mim. Sua raiva é tão grande que eu posso vê-la e senti-la nele. Isso me assusta por ser a primeira vez que o vejo assim, tão fora de controle. Hércules é empurrado para o lado quando tenta levar Aiden embora. Ele parece estar tão fora de si, impregnado por sua própria fúria.
Com uma última olhada para mim, Aiden desamarrota a camisa pela gola e passa pela porta. Enquanto isso, assisto Hannah teclando com dedos trêmulos na tela de seu celular. Acho que está chamando a ambulância. Há uma pequena multidão acumulando-se ao redor do corpo inerte, mas não fico para ver o que acontecerá, porque, sem pensar, estou cambaleando através da porta em busca de Aiden.
Por que ele fez aquilo? Ele ficou maluco?
Cruzo o estacionamento, chamando seu nome e olhando ao redor. Ele está bem? Precisa de cuidados? Meu coração se aperta com essa possibilidade. Sei que tem um cara desmaiado no clube porque Aiden reagiu além da conta, mas não me importo com aquele homem nesse momento.
— Aiden!
Faço uma varredura dos carros estacionados, procurando por um esportivo vermelho. Acho-o brilhando sob a luz fraca do poste. Estou correndo sobre os meus saltos tão rápido quanto posso. Ouço o constante clique batendo no chão, até estar perto o suficiente para ver que as luzes internas do veículo estão apagadas e que não há ninguém lá dentro.
Dou um pontapé no carro, frustrada por não encontrá-lo.
— Homem idiota.
— Eu ouvi isso. — A voz na calada da noite me faz sobressaltar.
Como um Príncipe das Trevas, Aiden surge das sombras ao meu lado, limpando suas mãos com um pedaço de flanela. Ao abrir a porta do carro, ele atira o pano lá dentro.
— Você pode se meter em problemas por causa do que fez, sabia? — explodo de raiva.
Ele é um renomado advogado que pode cair nas mãos dos tubarões chamados jornalistas e repórteres se o caso vier a público. Pode ter toda a preciosa carreira construída perdida num piscar de olhos. O fato de ele não estar ligando para isso, para tudo o que construiu para se libertar de Philip e das correntes da família, enfurece-me de uma forma irracional. Aiden não faz nada além de ficar calado, parado na minha frente e me olhando. Isso me faz ter mais vontade de bater em seu lindo rosto cínico.
— Você vai ficar parado aí como um idiota? — Estou a ponto de chorar, com os nervos à flor da pele. Se as coisas o afetam, elas também afetam a mim, porque eu... estou apaixonada por ele e não quero que nada dê errado em sua vida.
Estou começando a me sentir uma estúpida por ver que ele não liga a mínima para o que falo. Uma tola sentimental. Ele é apenas uma estátua sem expressão, indecifrável. Eu deveria estar assim como ele, pois sou a Rainha do Gelo, a garota frígida sem coração. Mas não estou. Não me reconheço mais como a mesma de um ano atrás.
Num ato impulsivo, chuto de novo seu carro esperando que isso arranhe a pintura e que o deixe irritado. Qualquer coisa. Então, viro-me com meus saltos batendo sobre o chão de cimento, e tenho que dar meia-volta quando sou puxada.
Minhas palmas aterrissam sobre um peito sólido e resistente, e duas mãos nos lados de meu rosto erguem minha cabeça para me fazer olhar para cima. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, uma boca se apodera da minha. Morde meus lábios, chupa-os com força, captura minha língua deixando-a sem escapatória quando começa a sugá-la forte.
O algodão de sua camisa esfrega-se em meus seios, enrijecendo os mamilos contra a fina flanela. Ele não toca meu corpo, no entanto. Aiden só quer minha boca, é como se seus beijos estivessem eliminando todo e qualquer vestígio de Josh em mim.
Dura um mero momento, e deixa meus lábios inchados.
Estou incrivelmente sem fôlego. Confusa, atordoada, desnorteada.
— Por que fez isso? — pergunto em um sussurro.
Ele abre um sorriso genuinamente sincero para mim.
— Porque eu quis.
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