Eu estou sobrando. Vocês já pensaram isso, aquele momento em que todos estão rindo e se divertindo, mas então percebe. Tão quieto, com um sorriso amargo no rosto enquanto escuta e de repente percebe. Eu não faço falta, na verdade eu não existo naquele meio. Sua compreensão se torna triste, e segura até o último pra não chorar apenas no fim. No seu quarto, no escuro onde apenas o chiado do ventilador parece ouvir tudo. Eu olho pro teto e desejo sombriamente estar doente de novo, pessoas doente conseguem atenção de quem desejam. E eu queria tanto atenção dela, as vezes a pergunta se estou bem já me aquece o coração.

   Mas afinal por quê? Nenhum deles? Nenhum deles nota que eu estou ali, estou sentado participando de suas frescuras.

   Então eu tento, chamar atenção com piadas ou furtivamente entrar. Mas é um ato falho, falar apenas com a parede. O vazio em minha frente. Isso dói, acho que em meu coração eu sempre tentei preencher de algum modo que afastasse esse pensamento constante. Entre tanto, nesses momentos eles sempre voltam. E eu só sei que aquele não é meu lugar, que eu não pertenço e me desloco junto deles. Eu me pergunto as noites sozinha se um dia terei alguém além de mim, alguém além das vozes incessantes negativas em minha cabeça. Sozinha.

  Sozinha. Solitária? Ao ponto de chorar, todo o tempo. Como uma criança, entre a família uma pessoa incrivelmente chata. Talvez eu seja, afinal oque não fazemos pra ter atenção de quem amamos?

  Eu queria rir, queria me enturmar e me misturar em minha própria família. Mas sou um ponto preto, um ponto entre todos os outros ponto branco. Meu peito pesa, porque todas as vezes eu falhei, falhei em tentar preencher alguma coisa faltando em minha vida. Estar rodeada de pessoas e ser tão só, é dolorido. Não fisicamente, só podemos chorar e sentir o peito apertar, mas psicologicamente eu imagino como seria se me notassem. Se eu estivesse participando, se eu tivesse sentada ao lado de minha mãe que só olhou pra mim uma vez quando me xingou. Eu sei mãe, pessoas carentes são profundamente chatas. Desculpe.

   Queria um abraço. Droga, eu queria tanto um abraço.

  Acho que vou chorar novamente.

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   Obrigada.