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Capítulo 33

   A mão de Luffy era quente, confortável, e segurava a minha com firmeza. Meu olhos não conseguiam desviar das suas costas, enquanto ele me puxava com determinação.

— Aqui, vamos por aqui! — Entramos em uma rua mais calma e bem iluminada, haviam lanternas quentes presas em fios que levavam até o fim da estrada. Luffy não se importou em continuar segurando minha mão, sorri animada. — Zoro?!

Avistamos Zoro sentado em um banquinho próximo a uma barraquinha, ele se virou, e fitou os olhos em nossas mãos. Assim que notei, soltei rapidamente e cocei a nuca.

— Você viu os outros? Estávamos procurando pela Nami, Usopp, Sanji e Chopper...

— Não vi. — Ele desviou o olhar desinteressado e então bebeu um gole da sua bebida alcoólica, franzi o cenho.

— Pra onde será que eles foram? — Luffy coçou a nuca, ele então apontou para trás de mim. — Nami! Usopp!

Me virei e então acenei com ele, por sorte, o resto do bando se manteve junto e então nos reencontramos.

— Vocês estão bem? — Nami perguntou, afirmei.

— Senhorita, estávamos com o resto do pessoal vendo os fogos, foi incrível. — Chopper me disse, sorri.

— Nós também! Estavam lindos não é? Pena que acabamos nos perdendo.

— Esse bêbado estava vendo os fogos com vocês? — Sanji brincou, Zoro encarou sua bebida.

— Já passei da idade.

— Estávamos só eu e a minha companheira. — Luffy me puxou pelo ombro, ri levemente desconcertada. — Sorte que nos encontramos, quase fui pisoteado pela multidão.

— Então estavam sozinhos? Sei... — Usopp disse com uma risada maliciosa, os outros logo riram junto, levantei as mãos.

— N-não é nada disso. — Tentei explicar, Zoro colocou o copo sob a bancada.

— Não parecia ser nada disso. — Ele acrescentou, Usopp quase pulou no lugar animado. Luffy cutucou o nariz ainda confuso.

— Bom, acho que podemos voltar ao Merry agora. Quem sabe descansar um pouco e amanhã decidir para onde ir. — Nami afirmou tentando aliviar meu nervosismo, passei na frente em passos acelerados, ela riu e logo me seguiu.

— Já estava com saudade! — Luffy disse assim que voltou ao navio, logo depois todos nós subimos.

Luffy bocejou enquanto seguia até os quartos, Nami entrou no seu e fechou a porta. Continuei andando procurando atentamente, Luffy e Chopper perceberam.

— O que foi senhorita? — Chopper perguntou, cocei a nuca.

— Os coelhinhos. Acho que fugiram.

— É sério? Podemos ajudar a procurar. — Ele sugeriu, Luffy passou na frente.

— Aqui coelhinhos coelhinhos coelhinhos! — Começou a chamar enquanto estava os dedos, ouvi Usopp gritar irritado, corri até o quarto.

— Minha rede! Esses bichos peludos roeram tudo! — Apontou, corri e comecei a pegá-los no colo, Usopp me encarou irritado.

— Sinto muito mesmo Usopp! Prometo que vou arranjar outra rede pra você! — Comecei a dizer, ele cruzou os braços. 

— Isso aí não é nada, são só alguns furos. — Luffy apontou, Usopp torceu os braços ainda cruzados.

— Não é nada? Dorme você aí então.

— Por mim tudo bem, eu to cansadão. — Luffy deu se ombros e tirou o chapéu de palha, puxei seu braço.

— Luffyzinho, não precisa dormir aí, Usopp tem razão é desconfortável. — Afirmei, ele olhou em volta e então deu de ombros.

— Tudo bem.

— Espera, eu não vou dormir ali! — Usopp apontou.

— Pensei que ia dormir na minha rede. — Luffy coçou o queixo, Usopp continuou confuso.

— E você vai dormir aonde espertalhão?

— Na cama da Minnie. — Ele afirmou, quase derrubei os coelhos.

— O-o que?! — Chopper, Usopp e eu dissemos em uníssono. Luffy coçou a nuca sem entender a reação.

— Vocês três! Vão dormir! — Nami abriu a porta e nos repreendeu, Usopp apontou.

— Vai deixar ele dormir na sua cama?

— Por que não? Eu já dormi antes. É bem grande, podemos dividir. — Ele deu de ombros, comecei a ficar cada vez mais vermelha.

— Luffy. Fica quieto. — Bati o pé, ele me encarou confuso.

— Vocês já dormiram juntos?! — Usopp perguntou boquiaberto, neguei instantaneamente.

— Escuta, o Luffy pegou num sono um dia, mas n-não estávamos fazendo nada. Estávamos só conversando! — Expliquei rapidamente, ele concordou mesmo desconfiando.

— Bom, eu não sei o que vocês vão fazer. Mas se o Luffy me ofereceu a rede dele, eu não posso dispensar. — Ele sorriu e seguiu até as outras redes.

— Se quiser, pode dormir no meu quarto senhorita. — Chopper sugeriu, estiquei os lábios.

— Tudo bem Chopper, não tem problema. — Expliquei, ele bocejou e então alongou os braços.

— Nesse caso então boa noite!

— Boa noite! —  Respondi, soltei os coelhinhos para andarem livremente pelo navio e então encarei Luffy.

— O que foi?

— Não pode dizer essas coisas na frente deles! — Expliquei, Luffy franziu o cenho.

— Por quê?

— Porque assim vai parecer que somos um casal. — Me virei e saí andando, o beijo que roubei na outra noite me veio na cabeça. Luffy me seguiu pelo corredor até o meu quarto.

— Eu ainda não entendi.

— Claro que não entendeu. — Retruquei irritada, quando me virei para fechar a porta, bati de frente com ele.

— Estava brava por que não te beijei de volta? — Ele perguntou como qualquer outra pergunta casual, nunca fiquei tão vermelha quanto naquele momento.

— N-não! É que. — Antes que pudesse responder Luffy me beijou, ele segurou meu rosto e juntou nossos lábios tão rápido que acertei seu estômago num reflexo. — O que foi isso?!

— O Sanji disse que... — Ele segurou o estômago gemendo em dor.

— O Sanji?! — Gritei irritada, estava começando a ferver de dentro para fora.

— É. Ele disse que eu devia te beijar de volta.

— Você achou que agora fosse o momento certo? — Pisei no chão irritada, ele coçou a nuca.

— E-eu não sei. Nunca fiz isso antes. — Ele deu de ombros, peguei meu travesseiro.

— Quer saber, eu vou dormir lá fora!

— Espera! E-eu fiz algo errado? Vocês garotas são confusas. — Ele segurou meu braço, o soltei e voltei ao quarto.

— Luffy, isso é uma coisa que casais fazem! — Apontei para o seu nariz, ele recuou. — Se me beijar outra vez, significa que seremos um casal. Entendeu?!

— Entendido companheira. — Ele afirmou com determinação, neguei e arremessei o travesseiro na sua cara.

Me deitei de costas para ele, Luffy tirou o chapéu e olhou para cima usando o braço de apoio para a cabeça. Fechei os olhos, em segundos ele já estava roncando, enfiei a cabeça embaixo do travesseiro e adormeci minutos depois. Quando acordei, senti a respiração pesada sobre os meus cabelos. Eu estava deitada sobre Luffy em posição fetal, seus braços estavam me abraçando como um ursinho de pelúcia.

— Luffy? — Sussurrei, ele me segurou com mais firmeza. Acenei na frente do seu rosto tentando notar se ele estava acordado. Nada. Senti meu rabo mover-se freneticamente, o segurei. — Para!

Tentei sair por entre seus braços, rolei e acabei puxando Luffy para o chão comigo, ele caiu em cima de mim, o empurrei para o lado.

— Ai. — Levantei alongando as costas, ele fez o mesmo e coçou os olhos.

— O que foi? O que aconteceu?

— Tive um pesadelo, desculpa. — Cocei a nuca e então saí do quarto, Luffy me seguiu ainda bocejando.

— Olha só se não é o meu casal favorito. — Usopp apontou anunciando nossa chegada, arregalei os olhos, Sanji sorriu enquanto secava algumas tigelas.

— A Minnie disse que. — Antes de Luffy completar, cobri sua boca com minha mão.

— Quietinho. — Pedi, ele franziu o cenho e então deu de ombros. — Usopp, eu vou te jogar desse navio.

— Eu ajudo você. — Nami entrou no cômodo e se sentou em uma cadeira.

— Qual é. Ninguém vai comentar sobre como o capitão gentilmente me ofereceu a sua rede, depois daqueles malditos felpudos acabarem com a minha preciosa caminha? — Ele perguntou, ninguém respondeu. — Vocês são sem graça.

— O Nami. Qual é a nossa próxima parada? — Luffy se sentou no sofá e se espreguiçou.

— Acho que é melhor ficarmos um pouco no mar por enquanto... nós encontramos vários pôsteres seus naquela cidade, estavam expostos em um mural.

— É sério?! Que maneiro. — Ele disse e comemorou.

— Isso não é bom Luffy, vão vir atrás de nós.

— Eles podem vir, vamos enfrentá-los. — Ele fechou o punho na outra mão, suspirei.

— É perigoso mesmo assim. — Afirmei, ele negou.

— Vamos atracar na próxima ilha, temos que continuar na rota. — Ele mandou, Nami encarou os outros e então concordou.

— Está bem. Mas não digam que eu não avisei. — Ela afirmou e saiu de dentro do Merry.

— Aí vocês dois, vão pescar algo pra comermos. — Sanji apontou e arremessou um balde para Luffy e Usopp. — E nada de eletrificar a água.

— Entendido. — Afirmei, olhei em volta. — Por acaso você viu os coelhinhos?

— Estavam no corredor. — Apontou, afirmei e saí procurando por eles, avistei um deles entrando em um quarto.

— Ei! — Sussurrei, saí em passos longos, parei em frente a porta e avistei o coelhinho pular na rede de Zoro. Quando notei, estavam todos dormindo juntos em cima do espadachim, arregalei os olhos e segurei a risada.

— O que está olhando senhorita? — Chopper me assustou, cobri sua boca e então apontei, ele riu. — Ao menos estão todos dormindo confortavelmente...

— E ele disse que queria comê-los. — Sussurrei de volta, guiei Chopper para o corredor. — Vamos deixá-los dormir.

— E você dormiu bem senhorita? — Ele me perguntou, concordei.

— Até que sim. — Dei de ombros, saímos de dentro do Merry. De um lado Luffy e Usopp estavam pescando, do outro lado estava Nami, guiando o navio.

Fui até a borda e me sentei, olhei para as ondas do mar batendo no casco enquanto uma brisa revigorante soprava em meus cabelos.

— Chop. Como estão seus estudos?

— Progredindo senhorita, por sorte temos muitos livros. — Ele sorriu de orelha a orelha, afirmei.

— É verdade. Os livros foram um presente, assim como o próprio Merry. — Acrescentei, ele arregalou os olhos.

— É mesmo? Ual. Parando para pensar, vocês fizeram muitos amigos não é?

— É. Felizmente, ser pirata não é a mesma coisa neste bando. — Olhei para Luffy, Usopp estava lhe dando uma bronca enquanto ele ria descontrolado. — Sabe, as vezes acho que foi a melhor coisa que me aconteceu.

— Entrar para o bando?

— Conhecer o Luffy. — Respondi, de repente o navio acelerou bruscamente, quase caí na água.

— Cuidado senhorita! — Chopper gritou, desci e me joguei no chão, os meninos logo chegaram para me levantar.

— Vocês se machucaram?! — Nami gritou, neguei.

— Não! Tudo bem! — Respondi, ela suspirou aliviada.

— Mas o que foi isso?! — Usopp gritou de volta, Nami coçou a nuca.

— Acho que foi uma rocha. — Ela gritou de volta, Usopp negou enquanto saía reclamando. — Minnie, tenta ficar fora da borda!

— Pode deixar! — Fiz joinha com a mão, ela voltou ao leme.

— Pessoal! — Nami gritou outra vez, me virei para ela. — Parece que estamos mais perto do que eu imaginei!

Quando nos viramos, avistamos vários navios atracados em um cais enorme. Haviam navios de todos os tamanhos, alguns até maiores que o Merry.

— Não sei não Luffy, acho que devíamos continuar no mar. — Sugeri, ele sequer deu importância.

— Relaxa. Somos mais habilidosos que qualquer um nesse lugar. — Disse otimista, franzi o cenho, avistei Zoro saindo de dentro do Merry enquanto bocejava.

— Que lugar é esse? — Ele dizia, Sanji passou por ele com seriedade.

— Saberia se não ficasse só dormindo. — Resmungou, Zoro o encarou.

— Eu preciso descansar pra proteger a sua bunda. — Ele retrucou, Sanji riu.

— Olha como fala, eu luto bem melhor que você e sem nenhuma espada.

— Fala isso porque nunca lutou contra mim.

— Vocês dois, vão com eles! Eu vou ficar aqui. — Nami pediu, Sanji concordou no mesmo segundo, já Zoro apenas suspirou e seguiu até a descida.

— E-eu também vou ficar viu, vocês nem precisam de mim, vão ficar bem. — Usopp dizia, Zoro revirou os olhos.

— Para de ser covarde, desce logo aqui.

— N-não preciso não. Eu to bem aqui. — Ele afirmou. Já Chopper saltou e ficou ao nosso lado. 

— Eu to pronto pra conhecer essa nova cidade! — Ele disse animado, engoli em seco.

— É assim que se fala companheiro, vamos explorar!

Luffy e Chopper saíram na frente, parei ali mesmo no cais, em frente a uma navio no qual me parecia familiar.

— Anda logo coelha! — Zoro chamou, disparei na direção deles.

Seguimos pela cidade, suas ruas eram movimentadas mas o clima mão era tão animado quanto da cidade anterior. Bem no centro, havia um mural com avisos e alguns pôsteres de procurados, por sorte Luffy ainda não estava nele.

— É só questão de tempo. — Sussurrei, Sanji concordou. — É melhor não ficarmos muito por aqui.

— Tem razão senhorita.

— Mas antes, temos que fazer uma visitinha ao bar. — Zoro sugeriu, o seguimos até o bar local, assim que coloquei os pés naquele lugar meu corpo todo vibrou.

O bar parecia com o primeiro em que nos encontramos, haviam piratas mal encarados e guardas da marinha que não estavam nem aí para quem eles eram. O clima não estava tão alegre, parecia que alguns ali só queriam beber e fofocar.

— O que vão querer? — O barista perguntou, Zoro pediu o de sempre, uma bebida forte que exalava álcool.

— Eu vou fumar lá fora, qualquer coisa gritem. — Sanji avisou e deixou o bar, Chopper e eu trocamos olhares.

— Eu vou querer leite por favor. — Luffy pediu, o homem riu e então trouxe um copo com leite.

— Cervejas para os meus amigos aqui, vocês parecem muito tensos. — Ele disse e colocou as mãos entre o meu ombro e o de Luffy.

— Ace! — Gritei, Luffy se virou, seus olhos se iluminaram. — Sabia que era você, reconheci seu barco.

— ACE! — Luffy pulou no irmão com animação, Zoro riu desacreditado e bebeu um gole do pequeno copo.

— Oi irmãozinho, arranjando problemas?

— Sabe que o Luffy adora um problema. — Cruzei os braços, Ace tirou o chapéu de Luffy e bagunçou seus cabelos.

— Senti sua falta bebê chorão. — Ele brincou, Luffy continuava gargalhando alegremente. Ace finalmente o soltou, ele se ajeitou novamente. — Aliás, eu encontrei sua irmã.

— Você a encontrou?!

— Faz alguns dias. Não me disse que ela era tão bonita quanto a irmã dela. — Brincou, juntei as mãos envergonhada, Luffy pulou no seu pescoço.

— Por onde você andou?! — Começou a brincar, Ace o virou e deu-lhe uma chave de braço.

— Arranjando problema, igual você. — Respondeu entredentes, Zoro levantou e se aproximou de nós.

— É melhor brincar lá fora, vamos acabar chamando a atenção aqui. — Ele sugeriu, Ace soltou Luffy e encarou o espadachim.

— Então esse é o seu braço direito? — Ele encarou Zoro e cruzou os braços impressionado. — E ele usa três espadas? Escolheu bem irmãozinho.

— Eu escolhi os melhores pro meu bando. — Ele disse e me abraçou de lado, minhas orelhas se encolheram de vergonha, corei impressionada com o elogio.

— Você precisa conhecer o Merry! Vem com a gente! — Puxei Ace pelo braço até a saída enquanto conversávamos sobre como o nosso navio era, encontramos Sanji do lado de fora apagando seu cigarro. — Sanji! Esse é o Ace! O irmão do Luffy!

— É um prazer conhecê-lo, eu sou Sanji, o melhor cozinheiro que vai conhecer. — Ele estendeu a mão, os dois se cumprimentaram.

— Gostei disso. — Ace disse, puxei os dois pelos braços.

— O que acham de voltarmos ao Merry, e o Sanji cozinhar algo delicioso?! — Sugeri, olhei para Luffy esperando uma resposta.

— Eu topo! — Ele afirmou, Sanji recuou e tocou o próprio queixo.

— Estamos sem alguns ingredientes, pouca coisa... senhorita, você  poderia escolher pra mim? Vou voltar ao navio e começar o jantar.

— Claro, deixa comigo. — Afirmei, ele sorriu aliviado.

— É melhor ir com ela marimo, traga-a em segurança. — Sanji apontou, Zoro riu desacreditado.

— Ela sabe se cuidar. — Zoro afirmou, os encarei, eles pareciam trocar olhares sérios.

— Mas não é seguro andar sozinha por aí, principalmente em uma cidade nova. — Sanji apontou, Zoro deu de ombros.

— E por que não vai você fritador de ovo?

— Porque eu preciso cozinhar cabeça de grama! A não ser que queira servir lavagem no jantar. — Ele retrucou, Ace gargalhou alto.

— Eles são sempre assim?

— Sempre. — Afirmei. — Olha não tem problema, eu vou bem rápido.

— Espera. Eu não disse que não ia.

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