Capítulo 14
Baixei as mãos em surpresa, o que meus olhos viram depois de atravessar aquela parede invisível me deixara completamente boquiaberta.
— Luffy! Minnie! — Nami gritou, Sanji, Usopp e Zoro saíram de dentro do navio preocupados.
O Going Merry começou a desaparecer aos poucos, até que finalmente entrou na parede invisível.
— Que lugar é esse?! — Zoro disse seriamente, ao olhar para trás o mar parecia o mesmo, mas ainda sim parecia um reflexo.
— É uma ilha! — Apontei, Nami ficou aliviada em nos ver.
— Será que é perigoso? Essa ilha simplesmente surgiu. — Usopp disse preocupado.
— Vamos atracar! — Luffy gritou, me virei para descer da ponta do navio, mas antes que pudesse aceitar a ajuda de Luffy, olhei para a ilha.
Haviam outros navios no cais mas nenhum sinal de movimentos, a ilha toda em si parecia diferente de qualquer outra ilha. As árvores eram enormes cheias de cipós, e com frutas coloridas, haviam flores para todos os lados.
— Será que... — Disse à mim mesma, me preparei e saltei até o cais.
— Espera! — Nami gritou mas já era tarde. — Eu falei pra ela parar de fazer isso, Luffy!
Luffy saltou logo atrás de mim, olhei em volta boquiaberta, logo no cais haviam vários cestos de frutas e suprimentos. Mas os próprios alimentos pareciam ser da própria ilha, Luffy pegou uma das frutas e comeu.
— É pêssego. — Ele disse com a boca cheia, estiquei os lábios.
— Isso pode ser de alguém, não pode sair comendo as coisas. — Nami disse surgindo ao nosso lado, segui até a entrada do cais, não havia nenhum sinal de movimento.
De repente uma lança veio rapidamente na nossa direção, Zoro foi mais rápido e a partiu ao meio antes que pudesse me atingir.
— Obrigada Zorinho. — Disse com o coração disparado, ele guardou a espada.
Usopp puxou seu estilingue e mirou na nossa frente, mais estacas começaram a vir na nossa direção e então um grupo de pessoas surgiu com máscaras, arcos e espadas.
— Espera espera! Não queremos machucá-los! — Levantei as mãos e comecei a gritar.
— Como nos encontraram?! — Um deles perguntou, o maior e mais forte, seus cabelos grisalhos desciam por seus ombros.
— Eu ouvi senhor, ouvi a ilha, eu senti o cheiro das frutas. — Dei um passo à frente, Nami puxou meu braço. — Fui eu!
— Você? Quem é você?!
— Minnie Moon, e este é o meu bando. — Apontei, ele tirou a máscara e me encarou da cabeça aos pés. Seu rosto era felpudo, o nariz não humano, e as orelhas enormes caindo para trás da cabeça.
— O seu bando? Vocês são piratas?! — Ele apontou a espada para mim, Luffy esticou os lábios formando um grande sorriso.
— Isso mesmo. Somos piratas! Eu sou o capitão Monkey D... — Zoro acertou seu estômago. — Luffy.
— V-você é. — Tentei falar, antes de terminar a frase ele gritou.
— Isso é impossível, piratas não podem atravessar a barreira! — Ele disse.
— Não somos iguais aos outros piratas. — Luffy explicou, concordei no mesmo segundo.
Minhas orelhas pularam para cima, comecei a sentir o cheiro dos outros membros mascarados.
— Vocês tem um cheiro diferente. — Falei me aproximando do homem cabeludo, Nami tentou me segurar antes de me aproximar.
Ele não se moveu, como se eu fosse algum tipo de ameaça. Deu uma volta sentindo seu cheiro, havia algo no cheiro dele que não me era estranho.
— Você tem um rabo! — Apontei para o enorme pompom saindo por um buraco na sua roupa, toquei em suas orelhas.
— Ei garotinha! O que pensa que está fazendo?! — Ele me pegou pela camiseta e me levantou no ar, Zoro puxou sua espada, Nami segurou seu braço antes que ele pudesse fazer algo.
Soltei uma faísca que eletrizou seu braço até chegar em seus cabelos, o encarei, o velho me encarou de volta. Minhas orelhas pularam novamente e meu rabo começou a mover de modo frenético, minhas pupilas dilataram ao olhar diretamente para ele. O velho gargalhou alto, o resto do bando trocou olhares confusos, o grupo mascarado retirou suas máscaras trocando olhares.
— Eles são como ela. — Usopp sussurrou para o resto do bando, os outros homens também tinha aspectos animalescos como eu, pelos espalhados pelo corpo, e partes de animais como lobo, tigre e leopardo.
— É você! É a minha garotinha! — Ele começou a gritar enquanto me apertava com seus braços enormes e felpudos. — Ela voltou pra casa! Ela encontrou seu lar!
— Com licença. — Nami chamou atenção, ele parou de me apertar. — Você à reconheceu?
— Ela tem a minha cara! É claro que eu a reconheci! — Ele gritou e soltou outra gargalhada.
— Esse velho, há dois minutos queria acertar a filha com uma lança. — Zoro resmungou, Sanji acertou sua costela.
— Cala a boca.
— Encosta em mim de novo e eu corto a sua mão. — Zoro segurou as espadas.
— Quero ver tentar!
— Calem a boca os dois! — Nami disse entredentes e bateu os pés.
— Senhor. — Eu disse sem graça, os ombros encolhidos em frente ao homem mais velho com o triplo do meu tamanho. — Então você é Mink? Como eu?
— É claro que eu sou! Todos nós aqui somos, não está vendo? — Ele abriu os braços, sorri de orelha a orelha.
Meu corpo estava energizado em alegria, nunca senti tanta animação em estar em um lugar. O velho me levantou e me colocou nas costas, e então me carregou estrada a fora.
— Ela voltou! A minha filha voltou para casa! — Ele dizia anunciando a cada passo que dava na direção da floresta, o bando nos seguiu, passamos por uma vila onde haviam pessoas de todas as formas.
— Bem-vindos a ilha Zou, estranhei quando avistamos um navio pirata atravessar a barreira. — Ele dizia me carregando em seu ombro. — Não são todos que conseguem ver ou ouvir algo depois da barreira.
— Eu sabia que tinha algo, aquele monstro marinho me disse que iria encontrar a minha família!
— Monstro marinho? Está falando da Emma?
— Aquela coisa tem nome? — Usopp perguntou, o homem riu.
— Emma é nossa protetora, ela protege a barreira de todos os navios mal intencionados que tentam passar para chegar à Grand Line.
— Espera, você disse que precisamos atravessar pra chegar na Grand Line? — Nami perguntou, ele concordou no mesmo segundo.
— Então nossa companheira nos salvou de uma morte violenta. — Luffy acrescentou animado, Nami franziu o cenho.
— Estão indo para a Grand Line? Por que se arriscar em águas tão perigosas?
— Pra encontrar o One Piece. — Luffy disse animado, o homem gargalhou outra vez. — Eu sou o capitão Monkey D. Luffy e vou me tornar o rei dos piratas.
— O rei dos piratas? Eu gosto da sua determinação. — Ele disse, desci do seu ombro e me aproximei de Luffy.
— Papai, eu estou ajudando o Luffyzinho a se tornar o rei dos piratas, por isso ele me ajudou a chegar aqui. — Expliquei, ele olhou seriamente para o chapéu de palha.
— Certo, eu vou ajudar vocês. Em compensação por trazerem minha bela filha de volta. Mas agora, vamos comemorar! — Ele disse abrindo os braços, o resto do bando ficou de queixo caído.
— Isso é. — Nami disse, antes que pudesse completar, ele apresentou.
— Bem-vindos à minha casa!
— Isso é um castelo?! — Usopp perguntou. — Você é um Rei?
— Isso mesmo, eu sou Melchior, o Rei da ilha Zou!
— Melzinho querido! Você voltou! — Uma mulher saiu do palácio, os cachinhos dourados e o vestido verde cheio de brilho caindo até o chão.
— Agora eu entendi. — Zoro resmungou outra vez cruzando os braços.
— Quem é aquela?! — Sanji arregalou os olhos, atrás da mulher, saiu uma jovem de olhos verdes e cabelo também cacheado, os cachos tão dourados que refletiam a luz do Sol.
— Querida! Querida! Encontramos, encontramos nossa pequena filha! — Ele me puxou pelo braço, a mulher se aproximou e segurou-me pelos ombros.
— É você mesmo querida? É minha pequena Ruby?!
— Minnie, eu me chamo Minnie. — Corrigi sem jeito, ela tocou meu rosto.
— Então foi assim que te chamaram? Aqueles malditos piratas! Roubaram minha pequena filha de olhos azuis, isto no seu rosto é uma cicatriz? Quem foi que fez isso?! — Ela disse preocupada até demais.
— Tudo bem, eu dei um jeito em quem fez isso. — Disse orgulhosa, a jovem atrás dela se aproximou, ela usava um belo vestido florido acompanhado de uma tiara de flores.
— É um prazer conhecê-la irmã. — Ela disse de forma singela, acenei. — Eu me chamo Aurora, ou Peper para os mais próximos.
— Que nome lindo, e o seu cabelo é perfeito! E esse vestido! — Apontei, ela escondeu um sorriso, Sanji coçou a garganta logo atrás de nós.
— Eu me chamo Sanji, é um prazer conhecê-la senhorita. Acredito que o nome venha do brilho em seus olhos. — Ele sugeriu tomando a mão da garota para beijá-la.
— Você é um dos companheiros da minha irmã eu suponho, obrigada por ajudá-la a voltar pra casa. — Ela disse sem jeito, Sanji quase derreteu ali mesmo.
— Se liga. — Nami o chutou para o lado, ele se recompôs e o resto do bando passou na sua frente.
— Venha querida vamos trocar essas roupas e tomar um banho, está fedendo a maresia. — Minha mãe me puxou para a direção do palácio, olhei para trás avistando o bando se afastando cada vez mais.
— Vocês vão receber recompensas por trazerem minha querida filha de volta, mas por hora fiquem à vontade, estão convidados para passar a noite e conhecerem a ilha. — Melchior disse sorridente.
— Obrigada por nos receber, para onde vamos agora?
— Sugiro um banho, e talvez novas vestimentas. — Apontou e deu uma gargalhada, Luffy olhava fixamente para a sua frente, para as portas do palácio.
— Luffy. — Nami chamou, ele desviou o olhar fixo.
— Eu to morrendo de fome, vocês tem carne? — Perguntou, o rei o encarou estranho.
— Eles não comem carne. — Nami resmungou entredentes, Luffy o encarou confuso.
— É verdade. — Ele disse rindo sem graça, o velho o encarou e então soltou uma gargalhada.
*
Já fazia mais de meia-hora que eu não via o bando, estava começando a ficar preocupada, como se algo estivesse acontecendo. Encostei a cabeça na borda da banheira e levei um pouco de espuma até os ombros, mesmo em uma banheira quente o meu corpo parecia estar frio feito pedra, trêmulo, o nervosismo percorria todos os meus músculos.
— Querida! Eu preparei um vestido lindo para você! — Minha mãe abriu as portas ao lado de várias ajudantes, tentei me cobrir. — Desculpa te assustar, pobrezinha, aqueles piratas te deixaram em uma situação de total desconfiança não é?
— N-não. A senhora me assustou... é só que. — Estava prestes a responder quando ela enfiou uma toalha no meu rosto e o esfregou, meus cabelos pularam para cima arrepiados.
— Nem consigo imaginar pelo que passou pra conseguir essa cicatriz. — Disse secando o meu rosto, me afastei.
— Por que a senhora não tem orelhas e pelos como eu e o papai? — Perguntei, ela sorriu.
— Querida eu sou humana, a união dos meus genes com os do seu pai lhe fizeram parte Mink. Mas você consegue fazer uma transformação completa se quiser, só precisa ter controle. — Ela dizia quando Aurora entrou pelas portas.
— Você está linda. — Disse juntando as mãos, dei uma volta completa com meu novo vestido. Um vestido que descia até os joelhos, branco e com glitter espalhado por sua volta, com bordados felpudos também brilhantes. — Está pronta?
— O que é isso? — Apontei para a caixa ao lado dela, Aurora sorriu.
— Maquiagem.
— Mas não precisa se não quiser, nós já nascemos com beleza naturalmente. — Ela disse mostrando-se, quando Aurora abriu o baú meus olhos quase saltaram para fora do rosto.
— São tão brilhantes. — Haviam joias de todos os tamanhos, colares, pulseiras, anéis.
— Isso é tudo seu agora meu amor. — Minha mãe disse indo até o baú, estiquei os lábios pensando em Nami, pensando em como ela adoraria ter aquelas joias e vestidos bonitos. — O que foi?
— Posso ver meus amigos?
— Você já vai vê-los, esta noite, na festa em comemoração à sua volta. — Ela explicou, concordei ainda pensando na ideia de ter uma festa só para me receber.
Logo, a ideia de não voltar ao Going Merry me veio na cabeça, eu ficaria mesmo para trás com meus pais? Com a minha família? Precisava pensar nisso, no que Luffy pensava, no que ele gostaria que eu fizesse.
Segui Aurora pelo corredor, a garota caminhava de modo delicado cumprimentando cada pessoa naquele palácio. Cada ajudante, cada membro acolhido por meus pais.
— Não sei se percebeu mas nós representamos o tesouro do papai, Emerald, de esmeralda. Ruby, de rubi, e eu como o próprio nome. — Ela dizia de forma calma, paramos em frente à uma estátua do rei Melchior, o meu pai. — Nosso pai lutou pela nossa liberdade, apesar de espécies como vocês dois, com traços a mostra, serem confundidos com seres inferiores que devem servir aos seus donos.
— Você também é humana?
— Eu não nasci Mink, você herdou o poder do papai, por isso ele queria você no trono. — Ela virou-se pra mim, e segurou minhas mãos.
— E-eu?
— Você Minnie, e eu estarei aqui pra te ajudar. — Sugeriu com um sorriso amigável no rosto, recuei.
— M-mas e-eu. E-eu preciso ajudar meus amigos. — Me virei, olhei para o corredor bem na minha frente. — Eu preciso ajudar o Luffy.
— Ele é o capitão não é? Aposto que ele já está preparado pra isso.
— Mas eles... eles precisam de mim. — Me abracei, ela segurou meus ombros.
— Irmã, você veio até aqui, encontrou seu lar. Eles te ajudaram a chegar aqui, não acho que querem que você se arrisque no mar lá fora.
— Você não entende. — Recuei, ela me encarou com uma expressão de pena. — Eu vivi isso, você ficou aqui, nesta ilha escondida. Eu aprendi a amar meus traços, aprendi a usar habilidades que nem sabia que existiam.
— Você pode aprender muito mais aqui, tantas áreas para explorar, tanto para relembrar. Esse é o seu povo Minnie, você precisa pensar nisso.
— E você? Por que você não se torna rainha?
— Eu sou humana, não tenho as habilidades que você tem. Graças ao papai aprendi a entender os seres de todas as espécies como vocês, mas só isso. — Explicou, baixei os ombros e parei, pensativa.
— E-eu não sei. Preciso pensar...
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