Capítulo 17. Mundo
O ar estava gélido naquele dia, mas meu corpo parecia ferver por dentro. A forma como Megumi apenas concordou comigo na frente de Gojo me fez repensar tudo até aquele momento. Ele era autoconfiante demais, e não se importava com ninguém além dele mesmo. Quando concordou na primeira oportunidade, percebi que Megumi Fushiguro realmente me odiava.
— Em que precisa de ajuda?
— Suas criações, como você faz? — Fiquei na sua frente, Megumi franziu o cenho.
— Não é tão simples. — Ele disse, cerrei os punhos. — Eu uso minha energia amaldiçoada para convoca-los, e não são exatamente... daquela forma.
— Monstros. — Alonguei meus braços e olhei para ele com seriedade. — Se vai falar deles, então fale do jeito certo.
— Eu disse alguma coisa? — Ele parou, em encarou com o mesmo olhar irritante e confuso de sempre. — Por que eu só confirmei com você lá atrás.
Me virei e saí pisoteando o chão, ele correu e puxou meu braço. O encarei com irritação, Megumi notou.
— Me responde.
— Se eu sou tão irritant... — Estava falando quando ele beijou meus lábios, senti meu corpo vibrar e ao mesmo tempo se desfazer no lugar. Quando se afastou, meu corpo estava congelado e os olhos arregalados.
— Você não é irritante. Eu concordei lá atrás apenas para não te deixar desconfortável na frente do Satoru. — Ele se explicou, juntei os braços completamente envergonhada. Aquilo realmente estava acontecendo? Megumi havia... me beijado?
Ele se afastou, fiquei congelada por alguns segundos. Megumi juntou e se posicionou, me mostrando como fazia para criar uma maldição.
— Minhas criações são Shikigamis, é uma técnica das sombras, você pode tentar se espelhar mas pode ser que não funcione. Eu uso energia para mantê-las, não é ilimitado, atente-se à isso. — Ele dizia, fiquei ao seu lado e me posicionei. — Fuga do Coelho.
Assim que ele disse, uma ninhada de coelhos surgiu o suficiente para cobrir quase todo o campo, desfiz minha postura. Enquanto ele explicava sobre como seus coelhos serviam de distração, apenas caí de joelhos e aproveitei.
— São uma boa distração. — Eu disse cercada de felpudos, um grupo deles acabou pulando em cima de mim, comecei a gargalhar alto.
— Aqui. — Megumi estendeu a mão, aceitei, ele me puxou e me segurou pela cintura. Paralisei diante dos seus olhos, ele parecia tão feliz com aquela situação mesmo sem esboçar um sorriso muito exagerado. Sua mão gentilmente colocou uma mecha do meu cabelo para trás, engoli em seco.
— Então você... gosta de mim? — Ele riu com a pergunta, não havia notado até aquele segundo como seu sorriso era delicado e pouco marcante, mas só aquele simples gesto significava um mundo inteiro de sensações.
— Quer comer alguma coisa? — A pergunta repentina me surpreendeu, engoli em seco.
— Está me chamando... como um encontro?
— Sim. — Ele não hesitou nem por um segundo, senti um frio na barriga e então cerrei os punhos tentando me livrar da timidez. Afirmei decidida, mas com tanta vergonha que senti meu rosto formigar, devia estar vermelha como um tomate naquele momento. — Legal.
Ele disse e deu as costas, inclinei a cabeça para o lado, pensativa. Megumi se virou para mim com a coluna levemente esguia, e virou a cabeça do mesmo jeito. Me dei conta de que ele queria sair para comer naquele momento, então disparei na sua direção.
— Estou indo! — Afirmei, ele me esperou chegar e então andamos juntos até os portões de Jujutsu.
— Não precisa correr. — Ele disse, me senti agradecida pela preocupação. — Do jeito que é desajeitada pode cair e quebrar um dente.
De repente toda a gratidão foi embora, por admitir gostar de mim, eu acabei esquecendo completamente da sua personalidade debochada e irritante.
— Cuidado você por onde anda. — Apontei, ele riu, no mesmo segundo tropecei em meus próprios pés e Megumi me puxou pela cintura para mais perto.
— Viu. — Ele afirmou, senti meu corpo estremecer em raiva genuína. Eu poderia socar a cara dele naquele momento, mas sua resposta irritante o deixava ainda mais atraente.
Chegamos em uma cafeteira no centro, estava bem movimentado. Obersevei algumas crianças soprando bolhas de sabão enquanto Megumi recebia nossos pedidos, duas casquinhas com sorvete. Ele pagou e veio até mim segurando-as, esboçou um leve sorriso ao me ver observando as crianças com tanta determinação.
— Pistache e Chocolate. — Megumi estendeu as mãos, peguei o sorvete esverdeado com algumas pintinhas e o lambi.
— Esse sabor é revigorante. — Respondi, dei uns saltinhos andando logo na sua frente. Megumi sorriu e continuou ao meu lado.
— Não sabia que gostava de sorvete. — Ele dizia enquanto me observava devorar a bola congelada.
— Eu não conseguia comer esse tipo de coisa antes, Aoi era... complicada. — Expliquei, o nome, citado depois de muito tempo, me fez arrepiar a espinha. Aoi não se manifestou desde que consumi o dedo de Sukuna, nem mesmo ele conseguiu se manifestar. A sensação era de servir como um funil para as maldições, ingerir um dedo tão poderoso e ainda estar fraca só me levava a esta conclusão.
— Você não trocou mais não é? — Ele me perguntou, olhei para o vazio depois do sorvete. Megumi estava tão irritado naquele dia, pela primeira vez tive medo.
— Eu. — Olhei para a casquinha, nós paramos. — Eu acho que consumi ela de algum modo, tudo estava tão caótico e agora está tão... quieto. Mas os olhos ainda são os dela.
Parei em frente à uma loja com uma vidraça grande, e observei o reflexo de meus olhos. Estava tudo tão colorido, os meus dias não eram mais cinzas como Aoi me fazia ver.
— Eu só vejo os seus olhos. — Megumi parou ao meu lado, olhei para ele através do seu reflexo e então me virei. — Me desculpe surtar naquele dia, eu pensei que você havia nos traído de alguma forma. Pensar nesta situação e tratando-se de você... me deixou descontrolado.
Enquanto ele falava, notei um pouco de sorvete no canto dos seus lábios. Me inclinei para perto e usei o polegar para limpar, lambi o dedo sentindo o gosto do chocolate quase que direto da sua boca. Megumi congelou feito um fantasma, seu rosto ficou tão surpreso com a ação que acabou gerando uma expressão desconcertante.
— D-desculpa. — Me encolhi no lugar, apontei o local da sujeira. — Tinha um pouco de sorvete.
Ele se aproximou tão rápido que não tive reação, suas mãos passaram por cima dos meus ombros me dando um abraço reconfortante. Senti meus ombros relaxando, ele não disse nada, apenas continuou lá na mesma posição.
— Eu não quero te soltar. — Ele sussurrou no topo da minha cabeça, minhas mãos subiram delicadamente fechando nosso abraço.
— Tudo bem. — Sussurrei, senti uma lágrima escorrer no canto do meu olho, fechei os olhos aproveitando cada segundo em seus braços.
Nos afastamos, uma brisa revigorante soprou arrepiando a minha espinha. Megumi tirou seu moletom e me entregou, o vesti como uma luva, de repente seu cheiro estava todo em mim. Ele ajeitou o capuz atrás e ofereceu sua mão, mais uma vez senti meu corpo congelar e vibrar ao mesmo tempo.
— Quer ser minha namorada? — Megumi foi direto, pisquei algumas vezes, me afoguei com o próprio ar.
Afirmei de olhos fechados, Megumi sorriu, puxei sua mão e a coloquei dentro do bolso do moletom entrelaçada com a minha. Ele desviou o olhar completamente envergonhado, estiquei os lábios e baixei a cabeça me sentindo a garota mais sortuda em todo o mundo.
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