09 | Finais nada felizes...
- Reis cruéis são apenas príncipes que nunca encontraram seu príncipe encantado.
CAIM ACHAVA CAROL UMA MULHER DOCE e frágil, mas ao mesmo tempo extremamente forte. Desde o desaparecimento de sua filha, o pouco brilho que restava em seus olhos havia desaparecido. O garoto queria ajudá-la da melhor forma possível. Por isso, participou de todas as buscas com Daryl, usou seus poderes para ajudá-la a dormir mais tranquilamente e, por fim, agora estava ali, observando Carol desmoronar ao ver sua filha sair do celeiro como um andador.
O grunhido da menina morta ecoava pelo campo, babando e movendo-se como um animal em busca de carne humana. Era aterrorizante. Todos do grupo pareciam finalmente compreender a brutalidade do mundo em que viviam.
A morte de Sophia foi um golpe devastador, principalmente para Carol. Ela estava nos braços de Daryl, chorando desesperadamente, enquanto chamava o que um dia havia sido sua filha sorridente e tímida.
Caim observava tudo em choque, imerso no silêncio pesado quebrado apenas pelos soluços. A família proprietária da fazenda chorava por seus entes queridos, agora transformados em zumbis, enquanto os outros membros do grupo permaneciam estáticos.
Então, o som seco de um disparo ecoou. Rick, com a expressão dura, atirou na cabeça da menina. O corpo de Sophia tombou no chão. Definitivamente, ela não se levantaria nunca mais.
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12 horas antes:
Caim acordou sobre a cama do trailer. Carl dormia nos braços dele, o rosto sereno e os cabelos bagunçados. O menino não se mexeu, apenas observou Grimes, que dormia profundamente, com um dos braços envolvendo sua cintura.
Carl era bonito, Caim sabia disso. Ele percebia nos pequenos detalhes: no sorriso tímido, no jeito que seus lábios se moviam enquanto lia ou no modo como ficava vermelho toda vez que Caim se aproximava demais. Não sabia exatamente o que sentia, mas faria qualquer coisa por Carl. Protegeria o menino de tudo.
Deixando-o dormir, Caim saiu da cama com cuidado, fez suas necessidades no banheiro e lavou o rosto. Depois, molhou os cabelos bagunçados antes de sair do trailer.
Ao olhar ao redor, avistou Daryl afastado, próximo à cerca, limpando a besta. O garoto correu até ele e se sentou ao lado do homem, encostando a cabeça no braço dele.
— Caim quer aprender! — disse, sua voz soando animada.
— Não era pra você estar com o xerife mirim? — respondeu Daryl, com um tom levemente enciumado.
— Caim quer ficar com você! — cruzou os braços e inflou as bochechas, fazendo bico. — Gosta de Carl, mas gosta muito de Daryl também!
Daryl bufou, mas, por dentro, achava o garoto extremamente adorável. Ele lembrava um filhote carente.
— Tanto faz. Presta atenção, que só vou ensinar uma vez! — murmurou, tentando soar indiferente, embora um sorriso escapasse de seus lábios.
Com paciência, Daryl ensinou Caim a limpar a besta e depois a atirar. Entre risadas e pequenas quedas, a conexão entre os dois parecia crescer. No fim, Daryl carregava o garoto nas costas, resmungando, mas sorrindo por dentro. Caim gargalhava, sentindo-se seguro com ele.
De volta ao acampamento, o cheiro de comida pairava no ar. Daryl colocou o garoto no chão e se acomodou em uma cadeira. Caim correu até Carl, que estava com os pais perto da fogueira. Sentou-se ao lado dele e segurou sua mão, fazendo o menino corar violentamente.
Daryl estreitou os olhos, mas sua atenção logo foi desviada por Carol, que entregou pratos a ambos. Caim notou o quão abatida a mulher parecia. Não era justo que ela estivesse naquela situação, pensou.
A refeição seguia em silêncio tenso até Glenn quebrá-lo.
— Pessoal? — chamou, desconfortável. — O celeiro... está cheio de zumbis.
As palavras causaram um impacto imediato. Caim tremeu ao se lembrar do laboratório. Logo, todos estavam reunidos diante do celeiro. Ele segurava a mão de Daryl, afastado dos outros.
— Não vai me dizer que está tudo bem com isso! — Shane rugiu, aproximando-se de Rick após espiar pelo celeiro e ver os zumbis lá dentro.
O cheiro pútrido do celeiro fazia o estômago de Caim embrulhar.
— Não, não vou dizer isso. Mas somos convidados aqui. Essa terra não é nossa. — Rick tentou manter a calma.
— Qual é, Rick? — Shane retrucou, tirando o boné com raiva. — Isso aqui é sobre nossa sobrevivência!
— Fala baixo! — Glenn pediu, nervoso.
— Isso não está certo. Não está mesmo! — Shane insistiu, gesticulando com frustração. — Ou a gente resolve isso ou vai embora.
Rick suspirou, cansado.
— Não podemos, Shane.
— E por que não?!
A tensão era palpável. Caim olhou para o celeiro, sentindo que algo terrível estava prestes a acontecer.
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- Por que minha filha ainda estaria por ali? - Carol disse, totalmente exausta.
- Tá bom, tá. - O amigo de Rick esfregou as mãos no rosto de forma impaciente. - Eu acho que é hora de começar a considerar outras possibilidades...
- Shane, não vamos deixar a Sophia para trás! - Rick o interrompeu.
- Eu tô quase acabando com ela. Acabei de terminar isso dois dias atrás. - Daryl disse e deu alguns passos em direção ao grupo, com Caim o seguindo.
- É, Daryl, você encontrou uma boneca, foi isso que você encontrou. - Shane cuspiu as palavras, olhando de forma desaprovadora para o caçador.
- Qual é a sua? - Daryl perguntou, e antes de poder avançar em direção a Shane, Caim ficou entre os dois, com Shane começando a levitar.
- SE ENCOSTAR NELE, CAIM VAI TE MATAR! - Shane ouviu a voz de Caim gritar em sua mente, enquanto sentia seu corpo sair do chão.
- Me solta, sua aberração! - Shane se debatia. - Mande sua cachorrinha me colocar no chão!
O homem exclamou, mas a cada ofensa ele flutuava mais alto. Rick entrou no meio e tomou o campo de visão de Caim.
- Ei, tudo bem! - Rick se abaixou na altura de Caim. - Vou garantir que ele não cause mais problemas, então pode soltar ele.
Caim sentiu a sinceridade nas palavras de Rick e, finalmente, Shane caiu de bunda no chão, reclamando da dor.
- Por que você e o Carl não vão ler HQs enquanto resolvemos isso aqui, hum?
Caim manteve os olhos fixos nos de Rick, ainda na defensiva, só relaxando quando uma das mãos de Daryl foi para seu ombro.
- Tudo bem, garoto, vá com ele. - Daryl disse, e Caim foi até Carl, que já o esperava. Grimes estendeu a mão para ele, e os dois seguiram até a árvore que já conheciam.
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Algumas horas depois, Caim e Daryl voltaram. Daryl foi até onde os cavalos ficavam, e Caim foi atrás do menino de olhos azuis. Não demorou muito para que o encontrasse dentro da casa dos Greene, conversando e rindo com Beth, a irmã de Maggie. Caim observava de longe, vendo o garoto sorrir com a garota, e uma sensação estranha tomou conta dele.
Não sabia o que era, mas tudo o que queria era que o garoto saísse de perto dela. Com raiva, Caim saiu sem falar com ele e correu até o poço afastado, o mesmo onde Glenn quase morreu. Ele se sentou, observando o corpo do zumbi boiando na água, com o coração apertado e o sentimento de frustração tomando conta de seu peito.
O garota suspirou e, com seus poderes, criou ilusões de borboletas e super-heróis voando ao seu redor, tentando se distrair. Não soube quanto tempo passou ali até ser despertado por gritos. Em segundos, ele correu até o som e, como era mais rápido que um humano normal, logo se juntou ao grupo em frente ao celeiro, atirando contra aqueles que um dia foram vivos.
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Atualmente:
Caim estava parado, em choque, olhando para todos. A família Greene chorava por seus entes queridos, Carol pela filha, e os outros estavam estáticos, observando a situação. Até que Rick atirou na cabeça da menina, e, em um baque surdo, ela caiu e não se levantaria mais.
Tudo o que aconteceu a seguir foi uma borrão para Caim, e ele nem percebeu quando Daryl o pegou no colo e o levou até a barraca. O garoto estava paralisado diante de tantos sentimentos e da dor de todos ao redor. Juntos, ficaram em silêncio, deitados na cama. Caim sabia que Daryl estava se sentindo culpado.
- Não foi sua culpa. - Daryl ouviu a voz familiar de Caim em seus pensamentos. - Eva viu como você fez tudo o que podia para tentar encontrá-la.
Daryl nada disse, apenas fechou os olhos. Caim permaneceu em silêncio, abraçando o caçador da melhor forma que podia. Passaram o resto do dia juntos na barraca, alheios ao que acontecia ao redor.
Revisado.
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