12 ➵ O Laço se Inicia
Secret love | Hyunlix
"O laço de uma relação Ômega e Alfa nunca se começa com sexo e mordida. Se inicia do cuidado, do carinho e lentamente, da paixão. Se há amor, há paciência. Tudo se começa com o primeiro passo para se tornar uma lenta caminhada".
POR MAIS que ele quisesse ir para casa, ele tinha que fazer isso.
Seu corpo e sua mente pediam para fazer isso.
Pegando o ônibus para a quarta avenida, Félix mandou uma mensagem de texto à Changbin, dizendo que ia ao bar e logo depois voltaria para casa.
Ele nem se preocuparia com Jisung. Minho estava lá, com toda a certeza.
Andando rapidamente para o prédio, ele resolveu então discar o telefone pessoal de Hwang Hyunjin, que estava salvo nos seus contatos.
— Félix? — a voz dele estava rouca, tão quente e sensual que Félix mordeu o lábio inferior.
— Sr. Hwang, está tudo bem com o senhor?
— Sim, eu estou bem… Me ligou porque está realmente preocupado?
— Senhor, eu estou no lobby do seu prédio.
Houve um resmungo inaudível de Hyunjin.
— Vá para casa, Félix. Eu não posso receber ninguém.
— Só preciso vê-lo.
— Não odeia Alfas, Ômega?
— Sim, os detesto. — havia tristeza na voz de Félix. — Mas por você, eu abro uma exceção.
Segundos de silêncio gutural, até que escutou um suspiro.
— Entre. Eu já destranquei para você.
Se dando por vencedor, atravessou o lobby e pegou o elevador.
Dentro do elevador, ele checava sua aparência. A camisa cor vinho, estava enrolada até os cotovelos, mostrando as milhares de tatuagens que havia feito. Seus cabelos estavam devidamente despenteados, devido a correria de sair do prédio e visitar o Alfa. Sua calça jeans estava ficando cada vez mais apertada e os sapatos casuais estavam limpos.
Apresentável.
Bem melhor que a primeira vez.
Assim que saiu do elevador, viu que a porta de Hyunjin estava entreaberta, como se ele o esperasse.
Andou em passos firmes e quando abriu a porta, sentiu o cheiro arrebatador do Alfa.
Esperou vê-lo deitado no sofá, masturbando-se furiosamente, em seu ápice sexual temeroso, onde tudo o que Hyunjin queria era aliviar-se com um bom sexo selvagem e brutal.
Mas tudo o que viu foi um Hyunjin com um lindo sorriso meio infantil, segurando uma tigela com cookies recém tirados do forno.
— Aceita chá? — ele perguntou e voltou a sorrir.
Félix não estava entendendo.
Hyunjin estava completamente normal, como se horas atrás, não tivesse quase arrancado suas roupas e uivado como um verdadeiro lobo.
Ele contemplou as costas de Hyunjin, que usava uma regata branca e calças jeans velhas, descalço. Hyunjin tinha os cabelos bagunçados, como se tivesse acabado de se levantar. As tatuagens em relevo deixavam Félix curioso por um toque a mais.
Hyunjin se virou, segurando duas canecas de chá verde.
— Eu não sou muito viciado em café. — ele se sentou na frente de Félix, em um banco do balcão de pedra. — Adoro mais chá.
O Ômega aceitou de bom grado e voltou a encarar Hyunjin.
— Está legal, qual é a pegadinha?
Hyunjin mordeu um cookie e encarou de volta.
— O quê?
— Hyunjin, você está normal.
Ele mastigou as migalhas e tomou chá.
— É claro que estou normal. O que esperava? Que eu estivesse quase fazendo sexo com as almofadas, feito aqueles cachorros?
— Basicamente, sim.
Ele gargalhou, fazendo Félix ficar corado.
Félix era tão único, Hyunjin pensou.
— Bem, eu me descontrolo em minhas primeiras horas de rut, mas depois, passa.
— Mas por quê?
Hyunjin jogou um cubo de açúcar no chá e mexeu.
— Sabe, Félix. — ele deu um gole generoso na bebida quente. — Eu fui do exército. Passei anos lá dentro, dividindo chuveiro, roupas, e histórias com milhares de homens. A maioria deles eram Alfas, mas tinha uma pequena porcentagem que era Ômega. Um dia, eu entrei em rut. Era de madrugada, estava chovendo muito. Eu estava desesperado por sexo, estava selvagem, queria morder e foder qualquer coisa que me desse oportunidade. Então, o cheiro de um colega Ômega chegou em minhas narinas. Ele estava em Heat, do outro lado do alojamento, mas devido ao uso de inibidores, ele estava controlando. Mas eu não. Eu o ataquei.
Félix arregalou os olhos e então encarou Hyunjin.
— Você o estuprou? — ele deu uma encolhida. Hyunjin ficou triste por Félix ter ficado em alerta.
— Não, Lee. Eu não o estuprei. Meus colegas de alojamento conseguiram me tirar de cima dele. Foram necessários quatro deles para me segurar, afinal, eu era um Alfa puro. Força, agilidade… Chamaram meu superior. E ele, com raiva, me jogou dentro de um barracão, cheio de lama podre e longe do alojamento. Eu lembro dele gritando "Homem nenhum meu sairá daqui com a honra manchada de um abusador!". Foi naqueles três dias que eu tive que aprender a controlar meus desejos, minha ânsia. Passei três dias dentro daquele lugar, com a chuva e com o frio. Dormia na lama molhada e sem comida.
Félix apertou a caneca entre os dedos.
— Você saiu bem?
— Tirando que estava com um calo na minha mão e completamente machucado pelas minhas próprias mordidas, eu estava bem. Desde então, aprendi a controlar meu rut. Mas dessa vez, saiu do meu controle porque eu não estava esperando que ele viesse hoje.
Eles trocaram um olhar. Hyunjin completou:
— E ainda, seu cheiro é bem perceptível quando se convive muito tempo. Acho que você tem um pouco de culpa por eu ter entrado em uma combustão sexual inusitada.
Félix ficou quase roxo de vergonha. Hyunjin percebeu o desconforto e então, sorriu amigável.
— Por que você não me conta de você?
— Eu?
— Só tem nós dois aqui, não é?
Ele pegou um cookie e deu uma mordida.
— Eu morava em Incheon quando criança. Eu tenho três irmãs. É isso. Sou desinteressante.
— Você pode fazer bem melhor que isso. — Hyunjin pegou o cookie de sua mão e recolheu a tigela. — Se não falar direito, não ganha cookie.
Félix revirou os olhos.
— Eu sou péssimo para falar de mim mesmo.
— Tenta. — Hyunjin piscou. — Aposto que consegue.
Ele suspirou.
— Eu morava em Incheon quando criança. Meus pais tinham uma pequena propriedade rural, um pouco afastada da cidade, uma pequena fazenda. Foi lá que eu cresci, com minhas três irmãs. Embora eu não tenha visto a Eonjin crescer, porque quando eu fui mandado para Seul, ela ainda tinha poucos meses. Hoje, todas elas estão prestes a serem casadas, Eonjin já tem um namorado sério.
— Com quantos anos você foi embora para Seul?
— Eu tinha seis, sete anos. Fui morar com os pais do Changbin. Devido ao laço de amizade entre Minkyu e meu pai, eu considerava Changbin da família, um primo. Logo depois do Heat de Changbin, a gente resolveu fugir.
Hyunjin fechou a cara.
— Por que fugiram?
Félix bebeu do chá, tentando fazer com que as lágrimas não caíssem.
— A ARO estava sequestrando e levando vários garotos. Changbin e eu sabíamos que seríamos os próximos. Hyorin, a mãe de Changbin, estava doente. As irmãs do meio de Changbin estavam prometidas em casamento, havia os gêmeos recém-nascidos... Não queríamos causar trabalho. Então fugimos durante uma madrugada.
— Quanto tempo ficaram fora?
— Uns quatro ou cinco anos. Durante esse tempo, a família de Changbin se mudou para sua cidade natal. A Hyorin ficou melhor, Minkyu também... Changbin voltou para eles durante uns meses, depois decidimos voltar para Seul.
— Não deveriam ter fugido.
Félix suspirou.
— Foi uma boa experiência. Apesar que muitas vezes, passamos fome e Changbin uma vez, acabou dormindo com um Alfa nojento para ter dinheiro pra gente comer. Nossa sorte mudou quando fomos para Sendai. Moramos lá durante alguns meses, mudamos de nome, fizemos tatuagens e morávamos em um apartamento. Mas tudo desandou durante um tempo e fomos para Osaka... Longa história, não quero contar.
Hyunjin assentiu.
— Não tenho direito de pedir mais do que isso.
De repente, Hyunjin sentiu vontade de segurar a mão de Félix.
E foi o que ele fez.
Félix levou um susto, mas viu que Hyunjin o encarava, cuidadosamente.
— Sua mão tem um toque tão macio... — o Alfa ronronou. — Me faz imaginar...
Félix sentiu a mão de Hyunjin subir pelo seu antebraço, e ele fechou os olhos, sentindo a mão quente e tenra do Alfa, subindo lentamente para seu pescoço e lá, afagando lentamente.
A mão grande de Hyunjin parou na bochecha de Félix, bem em cima das pequenas sardas, ela era macia e maravilhosa. Quando Félix abriu os olhos, Hyunjin estava o encarando, as pupilas dilatadas.
— Hyunjin... — a voz de Félix saiu como um chamado para o pecado iminente.
Droga, não.
Hyunjin se afastou.
— Eu não consigo me controlar perto de você. — ele rosnou. — É um ímã para mim, Ômega.
— Eu só quero te fazer companhia. Me deixe ficar perto de você.
Hyunjin andou até a sala, na esperança do cheiro de Félix dar um tempo.
— Porque não toma um supressor, ou um inibidor. — ele voltou a rosnar. — Seu cheiro, ele está me fazendo desejar...
Félix andou até Hyunjin. Pela primeira vez, desde Osaka, não sentia medo. Não sentia vergonha, ou raiva.
Ele sentia que estava fazendo a coisa certa.
Se aproximando novamente, ele levantou a cabeça de Hyunjin pelo queixo. Menor que o Alfa em alguns centímetros, Félix pode passar sua mão no peitoral marcado da regata de Hyunjin.
— Seu cheiro de Alfa me faz pensar em tantas coisas, mas não poderá me possuir.
Hyunjin o enlaçou pela cintura, soltando um rosnado baixo. Félix se encontrou entre a parede e o corpo exalando tesão e desejo de Hyunjin.
— Félix...
— Tem uma noiva, Hyunjin. — Félix provocou. — Ela não gostará de saber que foi traída.
— O noivado é uma fraude. — Hyunjin o encarou. — Acha mesmo que eu estou noivo dela?
— Ela tem um anel de noivado.
— Um anel de noivado não prova nada! Nem desejo, nem amor, e nem um laço. Nunca nem sequer a beijei.
— Por que não quis?
— Porque eu não a amo! — ele segurou as mãos de Félix por cima da cabeça do Ômega. — Ela ama outra pessoa. O noivado é uma fachada.
— E porque não o termina? — Félix rosnou de volta.
— Estou preso às responsabilidades, Lee. Não entenderia. Eu tenho que ter controle.
Félix empurrou seu peito de encontro ao de Hyunjin.
— Não tenha controle comigo.
Foi o estopim para Hyunjin devorar a boca de Félix em um beijo. Os caninos selvagens pressionaram o lábio inferior do Ômega, que gemeu e então, agarrou a regata lisa de Hyunjin e a torceu entre os dedos, na esperança de sentir o corpo musculoso de encontro ao seu. As línguas destoavam desejo, entre si, rudes e ariscas, desejando cada vez mais.
Hyunjin puxou a cintura de Félix, que agarrou os cabelos de Hyunjin, deixando uma tempestade de cabelos castanhos em uma zona de desordem.
Desejo e vontade...
Cada vez mais, o beijo evoluía. Os gemidos de Félix eram desditosos, pedindo por mais.
Mas Hyunjin sabia que não poderia dar mais a Félix. Se fosse dar uma noite de amores a Félix, teria paciência e calma.
Hyunjin soltou-se de Félix, abruptamente.
— Deve sair daqui, Lee. Agora. Antes que eu te faça algum mal pior. Não posso te ferir.
Félix tocou no lábio inchado.
— Eu... Desculpe-me, Hyunjin.
Envergonhado, Félix pegou sua mochila e saiu correndo pela porta.
Estaria mentindo se falasse que não gostara do beijo arrebatador.
Mas agora, não era o momento.
「• • •」
Às nove e meia da noite, Changbin deixava a planilha de custos na mesa de Christopher. Estava exausto, e nervoso.
Christopher o fez trabalhar mais do que deveria. Agora, a ala estava vazia. O escritório estava quase fechando.
Félix havia sumido, e só deixou uma mensagem que iria ao bar.
E ele nem me levou junto.
Desligando a luz, Changbin pegou uma balinha da mesa e saiu a chupando. Christopher deveria ter ido embora já, pois não tinha o visto desde cedo.
Quando passou pelo corredor que levaria ao elevador, seu faro o ativou.
Alfa.
Parado na frente do elevador, ele estava.
Christopher.
Ele estava usando um terno preto, os botões da camisa azul claro abertos, mostrando a tatuagem de borboleta que ele tinha. Os cabelos curtos, cortados há pouco tempo. Os dedos cheios de anéis.
— Olá Changbin. — a voz dele saiu rouca e arrastada.
— O que você está fazendo aqui? Não deveria ter ido embora?
Changbin tremeu. Não tomava um supressor desde ontem, o que o deixou com medo de estar com cheiro.
Confiaria no seu taco.
— Sabe, Changbin. — Christopher começou a andar. — Eu estava aqui, pensando... Você é um Beta. Mas Betas não tem aroma... Feito você.
Changbin engoliu seco.
— Deve ser coisa da sua cabecinha confusa, Bang. Agora, se me der licença, preciso ir pra casa. Por que não chama aqueles dois Betas da sua cozinha para você nesta noite? Aposto que eles podem elogiar muito bem o seu pau.
Christopher gargalhou.
— Escutou foi? Ah Changbin, por que escutar… Se você pode participar? Você tem uma boca tão convidativa para um beijo.
— Se não sair de perto de mim, te processarei por assédio.
— Não é assédio quando dois querem... E você quer.
Christopher pegou Changbin pela cintura e colou os corpos. Com desejo encubado, Changbin gemeu ao sentir o corpo quente e grande de Christopher colado no seu.
— Ah Changbin. — Christopher arrastou a ponta do seu nariz no pescoço do Seo. — Me faz ter vontade de te possuir. Mas também sinto vontade de cuidar de você. E esse cheiro especial... Me faz ter o meu lado mais selvagem ser exposto.
Changbin sentiu que os lábios de Christopher pressionaram o ponto do seu pescoço, antes de caminharem lentamente até sua mandíbula e passar a língua. Changbin soltou sua bolsa carteiro e agarrou-se no paletó de Christopher que soltou um suspiro ao ver o "Beta" tão entregue.
Christopher mordiscou o lóbulo da orelha de Changbin, antes de levantar o queixo do mesmo. Os olhos castanhos, brilhavam com a luz da lua, que era a única luz que iluminava aquele corredor, graças as persianas abertas.
Os olhos de Changbin eram o caminho perdido para Christopher.
— Maldito, porque tem que ser tão lindo? — Christopher esbravejou antes de buscar os lábios de Changbin em um beijo lento e romântico.
Changbin gemeu e agarrou o pescoço do Alfa, que ergueu Changbin até uma mesa qualquer do corredor. O vaso de flores da mesa caiu e rachou. Eles não se importaram, principalmente quando Changbin agarrava-se nos cabelos macios de Christopher, enquanto este apalpava os ombros e a cintura de seu pequeno assistente.
Ficaram por minutos assim, até que Christopher deu um passo para trás. Changbin viu que Christopher estava com as pupilas dilatadas, e os caninos estavam maiores. Por reflexo, passou a mão nos lábios e viu sangue.
Christopher havia entrado em seu Rut durante o beijo.
— Chan...
— Se não quiser ser mordido, saia do prédio agora. — ele rosnou. — Não sou como o Hyunjin, eu não me controlo. Eu preciso foder. E não posso contigo, Seo. É precioso demais para ser um Beta de uma noite. Saia.
Changbin paralisou e Christopher ficou nervoso.
— Saia! — ele usou sua voz retumbante de Alfa. Changbin se assustou e então, saiu do corredor.
Christopher se abaixou e pediu para que o motorista particular o viesse buscar. Enquanto se controlava, ele mesmo pensava.
"Changbin não é um Beta".
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