Secret Love | Hyunlix

NAQUELA NOITE, onde escutavam Alfas e Ômegas bebendo e trajando roupas finas, Hwang Hyunjin ostentava no peito, medalhas do exército em uma beca militar. Ao seu lado, Christopher Bang estava em seu terno preto simples, apenas acompanhado com o brasão da família costurado no peito e os cabelos curtos bagunçados.

— Vai aposentar essa merda militar agora? — ele perguntou. — Você tá ridículo.

— Sua família idolatra militares, Chan. Seu bisavô foi um, seu avô é um e seu pai se aposentou ano passado. — Hyunjin retumbou. — Pare de zoar minha beca.

— Eu talvez só queira te lembrar que eu odeio militares. — ele bebeu do vinho. — E odeio a realeza que somos obrigados a viver.

Nessa parte, Hyunjin concordava.

A liga era um poço de merda. Pessoas falsas, mentiras e fofocas rodeavam aquela liga que já foi importante para a história da Ásia.

Ele olhou suas irmãs com seus maridos finos e caros, sua mãe exibindo o colar de safiras que ganhou e seu pai, apenas neutro.

Jisu, sua noiva, estava com aquela cara de tédio. Ele entendia o porquê.

— Preciso tirar Jisu e eu daqui. — ele murmurou. — É lógico que ela está odiando esse lugar.

— Sabe que se sair com ela, será interpretado como outra coisa. — Christopher suspirou. — Aliás, eu tenho que inventar uma desculpa para minha mãe não me empurrar uma Ômega.

— Tarde demais. — Hyunjin soltou assim que viu a Sra. Bang se aproximar com uma linda Ômega de olhos azuis e loira.

— Querido, conheça Chloe Hosterman, a filha do Coronel Hosterman. Ela é americana.

Chloe deu um sorriso.

— Olá.

— Oi. — Christopher revirou os olhos. — Bem, foi um prazer.

— Espere filho, porque não a chama para dançar?

— Não, realmente não precisa. — Chloe tentou se livrar, mas já era tarde. Eles já estavam dançando.

Christopher e Hyunjin trocaram aquele olhar cúmplice. Já sabiam o que fazer, o velho esquema de fuga.

Chloe olhou para Christopher.

— Me perdoe. Eu tento escutar a todos, mas ninguém dá a mínima. Eu não queria estar aqui.

— Nem eu, querida. — Christopher a rodopiou. — Ômega não pura?

— Metade pura. — ela deu ênfase. — Minha mãe não era aristocrata antes de se casar com meu pai.

— Entendo. — ele a rodopiou novamente. — Quer me dizer se prefere dançar comigo ou dar uma fora desse local?

— Eu quero dar um fora. — ela apertou o ombro dele. — Por favor, eu não queria lhe dizer isso, mas não faço o tipo com Alfas homens.

Christopher suspirou aliviado.

— Sabe fingir um desmaio?

— Não fiz aula de teatro à toa. — ela sorriu. — Me segure.

E então, Chloe despencou nos braços de Christopher, que teatralmente a pegou. Todos da festa focaram na bela dama caída. Foi nesse momento que Hyunjin aproveitou para pegar Jisu pelo punho.

— Corra. — ele murmurou e eles saíram de fininho até as portas de madeira do salão. Naquele canto, Hyunjin sabia que eles não seriam encontrados.

A cadeira chique de almofadas foi ocupada por Jisu e seu vestido chiffon. Ela tirou os saltos.

— Não sei por quanto tempo eu aguentaria aquelas mulheres me dando dicas de como te prender na cama ao casamento. — ela bufou. — Não sei se aguento mais desse teatro bobo, Hyunjin.

Hyunjin trancou a porta.

— Aguente mais alguns meses.

— Sabe que não vai dar certo. Meus pais estão combinando com os seus sobre algo.

— O que seria? — Hyunjin retirou o casaco pesado de medalhas e encostou-se na cadeira de frente a "prima".

— Querem fazer com que você e eu nos encontramos durante meu cio. Sabe que você não conseguirá se controlar e então... Já sabe.

— Eles sabem do seu período?

— Estou injetando inibidores escondidos para retardar o tempo. — ela confessou. — Mas sei que não vai durar muito tempo. Minha caixinha está ficando vazia.

— O que você sugere?

— Eu sugiro você inventar uma desculpa. Eu inventarei uma e eu... Eu fugirei para a França, com a desculpa de que estou viajando para ver alguma colega.

— Acha que vai funcionar?

— Estarei levando a Ryujin comigo. — ela sorriu.

Ryujin era a dama de companhia da mãe de Jisu. Uma linda jovem, que Hyunjin achava que exalava pureza e beleza. Ryujin era mais velha que Jisu, mas a tratava com amor e carinho. Foi amor à primeira vista, desde que ambas se esbarraram no corredor da mansão da casa de Jisu.

O plano das duas era fugir, mas não era possível. Ryujin era Alfa não pura, e Jisu, Ômega pura. O laço das duas ainda estavam se fixando.

Mas para isso, elas precisavam de um cio completo.

— Passar seu cio com Ryujin? Acha mesmo que é uma boa ideia?

— Hyunjin, temos tempo até lá. — Jisu alisou os cabelos negros e os prendeu. — Por favor, não quero me afastar de Ryujin. Eu a amo, Hyunjin.

Ele suspirou.

— Ok, ok... — coçou os olhos. — Planejamos algo até lá.

Jisu levantou e estendeu a mão para Hyunjin.

— Sinto muito em não ser o que você procura, Hwang.

— Choi Jisu, você é linda e inteligente. Ryujin é uma mulher de sorte. — ele pegou o casaco.

— Acho que em breve, achará sua Ômega. — ela alisou o vestido. — Adoraria ser a madrinha de seu casamento.

— Se um dia eu achar meu soulmate, farei questão de ter uma filha com ele e chamá-la de Jisu, em sua homenagem. — abotoando o casaco, ele sorriu. — Vamos, antes que meus pais pensem o pior.

Quando voltaram, Christopher estava encostado em uma pilastra e Chloe estava deitada em uma namoradeira, recebendo mimos e cuidados de outros Alfas. Jisu e Hyunjin olharam para Ryujin: O vestido cor de ouro, com um xale de seda transparente e os cabelos castanhos, faziam jus à beleza da dama de companhia. Seus olhos igualmente castanhos brilhavam.

— Devo fingir que tenho algo para falar apenas para ficar perto dela. — Jisu começou a descer os degraus. — O cheiro de uma Alfa é o melhor que há. Doce, porém rebelde ao meu olfato.

— O meu cheiro rude e bruto de homem não te atrai? — Hyunjin brincou.

— Prefiro damas Alfas. Elas são mais educadas que Alfas militares.

— Ex-militar. — ele sugeriu. — E em breve, empresário.

— Até breve, Sr. Hwang. — ela saiu.

Christopher bebeu do vinho e olhou o amigo chegar.

— Aquela Chloe é uma figura. — ele riu. — Viu como ela desmaiou rápido? Isso me deu tempo para fazer o admirador preocupado.

— Podemos sair daqui? — Hyunjin pediu. 

— Achei que não ia pedir. Vamos para um bar.

「• • •」

Não muito longe, Félix torcia o pano de chão e passava no assoalho. Changbin terminava de lavar a louça.

O apartamento estava montado. Havia três quartos e móveis confortáveis.

— Bem, o que fazemos agora? — Changbin guardou os produtos de limpeza.

— Minho deixou os classificados em uma mesa. — Félix sugeriu, jogando a água suja fora e secando as mãos. — Vamos olhar algumas vagas de emprego.

Eles sentaram, com canecas de chá de canela e biscoitinhos. Na verdade, Félix estava cansado e queria dormir por horas, mas Changbin estava preocupado. Precisavam de dinheiro.

Se lembrou de quando chegou em Seul. Jeonghoon o deixou nos braços de Minkyu que sorriu amigável. Minkyu tinha cheiro de guerra, e então, Félix viu as medalhas de honra por salvar o país e uma carta de dispensa. Changbin era mais velho que Félix, mas logo, fez amizade. Foi o protetor dele durante toda a vida. Hyorin foi seu anjo, que lhe dava o mais puro amor de mãe e os carinhos excessivos.

Dividiram quartos, roupas e inibidores. Aprenderam a lutar para se defender, viajavam juntos. Quando as irmãs de Changbin foram se casando, uma por uma, só sobrou Gahee e Chohee, já que as gêmeas foram para um internato de Ômegas para aprender mais sobre como ser uma dama de companhia para ricas famílias. Com os dois, eles resolveram sair mundo afora.

Buscar um laço permanente de amor e companheirismo com um Alfa.

— Achei. — Changbin apontou para um anúncio.

"Rica família procura assistente pessoal para C. Bang. Requisitos: Ser Beta ou Alfa, pontual, educado e elegante".

— Você não é educado. — Félix enfiou um biscoito na boca. — Na verdade, você é desaforado e fora do comum. Barraqueiro, o nome.

— Só sou quando mexem comigo. — Changbin pegou a agenda e anotou o número. — Amanhã bem cedo, estarei rumo a casa da família Bang para me candidatar.

Um trovão sacudiu o céu e Félix tremeu.

— Está vindo uma tempestade. Estou com medo.

— Já passamos por tempestades piores, Félix. — Changbin o abraçou. — Tenho certeza que uma tormenta de águas não mudará muita coisa.