
57. ᴇʟᴇ ᴀɪɴᴅᴀ ᴇsᴛá ᴠɪᴠᴏ
NATÁLIE DIXON
Estamos caminhando a algumas horas. Não falamos nada desde que saímos de Alexandria. Eu estava um pouco na frente, tentando encontrar algum rastro, enquanto Enid ia atrás de mim.
一 Porque você tem tanta certeza de encontrá-los? - Enid me alcança, passando a caminhar ao meu lado.
一 Por que eu preciso encontrá-los. - respondo, sem olhar para ela. 一 São minha família.
一 Queria ter alguém para se importar assim comigo. - ela diz, e eu a olho. 一 Meus pais morreram e depois encontrei a comunidade. Ninguém lá dentro se improrta com uma adolescente rebelde. - Enid ironiza.
一 Eu me importo! - digo. Ela me olha surpresa. 一 Você é minha melhor amiga, e é para isso que os amigos servem. - sorrio.
一 Achei que Michonne que era sua melhor amiga! - Enid debocha, com uma das sobrancelhas arqueada.
一 E é! Só que a samurai nunca me deixaria fazer o que estou fazendo agora. - digo, batendo meu ombro no dela. 一 Eu também precisava de alguém da minha idade, para me entender. - balanço os ombros.
(...)
Chegamos em uma cidade abandonada, e entramos em uma loja de conveniências. Não tinha nada lá, nem zumbis ou algo para se aproveitar.
Sentamos próximas ao balcão e Enid pegou sua mochila. Ela tirou dois pacotes de salgadinho de lá, me entregando um.
一 Porque você está todo suja de sangue? - ela pergunta.
一 Lutei com uma daquelas pessoas que entraram na comunidade. - respondo, como se não fosse nada. Termino de comer e jogo a embalagem vazia no chão. 一 Ela tentou me matar e então, eu a matei.
Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ouvimos sons de zumbis se aproximarem. Levantamos as presas e indo até a porta do estabelecimento.
一 Agora estamos ferradas! - Enid diz, ao vermos o bando se aproximar.
一 Não, não estamos. - digo firme. 一 Vamos subir até o terraço e ficar em silêncio, esperando eles passarem.
E assim fizemos. Subimos as escadas da loja, chegando até o telhado. Nos abaixamos na ponta e ficamos olhando para baixo.
Meu coração se apertou ao ver Glenn e Nicolas em cima de um container de lixo. Os dois estavam cercados de zumbis, não sairiam dali vivos. Comecei a chorar, abafando o choro com as mãos.
Nicolas pegou sua arma e atirou na própria cabeça. Glenn tentou segurar o corpo, mas acabou caindo junto dele no meio dos errantes.
一 NÃO! - acabo gritando ao ver aquilo.
Enid me abraçou e eu chorei em seu ombro. Conseguíamos ver o sangue de Glenn espirrar, enquanto ouvíamos seus gritos. Fechei os olhos com força, tentando não me torturar com aquilo.
(...)
Já fazia alguns minutos que Enid e eu estávamos na mesma posição. Os gritos de Glenn haviam parado, assim como os zumbis já tinham começado a se afastar.
A noite já tinha caído, então voltamos para dentro da loja. Enid foi reforçar a entrada e eu me sentei no mesmo lugar que antes, encostei a testa em meus joelhos e voltei a chorar.
Tudo que eu precisava era ajudar ele, mas não consegui. Pensei em minha mãe, e como ela ficaria depois que eu contasse.
一 Você está se culpando não é? - Enid se senta ao meu lado no chão. Sem levantar a cabeça, eu concordo. 一 Não foi sua culpa. - ela diz, tentando me confortar.
一 Foi sim. - digo, com a voz abafada. 一 Nós poderíamos ter distraído os zumbis, os levado para longe, tirado ele de lá! - falo rápido entre o choro.
Enid me abraça de lado e fica passando a mão em meus cabelos.
一 Não precisa carregar essa culpa. - levanto a cabeça 一 Maggie precisa de você agora, mais do que nunca.
一 Ela está grávida. - digo, e Enid arregala os olhos. 一 Contou para mim e para o Glenn à algumas semanas. Ele ficou tão feliz! Abraçou nós duas, beijou Maggie, e comemorou comigo, como se realmente fossemos uma família. - desabafo, olhando para os meus próprios pés.
一 Nate... - ela se perde nas próprias palavras. 一 Eu sinto muito.
一 Tudo bem. - forço um sorriso de lado. 一 Pode dormir, vou ficar de vigia.
一 Não, eu pego o primeiro turno. - ela tenta levantar, mas seguro seu braço.
一 Eu não vou conseguir dormir mesmo. - falo, e ela acaba cedendo.
Enid se deitou na cama improvisada que fizemos e eu me sentei em uma cadeira velha, próxima a porta de entrada. A única iluminação que tinha no lugar, era da lua cheia no céu.
Peguei meu revolver no cós da calça e fiquei passando o polegar por ele. A única lembrança que eu tinha do Glenn, era uma arma. Sorri com o canto da boca, enquanto analisava o objeto.
FLASHBLACK ON
Era uma manhã fria na prisão. Peguei minhas armas e saí do bloco, procurando Glenn por toda a parte. Hoje iríamos sair juntos para procurar suprimentos.
一 Pronta guerreira? - ele me cumprimenta com um toque de mãos, após eu me aproximar do carro.
一 Sempre japa. - sorri, e entrei no banco do passageiro.
Maggie abriu o portão para nós e se despediu outra vez. Saímos da prisão e fomos até a cidade mais próxima.
As lojas já estavam todas reviradas, com as pratilheiras praticamente vazias. Paramos próximos a uma loja de conveniência e descemos do carro, com nossas armas em mão.
一 Arma bonita. - o coreano debocha, e eu sorrio.
一 Minha preferida, acredita? - uso o mesmo tom e rimos juntos.
Entramos na loja que, para nossa sorte, estava cheia. Pegamos o máximo que conseguimos e podíamos, e voltamos para a prisão.
一 Nunca vai me devolver ela? - ele pergunta, desviando rapidamente o olhar da estrada.
一 Não, foi presente. Presente não se devolve. - mostro a língua para ele, que ri.
一 Melhor assim. - Glenn diz e volta a prestar atenção em nosso caminho.
FLASHBLACK OFF
(...)
一 Acorda Nate... - Enid me balança pelo ombro.
Acordo assustada, olhando para os lados. Ainda estávamos na loja, e eu tinha dormido em plena vigia. Suspiro frustada com isso, e passo as mãos pelo rosto.
一 Foi mal. - digo sem jeito para Enid. 一 Eu poderia ter matado a gente.
一 Fiquei no seu lugar, não preocupe. - ela diz em seguida. 一 Vamos voltar para o terraço, ver se os zumbis já foram embora mesmo. - ela disse sem jeito.
Concordei e voltamos para o telhado. O grupo de errantes já não estavam ali, só alguns corpos mortos no chão.
一 Vamos, está livre o caminho. - digo e me viro, evitando olhar para baixo.
一 Espera! - Enid segura meu braço. 一 Olha! - ela aponta para a lata de lixo.
Olhei para o lugar que ela apontava e não acreditei no que vi. Ele estava ali, saindo de baixo do container, vivo.
一 Glenn... - sussurro, sentindo as lágrimas voltarem para meu rosto. 一 Glenn! - falo mais alto, sorrindo ao ver ele me olhando.
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