𝐨𝐢𝐭𝐨. tempestade na calmaria
capítulo oito. tempestade na calmaria
❛ I'm looking for an answer in
between the lines
Lying to yourself if you think
we're fine
You're confused and I'm upset
But we never talk about it
We never talk about it ❜
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⠀⠀⠀⠀⠀ O rigoroso inverno na Universidade da Virgínia trouxe não apenas o frio intenso e os dias mais curtos, mas também uma sensação crescente de distanciamento entre Anneliese e Bradley. O peso das exigências acadêmicas, sociais e emocionais começava a sobrecarregar o relacionamento dos dois, e o que antes eram pequenas fissuras agora ameaçava se transformar em uma rachadura irreparável.
Bradley, envolvido até o pescoço em atividades extracurriculares e recém-eleito líder de uma prestigiada sociedade estudantil, via seus dias tomados por reuniões intermináveis, eventos sociais e novas responsabilidades. O tempo, que antes era partilhado com Anneliese, agora parecia escorrer pelas mãos. Ela, por sua vez, estava dedicada aos estudos, mantendo-se firme na busca por excelência acadêmica. A biblioteca havia se tornado seu refúgio, onde passava horas imersa em livros e projetos, quase esquecendo-se de olhar para o relógio.
Em uma tentativa de recuperar o que estava se perdendo, Anneliese decidiu surpreender Bradley. Ela preparou um jantar especial no pequeno apartamento que ele dividia com alguns colegas, uma pausa romântica em meio ao caos. Quando ele chegou, cansado e visivelmente estressado, Anneliese o recebeu com um sorriso caloroso.
"Surpresa!" disse ela, estendendo os braços para ele, esperando que o gesto fosse suficiente para trazer de volta a leveza que haviam perdido.
Bradley esboçou um sorriso, mas seu olhar distante denunciava algo além do cansaço. "Isso foi muito atencioso, amor," ele disse, sua voz soando quase automática.
Sentaram-se à mesa, mas a conversa foi breve e carregada de pausas desconfortáveis. Bradley mal tocou na comida, seus olhos frequentemente voltando para o telefone, como se estivesse esperando por algo mais urgente do que o momento que compartilhavam. Anneliese sentiu uma pontada de dor no peito.
"Podemos conversar um pouco?" ela perguntou, tentando disfarçar a frustração que crescia dentro dela.
Bradley, sem tirar os olhos da tela, murmurou: "Claro, sobre o quê?"
"Sobre nós," disse ela, sua voz mais firme do que esperava. "Tenho sentido que estamos nos distanciando. Mal nos vemos, e quando estamos juntos, é como se você não estivesse realmente aqui."
Ele suspirou profundamente, largando o telefone sobre a mesa de maneira quase mecânica, como se o peso da responsabilidade fosse demais até para segurar o aparelho. "Eu sei, linda," ele repetiu com a voz abafada. "Mas estou sob tanta pressão agora... São responsabilidades que não posso simplesmente deixar de lado." Sua voz soava cansada, como se ele estivesse falando não apenas sobre aquela conversa, mas sobre semanas, talvez meses, de desgaste emocional acumulado.
Anneliese o observava em silêncio por um momento, sentindo uma pontada de frustração misturada com preocupação. Ela reconhecia o esforço dele, mas também sabia que aquilo não era o suficiente para salvar o que estavam construindo. "Eu entendo que você está ocupado," ela respondeu, mantendo o tom calmo e controlado, apesar do aperto em seu peito. "Mas nosso relacionamento também deveria ser uma prioridade."
Bradley passou a mão pelos cabelos, o gesto familiar que ele sempre fazia quando se sentia sobrecarregado. Seu rosto refletia exaustão, os olhos, que costumavam brilhar com a energia competitiva de quem nunca desistia de um desafio, agora pareciam apagados, sem o mesmo brilho de antes. "Você acha que eu não estou tentando?" ele perguntou, mas havia uma amargura subjacente em sua voz, como se carregasse o peso da culpa. "Às vezes parece que, não importa o que eu faça, nunca é o suficiente. Sempre tem algo mais exigindo minha atenção, e eu... eu estou exausto, Anne."
O silêncio que se seguiu foi denso, repleto de emoções não ditas. Anneliese mordeu o lábio, hesitante, ponderando se deveria insistir ou recuar. Ela queria apoiar Bradley, mas não podia ignorar a sensação crescente de que, aos poucos, estava sendo colocada em segundo plano, sufocada pelas exigências da vida dele.
"Eu não estou pedindo para você largar tudo," ela disse finalmente, com a voz mais firme. "Eu só quero que você se lembre de que eu estou aqui, de que nós somos importantes. Eu vejo você correndo de um lado para o outro, e eu entendo, de verdade. Mas você não pode continuar assim, Brad. Não podemos continuar assim."
Ele a encarou por um momento, a mandíbula tensa como se estivesse tentando engolir as palavras de Anneliese, talvez porque no fundo sabia que ela estava certa. No entanto, a exaustão emocional o impedia de reagir da maneira que ele sabia que deveria. "Eu sei que nosso relacionamento é importante," ele respondeu, sua voz mais baixa agora, quase um sussurro. "Mas, honestamente, Anne, eu não sei como equilibrar tudo. Parece que quanto mais eu tento, mais tudo sai do controle."
Anneliese sentiu um aperto no coração. Sabia que ele estava em um lugar difícil, mas ela também estava. "E eu não sei até quando posso continuar assim," ela admitiu, as palavras saindo com uma vulnerabilidade que ela tentava esconder. "Porque me sinto sozinha, mesmo quando estamos juntos."
Aquela última frase pareceu bater fundo em Bradley, seus olhos escurecendo com a realidade da situação. Ele desviou o olhar, encarando a mesa, as mãos fechadas em punhos sobre os joelhos. Por um momento, ele quis prometer a ela que as coisas iam mudar, que ele encontraria uma solução. Mas a verdade, crua e dolorosa, era que ele não tinha certeza de como fazer isso.
★★★
As semanas seguintes foram um verdadeiro teste para o relacionamento de Anneliese e Bradley. O desgaste emocional se infiltrava em cada conversa, transformando pequenas discordâncias em discussões que pareciam impossíveis de resolver. O silêncio, antes confortável entre eles, agora era carregado de tensão. Anneliese, uma mulher que sempre fora forte e resiliente, sentia-se cada vez mais vulnerável diante da distância crescente entre os dois. Bradley, por sua vez, parecia preso em uma armadura emocional, incapaz de abrir espaço para nada além do peso de suas responsabilidades como piloto.
Certa noite, após uma discussão mais intensa do que o habitual, Anneliese não aguentou mais. Ela pegou sua bolsa e caminhou em direção à porta, os olhos marejados e a voz embargada. "Eu não posso continuar assim, Brad," disse, as palavras saindo como um apelo desesperado. "Isso está nos destruindo."
Bradley, ainda no meio da sala, correu a mão pelo cabelo, frustrado. "Você acha que eu não estou me esforçando?" Ele elevou a voz, mas havia algo mais ali — cansaço, dor, talvez até medo. "Eu estou dando tudo o que posso!"
Ela parou, girando nos calcanhares para encará-lo. "E eu só quero um pouco mais de nós," respondeu, tentando manter o tom firme, mas sem conseguir esconder a dor em sua voz. "Quero que você me veja, Brad. Que perceba o quanto eu estou lutando por isso também."
O silêncio tomou conta da sala. Ele a olhou, seus olhos refletindo não apenas frustração, mas também uma profunda tristeza. "Eu te vejo, Anne," ele disse, com um tom quase derrotado. "Mas eu estou exausto. Não sei como equilibrar tudo."
Anneliese deu um passo em direção a ele, estendendo a mão para tocar a dele. Era um gesto simples, mas carregado de significado, como se quisesse quebrar a barreira invisível entre os dois. Ele hesitou antes de afastar a mão dela suavemente, não por falta de amor, mas pela confusão que tomava conta de seu coração.
"Talvez a gente precise encontrar outra maneira," Anneliese sugeriu, sua voz baixa, mas cheia de uma esperança frágil. "Não podemos simplesmente deixar isso desmoronar."
Bradley suspirou, o peso da culpa e das expectativas evidentes em seus ombros. Ele olhou para o chão, evitando o olhar dela, como se temesse o que encontraria ali. Quando finalmente levantou a cabeça, suas palavras saíram num sussurro: "Eu não quero te perder."
Aquelas palavras fizeram algo dentro de Anneliese se quebrar, mas também reacenderam uma faísca de esperança. "Um passo de cada vez," ela respondeu, com determinação na voz. "Vamos tentar, pelo menos."
Por um momento, eles ficaram ali, em um silêncio cheio de promessas não ditas e medos compartilhados. Anneliese deu um último olhar para ele antes de abrir a porta e sair. Não foi uma despedida definitiva, mas uma pausa — um espaço para ambos respirarem e refletirem.
Bradley permaneceu no mesmo lugar por longos minutos depois que ela saiu, encarando a porta como se pudesse trazê-la de volta apenas com a força de sua vontade. No fundo, ele sabia que Anneliese estava certa. Algo precisava mudar. Mas ele também sabia que a mudança exigiria mais do que palavras — exigiria coragem. E isso era algo que ele ainda precisava encontrar dentro de si.
Após os dias de tensão e distanciamento, havia algo diferente naquela noite. Bradley e Anneliese haviam evitado discussões, tentando coexistir sem ferir ainda mais a frágil conexão que restava entre eles. Porém, em vez de se esconderem atrás do silêncio, decidiram enfrentar o vazio que os separava.
Bradley estava sentado no sofá, o olhar perdido na janela, quando Anneliese saiu do quarto, usando uma camiseta velha dele que adorava. Era algo tão simples, mas o conforto que aquela peça lhe trazia parecia maior do que tudo. Ela parou ao lado dele, hesitante, mas determinada a quebrar a barreira invisível.
"Brad," ela chamou suavemente, sentando-se ao lado dele. Seus olhos encontraram os dele, carregados de cansaço, mas também de algo mais — algo que ainda resistia, apesar de tudo.
Ele suspirou, seus ombros relaxando levemente. "Anne, eu..." começou, mas a voz falhou. Ele não sabia como colocar em palavras o peso do que sentia.
"Shh," ela murmurou, aproximando-se e segurando sua mão. "Não precisamos de palavras agora."
Ela se inclinou, sua mão deslizando até o rosto dele, acariciando sua barba rala. Seus olhos estavam fixos nos dele, e pela primeira vez em dias, Bradley sentiu o calor familiar daquela conexão que sempre os unira. Ele se aproximou devagar, seus lábios roçando os dela em um beijo tímido, quase como se estivesse pedindo permissão.
Anneliese correspondeu, aprofundando o beijo com uma urgência suave, como se quisesse apagar todo o distanciamento que havia se acumulado entre eles. As mãos dele encontraram sua cintura, puxando-a para mais perto. Era como se, naquele momento, eles estivessem tentando se reconstruir peça por peça.
Quando finalmente se separaram, os olhos de Bradley estavam brilhando de emoção. Ele segurou o rosto dela entre as mãos, o polegar traçando a linha de sua bochecha. "Eu sinto muito," ele sussurrou, com sinceridade. "Por tudo."
"Eu também," ela respondeu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. "Mas estamos aqui, e isso é o que importa."
Ele a puxou para um abraço apertado, enterrando o rosto em seu cabelo, inalando seu perfume familiar. Depois de alguns momentos, ele se levantou, segurando sua mão. "Vamos para a cama," disse, a voz mais suave do que ela ouvira em muito tempo.
No quarto, deitaram-se juntos pela primeira vez em dias. Bradley a envolveu com seus braços, segurando-a como se temesse que ela pudesse escapar novamente. Anneliese repousou a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas de seu coração, sentindo-se segura e, pela primeira vez em muito tempo, esperançosa.
"Eu te amo," ele sussurrou contra seus cabelos, a voz carregada de emoção.
Ela ergueu o olhar para ele, seus dedos traçando suavemente a linha de seu maxilar. "Eu também te amo," respondeu, com a mesma intensidade.
Eles se aconchegaram ainda mais, deixando que o calor um do outro afastasse as preocupações do dia. Naquela noite, o sono os encontrou ainda abraçados, como se, pelo menos naquele momento, tudo estivesse em seu devido lugar.
★★★
Algumas semanas depois, Anneliese havia planejado uma tarde tranquila, algo simples, mas especial. Um piquenique no parque, longe das preocupações da universidade, onde poderiam se reconectar. Ela passou a manhã preparando tudo com carinho — sanduíches, frutas frescas, biscoitos caseiros e limonada. A ideia de uma tarde juntos, sem distrações, a animava.
No entanto, conforme as horas passavam e Bradley não aparecia, a ansiedade começou a dar lugar à frustração. Ela verificava o telefone repetidamente, mas não havia qualquer mensagem dele. Quando, finalmente, seu telefone tocou, o desapontamento já era palpável.
"Desculpa, Anne," Bradley disse do outro lado da linha, sua voz carregada de desculpas. "Estou preso em uma reunião de última hora. Não vou conseguir chegar."
Anneliese respirou fundo, lutando para manter a calma. "Sério, Brad? Você sabia o quanto isso era importante pra mim."
"Eu sei, e sinto muito. Podemos marcar outro dia?" ele sugeriu, a voz cansada, mas sem real empatia.
"Outro dia?" Anneliese repetiu, a raiva crescendo, sufocando sua paciência. "Sempre é 'outro dia' com você. Quando vai ser 'hoje', Brad? Quando você vai estar presente?"
O silêncio entre eles foi ensurdecedor. Ela sabia o que ele queria dizer, mas estava cansada de ouvir as mesmas desculpas. Sentiu o peso de todas as vezes que ele havia colocado o trabalho, a vida e qualquer outra coisa à frente dela. Por um momento, ela queria jogar o telefone longe, mas ela sabia que isso não resolveria nada.
Finalmente, ele respondeu, sua voz um pouco mais baixa. "Estou tentando, Anne. Mas é difícil."
"Todos nós estamos sob pressão," ela rebateu, sentindo a frustração transbordar. "Mas eu sempre arranjo tempo para você. Por que você nunca faz o mesmo?" A última palavra saiu mais amarga do que ela pretendia, e ela logo percebeu que não era apenas a situação com ele que a machucava — era o peso de se sentir invisível, desvalorizada.
Quando a ligação terminou, o vazio tomou conta de Anneliese, e ela ficou sentada ali, com a cesta ainda intacta ao seu lado. A discussão não trouxe soluções, apenas uma sensação de abandono. Sentia-se como se estivesse esperando por algo que nunca viria.
As lágrimas começaram a cair, uma a uma, sem pedir permissão. A raiva se transformou em dor, e o que deveria ter sido uma tarde de paz agora era uma cena de solidão e desespero. Ela chorou ali, sem se importar com as pessoas ao redor ou com o fato de que a tarde estava se esvaindo. Ela simplesmente não conseguia mais segurar os sentimentos.
"Eu só queria que você estivesse aqui," ela murmurou para si mesma, enquanto enxugava as lágrimas com as mãos trêmulas. "Só isso."
E enquanto as sombras da tarde começaram a se alongar, Anneliese sentiu que o abismo entre ela e Bradley só ficava mais profundo. Algo dentro dela estava quebrando, e ela não sabia mais como consertar.
Anneliese ficou no parque por mais alguns minutos, observando as pessoas ao seu redor, mas sem conseguir realmente se conectar com nada ao seu redor. O dia que ela havia planejado com tanto carinho agora parecia um reflexo da frustração e do vazio que ela sentia. A cesta de piquenique estava intocada ao seu lado, as frutas frescas e os sanduíches, que ela cuidadosamente preparara, agora eram apenas lembranças de algo que nunca se concretizou.
Ela ficou ali, sozinha, o som distante das risadas das pessoas misturando-se com o peso de seu próprio silêncio. As lágrimas começaram a escorrer, lentamente no começo, até se tornarem um fluxo constante. A dor da decepção, das promessas não cumpridas, do vazio emocional, tudo isso transbordava em uma inundação de sentimentos que ela não conseguia mais controlar.
Quando o telefone de Anneliese tocou novamente, ela não conseguiu evitar a sensação de que a conversa com Bradley ainda estava ressoando em sua mente, fazendo-a apertar o aparelho contra o peito com mais força do que o necessário. Mas quando viu o nome de Nat na tela, algo dentro dela mudou. Ela atendeu rapidamente, sem tentar esconder a tristeza em sua voz.
"Anne? Onde você está?" a voz de Nat veio do outro lado, preocupada. "Você não está respondendo às mensagens. Está tudo bem?"
Anneliese engoliu em seco, mas as palavras simplesmente não saíram. Tudo o que ela conseguiu fazer foi chorar mais forte, sentindo-se mais vulnerável do que em qualquer outra situação. Ela sabia que precisava de alguém, alguém que a entendesse, alguém em quem pudesse confiar. E Nat sempre estivera ali, para ouvi-la, para apoiá-la.
"Anne... Anne, me fala onde você está," Nat insistiu, sua voz carregada de preocupação.
"Eu... eu estou no parque," Anneliese finalmente conseguiu dizer, a voz abafada pelas lágrimas. "Eu... Brad não apareceu. Ele disse que ia, mas... não apareceu. E eu... não aguento mais isso."
Houve uma pausa na linha, mas logo Nat respondeu, com firmeza e carinho: "Estou indo aí agora. Não se mexe, vou te encontrar."
Em menos de meia hora, Nat estava ao seu lado. Ela apareceu com uma expressão preocupada, mas o carinho em seus olhos era o que Anneliese mais precisava. Sem dizer uma palavra, Nat se sentou ao lado dela, envolveu-a em seus braços e a abraçou com força. Anneliese não resistiu, se entregando ao conforto da amizade que a envolvia.
"Eu sabia que isso estava te machucando, Anne," Nat sussurrou, afagando seus cabelos. "Ele pode ser meu melhor amigo, mas é um idiota."
Anneliese chorou nos braços da amiga, o choro pesado e doloroso, como se cada lágrima estivesse levando um pouco da frustração e da angústia que ela acumulava por semanas. Sentia-se quebrada, cansada de lutar por algo que parecia não ter mais sentido.
"Eu só... eu só queria que ele visse o quanto eu me esforço," ela falou entre soluços. "Eu só queria que ele fizesse isso por mim, que me desse o que eu preciso."
"Eu sei," Nat respondeu suavemente, seu abraço apertando Anneliese ainda mais. "Mas você não precisa lutar sozinha, Anne. Eu estou aqui, sempre estarei. E você vai passar por isso."
Por um momento, as palavras de Nat foram o único conforto que Anneliese precisava. Ela se afastou um pouco, enxugando as lágrimas e olhando para a amiga com um olhar cansado, mas grato.
"Obrigada, Nat... por sempre estar aqui. Eu não sei o que faria sem você."
"Eu também não sei o que faria sem você," Nat sorriu com ternura, limpando algumas lágrimas que ainda restavam no rosto da amiga. "Mas, agora, vamos pegar aquelas frutas frescas e aproveitar o resto do dia. Só nós duas, sem mais ninguém, só a gente."
Anneliese sorriu, finalmente sentindo um alívio. Talvez o dia não tivesse saído como ela esperava, mas pelo menos agora ela sabia que não estava sozinha. No final das contas, era isso que realmente importava.
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