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01 ➵ Suprises

Lotto | Hyunlix

ERA UMA quarta-feira, um perfeito dia de sol e tudo o que Félix pensava naquela manhã era sobre como estava animado para a festa surpresa de Changbin, seu noivo.

— Bom dia amor, feliz aniversário. — deu um breve selar no outro e entregou uma de suas vitaminas que o mesmo fazia todas as manhãs.

— Bom dia. — Changbin bebericou sua bebida e voltou a falar. — Vou ficar até mais tarde no trabalho hoje, tudo bem? — o moreno assentiu.

— Está certo. Reservei uma mesa naquele seu restaurante favorito 'pra gente poder falar sobre a data do nosso casamento. — sorriu animado. Há tempos o moreno sonhava com o tão importante evento, este que nem mesmo tinha sido agendado.

— Traçou planos para fazer outros planos?

— Eu fiz isso de novo? — sorriu sem jeito enquanto o outro assentia. — Desculpe.

— Tudo bem. — pausou. — Agora eu preciso ir. — estava prestes a atravessar a rua quando Félix o chamou.

— Ei, e meu beijo? — Changbin sorriu de lado e caminhou até o noivo, depositando um beijo na testa do mesmo, este que se encontrava com os olhos fechados e um bico formado, certamente crente de que o noivo selaria seus lábios.
Logo em seguida, o coreano voltou ao seu percurso.

— Eu te amo. — o australiano gritou e recebeu um aceno do outro. Ele mentiria se dissesse que não havia ficado chateado com o ato inesperado para si.

O que havia sido aquilo, afinal?

°$$•

A noite já havia caído e Félix, junto com a ajuda de seu melhor amigo, Jisung, estavam arrumando os últimos detalhes da então, festa surpresa.

— Ei, o que você vai dar de presente 'pra ele? — Jisung perguntou enquanto roubava alguns salgados e comia.

— Primeiro, para de comer os salgados, seu esfomeado. — deu um leve tapa na mão do amigo. — E segundo, aqui está o presente. — entregou um envelope em tom azul para o outro, que o abriu cuidadosamente, revelando duas passagens aéreas.

— Las Vegas? Você não odiava esse lugar? — comentou.

— E ainda odeio. — pegou o envelope de volta, logo colocando um fitilho e o deixando em cima da mesa de centro. — Mas Changbin me disse uma vez que queria ir 'pra lá algum dia, então vale o esforço. E também são apenas alguns dias.

— Não é por nada, mas você está sendo trouxa, Félix.

— Ah Sungie, você fala isso porque nunca se apaixonou. — deu um sorriso bobo para o amigo.

— Se for 'pra ficar que nem você eu espero que Deus me livre disso. — brincou e recebeu um peteleco na cabeça. — Yah! Não se pode nem brincar.

— Tá', que seja. — caminhou até o centro da sala com o intuito de chamar a atenção do resto dos convidados ali presentes. — Gente, atenção! Eu vou apagar as luzes e vou buscar o Changbin e então vocês se escondem. Quando ele acender as luzes vocês aparecem e gritam "surpresa", ok?

— Até porque eu acho que é assim que festas surpresa funcionam. — Jisung murmurou debochado e os outros riram, exceto o australiano, que revirou os olhos.

Félix saiu do apartamento e respirou fundo. Estava ansioso para ver a expressão do noivo quando visse todas aquelas pessoas.

Estava caminhando até o elevador quando o mesmo se abriu, revelando um Changbin de terno e uma expressão cansada.

— Bem-vindo de volta, amor. — se aproximou do outro, mas o mesmo recuou. — O que houve?

— Precisamos conversar, Félix. — caminhou até o apartamento, vendo o moreno entrar em sua frente e num deslize, abrindo a porta.

— Ótimo, a gente conversa lá dentro então. — forçou um sorriso. — Vem, entra.

— Se eu entrar não vou conseguir falar então eu prefiro que seja aqui mesmo. — suspirou. — Félix, eu e você... isso não vai dar certo.

— O quê? — elevou o tom sem ao menos perceber. O que ele pretendia?

— Me desculpe. Eu não quero que as coisas fiquem mais difíceis para nós. Então estou indo embora. — pausou, parecendo pensar por um breve instante. — Na verdade eu peço 'pra você sair do apartamento, já que ele é meu. Acabou.

E então Félix quis xingar Changbin de todas as ofensas que conhecia, mas não fez. Apenas deixou uma lágrima cair sobre o rosto, porém, ela foi limpa rapidamente.

— Puta que pariu. — Changbin murmurou ao ligar as luzes e se deparar com aquilo que era para ser sua surpresa.
Assim, o australiano seguiu em passos pesados em direção ao quarto, tendo um choque ao encarar aquelas pessoas que por alguns minutos esquecera que estavam ali.

— Surpresa... — Jisung murmurou em tom baixo e levemente irritadiça mas que logo deu lugar a um semblante preocupado, correndo atrás do amigo.

°$$•

Haviam se passado dois dias desde o ocorrido e Félix ainda lamentava tudo aquilo, descontando toda sua raiva por Changbin em Jisung, este último que já se considerava um psicólogo.

Os dois amigos estavam no pub onde Jisung era o dono, e o coreano já não aguentava mais o assunto repetitivo do moreno.

— Olha Lix... Você sabe que eu sou seu amigo e te apoio sempre. — fez uma pausa. — Mas ninguém aguenta ouvir sobre o ex do melhor amigo há toda hora.

— Desculpa, é que o-...

— Eu já sei, o Changbin foi um bacaca e blá blá blá. — revirou os olhos. — Sabe o que você precisa? — o mais velho nega. — Você precisa viajar.

— Ah não sei não, eu tenho tanto trabalho e-...

— Se você preferir eu posso chamar os amigos do meu irmão para ir até a casa do Changbin e dar uma surra nele. No final eu vou ter o prazer de dar um chute nas bolas dele e quando ele cair no chão agonizando de dor perguntando o porquê, eu vou olhar pra ele e dizer "você sabe porque." — disse convicto, com um tom cheio de raiva e o australiano se assustou. Como ele não sabia desse lado de Jisung?

— Você pensou nisso agora? — perguntou arqueando a sobrancelha.

— Acredite, eu tenho pensado nisso há um bom tempo. — lhe encarou sério. — Ah Félix, você sempre dá essa desculpa. Se você for, vai poder esquecer os problemas um pouco e irá voltar uma outra pessoa, entende?

— Mas para onde eu iria? — pensou um pouco e o mais novo suspirou, pegando um envelope de baixo do balcão.

— Tenho uma sugestão. — colocou sobre o balcão o envelope azul deveras familiar e o moreno o encarou. — Tá, eu sei que você vai falar que odeia Las Vegas e me perguntar o porquê de eu estar com isso. Saiba que eu não vou debater ou responder, apenas decida se quer ir ou não.

— Bem... — Jisung sorriu em expectativa. — Você está certo.

— Boa escolha! — puxou o copo, que antes Félix bebia algo não tão significantes e com álcool, para lavá-lo. — Essa viagem vai ser ótima para nós.

Nós? — enfatizou.

— Você não está pensando em ir sem mim, né? — o encarou.

— Estava pensando em levar minha tia, sei lá. — Jisung o encarou sem expressão e o moreno riu. — Você é folgado, sabia?

— Meu amor, você acha que eu não vou aproveitar as vantagens que a vida me proporciona? — Félix riu.

— Você não vale nada.

— E você me ama mesmo assim. — piscou mostrando seu sorriso ladino enquanto ia em direção a um cliente que acabara de chegar.

Talvez Jisung tivesse razão.

Talvez fosse bom viajar para Las Vegas e esquecer dos problemas.

Afinal, o que ele tinha a perder?


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