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01 | O Tabuleiro

─ Te darei apenas mais dez segundos para terminar esse lance e capturar o bispo ─ o homem mais velho adverte e olha para a garotinha em sua frente com desprezo enquanto traga um cigarro, aparentemente aborrecido pela lentidão com as jogadas.

Já se passavam algumas horas desde que eles se encontravam presos naquele impasse alarmante, mas não por incompetência dela, era apenas difícil para a menina continuar mantendo um raciocínio sólido com a fumaça que ele jogava em seu rosto atrapalhando os seus pensamentos.

─ Sim, senhor.

Ela torce o nariz pelo incômodo uma vez e tenta mover com certa agilidade as peças que faltavam para completar a sua armadilha no tabuleiro, e assim que finalmente consegue, se sente mais do que orgulhosa pelos movimentos precisos que realizou ao mostrar um sorriso confiante pela primeira vez naquele dia.

─ Está tudo errado, inútil! ─ ele bate brutalmente no tabuleiro, elevando o tom de voz em mais uma de suas tentativas de intimidação.

Dois conceitos básicos precisavam constantemente serem lembrados e utilizados para que a garota pudesse sobreviver a cada novo dia: respeito e paciência. Apenas um passo em falso sem eles e ela não seria nada além de alguém descartável - pelo menos, era no que ela acreditava enquanto seguia fielmente todas as ordens impostas.

A simplicidade da sua tarefa era tão notável que despertava inveja em qualquer criança ao presenciar a facilidade com que ela a realizava e os feitos que conquistou com pouca idade, simplesmente cumprindo o que lhe era exigido. Nenhuma outra habilidade além do puro e incessante raciocínio havia sido requerida dela. Tão pouco em troca de tão muito, eles pensavam.

─ Desculpe, senhor ─ a pequena rapidamente abaixa a cabeça, tentando engolir o choro que ameaçava arruinar a situação.

─ Apenas pare de falar, garota, a sua voz me irrita ─ ele declara ao contrair as sobrancelhas em descontentamento, já se encontrando nervoso com a ação anterior.

─ Tudo bem, me desculp-

─ Por acaso é surda, porra?! ─ ele dispara e se aproxima repentinamente dela, apagando o cigarro na pele frágil do seu ombro como se fosse apenas papel.

Balançando a cabeça repetidas vezes, a menina tenta se distanciar da dor, enquanto lágrimas quentes deslizam pela sua bochecha. O homem que aparentemente era o seu pai - embora nunca tenha permitido que ela soubesse seu verdadeiro nome, pois não desejava ter qualquer tipo de vínculo afetivo -, frequentemente exibia um humor terrível e se irritava com qualquer pequena coisa que ela fazia.

Tornou-se impossível prever quando ele iria explodir e descarregar toda aquela frustração acumulada. Assim, ela se mantinha preparada em todas as situações para desviar daquela ira ou simplesmente ignorar os gritos e xingamentos. Em algumas ocasiões, era inevitável aceitar, afinal, ela era fisicamente mais fraca do que ele com todos os pontos. Mas dessa vez, ela realmente não tinha tantas opções a não ser ficar calada para não piorar aquele humor.

─ Chega de choramingar, eu não quero aguentar reclamações dos vizinhos de novo ─ ele a puxa pelo braço e o aperta como um lembrete de autoridade, sua voz reverberando pelo quarto.

─ Não, isso doí! ─ a garota se debate enquanto ele a guia para fora do cômodo, desobedecendo a suposta ordem ao chorar ainda mais de uma maneira que não conseguia controlar.

Quando atravessam a sala, ela se depara com a visão de seu tio acomodado em uma poltrona, acompanhado por algumas garrafas vazias de uísque ao seu lado. Movida pelo medo do desconhecido, ela tenta, como em tantos outros momentos, pedir ajuda por meio de sua expressão facial e gritos suplicantes.

─ Jovem prodígio do xadrez é convidada a participar do campeonato nacional das Filipinas. Todos os especialistas estão muito ansiosos para ver quais serão as jogadas da nova estrela em ascensão... ─ ele apenas ignora a presença de ambos e lê a página do jornal em voz alta com seu tom usual ─ Até que essa mini vadia é famosinha, não acha?

─ O treinamento acabou ─ o homem também ignora o irmão e a solta abruptamente, jogando um dos casacos pendurados para que ela pudesse vestir ─ Vista isso, estamos indo.

─ Posso levar o tabuleiro dessa vez? ─ ela rapidamente se agasalha e desvia o olhar para o objeto na prateleira, quase incerta se deveria mesmo ter feito esse pedido.

─ Faça o que quiser, eu não me importo ─ o mais velho veste o próprio casaco e pega as chaves do carro.

Ela sente um suspiro de alívio escapando de seus lábios enquanto empurra o pequeno banquinho com determinação para que pudesse alcançar o objeto, conseguindo pegá-lo com êxito. Ao mesmo tempo, o seu pai apenas abre a porta da casa impacientemente e a espera dentro do carro. A menina logo se junta a ele no veículo, trazendo consigo o objeto que tanto ansiava pegar.

Depois que ele dá a partida, todo o trajeto continua em silêncio enquanto os olhos dela brilham de empolgação ao finalmente perceber que estava nevando quando os flocos de neve caem delicadamente do lado de fora da janela. Ela realmente apreciava esse momento de paz, pois era muito melhor do que lidar com o inconstante caos da sua mente.


{. . .}


A paisagem coberta de neve emanava um encanto quase mágico, cativando os sentidos de todos ao redor. O ar estava impregnado de um silêncio suave, apenas interrompido pelas risadas animadas das diversas crianças que corriam com entusiasmo, ansiosas para aproveitar a oportunidade de criar bonecos de neve e deslizar pela brancura imaculada.

A garota finalmente havia conseguido escapar dos olhos atentos de seu pai, que se encontrava ocupado com os preparativos para a competição que estava prestes a começar. Aproveitando esse breve intervalo, ela decidiu se aventurar pela neve branca e fofa, procurando um refúgio temporário da agitação.

A verdade era que a menina se sentia completamente deslocada dentro daquele lugar. Não havia crianças correndo alegremente e nem risos infantis para preencher o ar com uma sensação de leveza. Em vez disso, existia uma aura pesada de seriedade e concentração entre os adultos presentes, o que fez com que ela não pensasse duas vezes para que escapasse para o lado de fora.

Sentada sozinha em um recanto nevado, ela posiciona o tabuleiro que trouxe consigo - já ciente de isso poderia acontecer -, e se dedica a aprimorar as suas novas estratégias para as jogadas futuras. Afinal, mesmo que o xadrez fosse a sua maldição pessoal em muitos sentidos, ela ainda apreciava o jogo sem que houvesse nenhuma pressão envolvida, pois era realmente satisfatório em sua visão.

─ Ei, o que você tá fazendo? ─ uma voz infantil questiona atrás dela repentinamente, chamando sua atenção.

Ela se assusta brevemente pela inesperada interação, no entanto, toma a decisão consciente de não responder com o objetivo de evitar a perda de concentração, se focando apenas em seus próprios dedos. Embora parte dela quisesse iniciar uma conversa, ela ainda reconhecia que não tinha experiência prévia com socialização com crianças da sua idade, pois nunca teve a oportunidade de interagir com elas antes, e esse não era exatamente o momento ideal para começar uma nova experiência.

─ Ah! Você é a enxadrista de Tokyo que veio competir, não é? ─ ele pontua animado quando aparece com o rosto próximo ao dela, cutucando a sua bochecha em um gesto provocador ─ Com certeza é você, esse rosto está por toda parte na televisão.

─ Você está me atrapalhando ─ a garota tenta empurrá-lo, mas ele se mantém firme no lugar e sorri como se estivesse se divertindo.

─ O que acha de uma partida?

─ Como é? ─ ela finalmente o encara de volta, se surpreendendo ao perceber os lindos traços das orbes violetas, que brilhavam intensamente, e do exótico cabelo branco, que se misturava suavemente com os tons da neve ao redor.

─ Por que não testa as suas habilidades antes da partida oficial? ─ ele rapidamente se afasta e se senta na frente dela para reforçar sua ideia ─ Eu posso te ajudar.

─ Eu não preciso disso ─ ela franze o cenho ao dar de ombros e volta a realizar os seus movimentos no tabuleiro novamente.

─ Mas eu preciso, então vamos jogar ─ ele segura a mão delicada dela na sua, a impedindo de mexer a peça.

─ Precisa? ─ ela ergue a sobrancelha com desconfiança e ele apenas concorda com a cabeça ─ E você também vai competir?

─ Sim, mas diferente de você, eu vou competir com pessoas da nossa idade.

─ Tudo bem ─ a menina suspira derrotada, não conseguindo recusar o pedido diante da curiosidade de conhecer a experiência que tanto se negava ─ Com qual peça quer jogar? ─ pergunta com certo tédio, desmanchando o jogo para montar um novo.

─ Com as brancas ─ o garoto aponta, se acomodando em seu próprio espaço na neve ─ Você parece ser experiente, e eu quero ter a vantagem.

Com um gesto de concordância, ela inclina a cabeça e entrega as peças apropriadas ao garoto, permitindo que ambos pudessem assumir as suas devidas posições. Em seguida, um breve momento de silêncio se instala enquanto eles se concentram em organizar as peças no tabuleiro, mas a tranquilidade é logo quebrada quando o platinado interrompe esse silêncio anterior.

─ Izana.

A garota paralisa subitamente a sua ação e pisca os olhos enquanto encara ele com confusão, esperando alguma explicação.

─ Meu nome é Izana ─ ele esclarece com um sorriso, movendo a primeira peça ─ Se lembre desse nome quando for competir, daqui a alguns anos serei eu no seu lugar.

─ Ah, claro ─ ela resmunga desinteressada e também faz a sua primeira jogada.

Enquanto se concentra nos eventos do jogo em andamento, a garota permanece em silêncio, perdida em seus próprios pensamentos estratégicos. No entanto, aquela postura reservada incomoda Izana, que desejava conhecer mais sobre o mistério que ela insistia em esconder por trás da fachada, afinal de contas, não era todos os dias que se encontrava alguém que aparentava ser uma suposta estrela em ascensão.

─ Você não é de falar muito, né? ─ ele pende a cabeça levemente para o lado, observando os seus movimentos ─ Então, por que você joga xadrez? ─ ele pergunta, tentando puxar um assunto que poderia dar as respostas que ele queria.

─ Não sei, talvez porque eu seja boa nisso ─ não era totalmente mentira, mas ela também tinha um pequeno motivo oculto que não desejava compartilhar com ninguém ─ Você?

─ Eu? ─ ele fica surpreso por ela ter se interessado em perguntar de volta, pois geralmente ninguém o fazia ─ Não sei, eu só gosto que o xadrez seja um jogo individualista. Você não precisa de ninguém para vencer, apenas as suas próprias habilidades. Então, quando você perde, a sua incompetência é a única que pode ser culpada.

─ Hmm, não acho que esse seja o único ponto, você parece mais esperto que isso ─ ela finalmente ergue o olhar, percebendo que ele gostaria de dizer mais alguma coisa.

─ Esperto, hein? ─ o platinado sorri despretensiosamente, se apoiando na grama e jogando o corpo para trás após mover outra peça ─ Talvez, a verdade é que eu jogo pela dinâmica do rei. Se ele for derrubado, a partida termina e não há nada mais a ser feito para recuperar o estrago. Eu gosto dessa incerteza, já que ele é uma figura poderosa e vulnerável ao mesmo tempo.

─ Suponho que é por isso que ele precisa ser protegido ─ ela comenta, ainda prestando atenção no tabuleiro com os olhos atentos.

─ Mas não acha um pouco triste o fato de controlar um império poderoso apenas para sucumbir no final da pior maneira sem nenhuma chance de revidar? ─ Izana volta para posição sentada inicial em um impulso, encarando a garota com determinação ─ Sabe, o rei não precisa ser protegido para sempre, eu ainda quero criar uma jogada onde ele seja capaz de ganhar sozinho.

─ Sozinho, você diz?

Talvez fosse a distração da conversa, mas aquele jogo em questão estava surpreendentemente fácil demais. O rei estava verdadeiramente sozinho, uma vez que todos os seus peões haviam sido capturados e somente um bispo permanecia para defendê-lo. Entretanto, a menina prontamente o ataca com a torre e arma a perfeita armadilha que havia planejado desde o início, afinal, era exatamente a mesma situação que tinha enfrentado na partida anterior com a presença de seu pai, dando a ela a oportunidade perfeita de declarar com confiança:

Xeque-mate.

─ Tinha razão, você realmente é muito boa nisso ─ ele cruza os braços, analisando o posicionamento dela no tabuleiro ─ Que pena, acho que essa vai ser apenas outra que eu perdi.

Antes que ela tenha a chance de dizer qualquer outra palavra, o relógio ao fundo da praça anuncia o horário com um som alarmante. Estava na hora da competição começar. O garoto na frente dela demonstra uma expressão de desapontamento por ter que partir tão cedo, mas quando seus olhos se encontram, seu rosto se ilumina quase que instantaneamente.

─ Foi um bom jogo ─ ele confessa com um sorriso encantador, se levantando e estendendo a mão para a ajudar a fazer o mesmo ─ Quando a sua partida terminar, venha me ver jogar também! Eu adoraria que um prodígio como você fosse a minha espectadora.

No entanto, não importava qual fosse o seu mais profundo desejo, a garota não teria a oportunidade de testemunhar a habilidade dele novamente. Simplesmente não poderia, na realidade, pois estava ocupada demais tentando garantir a sua própria sobrevivência. Logo, ela segura a mão dele em um aperto forte como uma prece silenciosa, sabendo que nunca mais o veria depois de soltá-la. 

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