2.16- MINDFLAYER
Queria que aquilo acabasse logo.
Era a segunda vez que passavam por todo aquele terror, fugindo de monstros de outra direção. Era cansativo ter a preocupação recorrente de que algo possa acontecer a qualquer momento.
Era assustador ter que lidar com o laboratório novamente.
A confusão tomou conta de Natalie quando desceu da viatura da polícia na casa dos Byers, vendo Ayla segurar um Will desacordado no colo enquanto Joyce entrava de cabeça baixa para dentro da casa. Aparentemente chorando.
Antes que pudesse tentar seguir ela, um corpo se chocou contra o seu. Amberly segurando a irmã mais velha em um abraço apertado.
— Achei que não fosse mais te ver. – Amberly admitiu, sem sair do abraço – Onde você se enfiou?
— O que aconteceu com a tia Joyce? – Natalie perguntou, confusa
— O Bob morreu. – Reginald respondeu, se aproximando das filhas – Ele salvou a gente no laboratório, mas não conseguiu sair a tempo.
A culpa invadiu o peito de Natalie. Ele morreu salvando sua família, fazendo uma coisa que ela deveria fazer. Ela deveria ter entrado lá assim que ouviu os barulhos vindos do local.
Ela deveria ter entrado junto com Nancy e Jonathan.
Ao invés disso, decidiu ficar com as crianças e com o Harrington. Ficou com medo de se aproximar do local.
Se ela tivesse entrado, poderia ter poupado Joyce do sofrimento de perder o namorado.
— Você não chegaria lá a tempo. – Amberly falou, ao notar a expressão no rosto da irmã
Ela reprimiu os lábios. A mais nova e o mais velho franzindo o cenho enquanto analisavam Natalie.
— O que aconteceu com você? – Reginald perguntou em choque
Natalie olhou para o próprio braço.
— Fui atacada por um Demogorgon na puberdade. – A garota com super poderes respondeu, limpando a garganta em seguida, segurando um choro que não sabia porque queria sair. Nem ao menos conhecia Bob direito, falou com ele poucas vezes. Mesmo assim ainda se sentia culpada por sua morte. Pelo sofrimento de Joyce. – E-Eu preciso de um banho.
Natalie ficou alguns minutos embaixo do chuveiro na casa dos Byers. A água quente caindo sobre sua cabeça, relaxando seus músculos tensos, mesmo com a ardência caindo sobre seus machucados.
Era um alívio saber que toda sua família e seus amigos estavam vivos, mas ainda existia uma grande sensação de angústia em Natalie. Joyce estava sofrendo, não só pela morte do Bob mas também por algo que aconteceu com Will – considerando que ele estava desacordado.
Muitas coisas haviam acontecido em uma semana, isso era um fato. Em um momento o maior problema de Natalie era uma suspensão na escola e no outro o Mundo Invertido voltou a ser um empecilho em sua vida.
Após sair do banho, Natalie vestiu uma roupa que haviam pego emprestada de Joyce. Ayla e Reggie estavam no quarto fazendo um curativo no braço de sua filha.
— Harry disse que lutou contra demogorgons sozinha e furtou um açougue. – Reginald comentou
Natalie concordou com a cabeça, esperando levar uma bronca. Nenhum deles falou nada.
— Tá muito feio? – Natalie perguntou
A careta no rosto de Reggie era visível.
— Não muito, poderia ser pior. – Ayla respondeu sincera – Parece uma mordida de cachorro, vamos precisar te levar no hospital depois.
Natalie bufou, cansada.
— Podemos falar que foi uma mordida de guaxinim. – Reginald sugeriu
— Vou ter que tomar vacina contra raiva. – Natalie reclamou
— É uma boa ideia, pode fazer efeito em você e se acalmar um pouco. – Reggie brincou, recebendo um olhar feio de sua esposa
Natalie riu.
— Você teve sorte que foi só uma mordida... – Ayla começou
— Tiveram alguns arranhões também. – Natalie disse
— E esses pontos na sua testa? – Reggie perguntou – Como conseguiu eles?
Natalie suspirou.
— Bateram no meu carro, ele capotou e eu passei a noite no hospital. – Natalie respondeu
Os olhos dos dois adultos se arregalaram instantâneamente.
— Você o que? – Reggie perguntou – Quando foi isso?
— Uns três ou quatro dias atrás, já perdi a noção do tempo. – Natalie respondeu
Ayla terminou de fazer o curativo em sua filha.
— Tem que tomar mais cuidado, Nat. – Ayla falou – E não estou falando no trânsito, acho que já sabe disso.
— Tô começando a achar que ela não sabe não. – Reginald diz – Escondeu da gente que bateu o carro e que foi para o hospital.
— Eu não escondi! – Natalie protestou – Vocês quem sumiram.
— Não contou a nenhum adulto. – Reggie rebateu
— Eu já tenho dezoito anos! Não preciso relatar toda a minha vida para vocês! – Natalie falou – E o Hopper sabia. Eu pedi para ele não contar nada porque eu mesma iria contar, mas aí vocês sumiram.
— Vocês parecem duas crianças! – Ayla reclamou – Natalie, me escuta. Sei que queria proteger as crianças dos demogorgons, mas tem que tomar cuidado.
Natalie olhou para sua mãe, se sentindo um tanto quanto ofendida.
— Eu tomo cuidado! – Natalie exclamou, percebeu seus pais trocando olhares desacreditados – Com as crianças.
— Tem que começar a tomar cuidado com si mesma. – Ayla disse claramente preocupada – Não pode tentar lidar com os monstros sozinha.
Natalie suspirou. Entendia a preocupação de seus pais, eles tinham medo de que acontecesse algo com ela. Mas não podia ficar parada sabendo que tinham demogorgons a solta por ali, principalmente sabendo que era a única que teria chance de parar eles.
"Chances de parar eles."
Quando Natalie mandou o Demogorgon se afastar, ele se afastou. Será que ele havia a obedecido? Ou somente parou para voltar até o laboratório?
— Eu não estava sozinha. – Natalie se defendeu – Steve estava comigo junto com as crianças.
— O Harrington e nada são praticamente a mesma coisa. – Reginald falou com desgosto
Ayla negou com a cabeça.
— Só… Não esquece que você não é invencível, Nat. Você poderia ter morrido. – Ayla fala
Natalie assentiu.
— Eu sei… – Ela disse em um sussurro
— Ainda assim, tô orgulhosa por defender as crianças. – Ayla disse, puxando Natalie para um abraço
Natalie deu um pequeno sorriso.
— Você foi incrível, mas não tente dar uma de super heroína outra vez, se não te deixo presa na delegacia durante a noite toda. – Reggie falou sentando ao lado delas e as abraçando também
Natalie assentiu, sabendo que a frase de seu pai entraria por um ouvido e sairia por outro. Aquilo estava longe de acabar e não deixaria mais ninguém de machucar.
Não deixaria mais nenhuma criança acabar como Eleven.
Após saírem do quarto, Reginald se aproximou de Hopper que estava com o telefone em mãos, ligando para alguém. Ayla ficou na porta do quarto de Joyce, esperando qualquer sinal da mulher.
A morena parou analisando Will no sofá, ele parecia dormir tranquilamente enquanto tudo dava errado a sua volta.
— O que ele tem? – Harry perguntou
Natalie olhou para o lado, percebendo Amber e seu irmão ao seu lado.
— A visão verdadeira era verdadeira até demais. – Amber explicou – Ele tá com algum tipo de ligação com o mundo invertido, é um espião dos monstros.
Natalie assentiu, voltando seu olhar para o garoto. Se Will conseguisse sair dessa, ficaria traumatizado para o resto da vida, isso era óbvio.
— Não acreditaram em você né? – Ouviu a voz de Dustin
Os três irmãos andaram até as crianças que conversavam com Hopper, Reginald analisando a situação e Steve na cozinha olhando de longe.
— Veremos. – Hopper falou
— Veremos? – Amber perguntou – Tá de brincadeira?
— Não podemos ficar aqui com essas coisas a solta! – Mike exclamou, irritado
— É questão de tempo até eles chegarem aqui! – Amber concordou
— Ficar aqui é a nossa melhor decisão. – Reggie diz
Natalie riu, sem humor.
— É, até aqueles seres chegarem aqui e cercarem todo mundo. – Natalie ironizou
— Ficaremos por aqui e esperamos por ajuda! – Hopper ordenou
Os minutos seguintes foram cobertos de um silêncio perturbador. Nenhum deles falava nada, ninguém recebia notícias.
Natalie se sentou no chão, encostando na parede. Amber andava de um lado para o outro, parecendo ansiosa. Harry se sentou perto de Lucas.
Um copo saiu de dentro do armário perto de Steve, fazendo-o franzir o cenho ao ver uma garrafa de água sair da geladeira e flutuar até o copo e encher o mesmo. O copo voou até as mãos de Natalie.
— Sabiam que Bob formou o clube de jornalismo de Hawkins? – Mike quebrou o silêncio
— É mesmo? – Dustin perguntou
Amber fechou os olhos, lembrando dele saindo sozinho de dentro da sala das câmeras para religar a luz.
Sentiu seu coração apertar ao se lembrar que havia se oferecido para ir junto a ele e teve seu pedido negado por todos os adultos do local.
— Fez petição para a escola criar o clube e tudo. – Mike disse – E arrecadou fundos para o equipamento. O senhor Clark aprendeu tudo com ele. Muito legal né?
As crianças concordaram.
— Ele ajudou bastante todos nós. – Harry murmurou
— É e não pode ter morrido em vão. – Mike afirmou
Natalie olhou para o Wheeler, estava entendendo o que ele queria dizer com aquilo, mas não via como vingar a morte dele. Não naquele momento.
— O que quer fazer, Mike? – Dustin perguntou, tirando as palavras da boca de Natalie – O delegado tem razão, não podemos parar os demo-cães sozinhos.
O olhar de Natalie foi imediatamente para Dustin.
— Demo-cães? – Natalie perguntou
— Demogorgon… Cães. – Dustin respondeu, juntando as mãos – Demo-cães.
— Não acredito que apelidou eles de novo. – Amberly disse
— É uma palavra composta. – Explicou Dustin – Um jogo de palavras…
— Eu passei horas me referindo a eles como "Demogorgons na puberdade". – Natalie reclamou – Não poderia ter dado esse nome antes?
— Sério que tá incomodada com isso? – Harry perguntou desacreditado
— Estou a horas pensando em um nome para aquelas coisas, é óbvio que vou reclamar disso. – Natalie respondeu
Harry negou com a cabeça, desacreditado.
— Quando era só o Dart e o irmão dele, talvez… – Dustin voltou ao assunto
— Mas agora há um exército deles. – Lucas concordou
— É, um exército dele. – Amber ironizou, apontando para Will no outro cômodo
Harry fez uma careta confusa, olhando para sua irmã. Diferente de Natalie, que pareceu pensativa ao se levantar.
— Will tem um exército agora? – Harry perguntou
— Não, mas o monstro que ele via tem. – Amber respondeu como se não fosse nada
Natalie estalou os dedos.
— Se vencermos ele, vencemos o resto. – Nat disse
— O que? – Amber perguntou confuso
— O exército é dele né? Talvez, se vencermos ele, vencemos o resto também. – Natalie respondeu
Mike arregalou os olhos, correndo para pegar os desenhos do Will. O grupo o acompanhou.
Todos correram até o quarto do Byers.
— A aranha gigante que ele vê nas sombras? – Harry perguntou
— Pegou o Will no gramado. – Amber relembrou – O doutor Owens disse que era um tipo de infecção.
— Infecção? Tipo um vírus? – Natalie perguntou
Steve se aproximou do grupo, ouvindo o que estavam falando com uma careta confusa no rosto.
— Esse vírus é o que conecta ele com os túneis? – Max perguntou
— Aos túneis, aos monstros, ao Mundo Invertido. – Mike respondeu
Harry assentiu ao entender do que estavam falando. Amber olhou confusa para Steve, que deu de ombros.
— A tudo. – Harry concordou
— Espera um pouco, devagar. – Steve pediu
— Não, continuem. – Natalie falou para as crianças apontou para Steve e Amber – Vocês dois tentam acompanhar o raciocínio, depois eu explico.
— Então, o monstro das sombras está dentro de tudo. Se os cipós sentem dor, o Will sente também. – Mike explicou
— E o Dart também. – Lucas comentou
— É como o senhor Clark nos ensinou então. – Harry disse – Mente colmeia.
— Mente colmeia? – Amberly perguntou
— Consciência coletiva, superorganismo. – Dustin explicou
— Essa é a coisa que controla tudo, como o cérebro da coisa toda. – Harry concluiu
Natalie olhou para as crianças.
— O Devorador de Mentes! – A mais velha exclamou
Lucas estalou os dedos, em concordância com a garota.
— O que? – Steve perguntou
— Aprendeu sobre D&D? – Dustin perguntou
— O Eddie me ensinou algumas coisas. – Natalie deu de ombros
Steve revirou os olhos praticamente no mesmo momento, fazendo Amber franzir o cenho com a reação.
As crianças agarraram o livro sobre Dungeons & Dragons e correram para a sala da casa dos Byers. Natalie os seguiu quase no mesmo momento.
As crianças se espalharam, chamando por todos para explicar a nova descoberta que haviam feito. Em questão de minutos, Nancy, Jonathan, Jim e os Goodwin se reuniram com o restante do grupo.
O Henderson abriu o livro.
— O devorador de mentes! – Dustin falou
— O que é um devorador de mentes? – Ayla perguntou
— Que merda é essa? – Hopper perguntou ao observar o livro
— Um monstro de uma dimensão paralela, tão velho que nem ao menos sabe de onde realmente veio. – Natalie explicou – Tem poderes psíquicos e escraviza raças de outras dimensões por meio da mente.
— Vocês realmente acreditam nisso? – Reginald perguntou
— Meu Deus, nada disso é real! – Hopper exclamou, cansado
— Sabe o que mais não era real? Portais, demogorgons, super poderes! – Natalie disse irritada
— Natalie, é um jogo para crianças. – Jim rebateu
Harrison o olhou ofendido.
— Não é um jogo de crianças, é um manual. – Harry falou
— E a menos que vocês saibam algo que não sabemos, é a melhor metáfora… – Dustin foi interrompido
— Analogia. – Lucas corrigiu
Natalie olhou para as crianças, impaciente.
— Analogia? É isso que te preocupa? Tá, analogia! – Dustin disse – Para entender o que está acontecendo.
Os adultos se entreolharam.
— Concordo com as crianças. – Ayla disse
— Espera aí, esse destruidor de mentes… – Nancy foi interrompida
— Devorador de mentes. – Harry corrigiu
— O que ele quer? – Nancy perguntou
— Basicamente, nos conquistar. – Dustin respondeu
— Ele acredita que é uma raça superior. – Lucas complementou
— Saquei. – Amber concordou com a cabeça
Ela fez um toque rápido com Lucas, por finalmente ter entendido.
— Ah, tipo os Alemães? – Steve perguntou
Natalie franziu o cenho.
— Nazistas. – Natalie corrigiu – Não os Alemães no geral, os Nazistas. Mesmo que se fale Alemanha nazista, é um tanto preconceituoso generalizar todos…
— No que isso ajuda? – Reggie perguntou a interrompendo
— Em nada, só não chame todos os Alemães de nazistas. – Natalie respondeu, em seguida olhando para Steve
— É, os Nazistas… – Steve concordou
Dustin fez uma careta com a pequena interação dos dois.
— É, se os nazistas fossem de outra dimensão, é, com certeza. Ele considera outras raças como inferiores. – O Henderson explicou
— Ele quer se espalhar e dominar outras dimensões.
— Estamos falando da destruição do mundo que conhecemos.
— Ótimo! – Steve praguejou – Que merda!
— Uma maravilha! – Amber ironizou
Natalie olhou para sua mãe, que respirava fundo olhando a foto do devorador de mentes.
— Tá, então se essa coisa é o cérebro. Se a matamos… – Nancy começou
— Matamos tudo que ela controla. – Natalie concluiu – E vencemos.
— Teoricamente. – Ayla disse
Nancy e Natalie se olharam, ambas tensas com a nova batalha que enfrentavam.
— Ótimo e como matamos isso? – Hopper perguntou mudando as páginas do livro – Atiramos bola de fogo?
Dustin riu, irônico.
— Não, nada de bolas de fogo. Você convoca um exército de mortos-vivos, porque zumbis não tem cérebro e o Devorador de mentes gosta de cérebros. – O Henderson explicou
Natalie olhou para o Harrington que estava ao seu lado, mordendo o lábio inferior contendo uma piada que faria com o mesmo, sabendo que aquele não era o momento.
— Se precisamos de alguém sem cérebro para vencer ele, podemos mandar o Harrington para lá. – Reggie falou, apontando para Steve
Natalie não segurou a gargalhada que saiu por sua boca quando seu pai falou exatamente o que ela queria falar. Steve abriu a boca indignado, olhando de Reggie para Natalie. Não fazia ideia do porque, mas Reginald claramente o odiava.
Ayla negou com a cabeça.
— Reginald! – A mais velha contestou
— Que diabos estamos fazendo? – Hopper reclamou, largando o livro na mesa
— Achei que estivéssemos esperando o reforço militar. – Dustin rebateu
— E estamos. – Reggie falou
— E como vai deter aquelas coisas? – Harry perguntou – Nem a Natalie conseguiu e ela é foda para caralho!
— Vê se para de ser boca suja. – Ayla brigou
— Não dá para ganhar deles com armas. – Amber disse
— Não sabem disso! Não sabemos de nada! – Hopper contestou
— Sabemos que matou muitos soldados com armas ano passado. – Amber disse
— E todo mundo naquele laboratório! – Mike exclamou
— Que vão passar pelas Ecdises logo. – Harry relembrou
— E que é só uma questão de tempo até os túneis chegarem na cidade. – Lucas concluiu
Natalie mordera o lábio inferior, se aproximando do cômodo onde Will estava, o observando de longe.
Se tinha alguém que sabia com certeza das coisas, era o monstro que estava dentro dele.
— Eles tem razão. – Joyce falou de repente
— Joyce… – Ayla balbuciou ao ver a mulher aparecendo ali
— Temos que mata-lo. – Ela se aproximou de Hopper – Eu quero mata-lo.
— Eu também, Joyce. Está bem? – Hopper falou – Mas como fazemos isso? Não sabemos com o que estamos lidando.
— Mas ele sabe. – Natalie falou, encarando Will
— Se alguém sabe como matar aquela coisa é o Will. – Harry diz – Ele está ligado a ela.
— Deve saber sua fraqueza. – Mike concordou
Todos se aproximaram da porta da cozinha olhando para Will.
— Achei que não podiamos mais confiar nele. Que ele é um espião do devorador de mentes agora. – Max falou
— Ele é, mas eu não. – Natalie falou, atraindo os olhares para ela
— Como assim? – Steve quem perguntou
— Consigo acessar memórias, talvez eu consiga entrar na mente dele também. – Natalie respondeu sem deixar de olhar para a criança – Posso tirar quem quer que esteja de dentro da mente de Will.
— Outra teoria. – Hopper disse
Amber olhou confusa para sua irmã.
— Mas se é como um vírus… Não pode contaminar você? – Amber perguntou
Natalie não tinha uma resposta, ela simplesmente deu de ombros.
— O que fazemos se ele entrar na sua mente? – Harry perguntou
Natalie suspirou.
— Dão um tiro na minha cabeça. – Natalie falou entrando na sala
(...)
Natalie se sentou de pernas cruzadas em frente ao sofá onde o Will estava. Amarrando uma venda em seus olhos, entrou na mente de Will.
Todos os outros estavam em silêncio, olhando para eles. Natalie respirou fundo, com o cenário mudando ao seu redor. Tudo ficou escuro. Tudo preto. Como se não existisse mais lembranças do garoto, era o que aparentava ao olhar ao seu redor.
Sentou-se no chão novamente, tirando a venda. Ainda estava na casa dos Byers.
— Olá? – Natalie perguntou, olhando ao redor estava tudo vazio – Gente? – Se levantou – Will?
Andou pela casa dos Byers, totalmente vazia. Com certeza não estava em sua realidade, mas onde estava o Will? Como estava tudo vazio? Aquilo estava longe de ser uma lembrança.
A garota correu para o lado de fora da casa, era Hawkins, mas estava completamente vazia. Nada no céu ou na terra. Ninguém.
Levou a mão ao rosto, tentando sair da mente do garoto. Mas era como se não conseguisse mais se conectar com a realidade. Não sentia mais a venda ou ouvia as vozes das crianças ao fundo.
— Gente? – Natalie perguntou entrando novamente para dentro de sua casa – Mãe? Pai? AMBER? STEVE?
Não recebeu resposta alguma.
— Eles não conseguem te ouvir. – Ouviu uma voz vindo da cozinha
Natalie não conseguia ver quem falava, apenas olhou em direção a porta. O medo invadindo seu peito de repente.
— Onde está o Will? – Natalie perguntou, cuidando para que sua voz não vacilasse a fazendo gaguejar – Quem está aí?
Um silêncio momentâneo invadiu a mente do Will.
— É o Devorador de Mentes. – Natalie afirmou
— Pode chamar como quiser. – Respondeu – Não deveria ter me procurado.
— Não deveria ter invadido a mente de uma criança. – Natalie rebateu
Uma risada sarcástica um tanto quanto assustadora foi ouvida.
— Eu não deveria? – Perguntou aparecendo na porta, para a surpresa de Natalie, o Devorador de Mentes estava usando o corpo do Will – Eu estou aqui.
— Não por muito tempo. – Natalie respondeu
Ao erguer a mão em direção do falso Will, a surpresa tomou conta de Natalie quando seus poderes não funcionaram.
— Você não pode me tirar daqui, querida. – Era assustador ouvir aquilo da boca do Will – Não pode me tirar da mente do Will, não pode me tirar da mente de ninguém, Natalie!
Ele se aproximou de Natalie, que dava passos devagar para trás.
— Não deveria ter vindo me procurar, não deveria querer que eu saísse daqui. Você me trouxe para esse mundo! Me deixou entrar aqui! E deveria me deixar ficar. – O devorador de mentes falou
A respiração de Natalie mudou de repente, a confiança que tinha indo embora conforme se aproximava de si. Seus poderes psíquicos parecendo vacilar junto com sua respiração, já que não conseguia o tirar da mente da criança.
— Eu? – Natalie perguntou, confusa
Ao mesmo tempo que aquilo era assustador, era confuso. Natalie estava recebendo acusações de ter trazido ele para o mundo dele mesmo. A culpa realmente era dela? Lembrava de ter aberto o portal, mas não fora ela que fizera o monstro ir para o Mundo Invertido…
Ou foi?
— Durante anos montamos tudo para você, para você governar esse mundo quando conseguíssemos o conquistar por completo. TODO ESSE TRABALHO FOI POR VOCÊ! – Will gritava – PARA QUANDO A HORA CHEGASSE, GOVERNASSE TUDO ISSO! Mas você não seguiu com seu destino, não seguiu. Você tentou matar um dos nossos ano passado e selou seu destino. SELOU SUA MORTE!
— Do que você tá falando? – Natalie perguntou, quase chorando desesperada
— Não queria matar você não passado, mas agora você é o alvo. Agora você será morta! – Era o que o falso Will falava – Vou acabar com tudo o que você conhece, começando pelo Will, passando pelos seus amigos, sua família, depois vou acabar com tudo e todos. Quando isso tudo acontecer você vai saber que você é a culpada e só depois disso acontecer que vou acabar com você de uma vez por todas.
Quando o Devorador de Mentes iria encostar em Natalie, a garota conseguiu sair da mente de Will. Percebeu a venda em suas molhada com suas lágrimas, enquanto se afastava rastejando para longe do Will o mais rápido que conseguia.
Se agarrou ao braço da pessoa que segurou em seu ombro, preocupado.
— Você tá bem? – Reginald perguntou, com a mão no ombro da filha
Natalie não respondeu. O terror nos olhos da Goodwin fora a resposta para tudo o que fossem perguntar e Joyce soube quase no mesmo instante que o que quer que estivesse dentro da mente de seu filho, era pior do que pensava.
Muito pior.
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