ESTAVA QUENTE. Quente demais para ser apenas mais um dia de sol ensolarado na cidade de Nova Iorque. Grace tossiu abanando a mão em frente ao rosto, movimentou a cabeça para trás apenas para assistir o caos que se formava em sua frente. O apartamento estava pegando fogo, novamente.

A Barnes percebera de que não passava de um pesadelo de novo, mas não conseguia acordar e isso a fez entrar em desespero como todas as vezes. Sabia que o suor escorria pelo rosto e que estava com falta de ar assim como no sonho, e tudo que ela queria era abrir os olhos e se encontrar deitada na cama do quarto médio.

Então ela finalmente conseguiu o fazer. O peito subiu automaticamente assim que os olhos se abriram, a visão percorreu todo o local. Avaliando o cômodo e percebendo que nenhum fogo se alastrava e nem os gritos da mãe soavam por ela. Somente depois de alguns segundos que Grace fora perceber que o despertador tocava ao lado de sua cama.

A garota piscou e o desligou. Dia novo, apartamento novo, vida nova, cidade nova, escola nova e sozinha de novo. Se levantar da cama já fora um sacrifício que todos deveriam aplaudir a garota.

Grace seguiu para o banheiro e jogou água em seu rosto assim que alcançou a pia. Depois de terminar as higienes ela saiu novamente e parou no meio do quarto, olhando para o retrato que guardava a foto dela mesma pequena e de sua mãe, ela andou a cômoda e deitou a foto seguindo para a cozinha em seguida.

A garota não esperava que seu primeiro dia na escola fosse mil maravilhas, mas também não esperava que ficasse perdida nos corredores igual uma barata tonta. Grace tinha certeza que havia passado por aquele lugar várias vezes, havia parado no meio do caminho e perguntado para várias pessoas onde ficava a maldita sala que teria aula de química, mas todos a ignoravam e o única que a dera atenção fora um garoto que ela foi forçada a desferir um tapa em seu rosto após ele a chamar de gostosa. Passou a mão pelos fios negros e suspirou parando no meio do corredor.

— Parker, quer continuar com o skate? — Uma voz mais velha soou mais alta do que as outras e em seguida uma mais nova.

— Quero, quero sim.

— Então rodas pra cima. — Grace girou nos próprios pés pensando que a voz mais velha poderia ser o diretor.

— Assim? — Ela pôde enxergar um garoto de sua idade andar para a mesma direção que a sua, levantando um skate nas mãos para cima.

— Isso mesmo. — A Barnes até tentou chegar no homem e ela teria conseguido se adolescentes não tivessem atravessado seu caminho a fazendo. O perder de vista.

Por fim, Grace desistiu e seguiu para o outro corredor olhando em seu celular a numeração do próprio armário que eles haviam a enviado por e-mail. Após o encontrar ela teve que aturar mais uma dupla de adolescente. Um casal estavam se pegando em ao armário do lado. Com a paciência esgotada a garota bateu com a mão no metal após ser quase atingida pelas mãos da garota.

O casal se soltou e a olharam com os olhos arregalados, e só agora Grace fora percebeu que o mesmo menino do skate estava tentando pegar os materiais em seu armário, o qual eles estavam.

— Querem se comer? Ótimo, sejam felizes. Mas façam isso longe do meu armário. — Ela poderia os insultar mas queria evitar o máximo de problemas no primeiro dia.

Ela assistiu o casal sair cochichando algo que a não dera importância. Grace abriu o próprio armário colocando livros e cadernos desnecessários para aquele dia. Aproveitara e colou uma foto com sua mãe — a última que haviam tirado — com um post-it dentro do metal. Se sentindo observada, Grace retirou a cabeça de dentro do armário e o serviu o garoto ao seu lado piscar os olhos arregalados.

— Desculpa, precisa de algo? — Ele entreabriu a boca e balançou a cabeça em seguida.

— Não, eu só... — Sacudiu a cabeça novamente e fechou o armário colocando o skate no chão, e indo embora em seguida.

Grace deu de ombros e saiu para o pátio. O vestido que usava balançava minimamente por conta do vento fraco da manhã de segunda-feira, e a jaqueta estava mais quieta. No meio do caminho ela arrumou o cabelo para trás até que uma gritaria e murmúrios começaram a soar, mais a frente.

A Jones levantou a cabeça e andou até a rodinha de alunos que havia se formado ali. Grace se esmagou em meio aos corpos e observou um aluno alto, o mesmo que ela batera, segurando outro menino pelas pernas forçando o rosto dele contra o prato de comida que repousava sobre a mesa. A garota franziu as sobrancelhas.

— Que merda você está fazendo solta ele.

O menino a olhou e forçou mais a rosto do outro como se a desafiasse, Grace seguiria em frente se ele não tivesse começado a conversar com outro.

— Aí, Parker, tira uma foto dele. — Os gritos aumentaram.

— Eu não vou tirar uma foto, coloca ele no chão. Solta ele, cara. — A Jones reconheceu a voz e o rosto do Parker e o olhou.

— Tira foto, Parker. — O outro ordenou.

— Solta ele, Flash.

— Tira a foto.

— Dá pra soltar ele? — Grace gritou abrindo os braços, os murmúrios pararam e Flash a olhou com as sobrancelhas erguidas.

Flash soltou o outro no chão rudimente e seguiu em sua direção. A Jones ergueu a cabeça o desafiando a continuar, mas  corpo foi posto entre os dois e Peter empurrou Flash para trás que em seguida o socou, fazendo o Parker cair no chão. Grace arregalou os olhos sentindo a culpa a consumir. Flash chutou Peter duas vezes nas costas e estômago.

— Agora fica aí no chão! Querem que eu bata mais? Eu bato mais? — Os gritos continuaram e Grace ainda permanecia em seu estado de transe com as memórias atingido sua mente constantemente.

— Flash! Flash!

A Jones escutou uma voz nova e feminina aparecer ali no meio, e saiu de sua cabeça. Ela olhou a garota loira dizer algo para o menino e a roda se desfazer. Peter se ajoelhou no chão pegando a câmera quebrada e Grace se aproximou juntando os pedaços do chão.

— Olha, me desculpa. — Ela falou baixo e ele ergueu a cabeça a olhando.

— Você não tem culpa por ele ser um babaca, e já estou costumado com isso. — A Jones entregou as peças para ele e ambos se levantaram.

— Eu poderia ter feito alguma coisa.

— Se tivesse feito, acabaria sobrando para você também. Tá tudo bem, sério — Ele sorriu pequeno e passou o dedo no lábio cortado e em seguida a mão cutucando o olho que começava a roxear.

— Deveria ir na enfermaria olhar isso, você pode ter quebrado alguma coisa. — Ele balançou a cabeça negativamente. — Qual seu nome?

— Não sabe meu nome? — Grace entortou a cabeça para o lado. — Eu sou nova na escola, meu primeiro dia. Então, não, eu não sei o seu nome. E você? Sabe seu nome?

— Peter. — Ela franziu os lábios — Parker.

— Ok... Ok, ok. — A Jones deu um passo para trás. — Tenho aula e você provavelmente também, não vá se atrasar. — Sorriu se afastando mas deu meia volta quando escutou Peter gritar.

— Qual o seu?

— Grace, Grace Barnes. — O sorriso permaneceu — Até mais, Parker.

Peter talvez nunca soubesse, nem daqui a um dia ou a uma semana. Mas ele melhora o dia da Barnes por completo.

️.°• 𝐏𝐄𝐐𝐔𝐄𝐍𝐎 𝐄𝐒𝐏𝐀Ç𝐎 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀 ⤵

∘⋅⋆ ❛ one ▬  Eu pensei seriamente em reescrever esse capítulo, mas hoje consegui terminar ele e gostar do resultado.

∘⋅⋆ ❛ two ▬ O que acharam? Beijos❤️