07. and then she waits for love
A manhã seguinte começou para a Vossa Graça lindamente ensolarada. Com uma tremenda dor de cabeça devido a bebedeira de ontem, ele se permitiu cancelar todos os seus poucos compromissos para o meio da tarde e dormir até ao meio dia. Dado este horário, seu criado adentrou ao grande e escuro quarto para acordar Vossa Graça. O ambiente cercado por detalhes de madeira de Nogueira, mogno e muito tons escuros nos tapetes e nas cortinas. O criador abriu as grandes cortinas deixando que a luz do sol chegasse até o torso superior desnudo do Duque de Hastings.
O homem por sua vez se sentou na cama se encostando na cabeceira de madeira piscando os olhos diversas vezes para tentar se acostumar com a claridade e a insistente dor de cabeça.
─── Lady Whistledown escreveu sobre Vossa Graça outra vez. ─── O criado informou enquanto amarrava as cortinas.
Simon o olhou entediado, esse era o completo oposto do que ele queria quando resolveu voltar.
─── O senhor deseja ler? ─── O criado indagou com as mãos atrás do corpo olhando para Vossa Graça.
─── Você acha que devo? ─── Simon indagou esfregando os olhos.
O criado parou por alguns segundos, parecendo considerar sua resposta.
─── Acredito, Vossa Graça que mal não irá fazer. Afinal de contas, todos já estão sabendo e muito provavelmente falando do senhor. Melhor estar a par do que estão falando, não acha?
─── Suponho que sim. Traga-me o jornal. ─── Simon se levantou se direcionando para o banheiro.
Após voltar devidamente vestido, ele sentou na mesa no canto de seu quarto e tomou sua xícara de café com torradas habituais. O homem não tinha motivos para tomar seu desjejum na grande sala de jantar, ele sempre comeu sozinho. Então não havia necessidade. Saboreando seu café, ele puxou a coluna do canto da mesa para ler.
─── Com licença, Vossa Graça...─── O criado voltou.
─── Sim?
─── O Visconde Bridgerton está aqui para vê-lo. ─── O homem informou.
─── Ele disse porquê?
─── Creio que seja pelo jornal que está em suas mãos, Vossa Graça.
─── Diga que estou descendo.
─── Sim, Vossa Graça. ─── O homem fez uma reverência e se retirou.
Simon olhou para o papel diversas, como poderia algo tão insignificante e pretensioso deixar tantas pessoas obcecadas e fazer com que o Visconde viesse até o Duque de Hastings. Simon finalizou seu café e desceu com o jornal em mãos.
─── Um pouco cedo para visitas, não acha? ─── Simon exclamou assim que adentrou ao escritório.
─── Já se passa do meio dia, acredito que seja demasiadas tarde. ─── Respondeu Anthony com seu sorriso provocador de sempre.
─── Ainda não me disse porque veio...
─── Nem sequer tive tempo de cumprimentá-lo!
─── Fale logo antes que eu lhe deixe sozinho! ─── Simon apontou para uma cadeira perto da janela para que o Visconde se sentasse.
─── Pensei em discutirmos o que saiu na coluna de Lady Whistledown, já que bem, minha irmã se tornou assunto por sua causa. ─── O homem se sentou.
─── Eu Suponho que esteja certo. Mas, se me permite ainda não li. ─── Simon sentou na cadeira oposta para ler finalmente.
Esteve no baile de Lady Danbury ontem à noite? Se não, que pena. Perdeu a chance de testemunhar o mais incrível golpe da temporada. Ficou claro a todos os presentes, e principalmente para esta autora, que a Srta. Daphne Bridgerton conquistou o interesse do duque de Hastings, recém-chegado de volta à Inglaterra. Contaram a esta autora que, na noite de ontem, o duque de Hastings mencionou nada menos que seis vezes que não tem planos de se casar. Se sua intenção era desencorajar as mães ambiciosas, ele cometeu um grave erro de avaliação. Elas simplesmente verão seus comentários como os maiores desafios. O interessante é que todos os comentários anti matrimônio foram feitos antes que ele fosse apresentado à encantadora e ajuizada Srta. (Daphne) Bridgerton.
Mães ambiciosas não estão se contendo de felicidade, já que o novo duque de Hastings continua agraciando a cidade com a sua presença. Trata-se de uma bela presença. Imponente de fato. Devo ressaltar que o duque disse a essas mães diversas vezes que não tem plano de se casar. Essa autora se questiona qual jovem aceitará esse desafio, dado que a competição está acirrada.
Entretanto, esta autora não consegue não se perguntar se o novo Duque conseguiu esquecer completamente sua ex-noiva que o deixou sozinho no altar há apenas um ano atrás. Eu soube por meio de minha fiel rede de informações que a Srta. Chan os agraciou com sua delicada e bela presença ontem a noite e que ela esteve a noite inteira acompanhada pelos irmãos.
Creio eu que metade da sociedade esperava que ela voltasse de seu exílio acompanhada de um marido. Mas sinto que estavam errados, ela ainda não se casou. Esta autora ainda vai muito além disso, se um outro pretendente não foi o motivo de sua fuga inesquecível. Qual é o segredo que ela esconde? E o que o Duque fará sobre isso?
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
30 DE ABRIL DE 1813
─── Creio que está pior para mim do que para sua estimada irmã.─── O duque jogou seu exemplar em cima da mesa de centro.
─── Bem, ela não estaria aí se você não tivesse a puxado para dançar.
─── Não se preocupe, Milorde. Irei embora ainda hoje, não estou interessado em ver Lilibeth muito menos de fazer qualquer coisa a respeito desse tal segredo. Se é que ele existe. ─── Simon se levantou indo até as bebidas.
─── Pensei em falar primeiro de Daphne antes de lhe atacar com o assunto principal. ─── O Visconde riu.
─── Você é cruel, Bridgerton!
─── Posso até ser oportunista mas jamais cruel.─── O Visconde rebateu.
─── Conhaque ou Whiskey? ─── Simon indagou negando com a cabeça.
─── Conhaque. Mas diga-me, você realmente não fará nada a respeito de Lilibeth?
─── E o que eu deveria fazer? Gostaria que lembrasse que foi ela quem me deixou e não ao contrário.─── Simon lembrou pegando dois copos pequenos de cristal.
─── E é exatamente por isso que eu acho que você deveria falar com ela. Minha mãe disse que se Lilibeth fez isso, um grande motivo tem por trás, que uma mulher apaixonada jamais trocaria o amor de sua vida por nada.
─── E se ela nunca esteve apaixonada por mim? ─── Simon indagou baixo pegando a garrafa também de cristal de conhaque.
─── Por isso, acredito que seja melhor que converse com ela.
─── Talvez, eu considere isso.
─── Se não ficar por ela, fique por mim. Preciso de alguém para me acompanhar nos bailes.
─── Sabe o que eu acho? Se não tivesse uma mãe exigente em cada esquina. Minha estadia aqui seria muito mais longa e agradável.
─── Essas mães querem o mesmo que você, eu acho.
─── Que cada uma morra enforcada nas fitinhas das filhas?
─── Que você se case, Hastings.
O mesmo revirou os olhos.
─── Não planeja mesmo assumir seu lugar na sociedade tendo um ducado?
─── É só um título, e se depender de mim, não vai ter ninguém para herdá-lo.
─── Mas Hastings...
─── Pare de me chamar assim. Era o nome do meu pai, não o meu.─── Simon disse bravo. ───Falando em casamento, e você? ─── Ele entregou um copo para Anthony.
─── O que tem eu?
─── Você é o primogênito Bridgerton, de um primogênito Bridgerton, e assim por diante. Onde está a sua esposa? Ou pretende ficar nos braços da sua amante para sempre?
─── Eu possuo algo que você não tem. Irmãos. ─── Anthony levantou seu copo na direção do Duque.
( ... )
Mais tarde naquele dia, os Chan resolveram fazer uma aparição social repentina, espontânea e discreta. Reunidos com suas roupas de montaria e seus cavalos das melhores raças, o clã dos Chan saíram para passear a cavalo no parque. A decisão partiu por Emi, após a apreciação de ontem à noite ela achou melhor começar suavemente a mostrar Lilibeth para o público e sempre em família.
Nenhum deles tinha a intenção de se sentar para fazer um piquenique porque sabiam que atrairia algumas pessoas curiosas e convidados indesejados. Sem querer interagir, o plano era dar algumas voltas pelo parque enquanto conversavam.
─── Faz tanto tempo que não cavalgo que nem sei se ainda me lembro como ─── Lilibeth riu colocando suas luvas de couro marrom claro.
─── Você sempre cavalgou tão bem que acho incapaz de esquecer! ─── Edward sorriu depositando um beijo no topo da cabeça da família.
A família ainda estava na propriedade se preparando para o passeio.
─── Temos que fazer isso mesmo? ─── Elliott indagou sem vontade alguma de participar do passeio.
─── O que você tem contra isso, meu filho? ─── Edward indagou sério enquanto subia em seu alazão marrom chamado King Leonard.
─── Não gosto de ficar suado e cheirando a cavalo ─── Ele chacoalhou os ombros tentando afastar esse pensamento.
─── Seus antepassados andavam milhares de quilômetros a pé e muitas vezes carregando uma carroça de bambu. Fique quieto e agradeça que tem um cavalo. ─── Emi disse e logo passou pelo filho e dando uma leve batida na cabeça dele com seu leque.
─── Mamãe! ─── O homem acariciou a cabeça tentando amenizar a dor.
─── Ande logo! ─── Ela mandou com seu sotaque arrastado.
─── Não está uma bela tarde para cavalgar?! ─── Ren exclamou saindo da mansão e inalando abertamente o ar puro de estar do lado de fora.
─── Gostaria de ter a animação de Ren ─── Lilibeth sorriu subindo em sua égua branca chamada duquesa com o auxílio de um cavalariço.
─── Obrigada, querida irmã! Não há nada que eu aprecie mais do que um belo passeio no parque. ─── Ren subiu com animação em seu cavalo preto como a noite, chamado de relâmpago.
─── Odeio seu bom humor, irmão! ─── Elliott disse com uma expressão irritada subindo em sua égua mestiça chamada de mei-mei.
─── Eu não quero mal humor de ninguém. Não quero nenhum de meus filhos carrancudos, coloquem seus melhores sorrisos. ─── Emi pediu subindo em seu cavalo marrom escuro chamado de Laufey.
─── Podemos? ─── Edward indagou a frente do grupo, ao seu lado estava Emi e atrás deles Lilibeth no meio e seus irmãos um de cada lado.
E assim eles cavalgaram até o parque.
─── Pare de tentar colocar seu cavalo à frente do meu. Devemos marchar juntos! ─── Elliott exclamou mais uma vez para Ren.
─── Até Lili cavalga mais rápido que você. Tente nos acompanhar! ─── Ren exclamou de volta.
─── Ren pare de provocá-lo! ─── Pediu Lilibeth no meio dos dois.
Mais a frente Emi e Edward cuidavam da parte mais chata. Os sorrisos para conhecidos, os acenos de cabeça para cumprimentar algumas pessoas e a postura séria mas gentil.
─── Olha ele fazendo de novo, Lili! ─── Elliott reclamou pela milésima vez. ─── Se ele não for eu vou...
─── Você vai? ─── Ren provocou.
─── Eu vou matá-lo! ─── Elliott disse a primeira coisa que passou pela sua cabeça.
─── Não seja ridículo. ─── Ren rebateu.
─── Homens já duelaram por muito menos.
─── Vocês dois são dois idiotas. ─── Lilibeth se meteu, segurando as rédeas e cavalgando um pouco mais rápido para alcançar os pais e cavalgar lado a lado com eles.
─── Apreciando o passeio, minha filha? ─── indagou Edward sorrindo.
─── Eu poderia apreciar mais se meus irmãos não brigassem tanto. Ou se eu pudesse ir mais rápido do que isso.─── Ela riu arrumando seu chapéu.
─── Não seria de bom tom, meu amor! ─── O homem riu negando com a cabeça.
─── Quase nada é de bom tom. ─── Lilibeth rebateu em voz baixa, mais para si do que para o pai, logo olhando para o chão.
─── Eu sei que nada disso lhe agrada, filha. Mas eu e sua mãe estamos tentando ao máximo fazer o que achamos melhor para que você não se machuque mais. Queríamos ardentemente em nosso coração que você não precisasse de nada disso, queríamos apenas a sua felicidade e sentimos muito por você não a tê-la. ─── O homem lamentou olhando para a esposa que concordou.
─── Eu sei, papai! Mas ultimamente tenho repensado muito se o que eu fiz foi pensando na minha felicidade ou apenas na de Simon.
─── Isto é o amor. ─── O homem respondeu de forma simples.
─── Minha avó costumava me dizer: Lembre-se sempre, Emi que grandes realizações e grandes amores envolvem grandes riscos. ─── A mulher começou olhando para algumas flores à sua frente. ─── Você já tomou o grande risco, espero um pouco pelo amor.
─── Enquanto isso, o que faremos quanto a minha situação e a da família?
─── Fingimos que nada aconteceu. Faremos aparições sociais, sorriremos, manteremos você afastada de Simon e as pessoas da nossa casa. Até que a vida encontre uma maneira de deixar tudo como deve ser.─── Emi respondeu decidida.
─── Quando sua mãe fala assim, dá pra ver porque eu carrego o nome dela. ─── Edward piscou para a filha.
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